Antonio Petrin - Ser Ator

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normalmente, mas daquele jeito como lá no Rio de Janeiro, ele dizia. A peça foi apresentada no Teatro Leopoldo Fróes, na rua General Jardim, onde hoje tem a praça. O teatro lotou e a plateia urrava com o espetáculo. Era uma nova sacada do Antunes em termos de encenação do Nelson Rodrigues. Foi ali que ele experimentou o Macunaíma. Ele fez um laboratório conosco e depois usou tudo lá. Eu fiquei assustado quando vi Macunaíma, tinha muita coisa parecida com A Falecida. Aquilo mudou o jeito de Antunes fazer peça até então. Ainda no primeiro ano da EAD eu tinha aula com a Leila Coury sobre mitologia grega. Estudávamos a Ilíada, folheando página por página, e eu não entendia nada. Eu não tinha uma base cultural como outros colegas, minha formação era toda industrial e meus colegas vinham do ensino clássico. Eles tinham uma formação melhor. Além disso, eu estava cansado, sempre queria dormir nas aulas. Mas a Leila me ajudava. Ela dizia: você precisa ser ator, deixa para conhecer a mitologia depois. Nossos professores eram ótimos, o Anatol Rosenfeld – imagine estudar estética com ele! – o Sábato Magaldi, e mesmo o Paulo Mendonça que odiava (o dramaturgo alemão Bertold) Brecht, e naquela época Brecht era o ídolo, era tudo para nós. Lembro da biblioteca

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