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1.1 ESCATOLOGIA
ESCATOLOGIA GERAL
1.1 ESCATOLOGIA
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Para o estudo de determinado tema, deve-se iniciar análise de sua denominação, que poderá ajudar a compreender aquilo que se pretende estudar. O termo “escatologia” deriva do grego “εσχατως (eschatos)” – que significa “último no tempo ou no lugar; último numa série de lugares; último numa sucessão temporal”, e “λογος (logos)” – que pode significar:
a) Palavra, proferida à viva voz, que expressa uma concepção ou idéia; b) O que alguém disse; c) Discurso; d) Doutrina, ensino.
A concepção filosófica do Logos (λογος) ocupa um lugar essencial na história longa e complicada deste termo, pois influenciou ao menos na forma, as idéias judaicas e pagãs tardias, de um Logos mais ou menos personificado. Dada à alta freqüência de utilização da idéia de Logos antes do Cristianismo e simultaneamente a ele, se faz necessário o leitor estudá-lo tal qual aparece no helenismo e no judaísmo. 1
Assim a escatologia bíblica é o ensino das últimas coisas, é a doutrina que revela os eventos futuros e certos que estão reservados para tudo quanto existe, incluindo-se a Terra, os astros, as galáxias e toda a matéria disseminada no espaço. Portanto, a escatologia bíblica é o ponto culminante da teologia sistemática. Não é apenas o clímax, o desfecho e a consumação do estudo teológico, mas é a suprema demonstração do amor de Deus.
Deus, o Arquiteto das eras, achou por bem confiar-nos seu plano para o futuro e revelar-nos seu propósito de forma pormenorizada por meio de sua Palavra. A maior parte das Escrituras dedica-se à profecia, mais do que a qualquer outro assunto, pois aproximadamente um quarto da Bíblia era profético na época em que foi escrita. Exige-se um julgamento refinado para discernir o que se deve ser inter-
1. Ver no volume 3, algumas concepções sobre o Logos, no tópico Heresias em Relação à natureza de Jesus Cristo.
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pretado à letra em contraposição ao que deve ser interpretado de forma espiritual e alegórica. 2 A coerência da revelação de Deus como um todo no Antigo e no Novo Testamento deve ser mantido.
Percebe-se, através da história da Igreja, que os debates doutrinários sempre estiveram apropriados às necessidades interpretativas das épocas. 3 Nos primeiros cinco séculos foi debatida a doutrina acerca da divindade de Cristo pelos primeiros pais da Igreja. Isso se adequava às necessidades da época, tão próxima da “encarnação do Verbo”. Questionava-se se Cristo era ou não “homooysion” (da mesma substância) ou “homoioysion” (de substância semelhante) do Pai. Em seguida, se debateu muito sobre a doutrina da Trindade, obrigando a convocação de vários Concílios, até firmar-se um senso comum.
A Igreja cristã antiga não dividida produziu um Credo unificador, cuja intenção foi servir como declaração definitiva, mas não exaustiva da fé. Ele se tornou conhecido como Credo Niceno, por ter ocorrido em Nicéia no ano 325 d.C. Ainda havia rumores concernentes às doutrinas, o que fez a Igreja se reunir em outra oportunidade, isto é, em Constantinopla no ano de 381 d.C. “Daí ser freqüentemente mencionado como ‘credo de Constantinopla’ ou ‘credo niceno-constantinopolitano’”. 4
Com a solução dada aos conflitos cristológicos pelos Concílios niceno-constantinopolitano, surgiram outros conflitos doutrinários acerca do pecado, da salvação, da predestinação e eleição. Durante toda a Idade Média, os conflitos doutrinários eclesiológicos foram os alvos dos críticos, só interrompido pelos teólogos reformadores. Estes fizeram uma ligação entre a “escatologia”, a “soteriologia” e a “eclesiologia”. Todavia, à medida que foi se aproximando o segundo milênio da história da Igreja, apareceu um novo conflito doutrinário debatido pelos teólogos: a escatologia cristã e suas perspectivas.
A escatologia, mais que qualquer outro campo da teologia, tem sofrido muito nas mãos dos intérpretes, mas nada nos impede de adentramos nesse imensurável manancial de águas vivas. E é o que faremos.
No estudo introdutório da escatologia bíblica faz-se necessário não só falar so-
2. Ver volume 7, do Curso Avançado em Teologia sobre a disciplina Hermenêutica. 3. Ver no volume 6, História da Igreja. 4. BETTENSON. H. Documentos da Igreja Cristã. 3ª ed. São Paulo: ASTE, 1998, p.37.
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bre os últimos acontecimentos ou acontecimentos futuros como também relembrar o passado como ponto de partida para se entender o presente e o futuro que está se aproximando. Assim, nesse intróito discorreremos sobre as dispensações e alianças que Deus pactuou com os homens.