Cartilha gravida

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SCOS OCUPACIONAIS mulheres grávidas, érperas e lactantes

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Situação da mulher petroleira e a maternidade Muito se fala que a Petrobrás é exemplo de “igualdade de gênero” e políticas afirmativas para as mulheres. Para reforçar essa imagem, em 2015 ela conquistou pela quinta vez consecutiva o selo de Pró- Equidade de Gênero e Raça. Porém, o que vemos na prática não é bem isso. Segue alguns exemplos de problemas enfrentados pelas petroleiras grávidas e lactantes. Como apresentamos adiante, não são poucos os riscos ocupacionais das mulheres grávidas e lactantes. Por exemplo, durante a gravidez é recomendado diversos cuidados, como mudança do regime de trabalho (trabalho de turno e noturno), preocupação com a ergonomia e pausa para o descanso, restrição para trabalho em altura ou por muitas horas em pé. Outro aspecto importante é o fator psicológico. Não é raro o stress profissional, principalmente associado a assédio moral. Isso causa desequilíbrio emocional e pode levar, inclusive, ao

aborto em casos extremos. Trabalhadoras que têm suas atividades laborais em áreas operacionais têm o risco de exposição a diversos agentes nocivos à saúde. No período de gestação e amamentação elas deveriam ficar com restrição de atividades para garantir a não exposição. O que vemos na prática é a empresa chegar a coagir essas trabalhadoras para que não engravidem com o argumento de que não podem “desfalcar” o quadro do setor, ou em período de amamentação serem “forçadas” a deixar de amamentar os filhos. Todo esse assédio velado pode levar muitas mulheres petroleiras, que trabalham em área operacional, a optarem por não serem mães ou adiarem a maternidade. As recomendações da Organização Mundial de Saúde relativas à amamentação são as seguintes: as crianças devem fazer aleitamento materno ex-


Uma das maiores bandeiras das mulheres durante o período da amamentação é a redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias, sem redução do salário. Em diversas empresas isso já é uma realidade como na BR Distribuidora, empresa do sistema Petrobrás. Por que esse benefício não pode ser estendido para todo o sistema? No código de frequência do empregado, temos um código exclusivo para amamentação (nº 1036) que garante o abono de 2 períodos de 30 minutos diários concedido à mãe no término da licença ma-

ternidade para amamentar o próprio filho, até a criança completar 6 meses ou mais, a critério médico (PP-OV4-00027 e PE-0V4-000310A e CLT art.396). Infelizmente, a maior parte das petroleiras sequer sabe que tem direito a esse abono. Uma das iniciativas que levou a Petrobrás a ganhar o selo em 2015, segundo a própria empresa, foi a ampliação das salas de apoio a amamentação de 14 para 29, tanto em prédios administrativos como em unidades operacionais. Em julho de 2015 foi inaugurada a sala de apoio à amamentação no EDISA (Valongo/Santos), uma sala para a coleta do leite materno pelas mães. Na ocasião foi divulgado pela própria empresa uma matéria que destacava que “a disponibilização de salas de apoio à amamentação vai ao encontro da recomendação da Organização Mundial da Saúde, que prioriza o leite materno como alimentação exclusiva até os seis meses de vida, podendo ser complementada até os dois anos de idade ou mais”. E ainda que “o auxílio da empresa após a

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clusivo até aos 6 meses de idade. Ou seja, até essa idade, o bebê deve tomar apenas leite materno e não deve dar-se nenhum outro alimento complementar ou bebida. A partir dos 6 meses de idade todas as crianças devem receber alimentos complementares (sopas, papas, etc.) e manter o aleitamento materno. As crianças devem continuar a ser amamentadas, pelo menos, até completarem os 2 anos de idade. A Petrobrás deveria ser exemplo em seguir essas recomendações.

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licença maternidade, oferecendo local apropriado para a retirada do leite, é fundamental para que a manutenção da lactação seja facilitada. A criação do espaço demonstra a preocupação da Petrobras com o bem-estar das mães que fazem parte da força de trabalho”. Infelizmente, em todas as demais bases do litoral paulista não existe esse auxílio. Por não existirem espaços exclusivos de apoio nas outras unidades, muitas mães petroleiras que se encontram em estágio de amamentação se veem obrigadas a fazer a ordenha do leite materno em locais com pouca ou nenhuma condição sanitária, tais como banheiros, vestiários, salas de reunião, entre outros, o que representa alto risco de contaminação. Indiretamen-

te, isso acaba as obrigando a interromper a ordenha e oferta de leite materno a seus filhos, que é tão importante para manter a nutrição (mesmo que complementar), vínculo e fortalecimento do sistema imunológico do bebê. Também defendemos que o ACT avance para mais direitos, como a empresa passar a aceitar o atestado médico de acompanhante dos filhos. Muitas petroleiras precisam acordar com a gerência o abono gerencial para não ter faltas. Além disso, todos os direitos da petroleira concursada deveria se estender para a petroleira das empresas contratadas. Com essa cartilha, esperamos contribuir para este importante debate. Boa leitura!

• O texto apresentado a seguir foi copiado, adaptado e baseado na seguinte publicação: COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, Bruxelas, 05.10.2000, COM(2000) 466 final: COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO sobre as diretrizes relativas à avaliação dos agentes químicos, físicos e biológicos bem como dos processos industriais que comportem riscos para a segurança ou a saúde das trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes (Diretiva 92/85/CEE do Conselho): http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ. do?uri=COM:2000:0466:FIN:PT:PDF


Fadiga mental e física, horário de trabalho e stress profissional

no local de trabalho. Em alguns estudos, o stress é associado a uma maior incidência de abortos, bem como à diminuição da capacidade de amamentar.

Os horários de trabalho prolongados, o trabalho em turnos e o trabalho noturno podem ter efeitos significativos sobre a saúde das trabalhadoras grávidas ou lactantes. Nem todas as mulheres são afetadas da mesma forma e os riscos associados variam em função do tipo de trabalho realizado, das condições de trabalho e das pessoas em questão.

A organização do tempo de trabalho (incluindo as disposições em matéria de pausas de descanso, respectiva frequência e horário) pode afetar a saúde da mulher grávida e do nascituro, a capacidade de amamentar e é susceptível de aumentar os riscos de stress e de afecções associadas ao stress.

De um modo geral a fadiga física e mental aumenta durante a gravidez. O stress profissional pode ser ainda mais forte se a ansiedade da mulher quanto à sua gravidez ou ao seu desfecho (por exemplo, quando existam antecedentes de aborto, morte fetal ou outras anomalias) for aumentada em resultado da pressão dos colegas ou de outras pressões

Pode ser necessário adaptar temporariamente os horários e as outras condições de trabalho, incluindo a frequência e o horário das pausas de descanso, bem como o regime e a duração dos turnos, a fim de evitar riscos. No que diz respeito ao trabalho noturno, deve ser organizado um sistema alternativo de trabalho diurno para as trabalhado-

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Avaliação dos Riscos: perigos gerais e situações associadas

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Para estabelecer medidas a tomar, os empregadores devem ter em conta os fatores de stress conhecidos (como a organização dos turnos, a insegurança do emprego, as sobrecargas de trabalho, etc.), bem como os fatores médicos e psicossociais específicos que afetam cada trabalhadora. As medidas de proteção podem incluir a adaptação das condições de trabalho ou do horário de trabalho, bem como medidas destinadas a garantir que a trabalhadora receba a compreensão, o apoio e o reconhecimento necessários quando regressa ao trabalho, assegurando sempre o respeito pela sua privacidade.

Esforço de postura associado à atividade das trabalhadoras grávidas ou puérperas

em espaços muito reduzidos ou postos de trabalho que não se adaptam suficientemente para ter em conta o aumento do volume abdominal. Estas condições podem provocar entorses ou luxações. A agilidade, a rapidez de movimentos, a capacidade de alcançar objetos e o equilíbrio podem também ficar um pouco diminuídos e poderá ser necessário ter em conta um risco de acidente acrescido. É importante garantir que os horários e o volume e ritmo do trabalho não sejam excessivos e que, quando possível, as próprias trabalhadoras possam ter certo controle sobre a organização do trabalho, garantir a disponibilidade de assentos, possibilidade de efetuar pausas de descanso mais prolongadas ou mais frequentes contribuirá para evitar ou diminuir os riscos, a adaptação dos postos de trabalho ou dos processos de trabalho poderá ajudar a eliminar os problemas de postura e o risco de acidentes. Trabalho solitário

O cansaço provocado por tarefas com esforço físico é considerado como causa de aborto, parto prematuro e baixo peso à nascença. É perigoso trabalhar

As trabalhadoras grávidas correm maiores riscos do que o restante dos trabalhadores quando trabalham

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ras grávidas.

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Trabalho em locais elevados É perigoso para as trabalhadoras gråvidas trabalhar em locais elevados, por exemplo, escadas e plataformas. O empregador deve garantir que as trabalhadoras gråvidas não tenham de trabalhar nesse tipo de ambiente.


suficiente, podem ocorrer vertigens ou desmaios. Permanecer de pé (e/ou andar) durante períodos prolongados ao longo do dia de trabalho pode contribuir para aumentar os riscos de parto prematuro.

Atividades realizadas em pé ou sentada

Quando a mulher grávida permanece sentada, a pressão venosa nas pernas aumenta significativamente e pode causar dores e edema nas pernas. O aumento da lordose lombar causado pelo aumento da circunferência abdominal pode provocar dores musculares na região lombar, que podem ser intensificadas pelo fato de se permanecer na mesma posição durante um período de tempo excessivamente longo.

As modificações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez (aumento do volume sanguíneo e do volume sistólico, dilatação geral dos vasos sanguíneos e possibilidade de compressão das veias abdominais ou pélvicas) favorecem uma congestão periférica quando a grávida permanece de pé. A compressão das veias pode reduzir o retorno venoso da região pélvica, o que conduz a uma aceleração compensatória do ritmo cardíaco da mãe e a contrações uterinas. Se a compensação não for

As modificações dos fatores de coagulação que ocorrem durante a gravidez e a compressão mecânica das veias pélvicas pelo útero dão origem a um risco relativamente elevado de trombose ou embolia para as grávidas.

Garantir a disponibilidade de assentos, sempre que necessário. A possibilidade de descansar é importante para as trabalhadoras grávidas ou puérperas.

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sozinhas, principalmente em caso de queda ou se forem necessários cuidados médicos urgentes. Dependendo do estado de saúde das trabalhadoras, as possibilidades de acesso a meios de comunicação com outras pessoas e os níveis de supervisão (remota) existentes podem ter de ser reexaminados e adaptados, a fim de garantir que esteja disponível auxílio e apoio sempre que necessário e que os procedimentos de emergência (se necessários) tenham em conta as necessidades das trabalhadoras grávidas ou lactantes.

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As mulheres grávidas devem ser sensibilizadas para o perigo do tabagismo, mesmo passivo. Risco de infecção ou de afecções renais devido a instalações sanitárias inadequadas A falta de acesso fácil às instalações sanitárias (e instalações de higiene associadas) no trabalho - devido à distância, aos processos e sistemas de trabalho, etc. - é um fator susceptível de originar riscos de infecção e afecções renais. Devido à pressão exercida sobre a bexiga, bem como a outros fatores associados à gravidez, as mulheres grávidas podem necessitar ir ao banheiro com maior fre quência e maior urgência do que as outras trabalhadoras. Pode acontecer o mesmo com as mulheres que amamentam. As medidas de proteção incluem a adaptação das regras relativas às práticas de trabalho, por exemplo, em situações de processamento contínuo e de trabalho de equipe, e medidas que permitam às trabalhadoras grávidas e puérperas sair do posto de trabalho ou interromper a atividade com pouco tem-

po de aviso e com maior frequência. Se não for possível devem ser tomadas outras medidas de adaptação provisória das condições de trabalho. Perigos de uma alimentação inadequada Uma alimentação adequada e a ingestão de líquidos a intervalos regulares são fundamentais para a saúde. As mulheres grávidas podem precisar de pausas de refeição mais frequentes e de um acesso mais regular à água potável ou outras bebidas leves. Além disso, é possível que seja obrigada alimentar-se em pequenas quantidades e a intervalos curtos e regulares, em vez de em grandes quantidades e horários “normais”. As necessidades específicas das mulheres grávidas e puérperas em relação às pausas de descanso ou para refeições e ingestão de bebidas podem ser estabelecidas mediante consulta às próprias interessadas. Estas necessidades podem ser alteradas à medida que a gravidez avança.


É necessário o acesso a uma sala onde a trabalhadora possa amamentar ou extrair o leite com toda a privacidade; possibilidade de utilizar frigoríficos limpos e seguros para armazenar o leite materno extraído durante o trabalho e instalações para lavar, esterilizar e guardar os recipientes, sem perda de remuneração ou de quaisquer outros direitos e sem receio de penalização.

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Perigo devido à ausência ou inadequação das instalações para a extração e armazenagem segura do leite materno Esses locais ou os que permitam a amamentação direta das crianças no local de trabalho ou na sua proximidade podem facilitar a amamentação pelas mulheres trabalhadoras e, assim, proteger de forma significativa a saúde das mães e dos seus filhos.

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Avaliação dos Riscos Perigos específicos As condições de trabalho podem ter consequências importantes para a saúde, segurança e bem estar das trabalhadoras grávidas e lactantes. Por vezes é a relação entre os vários fatores envolvidos, e não um fator isolado, que determina o tipo de risco. Sendo a gravidez um estado dinâmico que implica em transformações e desenvolvimentos contínuos, as mesmas condições de trabalho podem colocar problemas de saúde e segurança diferentes para mulheres diferentes e nas diversas fases da gravidez, bem como quando do regresso ao trabalho após o parto ou durante a amamentação. Alguns destes problemas são previsíveis e tem validade geral (como os abaixo enumerados), outros dependem das circunstâncias individuais e do histórico médico pessoal.

AGENTES FÍSICOS – quando considerados agentes que acarretem lesões fetais e/ou possam provocar o descolamento da placenta, nomeadamente: Choques, vibrações ou movimentos A exposição regular a choques (ou seja, embates violentos e bruscos), a vibrações de baixa frequência (por exemplo, conduzir ou deslocar-se em veículos), ou a movimentos excessivos, pode aumentar o risco de aborto. A exposição prolongada a vibrações de todo o corpo pode implicar riscos acrescidos de prematuridade ou baixo peso à nascença. O trabalho deve ser organizado de forma que as trabalhadoras grávidas e puérperas não sejam expostas a atividades susceptíveis de envolver vibrações desconfortáveis.


menos, o remanescente da gravidez.

Uma exposição a radiações ionizantes comporta riscos para o nascituro. Este fato é devidamente considerado através do estabelecimento de disposições específicas para limitar a exposição da mulher grávida e, por conseguinte, do nascituro.

A exposição média anual durante 5 anos para qualquer trabalhador não deve exceder 20 mSv por ano (e não pode ultrapassar os 50 mSv no mesmo ano). O empregador deve informar as trabalhadoras expostas a radiações ionizantes da necessidade de apresentar rapidamente uma declaração de gravidez, tendo em conta os riscos de exposição do nascituro e o risco de contaminação da criança amamentada em caso de contaminação radioativa corporal.

Se uma mulher que amamenta trabalhar com líquidos ou poeiras radioativos, o seu filho poderá ficar exposto, principalmente através da contaminação da pele da mãe. De igual modo, a contaminação radioativa da mãe por inalação ou ingestão pode ser transferida para o leite ou, através da placenta, para o nascituro. Assim que uma mulher grávida informar o seu empregador do seu estado, a proteção do nascituro deve ser idêntica à que é garantida a todas as pessoas. A partir desse momento, as condições da mulher grávida no âmbito da sua atividade profissional devem ser tais que a dose equivalente a que é exposto o nascituro seja o mais baixa possível e não seja provável que exceda 1 mSv durante, pelo

Radiações eletromagnéticas não ionizantes Não se pode excluir que as influências eletromagnéticas, podem representar um risco adicional para o nascituro. Recomenda-se a minimização da exposição mediante a adoção de medidas de saúde e segurança. Temperaturas extremas Durante a gravidez as mulheres apresentam uma menor tolerância em relação ao calor, estando mais

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Radiações ionizantes

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sujeitas a desmaios ou a sofrer de stress provocado pelo calor. A exposição ao calor pode ter conse quências nefastas para as grávidas. A amamentação pode ser prejudicada pela desidratação que provoca. O trabalho debaixo de temperaturas muito baixas pode ser perigoso tanto para a mulher grávida como para o nascituro. As trabalhadoras grávidas não devem estar expostas a calor nem a frio excessivo no trabalho durante períodos prolongados. - AGENTES BIOLÓGICOS Microrganismos capazes de causar danos ou doenças a saúde. Muitos agentes biológicos podem afetar o nascituro se a mãe for infectada durante a gravidez. Estes agentes podem ser transmitidos através da placenta quando a criança se encontra no útero, durante o parto ou após o parto, por exemplo através da amamentação ou do contato físico estreito entre a mãe e o filho. As medidas tomadas para evitar os riscos dependem dos resultados da avaliação dos riscos, que

terá em conta, em primeiro lugar, a natureza do agente biológico, as vias de propagação da infecção, a probabilidade de contato e as medidas de controle existentes. Estas podem incluir o confinamento físico e as medidas de higiene habituais. A utilização das vacinas disponíveis deve ser preconizada tendo em conta as contra-indicações relativas à administração de algumas dessas vacinas a mulheres grávidas no início da gravidez. - AGENTES QUÍMICOS Os agentes químicos podem entrar no organismo humano por diferentes vias: inalação, ingestão, penetração cutânea, absorção dérmica. Os seguintes agentes químicos, na medida em que é sabido que fazem perigar a saúde das mulheres grávidas e do nascituro: No que respeita ao trabalho com substâncias perigosas, que incluem produtos químicos susceptíveis de provocar alterações genéticas hereditárias, os empregadores devem avaliar os riscos para a saúde dos trabalhadores decorrentes desse trabalho e,


A prevenção da exposição deve ser a primeira prioridade. Se não for possível preveni-la, a exposição pode ser controlada através de medidas de controle técnico associadas a uma boa gestão e planificação do trabalho, bem como à utilização de Equipamento de Proteção Individual. O EPI deve ser utilizado para fins de controle dos riscos apenas se todos os outros métodos não permitirem um controle adequado. Pode igualmente ser utilizado como proteção secundária em combinação com outros métodos. Agentes químicos cujo perigo de penetração cutânea é conhecido. Alguns agentes químicos podem também penetrar na pele intacta e serem absorvidos pelo organismo, com efeitos nocivos para a saúde. Tal como com as restantes substâncias, os riscos

dependem da forma como a substância é utilizada, bem como das suas características de risco. A absorção através da pele pode resultar de uma contaminação localizada, por exemplo através de salpicos na pele ou no vestuário ou, em certos casos, da exposição a concentrações elevadas de vapor na atmosfera. A primeira prioridade deve ser a prevenção da exposição. Devem ser tomadas precauções especiais para evitar o contato com a pele. Sempre que possível, métodos técnicos de controle da exposição de preferência à utilização de equipamento de proteção individual, como luvas, macacões ou viseiras de proteção. Refira-se, a título de exemplo, o confinamento do processo ou a sua reformulação de forma a produzir menos vapor. Se os trabalhadores tiverem de utilizar equipamento de proteção individual (quer isoladamente quer em associação com métodos técnicos), deve garantir-se que esse equipamento seja adequado.

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se necessário, tomar medidas para prevenir ou limitar os riscos.

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Ruído A exposição prolongada a níveis de ruído elevados pode conduzir a um aumento da pressão arterial e do stress. A experiência mostra que a exposição prolongada do nascituro a níveis de ruído elevados durante a gravidez pode afetar posteriormente a audição; as baixas frequências têm mais probabilidade de causar efeitos nocivos. Devem ser respeitadas as disposições nacionais. O empregador deve garantir que as trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes não sejam expostas a níveis de ruído que excedam os valores-limite de exposição nacionais. Deve ser reconhecido que o uso de equipamento de proteção individual por parte da mãe não protege o nascituro contra os perigos decorrentes de agentes físicos.


Para além dos perigos enumerados no quadro, a gravidez apresenta outros aspectos que podem afetar o trabalho. O impacto varia ao longo do período de gravidez e os seus efeitos devem ser objeto de uma análise permanente – a título de exemplo, a postura das mulheres grávidas modifica-se para compensar o aumento do volume.

Aspectos da gravidez

Fatores do trabalho

Enjôo matinal

Trabalho no turno da manhã, exposição a odores fortes ou desagradáveis/ventilação deficiente e viagens/transporte

Dores nas costas

Posição de pé/movimentação manual/postura

Varizes/outros problemas circulatórios/hemorróidas

Permanecer em pé/sentada durante grandes períodos

Descanso e bem-estar,idas freqüentes / urgentes às instalações sanitárias e Conforto

Alimentação regular,proximidade/disponibilidade de instalações para descanso, higiene, alimentação e ingestão de bebidas, higiene, dificuldade em sair do local de trabalho

Aumento de volume, destreza, agilidade, coordenação, rapidez de movimentos, capacidade de alcançar objetos, podem ser prejudicados pelo aumento do volume

Utilização de vestuário de proteção/equipamento de trabalho, Trabalho em espaços restritos/em altura, necessidade de adotar certas posturas, movimentação manual, problemas do trabalho em espaços muitos restritos

Fadiga/stress

Horas extraordinárias,trabalho noturno, ausência de pausas para descanso, tempo de trabalho excessivo, e ritmo/intensidade do trabalho

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Aspectos da gravidez que podem exigir adaptações da organização do trabalho

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RISCOS OCUPACIONAIS PARA MULHERES GRÁVIDAS AGENTES QUÍMICOS

Perigo

Riscos

Prevenções

Chumbo / Derivados do Chumbo

Infertilidade, aborto espontâneo, baixo peso ao nascer, distúrbios do desenvolvimento

Minimizar ou eliminar a exposição durante a gravidez e amamentação

Mercúrio / Derivados do Mercúrio

Aborto espontâneo, morte fetal, redução da fertilidade, baixo peso ao nascer

Minimizar a exposição durante a gravidez e amamentação

Níquel

Aborto espontâneo, redução da fertilidade, morte fetal, toxicidade para o desenvolvimento

Minimizar a exposição durante a gravidez

Arsênico

Abortos e natimortos (morte fetal)

Minimizar a exposição durante a gravidez

Manganês

Aborto espontâneo, redução da fertilidade, morte fetal, toxicidade para o desenvolvimento

Minimizar a exposição durante a gravidez

Formaldeido

Abortos

Trabalho em área bem ventilada com EPI adequado

Solventes orgânicos (tolueno, dissulfeto de carbono, tetracloreto de carbono, estireno, benzeno, xileno)

Aborto espontâneo, defeitos de nascimento, aborto espontâneo, baixo peso ao nascer

Use proteção respiratória adequada ou elimine a exposição durante a gravidez

Éteres glicólicos

Abortos

Use proteção respiratória adequada em área bem ventilada


Riscos

Prevenções

Óxido de Etileno

Abortos

Se usado para esterilizar equipamentos médicos e suprimentos, use proteção respiratória adequada ou eliminar a exposição completamente.

Monóxido de Carbono

O feto pode morrer por deficiência de oxigênio e defeitos neurológicos e de crescimento

Evitar ou controlar a exposição rigorosamente

EXPOSIÇÕES QUÍMICAS Gases Anestésicos

Aborto espontâneo

Usar proteção respiratória apropriada

Drogas antineoplásicas (drogas de tratamento de câncer)

Aborto espontâneo, infertilidade, mau desenvolvimento do feto

Minimizar ou eliminar a exposição durante a gravidez

AGENTES FÍSICOS Ruído

Baixo peso ao nascer, distúrbios do desenvolvimento, abortos, defeitos de nascimento, nascimento prematuro

Deve evitar ou limitar a exposição a ruídos intensos. Reduzir os níveis de ruído, se possível

Radiação Ionizante

Infertilidade, aborto, defeitos de nascimento, baixo peso ao nascer, distúrbios de desenvolvimento, o câncer infantil

Minimizar ou evitar completamente a exposição durante a gravidez e amamentação

Radiação não-ionizante eletromagnética

Superexposição pode causar danos ao aumentar a temperatura do corpo

Exposição não deve exceder os limites de tolerância

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Perigo

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Perigo

Riscos

Prevenções

Frio e calor extremos

Abortos espontâneos, parto prematuro. A amamentação pode ser prejudicada pela desidratação pelo calor.

Ambientes devem ser evitados.

Choque, vibração ou movimento

Aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer

Estação de trabalho ajustável, cadeira adequada

Jornada de trabalho prolongada em pé ou sentada

Baixo peso ao nascer, distúrbios do desenvolvimento, abortos, defeitos de nascimento, nascimento prematuro

Evitar trabalhar em atividades que provavelmente envolverão a vibração de corpo inteiro desconfortável, especialmente em baixas freqüências.

AGENTES BIOLÓGICOS Vírus da Hepatite B

Baixo peso ao nascer

Vacinação

HIV

Baixo peso ao nascer, câncer infantil

Praticar as precauções universais

Rubéola

Deformidades de nascimento, baixo peso ao nascer

Vacinação antes da gravidez se não tiver nenhuma imunidade prévia

Catapora

Deformidades de nascimento, baixo peso ao nascer

Vacinação antes da gravidez se não tiver nenhuma imunidade prévia

Turbeculose

Pode ser transferida para o filho através da placenta ou durante a amamentação. Peso baixo ao nascer

Evitar a exposição, se o risco for alto utilizar o EPI adequado

Parvovírus B19

Anemia grave para o bebê por nascer. Aborto espontâneobaixo peso ao nascer

Vacinação antes da gravidez se não tiver nenhuma imunidade prévia


Riscos

Prevenções

Herpes Simples I e II

Pode ser transferida para o filho através da placenta ou durante a amamentação

Evitar a exposição, se o risco for alto utilizar o EPI adequado

Sífilis

Pode ser transferida para o filho através da placenta ou durante a amamentação

Evitar a exposição, se o risco for alto utilizar o EPI adequado

Citomegalovírus (CMV)

Baixo peso ao nascer, defeitos congênitos, distúrbios do desenvolvimento

Pratique uma boa higiene pessoal, como lavar as mãos

FATORES ERGONÔMICOS Levantamento de peso

Baixo peso ao nascer, parto prematuro, aborto espontâneo

Evitar tarefas que exigem levantar objetos pesados

Posturas forçadas

Parto prematuro, aborto espontâneo

Estação de trabalho ajustável, cadeira adequada

Jornada de trabalho prolongada em pé ou sentada

Aborto no final da gestação, parto prematuro

Ficar menos de 3 h por dia. Andar com moderação é benéfico

“Riscos ocupacionais às mulheres grávidas, puérperas e lactantes” e “Cartilha sobre assédio Moral e Sexual” são publicações do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista. A Cartilha “Riscos Ocupacionais” foi copiada, adaptada e baseada na publicação Comissão das Comunidades Européias. Agradecemos o companheiro Nildemar Corrêa Ruella pelo incentivo a criação da cartilha e as indicações bibliográficas. Edição e Revisão: Leandro Olimpio e Silvio Muniz - Textos: Fabíola Calefi, Raira Coppola e Leandro Olimpio Diagramação: Carolina Mesquita - Tiragem: 6 mil exemplares\ sindipetrolp.org.br | facebook.com/sindipetrolp

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