Artigo Cientifico

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Sincrético: O real e o imaginário na cidade de São Paulo Syncretic: the real and imaginary in São Paulo City

KLOUNBERG, Arved; arved.k@gmail.com SILVA, Josias; emailjs2oo6@gmail.com MOREIRA, Marcela; marcela@moreiradesign.com RUBIO, Mauricio; maurrubio@gmail.com BENIS JUNIOR, Nilson; nilbenis@gmail.com MAIA, Ricardo; cyberlinux@gmail.com TRIGUEIRINHO, Tatiana; railaparis@gmail.com

Resumo Assim como o design, a poesia desenvolve formas simbólicas de comunicação que atribuem um novo significado à informação. Durante o estudo do livro Paranóia, foi possível observar que o livro fazia parte de um projeto idealizado pelo poeta Roberto Piva. Foi ele quem, por exemplo, indicou o local de grande parte das fotografias de Wesley Duke Lee. Neste projeto, o que mais chama a atenção é seu processo criativo, que se constrói em meio à experiência nômade no contexto urbano de São Paulo, combinado ao seu estilo de vida experimental, semelhante ao estilo de vida beat. Este artigo tem como objetivo apresentar a relação existente entre os elementos de construção poética e o design. Palavras chave: design, poesia, São Paulo

Abstract Just as Design, poesy develops simbolic ways of communications that brings a new meaning to the information has been born. Studying the book Paranóia, it was possible to notice that the book was part of a Roberto Piva´s project. Is Piva, who for example, originaly indicated the most places of Wesley Duke Lee photographies. But in this project dreamed by Roberto Piva the most visible point, is his creative process which is built between his walking experience in the São Paulo city context married with his experimental way of life, just like beat. The aim of this article is show relationship between poetic elements construction and design. Keywords: design, poesy, São Paulo


Introdução Este trabalho faz parte da proposta de conclusão do curso de Design Digital da Universidade Anhembi Morumbi e teve início com a pesquisa teórica acerca do processo criativo antropofágico, experimental e intransferível de Roberto Piva, onde se observou o modo como o poeta articula a sua vivência singular na cidade de São Paulo à construção do universo simbólico do livro de poesias Paranóia. O livro Paranóia, de Roberto Piva foi lançado em 1963, pela editora Massao Ohno, como um dos primeiros livros nacionais que combinava fotografia e poesia. Talvez o único da história nacional que reúna uma antologia poética tão rica como meio de relacionar as referências urbanas da cidade de São Paulo à construção poética. Roberto Piva extrai palavras, imagens, estrondos e delírios que surgem naturalmente, como frutos de sua natureza de observador contemplativo e a exemplo dos beats ou surrealistas, a vida de Roberto Piva se rende à poesia e a poesia se funde à sua vida, através da experiência na cidade, das músicas, dos poetas que lê, dos lugares que gosta, das drogas, do erotismo das paisagens que venera. Em Paranóia, todo gesto e qualquer movimento são para falar de poesia. Da poesia que nasce da livre associação de idéias ou da aproximação de duas realidades distintas, como os paradoxos sociais entre sacro e profano, realidade e fantasia, erotismo e drogas, construindo assim imagens poéticas que fazem com que qualquer palavra possua inúmeros significados. Em design, a preocupação em dar nome ao mundo das coisas se repete, entre as inúmeras atividades do design, a linguagem é desde o inicio a síntese de qualquer projeto. Quintana (on-line), afirma que independente de qual tenha sido a linguagem adotada pelo design o resultado “são discursos em que diversos modos semióticos de representação e comunicação juntam-se para fazer sentido”. Isso acontece, pois o design visa a construção de mensagens, onde a precisão da informação está atrelada à códigos sociais, de modo que o fazer design incide na produção de formas de comunicação para determinados públicos. Neste sentido, por meio da construção e referência de linguagem do universo simbólico de Roberto Piva, foi possível produzir dois tipos de discurso: mídia impressa e digital. Metodologia da Pesquisa Com o término da pesquisa teórica, começou a fase de levantamento iconográfico, referências sonoras e hipermidiáticas, que auxiliassem na construção de novos dialetos visuais. Para isto, compartilhamos documentos, ferramentas e serviços on-line, como blog (http://www. tccparanoia.blogspot.com/), Flickr (http://www.flickr.com/photos/tccparanoia) e Delícious (http://delicious.com/tccparanoia) que ajudaram na construção do painel semântico.


O Painel Semântico apresentado pelo professor Álvaro Guillermo na disciplina de direção de arte, é definido como: “a Expressão do Produto (...), representa a emoção que o produto transmite ao primeiro olhar. (...) Para isso, os elementos visuais que o compõe devem ser analisados, selecionados e inter-relacionadas, canalizando o direcionamento semântico do conjunto de produtos.” (SANCHES apud BAXTER, 2007, P.04)

Nesse sentido, a metodologia adotada tem origem nos conceitos definidos por Jay Doblin como qualidades artísticas, técnicas, científica e humanas que contemplam um produto de design e se organiza em cinco etapas: O levantamento de qualidades da pesquisa teórica, a pontuação destas qualidades no painel semântico, a formação de novos grupos, a transformação do painel semântico textual em fotográfico e agrupamento das fotos. As inúmeras qualidades que surgiram da pesquisa teórica, inicialmente foram apresentadas por capítulos e organizadas em tabelas, onde se observou que algumas palavras como: transgressão, sociedade, contracultura, marginal, cidade, poesia e fotografia se destacavam pela freqüência em que se repetiam, o que permitia apontar os principais conceitos do projeto. Todavia, esses conceitos foram pontuados no painel semântico com apenas três votos de cada participante, de forma rápida e de acordo com as qualidades artísticas, técnicas, cientifica e humanas do projeto como um todo. Com isso surgiram novas palavras e cada grupo de qualidades rendeu uma série de palavras, (figura 01). Os grupos de qualidades foram remodelados de acordo com elos de afinidade entre as palavras (figura 02), e finalmente estas palavras foram hierarquizadas dentro de seus grupos (figura 03), de modo que assim foi possível definir alguns conceitos dos elementos projetuais das peças.

Figura 01 – painel semântico / qualidades – fase 1


Figura 02 – painel semântico / qualidades – fase 2

Figura 03 – painel semântico / qualidades – fase 3


Como “para o aproveitamento efetivo do Painel Semântico como ferramenta projetual, é necessário que o designer desenvolva a capacidade de sintetizar o simbolismo do produto através de uma imagem e, ainda, de extrair desta imagem, os elementos visuais que caracterizam a essência de estilo” (SANCHES, 2007, p.04), as palavras foram transformadas em imagens e organizadas em seis novos conceitos: poesia, transfiguração do real, comunicação, espaço urbano, erotismo e drogas. (figura 04)

Figura 04 – painel semântico / fotografias – fase1

Com isso, a representação poética e visual do livro Paranóia, revela uma cidade que se apresenta através do imaginário do poeta, em suas formas iconográficas de representação, onde uma combinação de códigos visuais como: textura, luz, cor e movimento, fazem apelo a noite, ao corpo, à cidade, as sensações que reforçam os sentimentos paranóicos vividos na cidade. Justificativa Este projeto estuda a construção autoral através do real e imaginário da cidade de São Paulo, a partir do processo criativo de Roberto Piva, representado no livro Paranóia. Com isso, se observa que as formas de associações são resultado do modo como o poeta relaciona o seu processo criativo em meio ao contexto social urbano da cidade à sua construção poética, que movimenta a noite, o erotismo, os ícones que surgem da marginalidade, as drogas, a religião, as formas, as cores e tantas outras imagens que dão sentido à narrativa. Neste sentido, o objetivo deste projeto é mostrar uma nova forma de ver e sentir o espaço urbano através do imaginário poético, de modo que seja no meio digital ou impresso, possível reconhecer fragmentos do imaginário individual e coletivo da cidade de São Paulo.


Conceito Peça Digital: A peça digital busca aproximar a relação entre real e imaginário decorrente da nossa experiência nômade pela cidade. Para isto, os lugares como Largo do Arouche, a Rua Augusta e a igreja da Santa Cecília foram escolhidos em acordo ao roteiro traçado entre um poema e outro do livro Paranóia, assim como a temática que envolve o livro. A construção visual das interfaces, baseada no método paranóico crítico de Salvador Dali, foi projetada a partir de fragmentos fotográficos dos lugares citados no livro Paranóia e possuem dupla representação com o objetivo de aproximar realidades opostas e assim estimular no interator o interesse em explorar a peça. A navegação espacial acontece conforme o interator reconhece nas imagens e textos, meios de locomoção e interação, que servem como ponte entre realidades opostas. Neste sentido, o que determina a expansão da narrativa, é exploração das interfaces. Já a interação da peça, busca estabelecer o diálogo entre o real e o imaginário, através dos elementos poéticos observados na relação existente entre o processo criativo e a construção poética do livro Paranóia. Conceito Peça Gráfica Baseado na experiência nômade de Roberto Piva e na combinação de poesia e fotografia da obra Paranóia, apresentamos o “Roteiro Sincrético”. No formato de 12x20 cm com dobra em vinco, que forma um projeto “sanfonado”. O resultado deste misto de cidade e poesia, é uma coletânea autoral de fragmentos do universo simbólico da cidade de São Paulo, onde cada integrante do grupo apresenta a sua percepção da cidade através do diálogo entre imagem e texto.

Figura 05 – Peça Gráfica


Elementos Projetuais Paleta de cores A paleta de cores retirada da iconografia presente no painel semântico é focada em provocar estímulos sensoriais nos interatores.

RGB: 23 139 98 CMYK: 83 0 30 46 HEX: 178b62

RGB: 21 129 121 CMYK: 83 0 6 50 RGB: 25 116 58 HEX: 158179 CMYK: 78 0 50 55

RGB: 23 139 32 CMYK: 83 0 77 46 HEX: 178B20

RGB: 81 217 36 CMYK: 63 0 83 15 HEX: 51D924

RGB: 240 191 139 CMYK: 0 21 42 6 HEX: F0BF8B

RGB: 230 194 134 CMYK: 0 15 42 13 RGB: 217 166 137 CMYK: 0 24 37 15 HEX: DEBC81

RGB: 39 33 174 CMYK: 77 81 0 32 HEX: 2721AE

RGB: 73 31 164 CMYK: 55 81 0 36 RGB: 36 61 151 CMYK: 76 60 0 41 HEX: 491FA4

RGB: 33 101 174 CMYK: 81 42 0 32 HEX: 2165AE

HEX: 243D97

RGB: 212 49 22 CMYK: 0 77 90 17 HEX: D43116

RGB: 246 89 25 CMYK: 0 64 90 3 RGB: 235 36 39 CMYK: 0 85 83 8 HEX: F65919

HEX: EB2427

RGB: 219 154 26 CMYK: 0 30 88 14 HEX: DB9A1A

RGB: 244 193 29 CMYK: 0 21 88 4 RGB: 242 152 41 CMYK: 0 37 83 5 HEX: F4C11D

HEX: F29829

RGB: 219 208 44 CMYK: 0 5 80 14 HEX: DBD02C

RGB: 212 22 120 CMYK: 0 90 43 17 HEX: D41678

RGB: 47 199 252 CMYK: 81 21 0 1 HEX: 2FC7FC

RGB: 139 120 92 CMYK: 0 14 34 46 HEX: 8B785B

RGB: 255 156 148 CMYK: 0 39 42 0 HEX: FF9C94

RGB: 129 116 85 CMYK: 0 10 34 50 RGB: 116 98 82 CMYK: 0 16 29 55 HEX: 817455

HEX: 746252

RGB: 300 90 97 CMYK: 1 90 0 3 HEX: F419F6

RGB: 219 105 26 CMYK: 0 52 88 14 HEX: DB691A

RGB: 240 161 139 CMYK: 0 33 42 6 HEX: 74 27 23

HEX: D9A689

HEX: 19743A

RGB: 220 201 198 CMYK: 0 9 10 14 HEX: DCC9C6

RGB: 139 107 91 CMYK: 0 23 34 46 HEX: 8B6B5B

RGB: 245 227 220 CMYK: 0 7 10 4 RGB: 243 243 243 CMYK: 0 0 0 5 HEX: F5E3DC

RGB: 220 198 209 CMYK: 0 10 5 14 HEX: DCC6D1

HEX: F3F3F3

RGB: 255 89 39 CMYK: 0 65 88 0 HEX: FF591E

RGB: 220 244 49 CMYK: 10 0 80 4 RGB: 242 212 61 CMYK: 0 12 75 5 HEX: DCF431

HEX: F2D43D

RGB: 88 80 79 CMYK: 0 9 10 66 HEX: 58504F

RGB: 78 72 70 CMYK: 0 7 10 70 RGB: 65 65 65 CMYK: 0 0 0 75 HEX: 4E4846

HEX: 414141

RGB: 219 172 44 CMYK: 0 21 80 14 HEX: DBAC2C

RGB: 255 180 52 CMYK: 0 29 80 0 HEX: FFB434

RGB: 51 47 46 CMYK: 0 9 10 80 HEX: 332F2E

RGB: 51 47 46 CMYK: 0 7 10 80 RGB: 14 14 14 CMYK: 0 0 0 95 HEX: 332F2E

HEX: 0EOEOE

RGB: 51 46 48 CMYK: 0 10 5 80 HEX: 332E30

RGB: 217 156 142 CMYK: 0 28 34 15 HEX: D99C8E

RGB: 88 79 84 CMYK: 0 10 5 66 HEX: 584F54

RGB: 255 229 255 CMYK: 0 10 0 0 HEX: FFE5FF

RGB: 166 149 166 CMYK: 0 10 0 35 HEX: A695A6

RGB: 115 103 115 CMYK: 0 10 0 55 HEX: 736773

Figura 06 – Paleta de cores

Tipografia A peça digital possui quatro tipos de tipografia: Heattesnschweiler, Bisonprr, a Palatino e a Futura. Cada fonte tem seu papel e hierarquia: a Bisonprr é utilizada nos títulos, pois apresenta formas geométricas e fragmentação presente no espaço urbano, já a Palatino, é uma fonte serifada, e sua qualidade de legibilidade, como traços leves e contraste moderado, é ideal na leitura de textos. A Futura, além de possuir muitas variações de estilo, também é usada para garantir legibilidade aos textos. E a Heattesnschweiler é usada para compor o título do projeto (Sincrético) junto com a Palatino, pois representa a dualidade presente no projeto. Heattesnschweiler

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ Bison

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ


Palatino

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ Futura

abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ Design de navegação No projeto de navegação procuramos maneiras de estimular o interesse do interator em explorar o espaço onde se encontram as interfaces de maneira simples e de fácil assimilação. Para isso foram desenvolvidos dois recursos distintos que podem ser definidos como navegação global e a navegação através de hiperlinks. O movimento do interator dentro do ambiente digital é determinado pela posição do mouse na tela, esse movimento é limitado por uma área correspondente ao conteúdo presente em cada interface para que o interator não se perca. Com o clique do mouse, o interator é levado até a interface escolhida. No início todas as interfaces têm somente um fragmento de seu conteúdo revelado, conforme o usuário interage com a peça as interfaces vão se expandindo. Tanto dentro, quanto fora da interface, o interator tem a possibilidade de navegar pelos três eixos. Os eixos X e Y são determinados pela posição do mouse e o eixo Z pelo scroll do mouse. Para voltar ao ambiente inicial, basta clicar em qualquer área fora da interface. Além disto, para ir de um ambiente a outro, a peça dispõe de três tipos de hyperlinks: texto, imagem e vídeo. A sinalização dos textos e imagens é feita pela alteração no ponteiro do mouse e na saturação das cores do objeto, os vídeos que servem como hyperlinks também têm uma alteração no ponteiro do mouse e se iniciam com o mouse over. Design de interação O design de interação do projeto busca fortalecer o diálogo entre o real e o imaginário, através dos elementos poéticos observados na relação existente entre o processo criativo e a construção poética do livro Paranóia. Para isto, a experiência nômade no contexto urbano, a ênfase nos detalhes que passam desapercebidos, a construção de linguagem simbólica e a escrita automática, conta com o apoio de diferentes tecnologias. Neste sentido, para aproximar as realidades apostas que foram encontradas nas caminhadas pela cidade, cada interface é separada em vários blocos de informações, cada bloco rotaciona 180º, para que o interator possa observar e comparar as discussões apresentadas através do som e das imagens e sons


O site também conta com recursos voltados a conectividade com outros sites, para isto a API do Google Maps, foi utilizada com o objetivo de proporcionar ao interator a possibilidade de compartilhar um roteiro pessoal dentro da cidade de São Paulo. No roteiro, o interator pode incluir as coordenadas, a descrição de sua experiência e fotografias que são armazenadas em um álbum que leva o nome do roteiro, no site de fotografias Flickr, onde existe o perfil do Projeto Sincrético. As palavras da descrição dos roteiros são aproveitadas para compor o ambiente na interface Poesia. Cada palavra é mostrada de modo espacial e podem ser clicadas separadamente. A interação acontece quando a palavra é utilizada como tag e uma imagem vinda do Flickr em seu verso é mostrada. Além disto, as palavras clicadas são concatenadas com o objetivo de gerar uma frase. Esta frase que repete os moldes da escrita automática, assim como acontece no Paranóia, é enviada ao Twitter do projeto assim que o interator sai da interface, fazendo com que este também seja constantemente atualizado com as visitas de novos usuários. Design de interface O projeto design das interfaces relaciona a experiência nômade do processo criativo de Roberto Piva à construção do universo simbólico que movimenta o livro Paranóia. Neste sentido, a experiência nômade foi repetida com objetivo de selecionar quais lugares da cidade de São Paulo, citados no livro Paranóia, possuíam características relacionadas à critica social e moral presente na narrativa. Do mesmo modo como o processo criativo foi repetido, a técnica de construção simbólica foi mantida, é por isto que a construção visual das interfaces não só é produzida com fragmentos destes lugares como cada elemento possui dupla representação, com o objetivo de enfatizar a força das imagens poéticas, que é a aproximação de realidades opostas, neste sentido, ao explorar o ambiente digital, o interator encontra recursos de navegação e interação tanto de um lado como do outro das interfaces.

Figura 07 – Interface: Erotismo (frente)


Figura 08 – Interface: Erotismo (verso)

Figura 09 – Interface: Nomadismo 01

Figura 10 – Interface: Nomadismo 02


Figura 11 – Interface: Sacro e Profano (dentro e fora)

Figura 12 – Interface: Drogas (frente)

Figura 13 – Interface: Drogas (verso)


Design de informação Comportamentos – Esta interface discute valores sociais vigentes por meio dos contrapontos encontrados no Largo do Arouche. Poesia – A discução na interface de poesia está focada na escrita automática apresentada nos poemas de Roberto Piva. Ao clicar nas palavras o interator visualiza uma imagem que mostra a relação de poesia e fotografia existentes em Paranóia. Nomadismo – Esta interface mostra várias formas de se locomover pelo espaço urbano e discute o caminhar como processo criativo, através do olhar de cada interator em seu roteiro postado. Sacro e Profano – Para falar de Sacro e profano, escolhemos a Igreja da Santa Cecília, onde observamos o profano do lado de fora da igreja através de pessoas no bar, tomando cerveja, mendigo alimentando pombas e vendedor ambulante. Drogas – A interface Drogas discute a distorção da realidade e a linguagem onírica com suas formas irregulares e orgânicas. Erotismo – A interface discute o contraponto do dia e da noite na Augusta. A noite é representada pelo ambiente erótico através do neon das casas noturnas e das putas; o mesmo lugar é apresentado de dia, mas com outra realidade. Design de Som O projeto de design de som tem como objetivo envolver o interator numa atmosfera de mistério entre o mundo real e simbólico. Para isto a trilha sonora da peça é composta pela produção autoral de sons relacionados à cidade combinado a trechos de músicas: Utilizamos o projeto Urbanograma de Felipe Julián que trata de gravações da cidade através de recursos binaurais para simulação de áudio tridimensional; samples de guitarra e teclado do compositor Cliff Martinez para dar um ar de mistério e exploração da ambientação; ritmo acelerado, quase dissonante de Battles, e para completar o universo paranóico usamos recitações das poesias de Roberto Piva, de áudios capturados de um debate na Casa das Rosas e do filme Assombrações Urbanas. 1ª Camada: INTERAÇÃO Nesta camada, o som está associado à ação de feedback do interator. 2ª Camada: AMBIENTAÇÃO Esta camada está associada aos efeitos sonoros para enfatizar o ambiente de cada interface. Utilizamos sons autorais de multidão, pessoas caminhando, meios de transportes, gravação com prostituta, edições das bandas já cidadãs e poesias narradas por Roberto Piva. Esses sons estão serão disparados através da navegação, dependendo da interação do usuário na interface.


3ª Camada: CONTEÚDO Esta é a camada associada à construção do imaginário de cada interface através do mistério, para isso, utilizamos trechos musicais do projeto Urbanograma para representar a parte real da cidade e representando o imaginário utilizamos o instrumental de Cliff Martinez e Battles.

Considerações finais Durante a pesquisa teórica, foi possível observar que a poesia assim como o design são produtos da cultura material local. Tanto o poeta como o designer, recolhe fragmentos do universo ao que pertence e transforma em linguagem simbólica. Neste sentido, o método adotado por Roberto Piva é perfeitamente aplicável aos projetos desenvolvidos pela área de design como meio de produção de novas formas de comunicação, contudo, a atividade do design se concentra na solução de problemas por meio da produção de novas formas de comunicação, que atendem um público especifico. Sendo assim, o patrimônio da cidade de São Paulo e a conectividade tiveram destaque durante a produção do “Projeto Sincrético” pois o patrimônio da cidade serviu de base para a construção do universo imaginário e a conectividade de ponte entre os muitos universos espalhados na internet, para que assim os modos de ver se sentir a cidade fossem abastecidos pela participação individual.


Referências Bibliográficas CASTRO, Ruy; SEIXAS, Heloisa. Tempestade de ritmos: jazz e música popular no século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2007 deviantART. Disponivel em: http://www.deviantart.com. Acesso em 20 jan de 2009. GUILLERMO, Alvaro. Design do virtual ao digital. Rio de Janeiro: Rio Books, 2002. LEMOS, André. Janelas do Ciberespaço - Comunicação e Cibercultura. Sulina: EDUFBA, 2004 LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999 MOURA, Mônica. Design de Hipermídia: dos princípios aos elementos. São Paulo: NMD e Ed. Rosari, 2007 MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes,2001 QUINTANA, Haenz Gutierrez. Um Comunicador Multimodal. Disponível em: < http://www.4shared.com/file/36188073/5475c75a/O_Designer_Grfico_->. Acesso em 07 mai. de 2009. SANCHES, Maria Celeste de Fátima. A Síntese Visual como Ferramenta Projetual para a Concepção de Produtos de Moda. 4o Congresso Internacional de Pesquisa em Design, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: < http://www.anpedesign.org.br/artigos/pdf/A%20S%EDntese%20 Visual%20como%20Ferramenta%20Projetual%20para%20a%20 Concep%E7%E3%85.pdf>. Acesso em 07 mai. de 2009.


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