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51 Laboratório em reumatologia
Os padrões de FAN referem-se aos padrões de fluorescência nuclear observada ao microscópio de imunofluorescência. Certos padrões de fluorescência são associados a determinadas doenças e autoanticorpos, embora essas associações não sejam específicas. Os diferentes padrões refletem as
do exame clínico apurado, é importante verificar possíveis alterações em hemograma, urina I, proteína C-reativa e velocidade de hemossedimentação (vHS), que podem ser considerados extensões do exame clínico. Em alguns casos, pode ser válido investigar enzimas hepáticas e musculares. Sintomas vagos, como artralgia e astenia, com exames laboratoriais gerais normais não são suficientes para oferecer subsídio para um achado laboratorial de PAAC-IFI em HEp2 em título baixo e com padrão de fluorescência pouco específico. Nesses casos, o exercício do bom senso com o acompanhamento da situação clínica do paciente em consultas regulares pode ser a melhor conduta.
diferenças nos anticorpos antinucleares contidos nos diferentes soros. Interpretações dos padrões de FAN têm sido substituídas amplamente pela identificação dos anticorpos antinucleares específicos por meio do perfil do FAN.
Mais recentemente, testes Elisa têm se mostrado disponíveis para detectar anticorpos antinucleares, mas apresentam alta sensibilidade e baixa especificidade, causando um grande número de exames falso-positivos.
O padrão nuclear pontilhado fino denso é o mais detectado em indivíduos sadios ou com doenças neoplásicas e infecciosas, nas quais a natureza dos antígenos-alvo ainda não foi identificada.
Padrões de fatores antinucleares mais comumente observados em conectivopatias e seus correspondentes autoantígenos Doença Padrão predominante (IFI/HEp-2) Autoantígeno alvo Homogêneo dsDNA, cromatina, histona Nuclear: Pontilhado grosso U1-snRNP, SM LES Pontilhado fino Ro/SS-A, La/SS-B Pontilhado fino denso e Citoplasmático misto: Proteína P ribossomal nucleolar homogêneo Lúpus induzido por Histona Nuclear homogêneo droga DMTC Nuclear pontilhado grosso U1-snRNP Lúpus neonatal Nuclear pontilhado fino Ro/SS-A, La/SS-B Síndrome de Sjögren Nucleolar aglomerado Fibrilarina/U3-nRNP) NOR 90, RNA pol I Esclerose sistêmica Nuclear pontilhado Misto: nuclear homogêneo e nucleolar pontilhado Scl70 Nuclear pontilhado centromérico CENP-A, B e C CREST Citoplasmático pontilhado fino Jo1 Polimiosite PM/Scl Sobreposição PM/ES Nucleolar homogêneo Tabela 2.9 CREST: calcinose, Raynaud, esofagopatia, esclerodactilia, telangiectasia; DMTC: doença mista do tecido conjuntivo; ES: esclerose sistêmica; FR: fator reumatoide; LES: lúpus eritematoso sistêmico; PM: polimiosite.
O IV Consenso Brasileiro para pesquisa de autoanticorpos em células HEp-2 realizado no dia 18 de setembro de 2012 inclui nas recomendações para a utilização de FAN na prática clínica os seguintes padrões:
Padrão citoplasmático em anéis e bastões: os alvos antigênicos reconhecidos são a inosina monofosfato deidrogenase 2 (IMPDH2) e a citidina trifosfato sintase 1 (CTPS1). Trata-se de enzimas essenciais na via de biossíntese da citidina trifosfato e da guanosina trifosfato, respectivamente. A CTP está envolvida na biossíntese de ácidos nucleicos (DNA, RNA) e fosfolipídios, com importante função na proliferação celular. A IMPDH2 catalisa a oxidação NAD-dependente da inosina monofosfato em xantosina monofosfato, processo essencial na biossíntese da guanosina monofosfato, portanto atividade
também estreitamente relacionada ao mecanismo de proliferação celular. A partir da inibição farmacológica da CTPS1 (6-dia-zo-5-oxo-L-norleucina e Acivicina) e da IMPDH2 (Ribavirina), evidenciou-se a indução dose-dependente de estruturas em anéis e bastões citoplasmáticos em substratos de células neoplásicas, incluindo-se as células HEp-2. Este marcador foi documentado em 38% de 342 pacientes com HCV, em tratamento com ribavirina e interferon alfa.
Padrão pontilhado quasi-homogêneo (QH): é um padrão distinto dos padrões nuclear homogêneo e nuclear pontilhado fino denso, em que não se verifica uma especificidade
SJT Residência Médica – 2016