Victoria aveyard a rainha vermelha 01 a rainha vermelha

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milagre, sinto seu rosto e logo seus olhos. Com um grito sufocado, enfio os polegares nos olhos de Stralian e o deixo cego. Ele uiva de dor e me solta para logo cair de joelhos, novamente visível. Sangue prata escorre por seu rosto como lágrimas espelhadas. — Era para você ser meu! — uma voz grita. Olho para trás e vejo Evangeline sobre Cal erguendo suas lâminas. Ptolemus conseguiu derrubá-lo no chão, e os dois rolam na areia enquanto Evangeline vai atrás. O chão está pontilhado por suas facas. — Meu! — ela grita a cada golpe. Não chego a pensar que avançar com tudo contra uma magnetron pode ser uma má ideia, só me dou conta quando colidimos. Caímos juntas. Raspo o rosto em toda a sua armadura, que me arranha, pinica e me faz sangrar. O sangue vermelho goteja aos olhos de todos e, embora não possa ver os monitores, sei que a imagem está sendo transmitida para o país inteiro. Evangeline solta um grito estridente e dispara suas lâminas dançantes. Atrás de nós, Cal tenta ficar de pé enquanto afasta Ptolemus com uma rajada de fogo. O magnetron colide com a irmã e a derruba segundos antes de suas facas me fatiarem. — Abaixe! — grita Cal, me empurrando para a areia quando outro pedaço de concreto cruza os ares para explodir contra a parede. Não podemos continuar assim. — Tenho uma ideia. Cal cospe na areia uma mistura de sangue e alguns dentes. — Que bom, porque faz cinco minutos que não tenho nenhuma. Outro bloco vem em nossa direção, e cada um pula para um lado. Ao mesmo tempo, Evangeline e Ptolemus estão de volta para se vingar. Os irmãos prendem Cal numa dança caótica de facas e lascas de metal. Seus poderes fazem a arena tremer ao redor, atraindo o metal no subsolo e forçando Cal a ter ainda mais cuidado com os pés e todo o resto do corpo. Pedaços de canos e fios brotam da areia para criar uma pista de obstáculos mortais. Um deles perfura Stralian, que ainda gritava de joelhos por causa dos olhos. O cano atravessa seu corpo e sai pela boca, silenciando os gritos para sempre. Além de todo o barulho, ouço as interjeições e os gritos da plateia diante da visão. Apesar de toda a violência, de todo o poder, os prateados ainda são covardes. Com passos decididos e ligeiros sobre a areia, dou uma volta em Rhambos para provocá-lo. Cal tem razão: sou mais rápida. E, embora Rhambos seja um monstro musculoso, ele tropeça pelo caminho tentando me pegar. Arranca os canos expostos e os lança contra mim, mas desvio com facilidade, o que o faz urrar de frustração. Sou vermelha, não sou nada, mas ainda posso derrubar você. O som de água corrente me tira desse pensamento e me recorda do quarto carrasco: o ninfoide. Viro bem a tempo de assistir a Lord Osanos abrir as nuvens de vapor como se fossem cortinas e clarear a arena. Três metros à sua frente, ainda pelejando, está Cal. Fogo e fumaça saem de suas mãos para repelir os magnetrons. Mas à medida que Osanos avança — envolto num turbilhão de águas — as chamas de Cal recuam. Aqui está o verdadeiro carrasco. Aqui está o fim do espetáculo. — Cal! — grito, mas não posso fazer nada por ele. Nada. Outro cano passa ao lado de minha bochecha, tão perto que sinto sua frieza, giro e vou ao chão. O portão está a apenas uns metros e Arven ainda está lá, com a boca semioculta pelas sombras. Cal lança uma bola de fogo contra Osanos, que a apaga com facilidade. O vapor grita no embate entre água e fogo, mas a água está ganhando.


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