Wedding Day Revista - Edição 1/2013

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#A voz e a vez do noivo

Conto de fadas Resolvi pedir ajuda ao poetinha e propus à amada a leitura de “pela luz dos olhos teus”. Do caos ao amor arco-íris. Das tempestades ao olhar que tudo revela. Das andanças errantes à simbiose do matrimônio. Foi assim. Do primeiro beijo aos votos, os hábitos diários foram se alterando. Aquele horário rotineiro para o café da manhã desapareceu, a leitura desinteressada do fim de noite deu lugar à conversa sobre sonhos, e os 35 compromissos diários dela me deixavam tonto. Comecei a perceber a inversão, eram os ponteiros do relógio que tomavam conta da minha agenda. Isso mesmo, caro leitor, é a mulher quem manipula os ponteiros. Quando me atentei para esta questão, já não era mais possível separar. Virei um refém, enfim. Ah, e como adorei estar naquele cárcere privado; e não poderia ser diferente, eu tinha direito a banho de sol, a abraços inesperados e a palavras doces ao pé do ouvido. Conclusão: quis prisão perpétua. Resolvi pedir ajuda ao poetinha e propus à amada a leitura de “pela luz dos olhos teus”. Surpresa e lágrimas contidas, estava oficializado o pedido de prisão. Hora de contar os dias, e muitos detalhes a serem resolvidos. Não se preocupe, meu caro leitor, as mulheres adoram resolvê-los; e também controlam os ponteiros, lembra-se? Em meio a tantas sensações, acabamos por ser meros espectadores do porvir: data, horário, local, convites, lista de presentes, convidados (sempre há mais convidados por parte da noiva, assunto encerrado), cerimônia, festa, buffet, vestido, dia da noiva (o noivo fica sem dia mesmo), gravata, alianças, celebrante, bolo e doces, flores, decoração, músicas, fotos e filmagem. Ufa! Paciência, eis o segredo. E uma única certeza: o dia em que se joga as chaves fora é inesquecível. Sim, as noivas têm o poder de nos deixar boquiabertos, sou a própria testemunha da iluminação. De vestido branco, minha princesa encantada me embriagou. As pernas bambas quase me traíram, o coração acelerou e os olhos marejados denunciaram a felicidade de um conto de fadas. Daqueles que terminam com um sonoro: “e eles viveram felizes para sempre!”.

PABLO PEREIRA Autor dos livros Combalir: poesia (1998), Sinfonia nº 5: ficção (1999), Aura Clara e Outras Cores: pequenos poemas em prosa (2012) e Do Caos – a depressão em fragmentos (2013). Ministra palestras e cursos sobre leitura, escrita e criatividade, abordando o Método Pablo Pereira, sistema terapêutico personalizado de Escrita Criativa.

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