Revista Sindipi Nº 30

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ENTREVISTA

FRANCISCO CARLOS GERVÁSIO

PARTICIPATIVO, DINÂMICO E GRANDE EMPREENDEDOR Divulgação

O

itajaiense Francisco Carlos Gervásio é um dos empresários da pesca mais respeitados e admirados. Sua família teve suas origens provenientes do Município de Camboriú e depois se estabeleceu em Itajaí, no ramo do comércio, na Rua Uruguai, onde tinha um armazém de secos e molhados. Francisco, além de ser um grande empreendedor, dedica-se, com grande zelo, à sua família: esposa Liliane Miranda Gervásio e os filhos Dante e Júlia. Além do seu conhecimento admirável do ramo pesqueiro, Francisco Carlos Gervásio é um educador nato, formado em Administração de Empresas, com Pós-Graduação e Especialização em Marketing e, entre seus trabalhos realizados, foi professor da Univali, em Comércio Exterior, por 12 anos. O empresário demonstra, em suas ações, ser um cidadão participativo, dinâmico e decisivo na comunidade onde exerce diversas atividades: sócio das empresas Posto Náutico Farol, Farol Conveniências e Farol Pescados; vice-presidente para Assuntos da Pesca da Associação Empresarial de Navegantes – Acin; vice-presidente da CREDIFOZ – Cooperativa de Crédito dos Empresários da Foz do Rio Itajaí-Açu; Coordenador da Câmara Setorial de Combustível do Sindipi – Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região e diretor de Postos Náuticos e Marinas do Sincombustíveis - Sindicato do Comércio Varejista de derivados de petróleo do Litoral Catarinense e Região. Entrevistar Francisco Carlos Gervásio não é nada fácil. Digo isso, porque seu admirável conhecimento e seu amor pela pesca, estampados em cada palavra, são dignos de ser compartilhados com todos os leitores, ficando, impossível, reduzir a entrevista.

Francisco Carlos Gervásio, empresário da pesca; vice-presidente para Assuntos da Pesca da Acin; vice-presidente da CREDIFOZ; coordenador da Câmara Setorial de Combustível do Sindipi e diretor de Postos Náuticos e Marinas do Sincombustíveis.

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SINDIPI – Como iniciou sua trajetória no ramo da pesca? FCG – No ano de 1994, fui contratado como executivo do Grupo Ávila de Itajaí, que possuía, dentre suas diversas atividades, uma unidade comercial e industrial de abastecimento das embarcações pesqueiras – o POSTO FAROL, fundado em 1981. Assim, fui apresentado aos seus clientes, às

suas particularidades, às suas necessidades e ao setor pesqueiro. A partir de então, passei a conhecer, observar, avaliar e tomar decisões para aquela unidade negocial. Outro fator decisivo, foi o de ter nascido em Itajaí, fez-me ter amigos, vizinhos e outras pessoas que falavam da pesca como sendo uma atividade importante para o nosso Município e Região. Nos anos 60, através de um amigo de escola, ouvi a primeira conversa sobre a pesca industrial. O seu avô era o Sr. João Antenor, proprietário das embarcações Guarani. SINDIPI – Quais os últimos investimentos realizados no Posto Náutico Farol? FCG – O Posto Náutico Farol, sob a minha administração exclusiva, desde janeiro de 2001, passou por diversas mudanças e adaptações de suas instalações físicas, mas o grande diferencial se deu com o atendimento, através da equipe de colaboradores, entendedores das necessidades da pesca e dos pescadores. Assim, continuo afirmando que, o grande investimento está na formação dos seus colaboradores e no acolhimento que eles irão disponibilizar aos nossos clientes. Nossa empresa possibilita, aos colaboradores que necessitam estudar, uma bolsa de estudos complementar para a sua ajuda, com compromissos firmados de sucesso nos estudos. Hoje, de 35 colaboradores diretos, temos três deles com formação superior, e mais cinco, em formação, além da busca contínua de formação técnica para os demais. SINDIPI – Recentemente, o senhor inaugurou um novo negócio na pesca, qual é esse empreendimento? FCG – Depois da realização de uma pesquisa junto aos armadores de pesca e de observar as dificuldades da travessia entre Navegantes e Itajaí (reforma da ponte BR 101), além da avaliação da potencialidade existente no município de Navegantes para a área de desembarque de pescados, instalamos a Farol Pescados (antiga Principal). Conta com um salão fechado de seleção e classificação de 700 m² , com três esteiras de recepção de pescados no convés das embarcações, três esteiras de seleção e classificação, três plataformas de embarque, um pátio de estacionamento de veículos de 3500 m², fábrica de gelo, com capacidade de produzir 1000 toneladas/mês, câmara de espera para 100 ton. de pescados e uma equipe de profissionais treinados para atender as embarcações no momento em que necessitarem, nos horários comerciais ou em outros, pois o pescado não marca hora para ser capturado. Tal empreendimento, foi projetado para

ser uma alternativa de desembarque altamente versátil e ágil, podendo desembarcar, simultaneamente, três embarcações. Embarcações de cerco, arrastos, camaroeiros, emalhes, atuneiros e outras modalidades de captura poderão ser atendidas diariamente, bastando, para isso, apenas um telefonema. A partir dele, estará desencadeada toda uma logística para o seu atendimento. SINDIPI – Estes últimos investimentos mostram um grande otimismo no setor, é essa a sua visão de futuro? FCG – Não me imagino não acreditar numa atividade ou num setor que, nos últimos anos, só vejo crescer. Estaríamos nós todos equivocados? Observo os estaleiros e vejo quase que, semanalmente, nos últimos cinco anos, novas e maiores embarcações serem construídas. Espelhome, também, nas indústrias de processamento, percebo e analiso que, nos últimos anos, vêm investindo muitos recursos na sua linha de produção e estocagem. Participo de debates e de congressos sobre o setor, em nível empresarial e governamental, e avalio as potencialidades ainda não exploradas. Observo e estou atento para a demanda por saúde, e, sem dúvida, uma das fontes protéicas, naturalmente saudáveis, é o pescado. Como, então, não ser otimista com este setor, pois vejo o Governo Federal estabelecer e galgar, em nível de Ministério, uma Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca. Por vezes, e por força do hábito cultural, reclamamos e nos queixamos (nós os “peixeiros” e brasileiros que somos) disto ou daquilo, de uma norma ou de uma nova exigência, mas, acredito, também, que será necessário, ao setor, ter uma regulamentação adequada, estudada e debatida, assim como em qualquer outra atividade industrial. SINDIPI – Na sua opinião, quais os pontos fundamentais para o gerenciamento de empresas no setor pesqueiro? FCG – Na pesca, sempre convivemos com grandes volumes de captura e de produção, muitos de nós, ainda não se atentaram, para os desperdícios e para a falta de qualidade. Se conseguimos chegar até o presente momento, sem muitos embaraços, é porque muito devemos à generosidade de nossos mares e ao conhecimento empírico dos nossos pescadores. Precisamos, urgentemente, formar mão de obra, pois esta é q base de tudo. Por vezes, observo debates sobre preços e de custos, como ocorreu no mês de agosto, sobre a sardinha e o atum, e ainda não observei um debate autêntico e obstinado por par-

te dos sindicatos representativos, sobre a formação de mão-de- obra. O Governo Municipal trouxe para Itajaí o IFET – Instituto Federal Tecnológico (antiga Escola Técnica Federal) e que, a partir do segundo semestre, deste ano, iniciou-se a segunda turma de técnicos em pesca. Isto é ação. Então, destaco, como ponto fundamental no gerenciamento, a busca pela qualidade percebida pelo cliente, mas, sem conhecimento e mão-de-obra qualificada, não chegaremos lá. SINDIPI – Quais as ferramentas de marketing o senhor considera importantes para o crescimento de uma empresa? Por quê? FCG – Segundo Philip Kotler, o Marketing se fundamenta como sendo um processo social e gerencial pelo qual os indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de bens e serviços de valor com outros. Dessa forma, a avaliação do composto clássico de marketing, constituído pelo produto, praça, promoção e preço que, por si só, constituem-se em ambientes exclusivos e que merecem estudos especiais para cada tema e, por conseguinte, o estabelecimento de cada ferramenta irá pressupor também uma avaliação indicada para cada caso. Explico: Para um pequeno negócio focado a atender um bairro, as suas ferramentas ou estratégias serão diferentes e deverão atender, com exclusividade, cada morador daquela Região. Conhecendo-o pelo nome, a data do seu aniversário, o seu endereço, o nome dos participantes daquele grupo familiar, pois assim lhe possibilitará atendê-los, individualmente, o que chamamos Customizar. Este mesmo consumidor, visto por uma grande empresa que lhe fornece produtos de higiene pessoal (sabonete, creme dental, etc), certamente se utilizará outra estratégia para lhe conferir a preferência. Assim, como em qualquer atividade humana e social, as ações de Marketing requerem profissionais da área, pois só assim lhes possibilitará indicar ou sugerir o caminho mais indicado para o seu negócio. Não recomendaria que um mercadólogo nos possa determinar onde pescar, mas, com certeza, recomendaria consultá-lo como agregar valores ao produto, onde e como distribuí-los, como realizar uma boa campanha de comunicação para promovê-los e, finalmente, como os ajudar a determinar uma estratégia de preços lucrativa e competitiva. SINDIPI – Como surgiu a idéia de realizar a ação motivacional “Eu sou da pesca”?

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