Semmais 10 marco 2018

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SOCIEDADE

REGIÃO ABAIXO DA TAXA MÉDIA DE DESEMPREGO NO PAÍS

Setúbal registou uma das descidas mais acentuadas de desemprego em 2017 A economia está a crescer no distrito se for considerada a taxa de desemprego registada. Segundo os dados do INE há hoje menos 7 mil desempregados numa queda que é transversal a todos os concelhos do distrito TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM DR

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ão boas notícias para a economia regional. Importa não perder de vista que a taxa de desemprego caiu em todo o país, mas foi no distrito de Setúbal que se registou uma das descidas mais acentuadas de desemprego em 2017. Os números falam por si. Em dezembro de 2016, eram 37969 os desocupados da região, enquanto um ano depois os cadernos do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) assinalam uma queda de 7011 desempregados para um total de 30958. Os dados são revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e colocam mesmo a região abaixo da taxa média de desem-

prego no país, fixada nos 8,9%, tratando-se do valor mais baixo desde 2008, quando o distrito também conseguia garantir uma taxa de desemprego abaixo dos dois dígitos. A queda do desemprego é transversal a todos os concelhos do distrito. Os dados percentuais avançados pelo INE superam as expectativas. Recorde-se que ainda em outubro de 2017, quando elaborou o Orçamento do Estado para 2018, o Governo estimava que a taxa de desemprego no ano passado ficasse em 9,2%. Os números do INE acabam por ir mais à frente da previsão do Governo. «Em termos de média anual, a taxa de desemprego foi 8,9% em 2017, o que representa uma diminuição de 2,2 pontos percentuais em relação a 2016», escreve o Instituto. Há nove anos

que a taxa de desemprego não era tão baixa. Em 2008 estava nos 7,6%. Por concelhos sublinha-se a queda do desemprego no concelho do Seixal, de 6675 para 4855 (-1820), traduzindo a maior recuperação da península, seguindo-se Setúbal, que reduziu de 5622 para 4551 (-1071), enquanto Almada baixou de 7359 para 6432 (-927). Palmela vai de 2271 desempregados para 1716 (-555) e a Moita deu continuidade à tendência, baixando de 3733 para 3242 (-491), tal como o Barreiro de 4011 para 3527 (-484). Já o Montijo regista uma recuperação de 2629 para 2216 (-413) e Sesimbra reduziu de 1752 para 1359 (-393). Santiago de Cacém baixou de 1264 para 911 (-353) , Sines de 1051 para 850 (-201),

Alcácer do sal de 394 para 260 (-134), Alcochete de 688 para 578 (-110) e Grândola de 520 para 461 (-59). E que segmentos populacionais contribuíram mais para a queda da população desempregada? Segundo o INE, foram ambos os sexos, mas mais os homens, em todos os grupos etários, com destaque para as pessoas com 45 ou

mais anos. Também houve lugar no mercado para todos os níveis de escolaridade, sobretudo o das pessoas com, no máximo, o 3.º ciclo, pessoas à procura de novo emprego, trabalhadores provenientes do setor dos serviços e da indústria, construção, energia e água. E ainda as pessoas à procura de emprego há 12 ou mais meses.

MINISTRO E COMISSÁRIA VEEM “GRANDES VANTAGENS” NA LINHA FÉRREA PARA PORTOS DE SINES E SETÚBAL

Concurso para construção da linha férrea entre Évora e Elvas foi lançado esta semana Comissária Europeia para os Transportes estima que o projeto ferroviário de alta velocidade possa garantir o reforço das conexões entre Sines, Setúbal e Espanha. Em Elvas, ao lado do Ministro do Planeamento, Pedro Marques, Violeta Bulch, insistiu na necessidade de completar o Corredor Atlântico. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM CMAS

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ó o facto do comboio de mercadorias a partir de Sines ter uma redução de custos «superior a 30%», beneficiando desta forma o craescimento da infraestrutura portuária do Litoral Alentejano, já seria motivo de aplauso por parte do ministro do Planeamento e das Infraestruturas Pedro Marques. Mas há mais. «A futura linha beneficiará na mesma medida as acessibilidades ao porto de Setúbal, que vai ganhar igual folgo adicional», sublinhou o governante ao Semmais. Daí que o lançamento do concurso da obra de construção da nova linha ferroviária entre Évora e Elvas, com cerca de 100 quilómetros de extensão - que esta semana teve lugar no

Alentejo – seja encarado como um passo determinante para que Sines e Setúbal vejam a sua aproximação à Europa cada mais vez mais perto à boleia do corredor internacional sul, que ligará os portos da região à fronteira com Espanha. Recorde-se que o troço Évora-Elvas continua a ser principal ligação em falta do corredor ferroviário Atlântico da Europa e por isso Pedro Marques congra-

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tula-se com o facto de ter Espanha e a Europa ao seu lado. A União Europeia ao nível do financiamento e no caso de Espanha na coordenação das obras, dado que as empreitadas já estão a avançar no lado de lá da fronteira. Quem juntou a sua voz à de Pedro Marques foi a própria comissária europeia para os Transportes, que também marcou presença no lançamento

do concurso, tendo Violeta Bulch destacado «a importância de ligar Sines, onde reside o grande porto de águas profundas, ao centro da Europa», disse ao Semmais, insistindo na necessidade de completar o chamado Corredor Atlântico. Bulch apontou prioridades á conclusão da ligação ferroviária de alta velocidade no troço transfronteiriço entre Évora e Mérida, destacando mesmo que mais importante do que atingir já velocidades acima dos 250 quilómetros por hora o projeto ferroviário de alta velocidade deverá procurar garantir, em primeiro lugar, o reforço das conexões ferroviárias, em particular as que ligam Sines e Setúbal a Espanha. «São necessárias ligações ao Mercado Único e encorajamos que esta conectividade seja uma prioridade entre os corredores referenciados», disse Violeta Bulch, sublinhando que «assim

que o troço transnacional esteja completo», ambiciona que isso possa «estimular a continuação da ligação com as cidades principais», adiantou, referindo-se ao transporte de carga e de passageiros. E alta velocidade? É tabu O primeiro-ministro António Costa disse recentemente ao jornal espanhol ABC que o comboio de alta velocidade é «um tema tabu na política portuguesa» e que «vai sê-lo por muito tempo». Contudo, Bulch diz que o TGV entre Lisboa e Madrid é uma decisão para o governo português, desafiando as partes interessadas neste tipo de projetos a fazer as contas. «Ponham os números em cima da mesa. Que tráfego podem ter? Justifica-se o investimento em linhas de alta-velocidade ou poderia uma linha até 280 km/ hora satisfazer as necessidades dos passageiros?», questiona.


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