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expressivo. Rute de Souza vive a sua intromissão na fita com uma segurança e uma sinceridade que há muito lhe houvera fugido, em ravinadas e americanadas de má morte, em que todo o seu talento se perdera na mediocridade geral que imperou nesse cinema falsificado. Foi pena que Carlos Coimbra não houvesse trabalhado um pouco mais sua película, quer na tomada de certas cenas, quer na edição final delas. Há pequenos senões que lhe prejudicam a sintaxe da frase, rompe-lhe o ritmo cinematográfico da ação, ou ofuscam-lhe a eloqüência do discurso, que ora atinge um nível muito alto de poder convincente, ora cai na demagogia dramática, fácil demais para ser aceita sem discussão. Justamente foi esse lado discutível do filme, que impediu Carlos Coimbra de atingir os limites da obra cinematográfica completa. Assim ao correr das lembranças, quero assinalar a longa duração do xaxado, dançado pelos cabras de Silvério, arrastando-se em dema­ sia e retardando a dinâmica do filme; a cena em que Raimundo é ferido no assalto à sede da fazenda de “d. Cidinha”, uma “tomada” fraca, incluída numa seqüência, contudo, de grande força dramática; o diálogo à beira do cercado, enquanto o Beato procede à encomendação dos corpos das vítimas de Silvério, um “tête-à-tête” tecnicamente bem realizado, prejudicado, entretanto, pelo diálogo convencional, sem espessura em sua função de complemento da imagem. Note-se finalmente a par de outras restrições de

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