sentimentos? Quando eu era criança, meu pai ficava louco comigo porque, quando eu estava me sentindo mal ou escondia alguma coisa que ele não podia saber, apenas chorava. Ele me dizia: — Fala. Não chora, fala! Dê a chance para seu filho expressar o que está sentindo. Pare e escute com atenção o que tem a dizer. Isso não quer dizer que você vai concordar com tudo, mas a maneira como você o ouve faz toda a diferença. O consumismo desenfreado também é sinal de falta de controle. Somos estimulados desde cedo a querer comprar tudo o que vemos. É uma compulsão: você já está cheio de coisas e quer mais. Jesus ensinou a dar o devido valor aos bens materiais e não uma importância exagerada: “Façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto e nenhuma traça destrói. Pois onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração.”3 A prova desse descontrole no trato com o dinheiro e no consumo é o alto índice de inadimplência, no Brasil, de pessoas que gastam nos cartões de crédito sem conseguir administrar as dívidas. Essa compulsão revela uma total falta de domínio próprio. Moderação é algo que adquirimos com a maturidade. Não vai acontecer com seu filho de um dia para o outro. Aprendemos a controlar nossos desejos conforme amadurecemos, e cabe a você ensiná-lo desde pequeno sobre o controle das finanças e o domínio sobre o consumismo. Com a chegada da adolescência, outros exercícios de autocontrole começam a surgir. Com os sentimentos e desejos sexuais à flor da pele é normal que a criança comece a ter curiosidade para saber sobre sexo. Nessa fase, como pais, vocês deverão assumir o controle e ensinar aos filhos aquilo que é bom e o que não é. Eles sempre vão acreditar que podem tudo. Por isso, para que entendam que o acesso a pornografia não é algo de acordo com a idade que têm, você terá de pôr senha na televisão e na internet — como forma de ensiná-los a controlar suas sensações e seus desejos. Recentemente ouvi alguém falar sobre a dificuldade que as pessoas nascidas nos anos quarenta, cinquenta e sessenta tinham para conseguir pornografia. Era sempre “Eu tenho um amigo que tem uma revista sueca”. Hoje, isso está ao alcance das crianças, a um clique de distância. Se você não puser uma senha na TV ou na internet, seu filho terá acesso fácil a conteúdo erótico. E talvez essa seja uma das áreas da vida em que menos conseguimos exercer o domínio próprio: a sexualidade. Nesse sentido, vejo a tecnologia como uma faca de dois gumes, pois, por um lado, tem facilitado muito a nossa vida, mas, por outro, tem contribuído muito para a falta de temperança. A precocidade tem alcançado nossos filhos com uma força voraz. Não só na área da sexualidade, mas também da estética, do vestuário, dos gostos... é uma lista bem extensa. E tudo isso tem de ser trabalhado com conversas e, principalmente, com exemplos.