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à promoção das potencialidades dos sujeitos que se tornam, novamente, sujeitos que sabem e que sejam participantes ativos na tomada de decisões. Para isso, é preciso desenvolver a capacidade da comunidade em descobrir suas demandas, se organizar de forma que ela própria construa os dispositivos necessários para a melhoria de suas vidas, num processo de auto-gestão. Cabe então aos profissionais despojar do lugar de especialista reformulando e reinventando seu saber como colaborador – em pé de igualdade – na recuperação do saber da comunidade. (BAREMBLITT, 2002). Nos relatos de experiência dos grupos de mulheres, quando a demanda foi construída pelos especialistas, as mulheres participantes não concordaram com as propostas, pois alegaram que o espaço de reflexão que havia anteriormente foi dificultado e demandaram o retorno das atividades anteriores. Quando os especialistas resgataram as atividades a partir do pedido da comunidade, o grupo protagonizou sua própria história e sua capacidade de decisão, construindo um espaço de ações cidadãs. Os grupos sejam eles, de mulheres, adolescentes, idosos, devem ser participantes ativos nas escolhas das atividades conforme relato de uma das participantes: "É um privilégio colaborar para que esse trabalho dê certo". A partir desta perspectiva emerge a potência produtiva da comunidade, integrando os saberes dos especialistas aos saberes comunitários, agenciando práticas e conhecimentos singulares acerca daquele grupo. Uma série de lutas ou uma luta plural, protagonizada por grupos sociais tradicionalmente subordinados, passava a privilegiar a cultura como palco do embate. Seu propósito consistia, pelo menos inicialmente, em tornar visíveis 'outros' modos de viver, os seus próprios modos: suas estéticas, suas éticas, suas histórias, suas experiências e suas questões. Desencadeava-se uma luta que, mesmo com distintas caras e expressões, poderia ser sintetizada como a luta pelo direito de falar por si e de falar de si. Esses diferentes grupos, historicamente colocados em segundo plano pelos grupos dominantes, estavam e estão empenhados, fundamentalmente, em se auto- representar. (LOURO, 2008, p.20) A construção coletiva do grupo permite modos de subjetividade e modos de viver que superam os ideais e modelos, de maneira que grupos antes sujeitados e oprimidos tenham condições de falar por si próprio tal com a voz dessa mulher: "Éramos discriminados pé vermelho, acho que agora será diferente". Devemos também compreender que além dos membros do grupo e também dos próprios profissionais mobilizados na construção coletiva devem realizar ações que ultrapassem os limites de sua própria política com atuações integradas às demais políticas e serviços que ofereçam

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SMAAS


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