SOBRENOME LIBERDADE

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O acordo entre o seu espirIto, a sua natureza e as palavras.

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Antes de ser um manifesto, Eu sou um convite de despedida de solteiro. Nem muito duro, nem besta, Sou uma gangorra no topo do Everest. Sou o que não pode ser dito nos formulários; Tudo que não cabe nas marmitas de luxo, Nem nas vitrines de ilusões. Antes de afirmar qualquer coisa, Eu sou caos e negação; Recusa de ser tão igual aos outros A ponto de ser ninguém. Sou um sonho às 14:00hs de uma segunda quente, Com bebidas geladas, amores-perfeitos, alegrias sem tamanho E outros artefatos perigosos e feitos para sorrir.

Seja bem-vindo! abcd

IDEALIZAÇÃO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO GERAL Ni Brisant nibrisant.blogspot.com

Editorial

Antes de ser um movimento, Eu sou paixão, coragem e mil ideias loucas. Eu sou o Levante E meu Sobrenome é Liberdade.

DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Flávia Barros imaginadoefeito.blogspot.com

ILUSTRAÇÃO DA CAPA Célio Luigi

COLABORADORES Aline Baliberdin, Ana Márcia de Lima, Camila Silva, Célio Luigi, Chosa, Damásio Marques, Everaldo Júnior, Fernando Bispão, Flávia Barros, Luciana Ribeiro, Mixel Nogueira e Tatiara de Paula.

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Tramando Contra o Rei Texto Fernando Bispão Arte Célio Luigi

Dizer-se apolítico já é uma postura política, assim como afirmar-se contra ideologias estabelecidas já indica outra condição ideológica.

É inegável que somos influenciados por vontades e pensamentos alheios, mas isso não impede que tenhamos senso crítico para fazer nossas próprias escolhas e, quando necessário, dizer NÃO! Com visão muito à frente do seu tempo, em “1984”, George Orwell previu o surgimento de uma sociedade autoritária vigiada pelo big brother; termo que deu nome ao nosso reality show de maior audiência e que, caminhando para sua 12ª edição, mostra a ânsia do público brasileiro por apreciar a vida dos outros em seus aspectos mais grotescos e fúteis. Não vivemos mais sob um regime monárquico absolutista no qual o soberano submete o povo a altos impostos para sustentar sua vaidade, seus gastos supérfluos e os dos parasitas da corte. Epa! Mas é exatamente esta a realidade brasileira, campeã no quesito impostos, líder de denúncias ligadas ao nepotismo, desvios de verbas, entre outros “crimes brancos”. A luta dos desajudados é um esforço diário pela libertação do domínio opressor. Mas quem é o inimigo? Quais as outras opções além do capitalismo selvagem e do socialismo estatizante?

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O voto seria a arma mais eficiente e a maneira ideal de

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Articulação

expressarmos nossa indignação e tramar contra os impostores que ocupam o trono do rei, não fosse o escambo consolidado no qual um voto é trocado por uma dentadura ou um prato de comida. Sem contar a estranha forma de protestar, elegendo um palhaço analfabeto funcional que arrasta consigo – pelo voto proporcional – fichas-sujas, sanguessugas e outros meliantes.

O clamor das ruas levou Fernando Collor ao impeachment, assim como o caso Isabela Nardoni teve – segundo os advogados de defesa – um pré-julgamento e condenação antecipados devido à movimentação popular. Enfim, a História conta que toda vez que nos unimos por uma causa justa, nossa força se mostrou imbatível, derrubamos muros, destruímos grades e saímos vencedores. Não nos deixemos enganar, este não é um tempo de paz! O conformismo banaliza a vida afirmando que as coisas sempre foram assim e que somos fracos demais para mudar a realidade. Pois bem! Talvez sozinhos não possamos fazer muito, mas se pudermos contar com você e mais alguns outros amigos com disposição e coragem, então nada vai nos fazer parar.

Comecemos pelas coisas pequenas e essenciais. Vamos dar um basta à falta de bom-senso, dizendo NÃO para quem joga lixo na rua. NÃO para quem fura fila ou quer levar vantagem em tudo. NÃO para os gatonets; NÃO, enfim, para todo complexo de inferioridade e a todos os crimes escondidos sob o “jeitinho brasileiro”. Que o rei saiba: nós estamos tramando contra ele. E apenas começamos!

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Ghost Writer Ribeiro Texto Luciana rros Arte Flávia Ba que ue não sabia o rq po da sa ra at Cheguei textos unhei outros 10 sc Ra . er ev do cr es realista, foge o nd se s ma e, antes dest to o teu gosto. meu conhecimen o desconexo: r” é um círcul mo “a e qu m ze de Di cê, você gosta eu gosto de vo .. o. an écia de Hercul cr Lu , ia éc cr Lu eu. Herculano é at s quase tros compassado te Estes desencon que tinha para o er ec qu es m me faze que mais te no instante en am at ex r, la fa te amo. ubro ito mais, desc mu is qu a di , que Eu que um rtentes do amor ve as ri vá s da em uma é estar perto, o que importa o hoje eu consig E e. rt pa e -s sentir rta a mundo. Não impo u se ao r ce en pert colocação, no pódio. hoje eu estou

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Flávia Bar


Arte CÉLIO LUIGI

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A cara de São Paulo Texto Damásio Marques Arte Célio Luigi

Sempre quando o 25 de janeiro está próximo, especiais sobre a cidade de São Paulo pipocam na TV. O paulistano é sempre retratado por esses especiais, séries, propagandas como o típico descendente de italiano, morador da Mooca. O problema é que a maioria dos paulistanos não se vê representada neste estereótipo. A mídia quer passar uma idéia romântica do final do século XIX (início do XX). Sim, neste período Sampa teve muitos imigrantes italianos que se instalaram em bairros como Mooca e Bixiga. Nessa época, realmente, eles eram o símbolo do paulistano. Muita coisa mudou. Muitos paulistanos, com 30 anos mais ou menos, nunca se depararam com esses que a mídia mostra como falantes de “orra, meu.” Vários moradores da grande metrópole sequer conhecem o centro da cidade. Como a Mooca ou o Bixiga pode representar o genuíno paulistano? O bairro da Mooca possui 7,7 km2e 63 mil habitantes, aproximadamente. O Bixiga conta com 2,6 km2 de extensão e aproximadamente 69 mil habitantes. A cidade, sabe-se, foi construída (sua grandiosidade) como uma megalópole, por migrantes de todas as regiões do Brasil, nordestinos principalmente. Esses operários foram morar nos subúrbios, já que a região central que ajudaram a construir não era para ser habitada por eles. São Paulo possui hoje10,9 milhões de habitantes e 1.530 km2 de área. Para se ter uma idéia, a zona sul de SP tem 607 km2 e 2,3 milhões de habitantes. A zona leste conta com 298 km2 e 3,6 milhões de habitantes. Só para citar as duas maiores regiões do município. Ainda sem contar as zonas oeste e norte, só as duas citadas mais acima contabilizam mais da metade da populaçãode São Paulo. Ora, sabe-se que quem habita essas duas maiores regiões de Sampa não são os imigrantes, ou filhos de italianos. Quem representa SãoPaulo? A Mooca e o Bixiga ou as periferias? O sotaque de Sampa é aquele que a mídia mostra, carregado de italiano, puxado nos erres? Não. Não é. Não se ouve ninguém falando “orra, meu”, exceto quando pousando para esses especiais de televisão. A gíria “meu”, sim, é típica do paulistano e é comum ouvir os filhos de mineiros, nordestinos, etc. pronunciando.

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Pensando SP

Mas de onde vem essa vontade de mostrar o paulistano como italiano? Vergonha de seus reais habitantes? Aliás, há uma tendência de se auto-vangloriar por ser descendentede estrangeiros que é algo realmente pedante (mas isso já é assunto pra um outro texto). Como se o fato de ser estrangeiro denotasse qualidade, superioridade.

Dizer que o paulistano é descendente de italiano é, no mínimo, negar a influência do nordestino (como sempre!) e dos outros moradores da cidade; japoneses, mineiros, portugueses, paranaenses... Há um sotaque paulistano. Aquela brincadeira na qual as meninas pronunciam um gerúndio de uma forma toda especial (“num tô entendendo”) é até real. A linguagem dos manos (do hip-hop) é muito comum em Sampa. A linguagem dos operários, nordestinos, mineiros e até cariocas (por influência da rede Globo e da invasão dos funks) é representada também no falar paulistano. Reduzir uma cultura tão rica de uma megalópole como São Paulo, uma das mais cosmopolitas do mundo, ao bordão “orra, meu” é, no mínimo, inocente.

Não, não é inocente, é leviana. Não é vantajoso pra mídia mostrar São Paulo como uma cidade de operários classe média baixa ou pobre, moradora da periferia. Assim como os rios Tietê e Pinheiros são azuis para a Rede Globo. O descendente de italiano é rico e trabalha na bolsa de valores, por isso o seu sotaque é o valorizado. “Tá ligado?!.”

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A visão de quem vive a cena musical de Sampa. André Rafael Siroto, iluminador, produtor e roadie. Qual o melhor show que você perdeu? Com toda certeza o do Paul Mccartney em São Paulo. O que todo músico deveria saber? Que talento não se compra e visual não é tudo.

Em que você acredita? Na força que temos para superar qualquer barreira trabalhando em conjunto, pois vivemos em uma geração muito individualista e que não respeita e muito menos leva adiante nossa cultura e nossas raízes. O que é arte pra você? Arte é um dom, que todos nós temos, mas infelizmente a maioria não consegue avançar e descobrir esse infinito de possibilidades em tudo que se denomina arte, muitas vezes por falta de incentivo à descoberta. Algum herói musical? Tenho pessoas que são influências pra mim e servem como caminho a ser pensado e seguido, admiro muito a prosperidade e longevidade do Niemeyer e no talento do Paul McCartney. Do que mais se orgulha de ter feito (ou não)? Me orgulho de muitas conquistas que tive, e que de alguma forma também fizeram parte da minha adolescência e hoje tenho o prazer de trabalhar junto na estrada, como é o caso do Sugar Kane, entre indas e vindas já são quase 3 anos na equipe e eu tenho muito orgulho de ter conquistado esse espaço. Algo a declarar? Temos que nos unir cada vez mais e trabalhar muito pela nossa cena musical no Brasil.Temos espaço e talentos em todos os cantos, basta canalizarmos isso sem transformar em um sistema capitalista que vive de imagem como acontece hoje em dia.

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Entre as vistas

Qual o seu sonho, hoje? Sonhos são muitos, mas tenho como objetivo me envolver em projetos que me desafiem e me tragam realização pessoal.


Não vai passar na TV... Eba! Texto Damásio Marques

Visor

Ver a dupla Mastroianni/ Loren na obra clássica de Scola é uma oportunidade de encher os olhos e uma experiência para guardar para sempre.

O fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler, os mais nefastos movimentos, responsáveis pelas maiores catástrofes da humanidade, servem de pano de fundo para o rápido e intenso relacionamento de Antonietta e Gabrielle. A visita de Hitler à Itália paralisa Roma (todos moradores saem de casa para assisti-lo). Antonietta, depois de preparar toda a família para o evento, conhece Gabrielle, seu vizinho, ao buscar o papagaio que fugira para a sua janela. Esposa solitária conhece homem com quem tem relacionamento. Nenhuma novidade. Não fosse ele um homossexual,interpretado por Marcello Mastroianni e a singela dona de casa não fosse a fantástica Sophia Loren, num de seus papéis mais marcantes no cinema.

Em “Um dia muito especial” - relançado recentemente pela Flashstar - Gabrielle, retrato/vítimado preconceito, em uma sociedade altamente machista, cujo modelo é Mussolini, é demitido de seu emprego de locutor por ser homossexual. O ex-radialista desperta a mulher, escondida por trás da dona de casa, mãe e esposa dedicada,colocando dúvidas, interrogações a velhas certezas, enraizadas pela sociedade e modo de vida da época. Desperta não só o raciocínio, quando questiona atitudes e pensamentos; desperta a mulher, escondida atrás da humilde esposa, negligenciada pelo marido. Sophia Loren enche a tela, transforma-se em um vulcão, seus sentimentos extrapolam as ações na película. Aí você passa a entender porque Sophia é tudo isso, porque é tão cultuada. Porque é um símbolo do cinema italiano e mundial. É impossível não se apaixonar por aqueles olhos verdes enormes. Mastroianni é excelente, como sempre, mas aqui, Loren manda, domina. O filme é todo seu. Em quase duas horas, 80% dele é preenchido somente pelos dois em cena. Ettore Scola é um diretor de altos e baixos - embora seus baixos sejam melhores que muitos do chamado cinemão, por exemplo - e este é um ponto alto. O roteiro parece não ternada de especial, mas a atuação (que muitas vezes derruba um filme) é, nesse caso, um diferencial. “Um dia muito especial” é daqueles filmes históricos,inesquecíveis que nos lembra que há vida além de Hollywood e nos remete aos tempos áureos do cinema italiano. O filme é excelente e além das qualidades já citadas de Mastroianni e Scola, se você não gosta de cinema italiano ou não conhece os dois, só o fato de poder ver/rever Sophia Loren, imensa, em todos ossentidos, já vale assisti-lo.



Flรกvia Barros


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Profissão Problema Texto Ana Márcia de Lima

"Quando um filho vai nascer os pais vêm orgulhosos pra dizer: É um garotão! Ralam pra pagar os carnês das aulas de inglês, de karate, de natação... Meu filho vai ser um estudante aplicado. Vai virar médico, engenheiro, advogado." Assim começa a música“Como Nossos Pais (Nos Aguentam?)” da banda Pedra Letícia. Ok, mas esses ofícios mencionadas aqui (médico, engenheiro, advogado) são realmente as profissões perfeitas? Certamente elas são algumas das sempre citadas com orgulho por vestibulandos e seus pais. Ser médico é muitas vezes sinônimo de sucesso. Quantos não escolhem essa profissão porque acham que vão ganhar muito dinheiro e ter muitas mulheres? Na fantasia deles, já se imaginam num consultório próprio, cobrando altos preços por consultas ou cirurgias. Ser engenheiro ou advogado, a mesma coisa. Significa ter um título admirável, todos desejam o diploma emoldurado na parede. Mas não é bem assim. Além de não poder errar, o médico também não tem vida própria. Ele pode estar dormindo, ou no meio da festa de aniversário da sua filha, que o telefone pode tocar devido a emergências. Precisa abrir mão de muita coisa. Se for funcionário da rede pública, pode lidar com a péssima infra-estrutura, salário não compatível, e ainda se ver na situação de escolher quem irá atender. Pior, todas as insatisfações caem sobre ele. Já o engenheiro é pago para realizar as ideias mais malucas dos clientes, não tem horários fixos, e sempre que algo dá errado, a culpa é dele. Ou ainda corre o risco de acabar em uma função muito técnica, um trabalho que não desafia, e aí pode ficar entediado e frustrado. A vida dura do advogado começa assim que ele sai da faculdade: com o polêmico e indispensável exame da OAB. Aí quando começa a trabalhar, precisa defender seu cliente a qualquer custo, mesmo indo contra suas próprias convicções e valores. Advogados são vistos com desconfiança por muitos, tidos como mentirosos, malandros. Assim como o engenheiro, o advogado também pode parar em funções administrativas, lidando com a desmotivante burocracia. Isso sem falar na folga de amigos e parentes. O médico sempre vai ter um vizinho tocando sua campainha perguntando que remédio tomar, se tal mancha significa algo grave ou não. A mãe e a tia do engenheiro não entendem porque ele explica como tudo funciona, mas não sabeconsertar nada. O advogado é aquele queo uve reclamações em qualquer lugar, mesmo voltando da padaria num domingo, lá vem um fulano consultar sobre a possibilidade de levar sicrano à justiça. Basta pensar direito que acharemos mais pontos negativos nessas profissões e em muitas outras tidas como perfeitas. Mas se a pessoa ama o que faz, não importa os problemas, ela vai sempre ter prazer em cumprir suas obrigações, ainda que para os outros aquilo pareça algo chato ou ruim mesmo. Quando fazemos algo com o coração, a gente aprende a superar as dificuldades e a crescer com o próprio cotidiano e seus obstáculos. E no final das contas, é isso que importa.

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Chão Texto Tatiara de Paula Arte Chosa

Cansei de tatear sabores inexistentes com minhas papilas já gastas. Exausta de buscar remédio, me abrigo em qualquer gesto que me faça acreditar que não me perdi em mais um beco. Ora! Se me encontro, me basto. Será? Não penso mais num fim. Pra quê antecipar a morte de algo que não chegou a nascer? A efemeridade das coisas já não me assusta. Tive que sangrar muito até aprender que nada dura, perdi muitas vidas achando que só porque a luz está acesa tem alguém em casa. Nada dura, mesmo que eu ceda meus 70 ou 80%. Mas caralho! Amor não é subsídio, enxerga? É inteiro, completo, indivisível. Não existe eu, nem você. Mas então, o que resta? Sempre dancei uma valsa solitária, numa coreografia descompassada do "um pra lá, um pra cá". E agora recebo novamente um convite para dançar sozinha, mergulhar sem ar com meus insuficientes 70 ou 80%. Mas porra! Quem diabos se contenta com 30%?? Não quero subsídio!

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Útilmovimento

Entrega. Ainda lembro do real significado dessa palavra, desse gesto, quando ele se derramava em mim como chuva perene que invade o chão seco. Devagar, mas insistente, teimava em tentar fazer nascer vida daqui como se soubesse que apenas isso bastasse. Mas como poderia haver vida num lugar onde tudo que se podia plantar foi plantado e colhido?

Impossível mergulhar num canal raso e não sentir a dor, o choque contra o solo coberto de pedras. Ah! Eu conheço bem esta dor. Mas ainda assim, eu mergulho, me entrego e danço. Me flagro no mesmo ritmo, com a velha trilha sonora em gráficos de porcentagens sinuosas, e preparo meus lábios, prometendo a mim – e a quem possa interessar – que os molharei com mais um gole, o último. Mas o derradeiro nunca sacia, ele não chega ao fim. Quando o meu cansaço é engolido pela raiva, pelas dores mais terríveis, aí eu escrevo. Escrevo sem dar voltas, sem flores, sem poesia. Minhas palavras trazem um outono de novas buscas, gritos foscos e lamentos sem cor. No fim, escrevo para não morrer, não cair. Escrevo para exorcizar.

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Lula e as marcas Texto Damásio Marques Arte Camila Rocha & Everaldo Júnior

Maus Costumes

A notícia do câncer na laringe do ex-presidente Lula fez-me pensar em alguns sinais (físicos, mesmo) e na queda deles. Desde que conhecemos Lula, temos aquela voz rouca como uma de suas marcas. Em qualquer lugar do Brasil, Lula é conhecido, entre outras coisas, por essa rouquidão. Imitadores de todas as partes do país o imitam através desse som. Se o presidente se curar, deixará de ser rouco? Será que a aspereza na sua voz é devido à doença? Não pesquisei, mas fiquei com essas indagações na cabeça e isso me levou a refletir sobre alguns comportamentos atuais.

Hoje, ninguém quer ter defeito. Todo mundo tem que ser perfeito fisicamente. A maioria das crianças, e até muitos adultos, usa aparelhos dentais. Estes aparelhos servem não só para endireitar os dentes, mas como acessório estético. Antes, as crianças ficavam apavoradas quando pensavam na possibilidade de usá-los. Agora, imploram para colocar aparelhos, procurando dentinhos tortos que justifiquem o uso.

Medicamentos que escondem cicatrizes foram criados. Claro, deve ajudar quem realmente possui uma marca muito grande, mas uma pequena cicatriz não necessita disso, algumas são até charmosas e remetem a histórias da infância. Ah, e tem o spray que tira verrugas. Se formos falar dos cremes anti-rugas de expressão, então vamos precisar de outro texto. Mostrar a idade ou suas imperfeições é quase que proibido. O caso do Lula é devido a uma doença, mas imaginei se esse tratamento realmente diminuir sua rouquidão. Após tirar a barba, é só implantar um dedo mindinho. Pronto, estará perfeito e, talvez, poderá até passar despercebido. Tudo aquilo que marcava fisicamente sua imagem estaria desfeito e, ele, dentro dos padrões, graças às maravilhas oferecidas pela modernidade. Lula será reconhecido pelo quê? Pelos seus programas sociais? Seu governo? Isso não dá piada. A vida de dezenas de imitadores estaria arruinada. E aí o ex-presidente faria um desserviço à comunidade, desempregando alguns pobres coitados que sobrevivem dessas marcas. Nada demais, seriam só mais algumas personalidades adaptadas.

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Texto Lu ciana R ibeiro Arte Ali ne Balib erdin - M aldit

Dança n

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es

ão exige ritmo, co música, só reque r ração, a lma. Coreogra fias são p oe podem se r recitad mas que não os, movim exempla en res, míst icos e ún tos icos. Sugestã o de danç batidas a: deixe do seu co que as ração co ntrolem passos. S seus eja mov imento. Levante -se!

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rimaVício P ísti-

o ista d l rt a c o v tivo a , e a l r i o e c do ogu Mixel N ritor e membro ones. Ins esc vera, tistas r A s aldito co M er? ia sab r e v e od músic o d eso m et o u g q i O ns

ero co paga. Fac n i s er ser te que pro nte deib a S m a ar u simplesme o c e mo R o O M A m zer co lá. a rdeu? xar pr ocê pe que v w o h rs melho o l a Qu

ubus c n I , aram ue pert n o c ue me ar todos q q o l e cont star vivo P m e S . no SWU ainda não e mpa? di por em Sa ssiona

e e impr t a d in Algo a

fei, e c r e pa ex ar perto m a S e Mor a qu ç . r o o enr f g A buraco ne a a sua at ão ag ê n r c t o v o to um l e Pau o qu e chamam m o s ã e S m e d lá, e s luzes lh osse o a r p ção se f r, a a o h m l o o c queira demais... noturno. pao s a ã i r ç r t n í a e t a m arco os prédios nfinito, u e d fim o i com r p o m s a nda e t i m s a i v s a a p M ossa de de Sam n o d n lha nsida a. e d a toda poesi a u s contem

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tramavirtual.uol.com.br/vicio_primavera


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O sica l codé seria ue meu her l dize ico... m mosaic ói mur cais que meu Mas hoje o psicomp são meu s heróis posso s a musi Gaya nheiros , Ne d e ba l do e Vito Bearo, L nda: Cai r Le onar ucas Pra o O qu do. eéa rte

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