Greve 2007

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6/6/2007

Mobilização no pique Foi uma semana de panfletagens, reuniões e manifestações na UFRJ No país, segundo a Fasubra, já são 44 as universidades em greve Mas é preciso mais participação para fortalecer o movimento

Centenas nas assembléias Às 9h desta terça-feira, no Quinhentão, Assembléia Geral vai fazer a avaliação do movimento. Você não pode faltar! A mobilização dos servidores públicos federais (SPFs) cresce nos estados. Até a semana passada, estimava-se que mais de 100 mil já estavam parados Na terceira assembléia de avaliação da greve, na quarta-feira, 13, os técnicos-administrativos da UFRJ sustentaram o quórum das duas primeiras: cerca de 500 a 600 pessoas presentes. E por unanimidade, votaram pela continuidade da greve iniciada em 30 de maio. Tanto os trabalhadores da UFRJ como das 44 outras universidades federais que cruzaram os braços em todo o país têm demonstrado, com ações de rua e internamente, que só retornarão às atividades depois de atendidas suas reivindicações. A próxima assembléia da categoria é nesta terça-feira, 19, às 9h, no Quinhentão. A mobilização dos SPFs cresce nos estados. Até a semana passada, estimava-se que mais de 100 mil já estivessem parados. A unidade na luta dos SPFs é garantida por uma pauta única: contra o PLP 01 e em defesa dos serviços públicos; pela negociação coletiva; contra a restrição do direito de greve; pela isonomia salarial e de benefícios (piso e teto, começando pelo Executivo); pela paridade entre ativos, aposentados e pensionistas; contra o modelo de Fundação Estatal de Direito Privado, a transformação dos HUs em fundação estatal e qualquer reforma que retire direitos. A categoria definiu como prioridade para discussão na assembléia de quarta-feira a organização de ações que garantam maior adesão à greve de evasão, para que o movimento fique forte e coeso para enfrentar os ataques do governo Lula, e de atos ou manifestações que chamem a atenção da sociedade para o movimento e a justeza das reivindicações, principalmente as contidas na pauta nacional, que mexem com a vida da população. A greve nas unidades O Comando Local de Greve (CLG) tem sido convocado por várias unidades para discutir os motivos que levaram os trabalhadores da UFRJ à greve, para propor atividades e, também, para denunciar pressão de chefias para que furem a paralisação. Em todos os casos comprovados, o CLG interveio e resolveu o problema. A recomendação aos trabalhadores é a seguinte: não deixem de informar ao CLG qualquer atitude arbitrária de chefes durante a greve, para que o problema possa ser resolvido o mais rápido possível. Todos os incidentes deste tipo serão denunciados na assembléia com nome e sobrenome. É importante termos um movimento forte e coeso capaz de enfrentar os ataques do governo Lula aos nossos direitos. De acordo com informes dados na assembléia, os trabalhadores do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão, propuseram a organização de um seminário para tirar uma proposta sobre os HUs. Também debateram se os hospitais devem ou não aderir totalmente à paralisação e as formas de se integrarem mais ao movimento nacional de greve. Os vigilantes informaram que decidiram adiar o seminário que fariam sobre segurança nos campi, na segunda quinzena de junho.


O CLG se reúne nesta segunda-feira, às 13h, com os trabalhadores do Hesfa. Movimento nas ruas O Arraial da Praia Vermelha, que todos os anos atrai milhares de pessoas, e os sinais de trânsito próximos ao campus foram escolhidos como locais para uma ampla panfletagem na última sexta-feira, 15, organizada pelo CLG e apoiada pela assembléia. Nesse mesmo dia, às 14h, estava prevista a segunda rodada de negociações da pauta específica entre o Comando Nacional de Greve da Fasubra e os representantes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Educação. A panfletagem na Praia Vermelha iria prosseguir no sábado, ainda aproveitando o público do arraial.

Assembléia decidiu por ações para ampliar as adesões ao movimento Universidade na praça Este evento sempre rendeu bons resultados, porque atrai pessoas interessadas em conhecer a produção científica e cultural da Universidade. Desta vez será realizado em conjunto com a Universidade Rural, UFF e Uni-Rio, também em greve. A data já foi escolhida: quarta-feira, 27 de junho, mas o local e a organização vão ser decididos na reunião entre os Comandos Locais de Greve nesta segunda-feira. A discussão sobre se os professores sindicalizados ao SINTUFRJ também devem contribuir para o fundo de greve da categoria será pauta da primeira assembléia após o término da paralisação em curso. E o que for decidido será ainda levado para referendo do próximo congresso da entidade. O assunto saiu de pauta, no momento, por deliberação da assembléia de quarta-feira.

Agenda de Luta Segunda-feira – 18 de junho Reunião do Comando Local de Greve, às 10h, na sede do SINTUFRJ, Ilha do Fundão. Em pauta a avaliação do movimento. Reunião no Hesfa, às 13h, no auditório. Terça-feira – 19 de junho Assembléia Geral, às 9h, auditório do Quinhentão, Centro de Ciências da Saúde (CCS). Pauta: informes e avaliação da greve. Em Brasília Dia 19 – Reunião técnica entre Fasubra e governo para discutir simulação de tabela. Dia 21 – Mesa de Negociação com o Ministério do Planejamento. Manifesto – Nesta semana a Fasubra construirá um manifesto para entregar aos Ministérios da Saúde, Educação e Planejamento os abaixo-assinados contra o projeto de Fundação Estatal de Direito Privado.

Funcionários sob ameaça Diretor do maior hospital da UFRJ manifesta solidariedade à greve e diz que há outras possibilidades além da fundação A proposta é ruim para os funcionários? Todos viram celetistas? O docente é atingido? Os cooperativados e terceirizados continuam? Muitas dúvidas sobre a transformação dos hospitais em fundações estatais foram levantadas por funcionários do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho que participaram da reunião do Comando Local de Greve no HU


Sim, a proposta é ruim para os funcionários. Os estatutários serão cedidos e passam a receber pela fundação; os novos entram por concurso, mas serão celetistas. Quebra, portanto, a carreira. O servidor que optar pela fundação não progride e nada do que receber a mais é incorporado na aposentadoria. Nenhum cooperativado ou terceirizado será absorvido. Não há recursos do Orçamento da União e esta empresa em que o hospital poderá se transformar só recebe pelo serviço que prestar pactuado num contrato de gestão, até para pagar pessoal (inclusive os estatutários). Quem não se adaptar é cedido para outro órgão. Assim, coordenadores do SINTUFRJ e membros do Comando esclareceram muitas das dúvidas e apontaram a importância da participação dos companheiros dos hospitais nos fóruns do movimento. Apontaram também a necessidade de os trabalhadores dos hospitais manifestarem para a população que estão em estado de greve. Assembléia da categoria decidiu que atividades que envolvam vida e patrimônio continuam. A não ser que seja necessário, em caso extremo, radicalizar o movimento. Alexandre Cardoso toma posição O diretor do HU, Alexandre Cardoso, esteve na reunião para manifestar “solidariedade total da direção do hospital ao movimento”. Cardoso lembrou que é sindicalizado, que está diretor, mas também é funcionário. Ele, enfim, decidiu-se sobre o assunto. Mais uma vez ele discorreu sobre o histórico de restrição de pessoal e de recursos que levou o HU à crise atual e comentou: “Eles soltam a onça no terreiro para a gente organizar a matança”. Disse que não tem nada contra propostas, mas que se deve ver o que há por trás. E como está formulada, a proposta das fundações não atende às necessidades dos hospital. Ele voltou a postular a necessidade de um orçamento global para que os hospitais possam sustentar suas atividades e concluiu que, apesar da necessidade de resolver a crise, a fundação não é “panacéia universal”.

A volta dos chefetes Parece até que voltamos aos tempos do Vilhena. Muitas vezes, mesmo sob diretorias democráticas de unidades que apóiam a greve, chefes vêm marcando duro em cima dos que aderem ao movimento, dos militantes e daqueles que têm a iniciativa de ir às assembléias, participar dos atos e chamar seus colegas. O veneno dos típicos chefetes, que se pretendem mais realistas que o rei, tem antídoto: a unidade do movimento. Os colegiados superiores estão se posicionando contra retaliações. O CEG já aprovou moção e a bancada TA já levou proposta de moção ao Consuni que reprova atitudes intimidatórias contra servidores em respeito ao direito de greve.

CNS contra Mais um ponto a favor na luta contra a privatização dos HUs. O Conselho Nacional de Saúde rejeitou na sua reunião do dia 13 de junho, por 20 votos a 14, a proposta do governo de transferir a gestão de alguns órgãos do sistema de saúde, como os hospitais, para as fundações estatais de direito privado. O CNS é um colegiado com diversos segmentos da sociedade, que analisa e delibera sobre saúde pública e exerce controle social da saúde.

Negociação com MPOG e Educação Na assembléia foram lidos os informes do Comando Nacional de Greve (CNG) sobre a primeira mesa de negociação da pauta específica, na quarta-feira, 6. Na avaliação do CNG, de um modo geral a reunião foi positiva. Os representantes do governo não foram tão incisivos como na reunião do dia 23 de maio (ainda não estávamos em greve), quando frisaram que nada poderia ser feito em relação a nossa pauta emergencial, porque o Orçamento de 2007 já estava


fechado e em execução. Na reunião do dia 6, o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Sérgio Mendonça, admitiu a existência de um resíduo orçamentário e anunciou que será feito um estudo para atendimento da pauta emergencial, mas que era um trabalho que levaria tempo. A próxima reunião de negociação entre o Comando Nacional de Greve da Fasubra, MEC e MPOG estava prevista para sexta-feira, 15. As avaliações feitas na última assembléia da categoria indicaram que estamos num momento de crescimento do movimento e que não podemos de forma alguma esmorecer com promessas que não apresentam nada de concreto. Nossa tarefa é intensificar as ações, dar mais visibilidade à greve, inclusive realizando manifestações e atos com outros setores do funcionalismo em greve. Sobre a pauta nacional Na reunião do dia 6 de junho, o secretário de Recursos Humanos do MPOG reafirmou o que já havia dito anteriormente sobre o PLP 01 e demais reivindicações. “Não são assuntos da competência deles e que tratariam apenas das demandas da carreira”. Segundo o coordenador de Relações Jurídicas e de Trabalho da Fasubra, Paulo Henrique, o movimento das entidades com a Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público, na Câmara Federal, tem surtido efeito positivo, porque está retardando a entrada em votação do projeto. “A ação exige reforço total da Fasubra e da Condsef para arregimentar mais ativistas, delegados e caravanas a Brasília para dar continuidade a esse trabalho de corpo a corpo com os parlamentares e de agitação de rua”, avisou Paulo Henrique. Sobre a cria-ção das Fundações Estatais de Direito Privado para administrar os hospitais universitários, disse que o CNG enviou ao MEC documento reafirmando a posição de estabelecimento de um debate nacional a respeito da questão.

Vigília contra privatização Ato mobilizou funcionários da UFRJ e da UFF na defesa de suas unidades de saúde No Fundão, trabalhadores caminharam com velas acesas. Em Niterói, o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) teve suas atividades retardadas em duas horas Os técnicos-administrativos das universidades federais promoveram, dia 13, data nacional de vigília em protesto contra o projeto que privatiza hospitais universitários, manifestações Brasil afora. Os HUs já vivem uma crise devido aos escassos recursos enviados pelo governo federal. No Rio de Janeiro, os trabalhadores da UFRJ e da UFF marcaram o protesto com atividades pela manhã e à tarde. Em Niterói, a 14 quilômetros do Rio de Janeiro, o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) teve suas atividades retardadas por duas horas, logo nas primeiras horas da manhã. A entrada no hospital foi interrompida desde às 6h, e só a emergência permaneceu funcionando. O Antônio Pedro atende, quase que sozinho os municípios de Niterói, São Gonçalo, Região Norte Fluminense e dos Lagos. Na cidade do Rio, na UFRJ, Ilha do Fundão, os funcionários em greve saíram em cortejo da assembléia, já no início da tarde, e percorreram com velas os corredores do Centro de Ciências da Saúde (CCS) para protestar no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e no Instituto de Puericultura e Pedriatria Martagão Gesteira (IPPMG). O HUCFF, o maior da rede da UFRJ, atende 18 mil pacientes por mês pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O IPPMG, referência no tratamento infantil, atende 10 mil, entre crianças e adolescentes. O ato foi encerrado no Poeirão, com os manifestantes alertando os cooperativados, terceirizados e funcionários do HUCFF sobre as conseqüências do projeto.


População apóia Nos dois hospitais o apoio da população foi sintomático. Segundo o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da UFF, Pedro Rosa, a população chegou a colocar os adesivos do movimento no peito. Na UFRJ, a vendedora Vera Lúcia, 43 anos, que estava em frente à triagem do HUCFF e acompanhava sua vizinha Marilene da Silva Santos, 60 anos, gritava: “É tudo verdade o que eles estão dizendo. O atendimento à população é uma vergonha, não há leitos”. Ela saiu de Belford Roxo ainda de madrugada e até às 15h se encontrava tentando internar Marilene na unidade coronariana, sem sucesso. O que restou a Marilene foi se resignar. “Vou fazer o quê, dizem que não tem vaga, volto para casa e tento outra vez”.

Atrás de Lula, no Corcovado Quase nove quilômetros de subida morro acima e barreiras policiais não foram empecilhos para abalar a disposição dos servidores públicos de várias categorias em greve no Rio de Janeiro de protestar o mais perto possível do presidente da República, na quarta-feira, 14. Os grevistas aproveitaram a vinda de Lula ao Corcovado, para apoiar a escolha da estátua do Cristo Redentor como uma das maravilhas do mundo, e organizaram uma manifestação conjunta que começou às 8h, em frente à estação do bondinho, no Cosme Velho. Os técnicos-administrativos da UFRJ chegaram até o local em ônibus alugado pelo Comando Local de Greve, portando faixas e bandeirolas – assim como todos os demais manifestantes. Somente os trabalhadores em greve do Ibama, que foram para o Corcovado às 6h, conseguiram se concentrar junto à guarita de acesso ao Cristo Redentor. A manifestação, que reuniu todas as outras categorias (pessoal do Incra, Fundação Nacional de Saúde, UFF e Arquivo Nacional), ficou cerca de dois quilômetros de distância dos companheiros do Ibama. Nesse ponto, a rua foi interditada pelas faixas abertas dos manifestantes cobrando do governo o atendimento das reivindicações. Mesmo a quilômetros de distância do presidente Lula, foi montado ao longo da subida ao Corcovado um forte esquema segurança. A maioria dos manifestantes homens foi revistada e fotografada – revival de velhos rituais da repressão. Para liberar a passagem ao carro de reportagem do jornal O Globo, que chegou ao local em alta velocidade, policiais arrancaram faixas das mãos dos trabalhadores. Este foi o único momento tenso da manifestação pacífica. Os manifestantes, que até então apenas apitavam e balançavam bandeiras para autoridades e convidados que passavam pela manifestação, barraram o carro do ministro Gilberto Gil. Ele não abriu a janela, mas teve que esperar pacientemente pela liberação da rua. E até ouviu um trecho da sua-música – “...Vamos fugir deste lugar, baby,” –, cantada pelas mulheres. Já a polêmica Benedita da Silva não quis correr nenhum risco de se tornar alvo de mais críticas, e logo tratou de negociar com os grevistas: “O que vocês querem para me deixar passar?”, perguntou. “Chegar lá em cima”, foi a resposta em coro. “Mas só tem vaga para um”, disse. “Não tem importância, vai um”, responderam. E Bené foi obrigada a conduzir até o Corcovado o servidor do Incra, Gustavo Souto de Noronha. “Ela não disse uma palavra sequer, só os assessores conversaram comigo. Quando chegou na laje do Cristo, ela mandou eu descer e disse que o trato era me levar até ali. Fiquei sem saber o que fazer e acabei descendo num carro da Abin (Agência Brasileira de Inteligência)”, contou depois Gustavo aos manifestantes. Como para descer todo santo ajuda, a alegria era geral pelo dever cumprido. “Valeu, companheiros!”

Pressão geral contra o governo Enquanto os servidores do Incra sofrem intimidação, governo aprova aumento para os do BC


A greve nas diversas categorias dos servidores públicos federais continua se ampliando. Servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ministério da Cultura, Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Ministério da Ciência e Tecnologia e Departamento de Informática do SUS (Datasus), que iniciaram paralisação no dia 4 de junho, pressionam cada vez mais o governo Lula. Mas o poder de pressão e mobilização, aliado aos interesses do governo, está ditando as regras. Na queda de braço, os servidores do Banco Central (BC), depois de 42 dias de paralisação, conseguiram fazer o governo ceder e arrancaram reajuste para este ano. Já em relação aos servidores do Incra, a atitude governamental é outra: atrela a negociação ao fim da greve e ameaça com corte de ponto. O que reivindicam Os servidores da Cnen, em greve desde o dia 8 de maio, lutam pela tabela salarial da C&T. Os servidores do Ibama paralisaram as atividades desde o dia 14 de maio, contra a Medida Provisória nº 366/07, já encaminhada ao Congresso, que esfacela o órgão. A MP cria o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e retira da esfera do Ibama a gestão e o controle das áreas protegidas e sua biodiversidade. A paralisação nacional dos servidores da cultura foi deflagrada no dia 15 de maio. Eles cobram a implantação integral do Plano de Cargos, acordo firmado em 2005 a arrancado ainda no primeiro mandato do governo Lula, depois de uma greve de 100 dias. Os servidores do Datasus iniciaram dia 4 de junho uma greve por tempo indeterminado. Eles querem o reconhecimento do governo sobre uma diferença salarial que recebem há 15 anos como salário. Além do reconhecimento dos vencimentos como salário, os servidores também reivindicam uma gratificação por antecipação de plano de carreira. O Datasus é o órgão responsável pelo suporte de informática no processo de planejamento, operação e controle de 64.275 estabelecimentos de saúde do SUS. Corte de ponto Em uma tentativa de pressionar pelo fim da greve no Incra, iniciada em 21 de maio, o governo propôs, em reunião dia 13, atrelar a abertura de negociações ao retorno imediato dos servidores ao trabalho. Além disso, o presidente do instituto, Rolf Hackbart, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que participaram da reunião, informaram que haverá corte de ponto a partir de sexta-feira, 15 de junho. Para a (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal Condsef), que representou a categoria no encontro, a reunião soou como uma tentativa de intimidar os servidores. A entidade avalia que o governo não apresentou qualquer proposta ou garantia que justificasse o retorno imediato ao trabalho. Os servidores reivindicam o cumprimento de acordo para reestruturação do plano de carreira, protestam contra o fechamento de 20 unidades pelo Brasil e reforçam a mobilização contra o PLP 01.

Brasília sitiada A capital do poder foi tomada por milhares de trabalhadores, que realizaram manifestações conjuntas em prol de suas reivindicações e para pressionar o governo Lula. No dia 12, a manifestação foi contra o PLP 01 e a cobrança dos acordos firmados entre 2005 e 2006 e não cumpridos. No dia 13, a Fasubra realizou vigília nacional nos HUs (veja repercussão no Rio de Janeiro). E no dia 14, mais de 20 mil trabalhadores marcharam por Brasília. A marcha foi iniciativa do MST, que realizou seu 5º Congresso Nacional, e obteve a participação das outras categorias.


No dia 12, mais de 3 mil servidores públicos federais, de todos os estados, protestaram contra a aprovação do PLP 01. Diversas categorias, em greve e mobilizadas, atravessaram a Esplanada dos Ministérios lembrando os prejuízos que a população terá com a possibilidade de ter um atendimento público cada vez mais frágil e cobrando o cumprimento dos acordos. No dia 14 o protesto foi contra a lentidão do governo federal e dos Três Poderes da República em realizar a reforma agrária. Atualmente, mais de 140 mil famílias do movimento vivem em acampamentos na luta pela terra em todo o Brasil.

Banco Central: governo cede O governo cedeu e concordou em começar a pagar o reajuste reivindicado a partir deste ano. Os trabalhadores aceitaram retardar em três meses o pagamento da primeira prestação, e após dois dias de reuniões, representantes do Ministério do Planejamento e do funcionalismo chegaram a um acordo. Os cerca de 8,2 mil servidores ativos e inativos terão um aumento de 4,84% nos salários em dezembro e um mês depois os rendimentos serão reajustados novamente, com um percentual maior, de 17,65%. Em janeiro de 2009 um terceiro índice será aplicado aos contracheques, de 5,18%. Com o acordo e aprovação das assembléias dia 14, os servidores encerraram o movimento, após 42 dias de paralisação, iniciada dia 3 de maio, a mais longa e desgastante das greves da categoria. A greve foi iniciada porque eles não concordavam em receber o aumento só a partir do ano que vem. Foi pré-agendada reunião no Ministério do Planejamento na próxima terça-feira, dia 19. Haverá negociação dos dias de greve após o fim do movimento. 5/6/2007

UFRJ: assembléia reafirma greve Próxima assembléia: às 10h de quarta-feira, dia 13, no Quinhentão Numa assembléia que reuniu cerca de 500 pessoas, os trabalhadores da UFRJ reafirmaram sua posição de adesão à greve por tempo indeterminado. A assembléia foi realizada no auditório do Quinhentão, no Campus do Fundão, na manhã/tarde desta terça-feira, 5 de junho. A reunião votou e aprovou o fundo de greve (1% do vencimento bruto que será descontado no contracheque de junho).Depois da assembléia, integrantes do Comando Local de Greve e ativistas participaram de uma panfletagem pelos corredores do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o maior da rede de oito hospitais da UFRJ. O panfleto distribuído aos funcionários do HU explicava as consequências nefastas para os servidores, caso a proposta do governo que institui as Fundações Estatais seja vitorioso. A greve tem como eixo a luta contra o projeto de lei (PLP 01) que congela salários; a batalha por três salários mínimos de piso e step de 5%; a luta contra a privatização dos HUs e contra a lei Antigreve que o governo quer aprovar no Congresso; e a resistência a qualquer reforma que retire direitos dos trabalhadores. O movimento foi deflagrada na UFRJ numa assembléia com mais de 600 pessoas realizada na quarta-feira, 30 de maio. O movimento vem se consolidando e várias ações estão sendo planejadas para fortalecer a mobilização. Entre elas, a realização de um ato conjunto com funcionários de outras universidades em greve. Um evento que se chamaria “Universidade na Praça” também está sendo cogitado. O objetivo é propagar na sociedade informações sobre o movimento grevista, explicando os seus motivos. A próxima assembléia foi marcada para às 10h de quarta-feira, dia 13, no Quinhentão. 4/6/2007

Panfletagem no HU


Nesta terça-feira, dia 5, depois da assembléia geral, no Quinhentão, vamos todos participar da panfletagem no HU e no IPPMG. Vamos esclarecer nossos companheiros dos hospitais sobre as conseqüências da transformação dos hospitais universitários em fundações estatais e dos demais eixos de nossa luta. Concentração na entrada principal do HU, em frente ao CCS, depois da Assembléia. 30/5/2007

UFRJ: agora é greve! Assembléia reúne cerca de 600 trabalhadores e decide pela paralisação por tempo indeterminado Numa assembléia histórica – que reuniu cerca de 600 pessoas – os trabalhadores da UFRJ decidiram aderir à greve nacional por tempo indeterminado indicada pela Fasubra. A assembléia foi realizada no auditório do Quinhentão, no Campus do Fundão, na manhã desta quarta-feira, dia 30. A greve foi deflagrada logo depois da reunião. A próxima assembléia foi marcada para terça-feira, 5 de junho, às 10h, no mesmo Quinhentão, quando também será discutido o desconto para o fundo de greve. No plano da luta do conjunto dos servidores, o movimento que está sendo construído país afora com o conjunto do funcionalismo é para barrar o projeto de lei complementar (PLP 01) que congela o salário dos servidores por 10 anos. A mobilização nacional quer impedir a privatização dos hospitais universitários, como quer o governo. A greve é também para conter a ofensiva do governo e do Congresso que quer aprovar uma lei antigreve, para impor limites à ação do funcionalismo. No plano específico, a greve quer o aprimoramento da nossa carreira, com a fixação do piso em três salários mínimos e step de 5%; resolução do VBC; e garantir recursos para o Plano de Saúde Suplementar. A assembléia desta quarta-feira reeditou momentos importantes de grande mobilização em lutas anteriores da nossa categoria: os trabalhadores da UFRJ souberam responder à altura às ameças que pairam sobre o seu futuro.

Greve começa forte Até o final desta quarta-feira, o Comando de Greve da Fasubra informou que técnicoadministrativos de 33 universidades federais já interromperam suas atividades por tempo indeterminado. A greve é nacional e até o fim da semana o movimento ganhará mais consistência com as deliberações de assembléias marcadas para esta quinta-feira, dia 31. 29/5/2007

Greve da Fasubra começa forte Os técnico-administrativos de 32 universidades federais interromperam suas atividades por tempo indeterminado, de acordo com levantamento preliminar da direção nacional da Fasubra. A greve é nacional e até o fim da semana o movimento ganhará mais consistência com as deliberações de assembléias marcadas até o dia 31 de maio. Na UFRJ, que concentra o maior número de funcionários, a decisão será tomada nesta quarta, 30, às 10h, no auditório do Quinhentão, CCS.


Em resposta à paralisação o Ministério da Educação divulgou nota afirmando que “a greve em nada contribui para os avanços das negociações em curso”, referindo-se a uma reunião marcada para 6 de junho. Mas tais “negociações” efetivamente não ocorreram, haja vista que desde dezembro a Fasubra não obtém do governo respostas concretas às suas reivindicações. Reivindicações O movimento luta por melhores salários – a fixação do piso em três salários mínimos e step de 5%; resolução do VBC; aprimoramento da Carreira; recursos para o Plano de Saúde Suplementar e a não transformação dos hospitais universitários em fundação estatal (o que significa sua privatização). Em sua pauta geral o grande desafio no momento para os funcionários é a luta pela retirada do PLP 01 (projeto de lei que integra o Programa de Aceleração do Crescimento que tramita no Congresso Nacional) que limita o pagamento de pessoal à inflação do período – IPCA mais 1,5% até 2016. 23/5/2007 - 17h42

Categoria no Dia Nacional de Luta Quarta, 23 de maio: Em vários pontos do país, o movimento social se manifestou. O povo organizado não silenciará diante das ameaças aos seus direitos

Explosão de protestos Manifestação conjunta de 20 entidades reúne 7 mil pessoas no Centro da cidade no Dia Nacional de Luta contra as reformas do governo Chuva forte e trânsito mais infernal que o de costume não impediram que trabalhadores e estudantes se deslocassem de várias partes da cidade, e até de outros municípios, e realizassem, quarta-feira, 23, Dia Nacional de Luta, a maior manifestação de rua que o Rio de Janeiro já assistiu no governo Lula. O protesto (que se repetiu em vá-rias capitais brasileiras) foi contra reformas que ameaçam direitos dos trabalhadores. O ponto de encontro foi a Candelária, e desde às 12h a movimentação de militantes no local já era notada. A cada estiagem ia aumentando o número de pessoas na praça, até que as bandeiras vermelhas da CUT, ConLutas, MST e dos partidos políticos como PSTU, PCB e PCdoB, misturadas às faixas abertas, eram em número suficiente para fazer o constrate com o cinza da tarde chuvosa. Enquanto a praça não enchia, representantes das entidades utilizavam o som do trio elétrico para explicar à população as razões dos movimentos sindical, popular e estudantil terem se unido neste Dia Nacional de Luta, deixando de lado as divergências ideológicas. “Estamos juntos para dizer não à política econômica e às medidas do governo contra o povo e vamos construir uma unidade ainda maior para marchar pelas mudanças que todos nós queremos para o país”, disse Ciro Garcia, sindicalista histórico. A presidente da CUT-RJ e ex-dirigente sindical do SINTUFRJ, Neuza Luzia, completou: “O Rio de Janeiro está dando uma lição de unidade e maturidade para mudar os rumos dessa política. Esse ato é o marco da virada, porque o movimento sindical e popular não podem ser agendados pela política de privatização que já foi derrotada. Se o governo insiste em negar essa realidade, vamos às ruas protestar e a esquerda vai se unir cada vez mais para seguir rumo a uma grande greve geral. Chega de miséria, privatizações, congelamento de salários. O governo Lula dialoga, mas não cumpre acordos.” O dirigente do SINTUFRJ e representante da Intersindical, Marcos Botelho, também defendeu a unidade do movimento para futuras ações conjuntas. “A idéia é apostar na unidade de todas as


tendências políticas e na reunificação de uma pauta única para barrar as reformas do governo, como a trabalhista e da Previdência Social, e as medidas contidas no Plano de Aceleração da Economia (PAC), algumas delas já em implementação, entre as quais a ameaça às greves do serviço público”, pontuou o sindicalista. Nesse mesmo dia, às 10h, a Central do Brasil foi palco de protestos dos servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Também pela manhã, diante da sede da Prefeitura, o Piranhão, 4 mil professores e estudantes das escolas municipais fizeram manifestação. No início da tarde, a Guarda Municipal e policiais do 1º Batalhão da PM, chamados pelo prefeito César Maia, feriram diversos manifestantes, com gás de pimenta e cassetetes, iniciando um tumulto. Mais tarde os profissionais de educação juntaram-se à passeata unificada que saiu da Candelária.

Dia de Luta: manifestantes param o Centro do Rio Antes das 14h, a multidão tomou a Avenida Rio Branco. Como nos velhos tempos, apitaço e batucada pontuavam os discursos das lideranças dos movimentos reunidos. A passeata ganhou mais força ainda com a chegada já esperada dos profissionais de educação do município do Rio de Janeiro. “A nossa luta é todo dia; educação não é mercadoria” era a palavra de ordem que mais repetiam. Atualmente uma professora do município ganha R$ 750,00 e uma merendeira que trabalha 8 horas diárias R$ 415,00. Quando a manifestação chegou à esquina da Rua Santa Luzia, os trabalhadores da educação seguiram com seu carro de som até o sindicato da categoria, o Sepe, para a assembléia, onde discutiriam encaminhamentos da luta por 20% de reajuste salarial e plano de carreira.

MST faz a diferença Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com suas bandeiras e camisas vermelhas, chapéu de palha e muita dignidade no olhar, mais uma vez fizeram a diferença numa manifestação de maioria de trabalhadores da cidade. Durante a passeata, eles denunciaram a prisão de 20 companheiros, em Barra do Piraí, entre eles a trabalhadora rural Luciana Bonfim, grávida de quatro meses. A repressão policial foi durante a ocupação pela manhã da BR-393.

M ilitantes do M ST com suas cam isas e bandeiras verm elhas, chapéu de palha e dignidade no olhar fizeram a diferença Como parte da jornada nacional de luta contra a política econômica, contra as reformas que retiram direitos e pela realização da reforma agrária, o MST fechou, quarta-feira, três pontos das BR-101, 356 e 393. Ações lideradas por 550 famílias acampadas ao longo dessas rodovias. “Os protestos do MST são legítimos, porque os trabalhadores rurais têm direito à reforma agrária que não está sendo feita. A política econômica do governo favorece o agronegócio, que vem aumentando a destruição ambiental, e a superexploração do trabalhador no campo. Em 2006, o governo investiu R$ 50 bilhões no agronegócio e apenas R$ 5 bilhões na reforma agrária”, informou o coordenador nacional do MST, Léo Lima. Ato político se transformou num protesto que reuniu diversos segmentos da luta social


Estava todo mundo lá Trabalhadores de universidades federais e outras categorias do funcionalismo foram às ruas defender direitos Aeronautas e aeroviários da Varig socializaram com o conjunto dos trabalhadores presentes à manifestação o golpe aplicado no fundo de pensão deles, o tercero maior do país. Eles também denunciaram a operação da venda da empresa aérea como fraudulenta, além do fato de até hoje os cerca de 10 mil trabalhadores estarem desempregados e sem receber indenização. Humor e irreverência estiveram presentes nas críticas ao governo. O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e da Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Sindisprev) confeccionou um boneco vestido com uma camiseta no qual se lia o seguinte texto: “Para os deputados, mensalão; para os servidores nenhum tostão”. Dois militantes se vestiram de elefante com as inscrições “PAC – derme”, numa referência ao Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC do governo.

Sem terra, estudantes, trabalhadores de categorias diversas, m ovim ento das m ulheres. O 23 de m aio foi um m arco na história do m ovim ento popular “Participamos da construção deste ato porque estamos na luta contra a retirada do veto à Emenda 3, o que afetaria ainda mais as mulheres brasileiras, que são a maioria da força de trabalho informal e ganham um salário mínimo. Se o veto for derrubado, o aviltamento de direitos e a precarização do trabalho atingirão toda a classe trabalhadora”, afirmou a representante da Marcha Mundial de Mulheres, Maria Eduarda Piroga. Em nome do SINTUFRJ falou a coordenadora de Organização e Política Social, Albana Azevedo: “Estamos em luta em defesa da saúde pública e contra a privatização das universidades e dos HUs.” Da UFRJ estiveram presentes dirigentes do SINTUFRJ e funcionários de algumas unidades, como do IFCS e dos campi da Praia Vermelha e Fundão. Um apitaço sinalizou a chegada da comitiva de 80 trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), na Candelária. Os técnicos-administrativos da Uerj, sob a liderança do seu sindicato (Sintuperj), também participaram com euforia da manifestação. A representante do MST, Eliane Souza, criticou o Programa de Aceleração do Crescimento, destacando que primeiramente é preciso fazer a reforma agrária para começar a promover as mudanças necessárias.

Estudantes na passeata Os estudantes foram presença expressiva na manifestação. Alunos da UFF reafirmaram a posição contrária à reforma universitária, principalmente pelo fato de os 9% que o projeto do governo reserva da verba das universidades à assistência estudantil serem insuficientes para garantir alojamento, alimentação e bolsa para os alunos da UFF, cuja maioria, (70%), mora fora do município de Niterói. “Somos contra a Universidade Nova, que cria o bacharelado interdisciplinar e que já está sendo implantada na nossa universidade. Não queremos esse tipo de reforma universitária porque precariza o ensino”, disseram as estudantes da UFRJ.


“O governo Lula dialoga, mas não cumpre os acordos” Neuza Luzia Pinto

“Estamos juntos para dizer não à política econômica” Cyro Garcia

Saudação especial aos trabalhadores que já estão em greve Antes de chegar à Avenida Presidente Wilson, às 16h, onde fica o prédio no Rio de Janeiro da representação do Ministério da Fazenda, cujas escadarias foram ocupadas pelos manifestantes para o ato político, a passeata fez uma parada em frente à Biblioteca Nacional, na Cinelândia, para uma saudação especial aos trabalhadores do Ministério da Cultura e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) há mais de uma semana em greve. E todos juntos repetiram as palavras de ordem: “Eu sou de luta, sou radical, não sou capacho do governo federal”; “Sou servidor, quero respeito, fazer greve é nosso direito”, e não faltou o histórico grito de guerra das manifestações da classe trabalhadora: “Um, dois, três, cinco mil: ou param as reformas ou paramos o Brasil”. O Dia Nacional de Luta unificado do Rio de Janeiro foi também marcado pelo reencontro nas ruas, selado com abraços afetuosos, de velhos militantes de longas jornadas de lutas no passado de quase todas as categorias. Na base da Fasubra, mais de 90% dos sindicatos paralisaram as atividades dos técnicos-administrativos e aderiram ao movimento

O Brasil se agita MST fecha rodovias em 9 estados. Via Campesina e Movimento dos Atingidos por Barragens ocupam hidrelétrica de Tucuruí Pelo país os servidores federais pararam em massa, em pelo menos 16 estados e no Distrito Federal. Em Brasília, manifestação em frente ao Congresso Nacional reuniu 10 mil pessoas. Na base da Fasubra, mais de 90% dos sindicatos paralisaram às atividades dos técnicosadministrativos e aderiram às atividades unificadas organizadas no país. Os movimentos fecharam rodovias em no mínimo 5 estados. O MST promoveu 30 paralisações de rodovias em 9 estados. Em São Paulo, Pará, Pernambuco e Rio Grande do Sul aconteceram confrontos com a polícia. O que foi singular neste contra-ataque dos movimentos e das organizações de esquerda às investidas do governo em relação à retirada de direitos foi o envio de tropas federais pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Usina Hidrelétrica de Tucuruí (PA), que foi ocupada por cerca de 600 integrantes da Via Campesina e pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) já na madrugada do dia 23. Além de estarem participando da jornada nacional de luta, os movimentos reivindicavam como prioritário o pagamento de indenização às famílias desalojadas para a construção da hidrelétrica há 23 anos. Em São Paulo houve confronto entre os manifestantes e a polícia militar que impediu a entrada na Assembléia Legislativa. O protesto reuniu cerca de 5 mil pessoas e o objetivo era barrar o


projeto de reforma da previdência estadual apresentado pelo governador do PSDB, José Serra. A direção da Casa convocou a PM, que usou cassetetes e spray de pimenta. Na capital paulista o dia de luta foi organizado por 19 entidades de servidores públicos em conjunto com o Fórum das Seis (formado por professores e funcionários da Unicamp, USP e Unesp). O gabinete da reitoria da USP, até o fechamento desta edição, ainda continuava ocupado pelos estudantes.

Em Brasília, a m anifestação reuniu 10 m il pessoas. O M ST prom oveu 30 paralisações de rodovias em diversos estados Nas fábricas, os atos começaram ainda de madrugada com atrasos nos primeiros turnos das fábricas General Motors, Bundy, Petrobras, LG, Philips, Embraer, entre outras. Em todas estas manifestações os trabalhadores aprovaram, em assembléias, o repúdio à legislação que quer reduzir o direito dos operários e aposentados. Em frente à Swissbras dois sindicalistas discutiram com policiais militares e acabaram presos. Cerca de 100 militantes do Movimento dos Trabalhadores Desempregados ocuparam a Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal. O ato foi reforçado por mais duas ocupações nas delegacias do Rio Grande do Sul e da Bahia. A iniciativa fez parte da jornada de lutas do dia 23 de maio e teve como objetivo expor ao governo o problema do desemprego no país. No Distrito Federal, representantes do movimento obtiveram audiências no Ministério do Trabalho e Emprego, nas quais apresentaram sua pauta de reivindicações. No documento estavam pleitos de programas estruturantes para o enfrentamento do desemprego e apoio a diversas cooperativas que estão se formando no âmbito da organização dos trabalhadores desempregados.

Mobilização inédita no país Pela primeira vez unidos em um movimento nacional de reivindicação, a esquerda, movimentos autônomos e setores mais alinhados ao governo deram ao Planalto um recado claro de que haverá resistência contra propostas de retirada de direitos. A avaliação final foi um canto uníssono de vitória. Para a direção nacional do MST, CUT, ConLutas e Intersindical, a iniciativa conseguiu unificar um número tão grande e diverso de militantes como não se via desde os tempos do “Fora Collor”.

M ovim ento deu um recado claro de que haverá resistência contra propostas que retiram direitos. 23 M aio foi um sucesso De acordo com o balanço provisório dos movimentos, ocorreram atividades em praticamente todo o país. Por parte do MST, por exemplo, foram contabilizados 39 bloqueios de rodovias federais e estaduais em 8 Estados (São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba). O Movimento dos Atingidos por Barragens ocupou hidrelétricas no Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e bloqueou estradas em Goiás, Ceará e Paraíba. Nos estados já citados, como nos demais - Acre, Amazonas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia Roraima e Tocantins, bem como em Brasília -, o movimento sindical, estudantil e demais articulados na jornada paralisaram atividades nos serviços públicos e empresas


privadas, e realizaram atos e manifestações nos centros urbanos. Apesar do alcance das manifestações em nível nacional, no entanto, para os grandes movimentos sociais e sindicais o 23 de Maio foi um exercício nada fácil de tolerância e coexistência política, uma vez que reuniu a esquerda radical, como a ConLutas (braço sindical do PSTU) e a Intersindical (do PSOL), movimentos mais autônomos e outros mais alinhados ao governo, como a CUT e a UNE. Unificados inicialmente em torno de um comunicado conjunto, que apontou a política econômica do governo como principal fator de aprofundamento dos desajustes sociais, nos últimos dias a CUT acabou se apartando dos demais com um discurso voltado ao apoio ao veto do presidente Lula à Emenda 3 da Super Receita e a questões pontuais, como o PLP 001/07. (Agência Carta Maior). Deputados afirmam que PLP 01 impede o país de implantar política de desenvolvimento

A luta no Parlamento Frente Parlamentar fará pressão permanente para impedir votação de projeto que congela salários No Dia Nacional de Luta, 23, o PLP 01 (limitador de despesas com pessoal que integra o Programa de Aceleração do Crescimento) foi motivo de audiência pública, no Congresso Nacional. Técnicos, parlamentares e convidados afirmaram que a proposta é inconseqüente por incapacitar o Estado de atender à complexidade do crescimento do país estimado para a próxima década. Todos se posicionaram contrários à matéria e preocupados com a volta de um modelo de Estado mínimo derrotado nas urnas com a reeleição do presidente Lula. A conclusão foi clara: o grande prejudicado com a aprovação do PLP 01 será o povo. A iniciativa foi da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público e teve como palestrantes o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Flávio Tonelli, e o consultor de Orçamento da Câmara dos Deputados, José Antônio Cosentino. A mediação foi do jornalista do Diap, Antônio Queiroz. Estiveram presentes os deputados Rodrigo Rol-lemberg (PSB-DF), presidente da Frente, Chico Alencar (PSOL-RJ), vice-presidente da Frente, Alice Portugal (PCdoB-BA) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Pelos movimentos, compareceram Lúcia Reis, CUT/Nacional, Léia Oliveira, coordenadora geral da Fasubra e o coordenadores do SINTUFRJ, Francisco de Assis dos Santos, Vera Barradas e Noemi Andrade. Tonelli levantou a preocupação de que o PLP 01 provocará, inevitavelmente, a terceirização e privatização gradual dos serviços públicos no Brasil. Cosentino concordou com as posições defendidas por Tonelli afirmando que a aprovação do PLP trará um prejuízo muito maior para a população. A deputada Alice Portugal informou que o governo tem se negado a ter reuniões com a categoria dos funcionários públicos. Ela acusou o governo de transferir para os ombros do servidor público a culpa pela ausência de atendimento adequado à população. O deputado Arnaldo Faria de Sá lembrou que o relator do PLP 01, deputado José Pimentel (PTCE), é o mesmo que ajudou a aprovar a reforma da Previdência do primeiro mandato de Lula, que tanto prejudicou os servidores públicos. O deputado Chico Alencar, que fez um trocadilho com a renúncia do ministro de Minas e Energia, acusado de receber propina para favorecer uma construtora, disse que os trabalhadores precisam defender as minas de dinheiro público com a energia de seus protestos. Ele observou que o projeto, quando estiver pronto para ser


votado no Plenário, será defendido por parlamentares do PSDB e do DEM: “Esse projeto, na verdade, é deles.”

Luta de toda a sociedade O deputado Rollemberg, que liderou a mesa de debates, concluiu a audiência pública defendendo que a luta contra o PLP 01 é uma luta de toda a sociedade. De acordo com o deputado, a Frente Parlamentar tentará promover audiências públicas em diversos estados, em parceria com as comissões da Câmara, para discutir o assunto. Rollemberg afirmou que a Frente Parlamentar fará pressão permanente para impedir a votação da proposta, caso não seja retirada. No final da audiência, diversos dirigentes sindicais manifestaram seu repúdio ao projeto. A coordenadora-geral da Fasubra, Léia Oliveira, anunciou o indicativo de greve da Federação marcado para o dia 28 de maio e que a entidade mandará caravanas ao Congresso para pressionar os parlamentares. Na avaliação do coor-denador-geral do SINTUFRJ, Francisco Assis, o debate foi produtivo e muito importante para os servidores públicos: “Saímos com a impressão de estarmos construindo uma grande mobilização e unidade para enfrentar e superar esta e outras questões contraditórias dentro deste governo, como é caso da transformação dos Hus em fundação estatal.”

Estudantes fazem apitaço e ocupam CEG e gabinete do reitor A sessão do Conselho de Ensino e Graduação (CEG) foi interrompida quarta-feira, 23, logo no seu início pelo apitaço dos estudantes contra a reforma universitária e a reestruturação universitária proposta pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), e todas as outras reformas anunciadas pelo governo, pela construção do bandejão e por assistência estudantil. Eles chegaram a ocupar por alguns instantes o gabinete do reitor. A manifestação contou com a participação de dirigentes da Adufj e do Andes. A manifestação foi organizada pelo Comitê da Frente de Luta contra a Reforma Universitária e, segundo o representante do Centro Acadêmica da Faculdade de Educação, Gabriel Marques, “o ato estava integrado às atividades do Dia Nacional de Luta contra as reformas e propostas do governo que atingem os estudantes e trabalhadores.” Os estudantes também reivindicaram mais verbas para a educação pública, e denunciaram “as privatizações que avançam na UFRJ”, citando como exemplo os cursos pagos, professores contratados e terceirização de serviços.

Macarronada no protesto Os estudantes deixaram sobre a mesa do reitor, Aloísio Teixeira, um prato de macarronada e cartaz escrito R$ 7. “Este é o valor que um estudante paga em média pela refeição na Universidade”, informaram. Os manifestantes transformaram a ante-sala de reunião dos Órgãos Colegiados em refeitório, e ofereciam macarrão a todos que passavam por ali. No CEG, o dirigente regional Rio do Andes, José Miguel, e a vice-presidente da Adufrj, Vera Salin, criticaram o projeto de reforma universitária. A representante dos técnicosadministrativos no CEG, Ana Maria Ribeiro, lembrou aos dirigentes das duas entidades que “O Dia Nacional de Luta, quarta-feira, 23, era contra a privatização dos hospitais universitários e o PLP 01, que congela a folha de pagamento dos servidores”. Outros conselheiros que se manifestaram disseram que o projeto do governo era de fato polêmico, mas que abre algumas


brechas para a Universidade conquistar os recursos. 23/5/2007 - 17h42

Protesto fecha a Rio Branco Há alguns anos o Centro do Rio de Janeiro não era cenário de um protesto político tão vigoroso. Cerca de 7 mil pessoas (de acordo com os os organizadores) e 5 mil (segundo a Polícia Militar) fecharam esta tarde a Avenida Rio Branco numa manifestação unificada (que reuniu CUT, Conlutas e várias entidades) organizada pelo movimento sindical, popular e estudantil. O ato foi um protesto contra toda reforma que retire direitos dos trabalhadores. Os funcionários públicos – entre os quais, os trabalhadores da UFRJ – foram às ruas contra o projeto de lei encaminhado pelo governo ao Congresso que congela os salários dos servidores por um período de 10 anos. Foi uma mobilização inédita, que contou com o reforço de professores da rede municipal que lutam contra a política de exploração conduzida pelo prefeito Cesar Maia. A manifestação do Rio integrou a Jornada Nacional de Luta que cobriu o país, de ponta a ponta, com protestos contra a ofensiva traduzida em vários projetos em gestação no governo e no Congresso que ameaça tirar direitos dos trabalhadores. Em capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre o movimento ocupou as ruas. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra também promoveu várias ocupações e interditou vias. Em São Paulo, houve confronto com a polícia. Uma passeata para fazer história Desde o início da tarde trabalhadores de diversas categorias começaram a ocupar os fundos da Igreja da Candelária, com faixas, cartazes, adesivos num colorido marcante, repetindo momentos de grandes manifestações históricas. Os trabalhadores da UFRJ – que a exemplo dos das demais universidades federais, se preparam para uma greve – participaram com entusiasmo da manifestação. Estudantes de várias universidades, metalúrgicos, bancários, trabalhadores sem terra, integrantes de movimentos pela moradia popular, todos, de forma unificada, foram às ruas condenar a política econômica do governo. “Vamos globalizar a luta e fortalecer a esperança” dizia uma das faixas erguida pelo MST. Os professores da rede municipal, depois de um protesto diante do Piranhão (sede da prefeitura, na Cidade Nova), chegaram em grupos massificando ainda mais o movimento. A passeata seguiu pela Rio Branco, fez uma parada diante da Biblioteca Nacional (onde os trabalhadores da biblioteca estão em greve e foram saudados) e foi encerrada com um grande ato diante do prédio do Ministério da Fazenda, na Avenida Antônio Carlos.


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