Caderno educativo "Notações" | Exposição "A Maré da Vida", de Ercília Stanciany.

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“Sim, é tudo muito real. [...] É a própria vida! Eu já vi isso, tem a ver comigo” (fragmento do livro Gente Pobre, de Dostoiévski)

A vida e a obra de Ercília são indissociáveis, seja em sua poética, seja em seus materiais. Antigas cabeceiras de cama, recolhidas por ela, foram utilizadas para gravar sua própria história. O material que antes estivera ali, bem ali, guardando os sonhos de pessoas que desconhecemos, agora representam pessoas sem rostos e fragmentos da vida de Ercília, assim como cada passo que a levou à realização de seu sonho de infância: estudar e graduar-se na universidade. Tal realização, por sua vez, ocorreu no seu ingresso à Universidade Federal do Espírito Santo, onde a mineira veio parar após sonhar com o mar e um navio, recolher poucos pertences, muitas memórias, companheiro e filha para tomar um trem rumo a Vitória. O sonho, seja dormindo, seja acordado, como um objetivo ou mesmo uma esperança, o sonho que batalhamos ou apenas esperamos que se realize, o sonho que faz ou fez sentido, o sonho presente ou o sonho adormecido.

Relacionar a palavra sonho com a vida e a obra de Ercília foi uma associação que ocorreu quase que instantaneamente ao se relacionar com sua “Maré da Vida”. Outras palavras surgiram à medida que os laços com a maré se estreitaram, palavras que vieram soltas ou entrelaçadas, que vieram numa maré mansa, numa maré em lua cheia e até em um maremoto. Algumas delas se encontram perdidas pelo papel. Sinta-se à vontade para riscá-las, transformá-las, ligá-las ou desligá-las e, caso não sejam palavras, tudo bem também.


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