Vodu e Candomblé - Identidades Culturais

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O conceito de cultura conserva atualmente toda a sua utilidade para as Ciências Sociais. A desconstrução da ideia de cultura subjacente aos primeiros usos do conceito, marcada por um essencialismo e pelo “mito das origens”, supostamente puras, de toda cultura, foi superado por um avanço epistemológico. A dimensão relacional de todas as culturas pode assim ser evidenciada. O deslocamento epistemológico não apenas incentivou redefinições de conceitos-chave analíticos, como promoveu também substituições de conceitos paradigmáticos. Essas, porém, foram apenas parciais: hoje constatamos que, no mundo ocidental, raça, cultura e identidade convivem na linguagem do cotidiano e também em muitos trabalhos acadêmicos. Enquanto não formos capazes de redescobrir a negritude como valiosa, não teremos chance de saber quem somos: brancos, negros e mulatos. Tudo não passará de dissimulação para encobrir a dominação do outro e a nossa própria identidade. Não fizemos uma pesquisa etnográfica para realizar o estudo, portanto, não poderíamos dispensar a leitura de trabalhos relevantes sobre o universo religioso do Vodu e do Candomblé como os de Jean Price Mars, Läennec Hurbon, Alfred Métraux, Roger Bastide, Pierre Verger, Luis Nicolau Parés, Reginaldo Prandi etc. Assim sendo, dentro da proposta de explorar elementos identitários da cultura afro, nessas duas nações, como categorias sociológicas, antropológicas e historicamente construídas, pretendemos, através do marco teórico, atender e exprimir a questão principal desta pesquisa: delinear possíveis semelhanças e diferenças da identidade cultural afro no Haiti e no Brasil, particularmente nos aspectos religiosos, com o objetivo de explorar questões sobre Vodu e Candomblé.

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