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Aí eu falei: Será que esse Frãfur sou eu?... e era. Dois policiais federais estavam nos esperando. Pegaram nossas malas e transportaram. Aí na Alfândega mandaram parar. O policial pulou na frente, tirou uma carteira do bolso e falou: Presidência da República!. Aí nos botaram num carro da radiopatrulha, com uma luz azul em cima, e nos levaram até o Victore Hotel. Me deram um cartão de telefone e a partir dali ficaram vigiando cada passo nosso. Até fugimos deles no aeroporto para voltar. Não largavam mais. O resto da equipe não chegava, demoraram para vir pelo Rio Grande do Sul. Quando chegou, outro espanto: nós estávamos na Avenida Nove de Julho, lá onde tem o Teatro Colón. De repente chega uma radiopatrulha na frente, nossos equipamentos, o pessoal, um tanque e outra radiopatrulha! Um tanque!!!... E o tanque ficou posicionado com o canhão para fora. O pessoal da Gazeta me disse que a cada província que eles atravessavam mudava a patrulha, porque era de outro estado. O tanque veio direto porque era federal. Aquela transmissão foi preparada por um mês inteiro, ensinamos o pessoal, vimos a iluminação, tudo. Quando chegou o dia da transmissão só deu coisa errada. Primeiro o Mário Pamponet tem uma crise nervosa; a OTI bloqueia nossa geração e bloqueia a Embratel. Eu no telefone com o cara da Embratel, gritando, e ele falava: Não posso fazer nada. Teve uma sabotagem por parte de um diretor da Tupi, que era da OTI. Na última hora resolveram tirar a Gazeta de tudo. Uma grande injustiça. A nossa sorte é que tínhamos gravado todo o ensaio no dia anterior e eu havia mandado pela Varig ao Guilherme Araújo, em São Paulo. Ele jogou no ar, com a mesma sequência do que acontecia ao vivo. Depois exibimos o do dia. Dos 52 países que transmitiam o sinal, a representante brasileira da OTI era a TV Tupi. Nós éramos geradores. Foi um grande nervosismo. Eu falei: Vou desligar a transmissão! Mas não ia, porque estava todo mundo em rede. E para a Argentina era especial, era a inauguração da televisão colorida deles. Você acha que eu ia cortar? Era só uma ameaça para ver se o cara me ligava. Sobre a festa, cada país mandou uma delegação de rapazes e moças dançando músicas folclóricas. Países só de línguas espanhola e portuguesa, e ibero-americanos. Cada um se apresentou e recebia uma nota. Quem mais se destacou foi o México, com a Danza del Venado, a Dança do Veado, que um índio com chifre dançava. Uma coisa bem marcante até hoje, quando vejo as coisas do México. O Teatro Colón lotado, a senhora presidente no camarote e o pessoal da Argentina, da ATC, louco para botar a mão e operar os equipamentos. A certa altura, eu falei para o Luiz Anunciatto Neto: Passa para eles, mas fica do lado. Aí os argentinos começaram a chorar. Aí o Neto também começou a chorar. Dali a pouco estava toda a equipe chorando, porque estava transmitindo para todo mundo e os argentinos tinham emoção de

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