Seminário da
Educação
Infantil
Ensino remoto: quando o CMEI invadiu a sala de casa A chegada da pandemia e o alto risco de contágio nas atividades presenciais trouxe aos trabalhadores da educação uma nova realidade. A mudança repentina do chão da escola e CMEIs para o ambiente virtual exigiu muita dedicação para todos se adaptarem a essa nova realidade. De um dia para o outro, o ambiente do CMEI invadiu a casa das professoras da educação infantil, gerando sobrecarga de trabalho, desgaste físico e emocional em muitos trabalhadores. Os ataques que as trabalhadoras e trabalhadores da educação sofreram nos últimos tempos por parte de governantes e até de uma parcela da comunidade, de que elas estão em casa recebendo seus salários sem trabalhar está muito distante da realidade. Cada trabalhador e trabalhadora correu atrás para aprender, trabalhando muitas vezes mais do que se estivessem nas escolas ou CMEIs. E ainda sem ter o contato direto com as crianças para acompanhar seu aprendizado. Enquanto os desafios surgiram aos montes, o senso de cooperação por parte da Secretaria Municipal de Educação (SME) esteve muito distante da realidade. Os relatos dos servidores demonstram uma postura muitas vezes autoritária e unilateral por parte da secretaria.
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Durante esse ano de pandemia, a secretaria também reforçou uma postura que já trazia de antes, que é a falta de diálogo com os representantes dos trabalhadores. O SISMUC tem cobrado da SME a publicação de uma normativa que regulamente aspectos do trabalho remoto. Afinal, são muitas dúvidas e denúncias dos servidores, como por exemplo no uso do celular pessoal para atividades do trabalho. A orientação do sindicato, reafirmada pela própria SME em reunião, é de que as professoras e professores não são obrigados a participar de grupos de whatsapp com as famílias nem a gravar vídeos para as crianças. Os impactos da pandemia ainda vão além, já que sem as aulas presenciais houve prejuízo para o desenvolvimento e a socialização das crianças, além de aumentar a desigualdade do acesso à educação e reduzir a rede de proteção de crianças em situação de vulnerabilidade social. É preciso avançar no debate e cobrar o fortalecimento das políticas de assistência social para reduzir essas desigualdades. Esses são aspectos que precisam ser considerados e discutidos. É preciso refletir sobre esses impactos e cobrar medidas para reduzir o prejuízo às crianças mais afetadas quando as aulas presenciais foram retomadas.