Semmais 22 fev

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Sábado // 22 . Fev . 2014 // www.semmaisjornal.com

Crise coloca crianças e jovens do distrito com ansiedade em alta Roberto Dores A CRISE está a deixar uma forte marca no distrito de Setúbal e parece que ninguém escapa aos seus efeitos nefastos. Sabe-se agora que os amargos tentáculos da austeridade até estão a afectar crianças e jovens residentes na região. Há cada vez mais menores que estão aparecer junto dos pediatras com problemas de «ansiedade» e de «depressão», devido aos contextos familiares estarem a ser afectados pela crise. Os números oficiais mostram que as consultas de psiquiatria da infância e adolescência dispararam nos últimos três anos, superando os 20% face a 2010. «É natural que isto esteja a acontecer nas famílias, porque as suas casas são,

infelizmente, invadidas com notícias sobre a crise», explica um dos pediatras da região, justificando que «mesmo as crianças mais novas, a partir dos sete ou oito anos, apercebem-se dos problemas dos pais, em termos de desemprego, de empobrecimento e até de emigração. Claro que a sua saúde mental não consegue passar indiferente a estes fenómenos», diz o mesmo especialista, para quem as zonas mais rurais do distrito e Setúbal «ainda vai tendo a vantagem das famílias viverem em comunidade, permitindo ajudas e gestos solidários que escasseiam em outros concelhos com maiores aglomerados populacionais». Ainda assim, faltam estudos sobre o fenómeno, como reconhece o pedop-

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A crise está a provocar uma onda de ansiedade nas crianças e jovens da região. A prova-lo está o número de consultas de psiquiatria nas unidades hospitalares do distrito que dispararam nos últimos três anos.

Especialistas afirmam que os efeitos vão manter-se no futuro

siquiatra Eduardo Banito, embora não tenha dúvidas em reafirmar que a «crise económica está a ter consequências na saúde mental das crianças e jovens». Alega tratar-se de uma ideia generalizada, que merece um trabalhado ao nível do apoio junto das próprias famílias, diz, acrescentando, de resto, que «a fragilidade familiar

é que vai provocar, em termos imediatos, essa tal patologia. Tudo o que seja promover a melhoria da saúde familiar é extremamente importante», resume. Austeridade com efeitos a longo prazo Um apelo deste profissional à união das famílias,

enquanto para o director do Programa Nacional para a Saúde Mental, Álvaro Carvalho, o país não tem reagido da melhor maneira ao agravamento dos problemas de ansiedade e depressão das crianças e jovens em contexto de crise, admitindo que serão necessários alguns anos para se perceber, ao certo, o impacto da austeridade que cruza a região entre ambas as faixas etárias residentes. O mesmo dirigente alerta que o problema é de difícil resolução, alegando que em cenários de crise emocional proporcionados por desemprego e dificuldades económicas será necessário tomar medidas que potenciem a criação de postos de trabalho, o que considera ser bem mais «eficaz do que antidepressivos ou psicoterapias».

Nuno Canta defende novo aeroporto em Canha O presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, defendeu a construção do novo Aeroporto de Lisboa em Canha como parte fulcral da estratégia nacional de infraestruturas de valor acrescentado. «Não podemos deixar que o Governo continue a adiar a construção de uma infraestrutura que coloca o território de Canha no centro das redes nacionais de comunicações. A construção do novo aeroporto no nosso território deve representar uma oportunidade excepcional de desenvolvimento e servir para aumentar a qualidade de vida», afirmou. Nuno Canta relembrou que o projecto pode recolocar Canha na plena integração da Área Metropolitana de Lisboa». Pub.


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