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Editorial Editorial

O tempo é uma coisa estranha, passa rápido e nunca sabemos quando acaba, se soubéssemos talvez nunca viveríamos realmente. Existem pessoas que se cruzam nas nossas vidas que esperamos não ter de cruzar e depois temos outras que não queremos acreditar que partiram. Vou parafrasear Tiago Henriques, porque não sou ninguém, porque precisa ser dito em voz alta, pois hoje represento o sentimento de milhares por este mundo espalhado. Algures na margem a sul do Tejo, onde as nossas vidas foram parar, há um lugar circunscrito e escondido para o azar não o encontrar sempre. Aqui moram muitas das pessoas mais importantes para o crescimento pessoal, espiritual e humano de cada um. Aqui ficam guardadas muitas das nossas melhores memórias da vida. Aqui fomos felizes. Neste pequeno bairro isolado do mundo, mas rodeado de uma aura especial que faz encher de um orgulho tonto muitos dos que aqui cresceram, muitos dos que aqui vivem e muitos que deixaram este porto de abrigo, rumo a outras paragens.

De entre muitas dessas memórias e pessoas que deixamos para trás, há uma que é merecedora de um respeito inigualável, de uma admiração transversal à geração que nasceu com lendas e mitos e de uma estima que poucos que nos conseguem fazer sentir. Tu tratavas todos pelo nome, todos se sentiam especiais, tu ensinaste-nos o respeito, valores, a crescer sem nada e mesmo assim a sentirmo-nos grandes, enormes. Tu usas-te o desporto como arma e o sorriso como escudo. Claro que tudo tem um princípio e um fim, mas o caminho é que importa, e tu caminhaste em grande com bué putos ao teu lado. Acredito que continuaremos a ser os “teus putos”. E que putos!

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O GP dispensa apresentações e tudo o que precisava ser dito, já o foi por quem mais perto dele privava. Para todos nós, fica essas memórias de alguém que tinha um carisma único, de alguém que tinha sempre uma palavra de apreço para com quem tivesse a sorte de se cruzar com ele e receber um pouco dessa energia.

Editorial Editorial

Numa época de fraturas, cisões e individualismo, GP mostrava-nos que os “verdes” podiam ser amigos dos “amarelos”, que as raças eram apenas uma, que os benfiquistas podiam ver os jogos com os sportinguistas. É assim que nos lembramos de ti GP, um farol, um pilar, um agregador, um apaziguador, um missionário da fé humana e um homem com um coração maior que ele, sempre acompanhado – esse mesmo coração que lhe falhou, sozinho. Irónico.

Paulo Flores eternizou-te com a música “GEPE” , um clássico de 2008, onde ele viu em ti o orgulho de ser angolano, na diáspora sem nunca perder o encanto pela terra, uma alegria tão genuína, tão pura que nos contagiava a todos. Ficámos mais pobres.

O mundo é um lugar ainda mais estranho sem ti, nosso kota. One love e onde estiveres recebe a nossa pequena homenagem, espero que continues a tua missão, para o lugar onde foste.

Um brinde a ti e como tu dizias: “EU SOU DE UM O NÃO QUER CHEGAR…ONDE NASCEU DEUS, A O FLORES. SOU DE LÁ… SOU FRUTO DAQUELA T A SECA…SOU DE ANGOLA. Ginho Proprio GP”

RIP

A equipa do Sentir Alhos Vedros endereça os e amigos do GP.

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