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Nota introdutória
Índice
Nota introdutória ......................................................... 9
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1. À espera de A Voz Humana de Pedro Almodóvar .......... 13 2. À escuta da voz que ensaia uma declaração de amor.... 21 3. À procura do futuro interior numa viagem a Itália... 31 4. Três passos numa floresta de alegorias ...................... 41 5. Círculos à volta de uma flor da Primavera................ 53 6. E com isto afiguro na lembrança a nova terra ............... 65 7. Pudera eu saber o gosto verdadeiro das cerejas.............. 77 8. Tentados pelo vento que arrasta as nuvens ................... 87 9. Um lugar para escutar a própria voz............................ 99
Adenda ........................................................................ 111
Os fotogramas reproduzidos no corpo do texto pertencem aos filmes analisados — aqui indicados por ordem de capítulos —, tendo sido obtidos exclusivamente para este fim.
1. Pedro Almodóvar. The Human Voice (A Voz Humana). [2020]. Cartaz oficial. 2. Jean-Luc Godard. Vivre sa vie (Viver a Sua Vida). [1962], DVD 1.37:1. GCTHV, 2004.
RobertBresson. Pickpocket (O Carteirista). [1959], DVD 1.37:1. Leopardo Filmes, 2021. 3. Ingmar Bergman. Såsom i en spegel (Em Busca da Verdade). [1961], DVD 1.37:1. Leopardo Filmes, 2014. 4. Roberto Rosselini. Paisà (Libertação). [1946], DVD 1.37:1. Leopardo Filmes, 2015. 5. André Malraux. Sierra de Teruel. [1939], DVD 1.37:1. Filmoteca Española, rtve.es, s.d. 6. Luchino Visconti. Il Gattopardo (O Leopardo). [1963], DVD 2.21:1. Medusa Home Entertainment, 2003. 7. Alfred Hitchcock. Under Capricorn (Sob o Signo de Capricórnio). [1949], DVD 1.37:1. Kino Lorber, 2018. 8. Michelangelo Antonioni. Il Mistero de Oberwald (O Mistério de Oberwald). [1980], DVD 1.85:1. Manga Films, 2006. 9. Pedro Almodóvar. The Human Voice (A Voz Humana). [2020], DVD 1.85:1. Pathé Films, 2021.
RobertoRossellini. L’Amore (O Amor). [1948], DVD 1.37:1. Suevia Films, 2007.
Ted Kotcheff. The Human Voice. [1966], DVD 1.33:1. Kultur Video, 2002.
EdoardoPonti. Voce Umana. [2014], DVD 2.35:1. Rizzoli, 2014.
JacquesDemy. Le Bel Indifférent. [1958], DVD. Arte Vidéo, 2008.
Nota introdutória
Os textos que agora se reúnem em livro foram originalmente publicados, com periodicidade mensal, a partir de Novembo de 2020, no site de cinefilia À Pala de Walsh, sob a forma de crónicas a que, numa variação tomada de empréstimo em Italo Calvino, foi dado o título genérico de «Se Confinado Um Espectador». Nos mesmos foram-se constituindo umas tantas propostas de reflexão, hipóteses em aberto, investigações subterrâneas sobre formas de vida cinematográfica que a condição de espectador em tempo de pandemia convocou, formuladas que foram no encalço de uma ideia de «cinema como metamorfose da experiência interior».
Se é verdade que durante o confinamento o recurso à ficção e, mais genericamente, à cultura pôde demonstrar até que ponto há uma tão grande dependência da ficção e teria mesmo tornado mais fácil explicar porque é que a cultura é absolutamente necessária para todos, tal não impediu que, ao mesmo tempo, se produzisse uma bem visível retracção dos consumidores na frequentação de salas e, por parte das grandes distribuidoras, um efectivo bloqueio à estreia e circulação de novos filmes.
Num momento em que tudo parecia indicar que tínhamos pela frente tempos de grandes provações em que todo um mundo e uma forma de viver se afundavam irremediavelmente, em vez de recorrer a
prognósticos de agoiro para invalidar as possibilidades de sobrevivência do cinema, tudo foi jogado no investimento do espectador e na afirmação de que a modalidade de experiência interior subjacente ao dispositivo cinematográfico representará, talvez, a «metamorfose» moderna que no século XX confiou ao cinema o «terreno da nossa humanidade» comum, imenso e precioso.
Suplementarmente, a edição em livro, para além de correcções impostas pela revisão, poderá contribuir para se compreender melhor as razões da preferência dada a momentos metamórficos que fazem (sobre)viver filmes imperfeitos, pouco vistos ou marcados pelo inacabamento, e como assim se pode ganhar espectadores para revê-los com mais apreço.
Não quero deixar de expressar o meu agradecimento aos editores do À Pala de Walsh, em particular ao Carlos Natálio, pelo convite que me levou a escrever, em total liberdade, os textos que em primeira mão publicaram, bem como à editora Documenta que, com generoso acolhimento, permitiu a concretização desta edição.
O apoio financeiro à publicação concedido pela FCT — Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito das actividades desenvolvidas pelo CIAC — Centro de Investigação em Artes e Comunicação do Pólo IPL — Instituto Politécnico de Lisboa, que permitiu às investigações subterrâneas que referi ganharem esta nova forma, também não pode deixar de ser agradecido.
Por conta de um possível remate, a que em dado momento se aludiu, mas que as crónicas não tiveram e dado o facto de, mais por razões de circunstância do que quaisquer outras, em vez de dez crónicas previstas terem sido apenas nove, acrescento uma anotação breve. Há na produção cinematográfica uma operação cujo êxito merece ser examinado.