Turismo Etnico - Português _WEB

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infraestrutura, ele apostou nas características culturais do estado para elaborar um estudo de marketing para o turismo. Desde então, a cultura foi dominando a temática turística. Vasconcelos Maia organizava cursos para grupos de guias, em que eram tratados temas como história, arte, folclore, imaginário, candomblé e eram ministrados por estudiosos e especialistas famosos do estado. Além disso, era uma prática comum que artistas como Caymmi, Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé recebessem visitas de grupos de turistas em suas casas. De acordo com o historiador Cid Teixeira, a colaboração de artistas e intelectuais famosos na atividade turística foi um dos trunfos de Vasconcelos Maia, que bebia na fonte de um movimento de grande ebulição cultural na Bahia.

Pensadores e intérpretes da alma negra da Bahia Carnaval no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador

Ao tempo em que a cultura de matriz africana ganhava visibilidade através das obras desses artistas, estudos antropológicos começaram a ser realizados dentro e fora da universidade. Os aspectos dessa cultura quase submersa foram objetos de alguns estudos de pesquisadores da primeira metade do século XX, como Nina Rodrigues e Edison Carneiro. A partir da década de 60, porém, a cultura de matriz africana passou a ser estudada por vários pesquisadores, a exemplo do antropólogo Vivaldo da Costa Lima, e de estudiosos estrangeiros, como o sociólogo francês Roger Bastide. As pesquisas empreendidas por Costa Lima, na África, ganharam maior dimensão com Pierre Verger, o fotógrafo francês que se transformou em etnólogo e optou por beber na fonte original, ou seja, no continente africano, principalmente na República do Benin, de onde vieram para a Bahia os últimos contingentes de escravos. Desde então, vários estudiosos passaram a se dedicar ao tema.

Nina Rodrigues Médico, etnólogo e professor da Faculdade de Medicina da Bahia, o maranhense Raimundo Nina Rodrigues foi o primeiro estudioso a colocar o problema do negro brasileiro como um problema social, como uma questão de suma importância para a compreensão da formação racial da população brasileira. Embora realizados sob uma perspectiva nacionalista, cientificista e até mesmo racista, os estudos, que datam da virada do século XIX para o XX, ganham especial importância por terem sido feitos no dizer do próprio autor com “os últimos africanos da Bahia”. Suas contribuições estão nos livros: O Animismo Fetichista dos Negros Baianos (1900) e Os africanos no Brasil (1905).

Artur Ramos Médico, antropólogo e folclorista alagoano, autor de importante obra sobre a etnografia afro-brasileira, em especial na área de cultos religiosos. Formado em 1926, pela Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia, lecionou clínica psiquiátrica. Em 1934, publicou O Negro Brasileiro, livro no qual discute a religiosidade da cultura negra no país. Um ano depois, escreveu O Folclore Negro do Brasil. Em seguida, 102


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