Volume 6 tres ensaios sobre a teoria da sexualidade freud companhia das letras

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111. AS TRANSFORMAÇÕES OA PUBERDADE

prindo sua tarefa quando ensina a criança a amar; afinal, esta deve se tornar uma pessoa capaz, com vigorosa ne­ cessidade sexual, e realizar em sua vida tudo aquilo a que o instinto impele o ser humano. É verdade que um excesso de carinho será prejudicial por acelerar o ama­ durecimento sexual e também por "mimar" a criança, tornando-a incapaz de, na vida futura, renunciar tem­ porariamente ao amor ou satisfazer-se com uma medida menor dele. Um dos melhores indícios de futuro nervo­ sismo* ocorre quando a criança é insaciável em exigir carinho dos pais, e, por outro lado, justamente os pais neuropáticos, que se inclinam muitas vezes ao carinho desmesurado, são os primeiros a despertar no filho, com suas carícias, a predisposição à doença neurótica. Vê-se, por esse exemplo, que pais neuróticos podem transferir seu distúrbio para os filhos por caminhos mais diretos que o da hereditariedade.

o MEDO INFANTIL As próprias crianças se com­ portam, desde os primeiros anos, como se o seu ape­ go às pessoas que delas cuidam fosse da natureza do amor sexual. O medo das crianças não é outra coisa, originalmente, senão a expressão da falta que sentem da pessoa amada; por isso têm medo de todo desconhe­ cido. Temem a escuridão porque nela não se vê a pes­ soa amada, e se tranquilizam quando podem segurar a * No original, Nervositiit, que, como se nota pelo contexto, seria

antes equivalente a "neurose"; nas versões consultadas: nerviosi­ dad, neurosis, tenden1_a al nervosismo, nervosité, neurosis.

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