As doutrinas centrais da fe cri franklin ferreira

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VII – INTIMIDADE, NÃO RELIGIOSIDADE A doutrina da criação também implica que somos chamados a um relacionamento de intimidade com Deus, não baseado em mera religiosidade. Pessoalmente, tenho muita dificuldade em tratar o cristianismo como religião. Religião pressupõe sistema. Religião pressupõe fazer algo. Até a própria palavra tem a conotação de se religar com o sagrado, de se religar com Deus. Mas cristianismo não é religião (Karl Barth; Dietrich Bonhoeffer). No passado, na Idade Média e na Renascença, religião era sinônimo de cristianismo. O islã era o inimigo, a potência expansionista, imperialista. A única religião reconhecida era cristianismo, uma religião europeia. Mas hoje tudo mudou. Hoje vivemos numa sociedade altamente plural e antagônica à fé cristã. Hoje temos cultos dos mais diversos tipos, e todos eles pressupõem que o ser humano pode construir a sua Torre de Babel, pode chegar à divindade por suas próprias capacidades. Mas qual é o final do esforço religioso da Torre de Babel? Confusão. Bagunça. Deus precisa descer, e Deus de fato desce. Em Gênesis 11.1-9, seres humanos arrogantes estavam construindo uma escada para os céus: “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra”. Deus desceu e confundiu estas pretensões idolátricas: “Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro. Destarte, o SENHOR os dispersou dali pela superfície da terra; e cessaram de edificar a cidade”. Aquele zigurate, um tipo de templo construído na forma de pirâmides terraplanadas, foi abandonado, um monumento patético à pretensão religiosa. Em Gênesis 28.10-22 Deus faz uma escada: “Eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência”. Jacó simplesmente se deitou, dormiu e não fez nada. Colocou a cabeça na pedra, como um tipo de travesseiro e, enquanto dormia, Deus por meio de uma escada desce a ele – dois tipos de escada, duas imagens que distinguem as falsas pretensões religiosas da fé pactual. Cristianismo não é esforço religioso. Cristianismo não é tentativa de agradar a Deus por meio de religião. Nós cremos em Deus “Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra”. Cristianismo é intimidade, é amizade com Deus. Cristianismo é relacionamento pessoal com o Deus vivo. Deus não lida conosco de forma impessoal. O Deus que cremos e confessamos é o Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, que nos trata como pessoas. Ele chama cada um de nós por nome. E Deus usa nossa história pessoal


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