Julianna Costa 4 Semanas de Prazer

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– Tá, já entendi a piada. Você quer me levar para lá porque acha que eu sou doida. Rá-rá. Muito engraçado. Eu a segurei pelos ombros. – Estou falando sério. Andy me observou como se estivesse decidindo se eu estava brincando ou não. – A mãe de Holt – expliquei – Ela está internada em uma instituição perto daqui. Uma para pessoas ricas, aparentemente. – A Casa Morghan? – O que é isso? – Fica a pouco mais de uma hora daqui. É um asilo para pessoas que não podem se cuidar. É bem chique e bem caro. – É esse. – Apontei o indicador para ela. – Diz pra mim, desocupada, você tem carro?

Andy é daquelas pessoas que cantam mais alto do que a música do rádio. Se eu não estivesse aprendendo a gostar dela, teria sentido uma vontade louca de esfaqueá-la. – Isso não é invasão de privacidade? Você fazer uma viagem dessas só para perguntar para a mãe do seu namorado se ele já foi casado? – Diminuiu o volume do som quando começaram os comerciais. Havia tantas coisas erradas com aquela frase que eu não soube nem por onde começar. – Quero dizer, não seria mais simples engolir sua vergonha e perguntar para ele? – Não estou com vergonha. E não estava mesmo. O problema não era ter coragem para fazer a pergunta. O problema era ter coragem para engolir o orgulho diante dele. Havia tanta coisa sobre Holt que eu queria saber, e não apenas sobre seu passado: queria saber se ele sentia alguma coisa mais forte por mim ou se já tinha sentido algo parecido por alguma mulher antes de mim. Inclinei minha cabeça pela janela e deixei o vento sacudir meus cabelos. Eu tinha passado da inércia completa para a velocidade máxima quando o assunto era Gregory Holt. Fui de uma época em que não ligava para nada nem para ninguém para um momento em que não conseguia me concentrar nem em um copo d’água sem pensar nele pelo menos três vezes. Tinha uma angústia dentro de mim, e eu precisava arrancá-la de lá. – É infantil, eu sei. Não precisa ficar me lembrando disso a cada três minutos, Andy. – Você é engraçada. – Obrigada – rosnei. – Sério. Você é toda segura e confiante, mas quando o assunto é esse cara, você não se controla, não é? – Mais ou menos – confessei. E ela tinha definido exatamente como eu me sentia. – O que você vai perguntar para ela quando chegar? Olhei para Andy. Ela dirigia com calma e fazia cada pergunta com um genuíno interesse. Quando você não se preocupa com ninguém, ninguém se preocupa com você. Ninguém se preocupava comigo. Ninguém se preocupou comigo por um tempo bem longo. Desde que o meu pai tinha morrido.


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