trabalhando como um doido em outras funções que não eram a de ator, para a qual havia sido contratado. E Mazzaropi confiava em mim, apesar de eu ainda ter uma cara de bebê recém-saído das fraldas. Tanto confiava que um dia, algum tempo depois, ele se perdeu no filme No Paraíso das Solteronas e me chamou para dar um jeito. Não havia roteiro, ele ia improvisando as cenas. Mas, de repente, uma roupa não tinha nada a ver com a continuidade da cena, que era filmada em outra ocasião. Não dava montagem! E lá foi o Ewerton de Castro, que não tinha experiência nenhuma em cinema, consertar o filme dele. Eu estava fazendo teatro e fui num domingo depois do espetáculo e voltei na terça-feira à tarde (naquela época fazia-se teatro de terça a domingo, com duas sessões no sábado e duas no domingo. Quanta saudade!). Na segunda bem cedo, li com atenção as folhas de continuidade. Criei cenas para emendar uma seqüência com a outra, matei algumas personagens, organizei a história para poder ter um final e consegui consertar. Apesar de não ter experiência nas múltiplas funções para as quais estava sendo requisitado, conseguia me sair bem, ou pelo menos me esforçava muito para fazer da melhor maneira possível. E isso foi muito bom para mim – porque aprendendo tudo na marra – eu comecei a ter facilidade em exercer outras funções. Porque uma coisa leva a outra e
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