Comunicação Eleitoral

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espaço no qual as interações sociais e o movimento dos atores ganham visibilidade social. Assim, a comunicação não é somente um meio dos indivíduos e grupos conhecerem os fatos e acontecimentos. Rodrigues (1997) argumenta que a comunicação é o processo instituíste do espaço público em que se desenvolvem as suas ações e discursos. “Daí a natureza paradoxal da comunicação, ao mesmo tempo instituíste e instituída, processo de elaboração de um espaço público e agenciamento das regras impostas pela conformidade social, pluralidade feita de múltiplas singularidades” (RODRIGUES, 1997, p.141). Assim como Rodrigues aponta a centralidade do campo da comunicação, Thompson (1998) explica como a mídia é responsável por criar novas maneiras de interação, via utilização de meios técnicos. Ele cita o poder cultural ou simbólico que nasce nas atividades de produção, transmissão e recepção do significado de formas simbólicas. Está também presente em instituições culturais, como escolas, universidades, igrejas, indústrias da mídia, entre outros. 3 A INTERFACE MÍDIA E POLÍTICA Em função da centralidade da mídia, o campo da política é uma das esferas que mais se aproxima da instância comunicativa para garantir visibilidade. Trata-se, no entanto, de uma relação tensa, em que os dois campos – tanto a política quanto a mídia – mantêm a sua autonomia e se influenciam mutuamente. Venício de Lima (2006) cria sete teses para explicar a centralidade da mídia para a vida política. Segundo o autor, a proximidade entre os dois campos se compreende a partir dos seguintes fatores: (1ª) a mídia ocupa uma posição de centralidade nas sociedades contemporâneas; (2ª) não existe política nacional sem a mídia; (3ª) mass media exercem hoje funções tradicionais dos partidos políticos; (4ª) a mídia alterou radicalmente as campanhas eleitorais em função da crescente profissionalização; (5ª) as empresas de mídia são hoje, atores econômicos fundamentais e integram grandes conglomerados empresariais articulados em nível global; (6ª) as condições sociais nas quais os mass media foram implantados no Brasil no período da Ditadura Militar, com índices de exclusão social e analfabetismo muito elevados; (7ª) as condições políticas e históricas do surgimento da mídia no período de regimes autoritários. Manin (1995), por sua vez, apresenta as mudanças no modo de representação política. Segundo o autor, até a década de 80 do século XX, prevalecia a democracia de partido que se encontrava em crise de representatividade. Os partidos perdiam


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