Edição 123

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GUARAPUAVA | PARANÁ 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017 EDIÇÃO 123 | ANO IV

POR QUE A AUTORIDADE ESTÁ EM

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PANE?

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ED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

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ano político de 2017 acabou. Tudo se volta para o embate político de 2018. A possibilidade e a realidade ficam mais tensionadas e o cenário tende a ficar mais claro. O ex-Presidente FHC deu o pontapé inicial para salvaguardar o discurso de centro e, consequentemente, seu partido em crise, o PSDB. O Pai dos tucanos insiste que o PSDB precisa se descolar deste governo confuso e defende o abandono de Ministérios para ser minimamente competitivo nas eleições de 2018. O efeito foi cirúrgico a ponto do badalado egocêntrico prefeito de São Paulo admitir a possibilidade de ser vice de seu criador, o governador Geraldo Alckmin. Todavia, o discurso de FHC foi muito mal recebido pelos donos do poder, leia-se PMDB e burocratas de Temer. Isto vai render muito.

PSDBPMDBPT ~ DEFINIÇÕES A CAMINHO PCDOBPT PTPCDOBPSDB CLAUDIO CÉSAR DE ANDRADE, DOUTOR EM HISTÓRIA E SOCIEDADE E PROFESSOR DO DPTO. DE FILOSOFIA DA UNICENTRO.

EDITORIAL POLÍTICO

Para FHC, "ou o PSDB desembarca do governo na convenção de dezembro e reafirma que continuará votando pelas reformas, ou, sua confusão com o peemedebismo dominante o tornará coadjuvante na briga sucessória". Mexeu no vespeiro. O troco veio a jato pelo vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP): "É preciso lembrar a Fernando Henrique que, como ex-presidente, ele não tem de pensar na próxima eleição, mas, sim, na próxima geração. Se querem largar os ministérios, que larguem. Mas têm de ajudar o governo a fazer as reformas". Trata-se de uma briga de gente grande. Para Dória e para toda torcida do Flamengo e do Corinthians, Lula é o candidato da extrema Esquerda e Bolsonaro da extrema Direita. Neste sentido, surgem vozes que defendem candidaturas consideradas pacificadoras e não incendiárias. Por esta razão, o editorial da Folha de São Paulo já prega a ne-

SEDE E REDAÇÃO Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR

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DIRETORA COMERCIAL Lourdes Dangui Pinheiro JORNALISTA RESPONSÁVEL, REDAÇÃO E EDIÇÃO GERAL Ana Júlia Tiellet MTB. 12758 DRT/RS

cessidade do Centro reagir. O editorial é claro como a neve ao afirmar que “uma polarização marcante não parece corresponder, de todo modo, aos hábitos e atitudes presentes na cultura política brasileira. Certamente, um amplo contingente dos que rejeitam os desmandos e delinquências do lulismo não estaria disposto a seguir os lemas de quem, como Bolsonaro, defende a memória de torturadores, faz brincadeiras com o crime de estupro ou insulta homossexuais”. A interpretação desse enunciado leva-nos a crer que o grande tablóide defende perfis de candidaturas mornas. O editorial sentencia: “Entre o populismo macunaímico e o policialismo troglodita, a política brasileira tem certamente mais opções a oferecer”. Por outro lado, o eterno romance entre PT e PCdoB aproxima-se de um divórcio. A instabilidade da candidatura de Lula coloca o PCdoB em sua própria SEMANÁRIO INTEGRAÇÃO LTDA ME CNPJ: 22.997.926/0001-36 Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR (42) 3035-1234 e (42) 99111-9195 redacao@integracaoonline.com.br comercial@integracaoonline.com.br

rota, ou seja, a pré-candidatura da deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila à Presidência da República. É a primeira vez, desde a redemocratização do País, em 1985, que o partido lança um nome na disputa pelo Palácio do Planalto. Apesar do anúncio momentâneo, o PCdoB não nega o forte vínculo com o PT admitindo que a decisão é temporal e não quer comprometer a aliança política que possa haver com o PT lá na frente. Outro elemento chave deste processo eleitoral está nas possíveis alianças, pois se a segunda colocada nas pesquisas (Marina Silva da Rede Sustentabilidade) não buscar alianças sustentáveis, não terá tempo para expor seu perfil alternativo. Situação assemelhada vive o líder fascista Bolsonaro. E a pergunta que fica é: quem estará junto com o campeão de tempo de TV e Rádio (o famoso PMDB)??? O jogo está só começando.

COLUNISTAS Claudio Andrade, João Nieckars, Lourdes Leal, Ricardo Pedrosa Alves, Victor Andrade, Valdir Michels, Hélvio Mariano e Manuel Moreira da Silva.

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POLÍTICA

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PARÁCLITO o fato dele ter sido preterido pela direção estadual na disputa interna ao governo do estado. O PPS escolheu o prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, para concorrer ao Palácio Iguaçu no ano que vem.

PESSUTI ESTÁ VIVO O ex-vice-governador do Paraná Orlando Pessuti (PMDB) tomou posse na cadeira de diretorpresidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), em substituição a Odacir Klein. Pessuti foi indicado para a cúpula do BRDE pelo governador Beto Richa (PSDB), em março de 2015. Agora, cabe a Pessuti assumir a principal cadeira, pelo rodízio estabelecido com os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, que também são controladores do BRDE junto com o governo do Paraná.

O MI MI MI DE BETO RICHA Beto Richa usou seu discurso de mais de meia hora na convenção do PSDB basicamente para duas coisas: falar mal de quem lhe faz oposição e exaltar o próprio governo. O objetivo nos dois casos era o mesmo: armar uma narrativa sobre qual foi o seu legado em dois mandatos à frente do governo. Beto disse que foi vítima de todo tipo de maldade, desde a prefeitura. Não deixou claro quem teria lhe atacado nem o porquê, apenas disse que intentaram de tudo contra ele e distorceram fatos. Chegou a contar uma história de 2004 quando, candidato a prefeito, inventaram um teste de paternidade para ele fazer que não tinha o menor sentido.

PESSUTI II O mandato é de um ano e quatro meses, mas, no caso do peemedebista, não se sabe quanto tempo ele ficará no cargo, em função das eleições de 2018. Em julho, Pessuti antecipou que já se considera pré-candidato ao próximo pleito: a ideia inicial é disputar uma das vagas ao Senado, em uma dobradinha com o aliado tucano Beto Richa.

PARA O BOM ENTENDEDOR, MEIA PALAVRA BASTA. Beto Richa insinuou, ao tomar posse como presidente do PSDB do Paraná, que um dos fatores a ser levado em conta na hora de decidir se será ou não candidato em 2018 é dar palanque para o candidato tucano à Presidência. Richa é partidário da candidatura do governador paulista, Geraldo Alckmin, que vem ganhando

SERÁ? Inconformado com a possível filiação do apresentador Luciano Huck, o prefeito do município de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, vai trocar o PPS pelo PSDB. Além da conjuntura nacional e do candidato da Globo, contribuiu para o prefeito deixar o “partido dos limpinhos”

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terreno no PSDB nacional contra o prefeito de São Paulo, João Doria; o senador José Serra também deseja ser candidato, mas não tem sido levado muito a sério. ARQUIVAMENTO Em despacho publicado, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell Marques determinou o arquivamento de uma sindicância cujo alvo era o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) Artagão de Mattos Leão, pai do deputado estadual licenciado e secretário da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos no governo do Paraná, Artagão Júnior (PSB). O PÂNICO DOS NÚMEROS A mais recente rodada da pesquisa CUT-Vox Populi, realizada entre os dias 27 e 31 de outubro, mostra que os parlamentares devem se preocupar e muito com a reeleição em 2018, se decidirem aprovar o fim das aposentadorias, como querem os empresários e os especuladores. Conforme aponta o levantamento, 85% dos brasileiros discordam da reforma da Previdência e 71% acham que não conseguirão se aposentar se a mudança das regras for aprovada. “Os milhões de trabalhadores que podem perder suas aposentadorias sabem o que têm de fazer em 2018”, diz Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

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SAÚDE

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SAIBA MAIS SOBRE ESSA ALERGIA RESPIRATÓRIA

Em situação de alergia o organismo apresenta uma resposta imunológica (de defesa) diferente da resposta protetora esperada, causando inúmeras alterações indesejadas. O termo “alergia” vem do grego “allos”, que significa alterações do estado original. Portanto, alergia é uma reação específica do sistema de defesa do organismo a substâncias normalmente inofensivas. As pessoas que apresentam alergias, frequentemente, são sensíveis a mais de uma substância. Os principais alérgenos – substâncias que causam reações alérgicas – incluem: pólenes, partículas de pó, esporos de fungos, alimentos, pelos de animais, veneno de insetos e medicamentos. Quando a alergia atinge o sistema respiratório, recebe o nome de alergia respiratória. As doenças alérgicas, de um modo geral, tem origem multifatorial e complexa. Estudos indicam que para a sua ocorrência é preciso que haja uma combinação entre a predisposição genética das pessoas e uma situação no ambiente que facilite a manifestação da doença. Em crianças, dentre os fatores que favorecem o aparecimento da rinite alérgica podemos citar o tabagismo passivo no primeiro ano de vida, história de alergias em parentes de primeiro grau, a exposição a alérgenos animais (pelos de gato, cachorro e etc.), pouco tempo de aleitamento materno, dentre outros. Normalmente, o sistema imune funciona como defesa do organismo contra agentes invasores, como bactérias e vírus. No entanto, na maioria das reações alérgicas, o sistema imune(de defesa) está respondendo a um falso alarme. A pessoa, primeiro, entra em contato com um alérgeno e o sistema imune trata este como um invasor e mobiliza-se para atacá-lo. O sistema imune produz grandes quan-

LOURDES DE FIGUEIREDO LEAL, FARMACÊUTICA

tidades de um anticorpo chamado imunoglobulina E (IgE). Cada anticorpo IgE é específico para um tipo particular de alérgeno. No sistema respiratório, a alergia poderá manifestar-se como uma doença alérgica no nariz (rinite alérgica) ou nos pulmões e vias aéreas (asma ou hiper-reatividade brônquica). Os sintomas mais comuns da rinite alérgica são: espirros, coriza (nariz com corrimento), tosse, gota pós-nasal (“catarro escorrendo atrás da garganta”) e olhos, nariz e garganta um pouco avermelhados. A rinite alérgica pode causar outros problemas como otites (inflamação nos ouvidos), sinusites (inflamação de cavidades existentes na face) e roncos (pelo entupimento do nariz), que interferem na qualidade do sono do paciente. O tratamento para rinite inclui o uso de antialérgicos para combater ou prevenir os sintomas da alergia respiratória. Dentre estes, destacam-se os corticoides e anti-histamínicos que podem ser de uso sistêmico (que atuam no corpo todo, como injeções e comprimidos e xaropes) ou de ação localizada (cremes, pomadas, colírios e sprays inalatórios). A melhor opção de tratamento deverá ser definida sempre pelo médico. Além de prescrever as medicações o médico poderá alertar o paciente sobre como evitar o contato com os alérgenos. Evitar, principalmente, contato com cheiros fortes, poeiras, fumaças e não ficar em locais que estejam sendo higienizados. Os colchões e travesseiros devem ser encapados ou materiais antialérgicos devem ser utilizados. Lugares com mofo devem ser evitados e filtros de ar condicionados devem ser limpos semanalmente. Embora não exista cura para as alergias, uma destas estratégias ou a combinação delas poderá significar alívio dos sintomas alérgicos.

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AUTORIDADE UMA NOVA RELAÇÃO ENTRE ALUNOS E PROFESSORES DA REDAÇÃO

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chamada “crise de autoridade” é uma preocupação no meio escolar, mas precisa ser pensada para além dos casos de indisciplina, do baixo rendimento e até mesmo de extremos como violência contra professores e outros alunos. Para a psicopedagoga e psicanalista Jane Haddad, é fundamental que a escola pense sobre as novas configurações familiares, o lugar ocupado pelos adultos e a

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noção de autoridade em um mundo que muda cada vez mais rápido. O tema foi abordado pela especialista em evento realizado pelo Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), no mês de outubro, em Guarapuava. De acordo com a diretora-presidente da Regional Central do Sinepe/PR, Dilceméri Padilha de Liz, a função de autoridade precisa ser exercida pelo pai e

mãe, não ao contrário – pelos filhos. Mais do que contribuir para esse processo, a escola tem de despertar no professor a importância de tratar o aluno com amor e respeito, fazer ele se sentir acolhido dentro da escola, da sala de aula. “A gente vê que essa questão da autoridade está muito difusa na cabeça da criança, do adolescente... Muitas vezes eles não têm uma referência. Quando a família

procura uma escola, procura uma escola que se assemelha com seus valores, com suas crenças, aquilo que acreditam. E a escola exerce esse papel de autoridade”, comenta a diretora. PARA ONDE IR? O primeiro passo é entender que a escola é reflexo da sociedade. A partir disso, surge a necessidade de modificar ou adequar a pedagogia. Durante sua palestra,


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A psicanalista Jane Hadda d proferiu pale stra intitulad a “Por que a autori dade está em pane?” para profess oras, coorde nadoras pedagógicas e diretoras d e escolas.

Jane destacou o trecho de Alice No País das Maravilhas, de Lewis Carrol, em que Alice e o Gato Que Ri conversam. A menina, recém-chegada àquela terra desconhecida, pergunta ao felino: "Onde é a saída?". O gato responde: "Depende". Ela replica: "Depende do quê?". O risonho diz: "Depende de para onde você quer ir". Para a psicanalista, a autoridade precisa ser vista justamente como um senso de direção que abre caminho para as novas gerações. “Esse é o momento da educação: para onde é que a autoridade vai? Depende para onde que a gente quer ir. Essa relação quem vai construir somos nós (professores) através das nossas aulas, dos nossos olhares, através das nossas emoções.

Na nova autoridade do mundo contemporâneo, das novas famílias, as novas gerações não irão reconhecer autoridade que não vale a pena para eles. Enquanto a gente não tiver nada ou quase nada a falar para os novos sujeitos, eles não vão nos ouvir”, alertou Jane. UM NOVO MUNDO Na nova ordem social, vários conceitos estabelecidos são rompidos e as tradições estão sendo revistas em diversos aspectos. Como observou Jane, referindo-se ao conceito do sociólogo Zygmunt Bauman, é um mundo que muda muito rapidamente. “É um mundo líquido que vai escorrendo e a gente nem percebe”. Um exemplo importante é a instituição familiar. Muitos ainda pensam que há a “fa-

mília tradicional” e a “família desestruturada”, no entanto, trata-se de uma nova configuração e não de desestruturação. Só no Brasil, na última década, surgiram 1,1 milhão de famílias compostas apenas por mães e filhos, sem cônjuge, e morando ou não com outros parentes. Os dados são do IBGE que aponta ainda a existência de 11,6 milhões de arranjos familiares. As estatísticas ajudam a traçar o perfil dessa nova família, bem diferente do modelo tradicional, vertical e patriarcal. A partir da década de 1980, as mulheres ganharam o mercado de trabalho, saíram da função apenas materna e “do lar”. De acordo com o IBGE, em 2005, as mulheres eram apontadas como referência em

apenas 4,8% das famílias com filhos; dez anos depois, o percentual saltou para 15,7%. “A escola vai ter que adequar a essa nova família. Ensinar a eles essa nova noção de autoridade. Ensinar a eles que ser pai e ser mãe não é um acerto de contas entregando quase tudo gratuitamente a seus filhos”, diz a especialista, chamando atenção também para o papel dos pais e mães. “O que importa é que a família não pode abrir mão do seu lugar de autoridade”, afirma a psicanalista. TUDO COMEÇA EM CASA Maria Carolina Ribeiro Aguera é mãe de Lucas, 8, estudante do 3º ano do Ensino Fundamental em uma escola da rede privada. Ela re-

lata não ter grandes problemas de autoridade com seu filho, inclusive na escola. No entanto, trata-se de algo construído desde muito cedo. “Exerço autoridade com ele desde bebê, sempre colocando limites. O principal da autoridade é que exista todo dia. Conversar e explicar o porquê que não pode, mas se manter firme. Sempre, a decisão do pai e da mãe deve prevalecer. Eu explico por que, talvez nem precisasse. E sempre que ele tentou não corresponder, de certa forma teve uma punição”, conta Maria Carolina. O que a mãe de Lucas faz é exatamente o necessário. Não existem receitas prontas, mas é preciso que os pais entendam a importância da formação subjetiva

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de seus filhos, como explica Jane. “É função da família, fazer com que as crianças introjetem a lei, a ponto de ela ser incorporada como um valor a não ser negociado. O sujeito humano não existe se não for estruturado por normas. Não existe sujeito humano que não seja civilizado. Justamente a civilização das crianças é que vai regular elas para conviver em sociedade”. E é na confiança que se baseia a relação de autoridade construída por Ariane Pires e Maximiliano Silva, mãe e pai de Gustavo, 7. O casal faz questão de deixar claro que os dois compartilham tal responsabilidade e não abrem mão do lugar de adultos da relação. “É uma relação hierárquica, ela não é democrática. Talvez, hoje, essa crise que a gente vê nas famílias seja isso: querer uma relação democrática com uma criança que não tem estrutura para isso. Ela não pode ainda decidir sobre ela. Nós sempre deixamos as regras claras e há conse-

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quências quando elas forem descumpridas”, conta Ariane. Além disso, é importante que a criança sinta que, mesmo ao receber uma negativa, isso faz parte de cuidado e atenção. Para Maximiliano, que também é psicólogo, o importante é mostrar consistência e construir uma relação de confiança com os filhos, em que autoridade não seja autoritarismo. “A gente passa confiança através de modelos que sejam assertivos, que sejam positivos, além do discurso. Tem uma regra para todos dentro da casa, mas para que ele obedeça mesmo vai passar por essa confiança. A gente percebe bem que quando ele faz as coisas é porque ‘eu confio no pai e na mãe’, o resultado para ele é satisfatório. E, consequentemente, vamos construindo harmonia”, complementa o pai de Gustavo. CHEGANDO À ESCOLA A autoridade baseada em confiança precisa acontecer também

quando a relação dos pais e filhos amplia-se para a escola. O próprio ato de escolher uma determinada instituição de ensino, ou de permanecer nela, passa pelo comprometimento de respeitar as regras e os valores da escola. “A escola é a socialização secundária. Ao chegar, a criança traz as inclinações para atingir a autoridade. Recebam isso com muito bom gosto porque se eles (os alunos) estão te testando é por que está fazendo valer o teu lugar (de professor). Um lugar em que você ajuda o outro a conquistar a própria liberdade”, diz Jane. Nesse percurso, os professores devem trabalhar com o “aluno real” e descobrir como chamar a atenção dessas crianças e jovens, afirma Jane Haddad, referindo-se à proposta pedagógica de Paulo Freire. “O ser humano é um ser incompleto e nós nunca vamos ter todas as respostas e todas as certezas. O que a gente tem é o material humano que a gente está

tentando entender. Entre a vida consciente e inconsciente dele, uma história de vida entrelaçada com a nossa. Então, muitas vezes a criança confronta um professor e ela não está confrontando o professor em si, ela está confrontando a figura de autoridade, o pai e a mãe”, ressalta a psicanalista. A pedagoga Vilma Militão vive essa experiência no cotidiano de sua profissão. Ela é diretora de um colégio estadual de Guarapuava que atende a estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. “As famílias se ausentam muito de casa e com isso os adolescentes ficam mais sozinhos ou com outras pessoas. E hoje com as tecnologias eles se envolvem muito no mundo virtual, nem sempre têm todo o acompanhamento necessário para auxiliar nessa construção para a vida adulta. Nem sempre eles veem os pais como autoridades na vida deles, às vezes em relação ao professor. O papel da escola é trabalhar com

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o conhecimento formal, mas, também, trabalhar nessa formação humana”, reflete Vilma. O relato da diretora vai ao encontro do que a psicanalista pontua como essencial. Jane afirma que é preciso abandonar a ilusão de que tudo é transitório pois tudo que marca afetivamente, marca cognitivamente também. “A ferramenta da educação é a palavra. A palavra que o adulto endereça à criança é que vai ter o efeito que a gente espera ou não. O como a gente fala, recebe, acolhe. Quebrem aquele discurso de final de mundo, de que nada mais tem jeito. Tem sim, começa pelo chão da nossa escola porque são essas gerações que vão transformar o mundo, já estão começando. A autoridade na relação pedagógica se constitui no momento em que o aluno nos reconhece como autoridade e não mais com medo ou submissão. É uma construção coletiva, lembrando que o adulto da relação somos nós”.

Desenhos: Isadora do Nascimento (9 anos).


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OPINIÃO

A CONCATENAÇÃO DOS FATOS LEVANTA DÚVIDAS ACERCA DA (IN)JUSTA FORMA COM QUE TRANSCORREU O PLEITO ELEITORAL E DA LEGITIMIDADE DOS CANDIDATOS OU, AO MENOS, DE SUAS INTENÇÕES.

JOÃO NIECKARS É ADVOGADO, ECONOMISTA E PROFESSOR DE DIREITO EMPRESARIAL.

Lembra-se da eleição para prefeito do ano passado? Certamente deve recordar que concorreram ao cargo de prefeito de Guarapuava quatro candidatos: Cesar Silvestri (PPS) que encerrou a corrida eleitoral vitorioso; Antenor Gomes (PT) que alcançou um honroso segundo lugar na disputa; eu, João Nieckars (REDE), estreante que fiquei em terceiro lugar com quase 5 mil votos e, por fim, Luciano Gago (PT do B) que ficou na lanterna como o menos votado. Durante os 45 dias de campanha e os 35 dias de propaganda eleitoral gratuita, os candidatos deveriam apresentar seus planos de governo – alguns assim fizeram, nem todos. O que se viu, e muito, durante todo o processo foram os ânimos acirrados entre os candidatos do PT e do PTdoB. Em várias oportunidades, durante os programas eleitorais gratuitos de rádio e televisão, Gago alfinetou Antenor, fazendo inclusive, referência a necessidade de fiscalização do trabalho dos médicos do município e exemplificando com a publicização de uma suposta “censura pública” do Conselho Regional de Medicina ( CRM) contra o médico. Mais do que isso, Luciano foi extremamente crítico ao sugerir que Antenor não cumpria expediente na rede municipal de Saúde, onde é médico, para "fazer política e distribuir atestado a torto e direito". Esta referência, inclusive, foi motivo de pedido à Justiça Eleitoral de direito de resposta,

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o que chegou a ocorrer em um episódio. No entrevista que Gago concedeu à RPC, novamente, suscitou a situação. Em outra oportunidade, no debate realizado pela TV Tarobá de Cascavel, uma vez mais, a dita censura e outras severas críticas voltaram à tona pela boca de Gago, na tentativa de atingir o candidato do PT, Antenor. Todas essas situações são conhecidas de quem acompanhou a última eleição, como também foi conhecido o sugestionamento pelo candidato do PT de que a candidatura de Gago não era legítima, mas sim uma forma de realizar ataques gratuitos a Antenor para beneficiar a candidatura do PPS. Antenor, inclusive, empregou o termo “laranja” por várias vezes em uma referência à dramática conjuntura de ataques que sofria. No meio de intermináveis ataques entre os outros candidatos, mantive-me incólume, sempre adstrito a apresentação

QUANTOS CANDIDATOS A PREFEITO TIVEMOS EM 2016? de propostas e sem me envolver nas péssimas brigas. Passado um ano da eleição, que deu a vitória a César, essa situação me voltou à cabeça e coloquei-me a investigar se havia alguma relação entre César e Gago que justificasse tal afirmação pelo candidato do PT. Não encontrei, mas fiquei agitado com outras constatações. No Boletim Oficial nº 1023 do ano XXI do Município de Guarapuava, localizei o Decreto nº 5017/2015 pelo qual César nomeou Gago como Assessor Especial de Gabinete, na Secretaria Municipal de Assistência Social, a partir de 03 de novembro de 2015 – um ano antes das eleições de 2016. Pouco antes do período de carência eleitoral para exoneração de cargos em comissão, em abril de 2016, o prefeito César exonerou Gago do cargo que ocupava, pelo Decreto nº 5256/2016 publicado no Boletim Oficial 1046 do ano XXII. Esses fatos, nomeação e exoneração, com a indicação de que Gago pertencia ao grupo político de César, inclusive, vieram à tona durante a campanha do ano passado, para os quais o candidato do PT do B tinha resposta pronta, alegando que houve ruptura com o grupo dos Silvestri e, daí, sua candidatura. A situação que me deixou mais perplexo, entretanto, não foram essas acima, mas o retorno de Gago aos quadros comissionados da Prefeitura de Guarapuava, em 02 de maio de 2017, para exercer o cargo de Asses-

sor Especial de Gabinete, na Secretaria Municipal de Obras, Viação e Serviços Urbanos. Isso mesmo, passadas as eleições qualquer desacerto ideológico entre César e Gago foi superado e deu lugar a uma confiança mútua muito forte, que culminou com o retorno do então candidato e concorrente de Silvestri, Luciano Roszkowski, o Gago, as saias dos cargos comissionados da já inchadíssima máquina da Prefeitura de Guarapuava, com um salário de R$ 5mil (vide portal da transparência de Guarapuava). Certamente que essa sucessão de fatos não comprova a tese de Antenor. Certamente que Gago pode ter se desentendido com Silvestri em abril de 2016, concorrido com ele a prefeito em outubro do mesmo ano e feito às pazes em maio de 2017 – é incrível, mas aconteceu. Certamente, também, que a concatenação dos fatos levanta dúvidas acerca da (in)justa forma com que transcorreu o pleito eleitoral e da legitimidade dos candidatos ou, ao menos, de suas intenções. A velha política é difícil de lidar, sempre criando subterfúgios para se perpetuar, não desgruda fácil do poder. A nós, aqueles que não aceitam formas duvidosas de se fazer política, cabem as críticas a esse sistema meticuloso que observamos em Guarapuava e no país todo, como também combatê-lo. Em breve teremos novas eleições e nelas devemos mostrar que Guarapuava não tem dono!


ECONOMIA

Natal 2017

Chance de efetivação dos temporários contratados pode chegar a 86%

O número de empregos temporários que serão criados para atender a demanda do comércio no Natal deste ano será menor que o do ano anterior. Apesar disso, a chance de efetivação é maior e chega a 86%. A sondagem realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná, Fecomércio PR, vi-

PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO INJETARÁ R$ 200,5 BILHÕES NA ECONOMIA DO PAÍS FONTE: DIEESE

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Até o dia 20 de dezembro, estima-se que deverão ser injetados na economia brasileira mais de R$ 200 bilhões, com o pagamento do 13º salário. Este montante representa aproximadamente 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e será pago aos trabalhadores do mercado formal, inclusive os empregados domésticos; aos beneficiários da Previdência Social e aposentados e beneficiários de pensão da União e dos estados e municípios. Cerca de 83,3 milhões de brasileiros serão beneficiados com um rendimento adicional,

sou identificar o percentual de estabelecimentos comerciais com intenção de contratar temporários para as festas de final de ano em 2017. No comércio varejista, lojistas que responderam sim para as contratações apontam 16%, contra 6% das respostas positivas dos empresários do setor de serviços. No aspecto geral, a intenção de contratação de temporários ficou em 13,6% para o final deste ano. Em 2016, a intenção em otimizar o quadro funcional era de 16%, e em 2015, 14,5%, o indicador aponta certa timidez na expectativa dos empresários para a data mais importante do comércio va-

em média, de R$ 2.251. As estimativas são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Os dados apresentados constituem uma projeção do volume total de 13º salário que entra na economia ao longo do ano, e não necessariamente nos dois últimos meses de 2017. Entretanto, o princípio é que a maior parte do valor referente ao 13º seja paga no final do ano. Dos cerca de 83,3 milhões de brasileiros que devem ser beneficiados pelo pagamento do 13º salário, apro-

DA ASSESSORIA DE IMPRENSA E JORNALISMO/ FECOMÉRCIO PR

rejista. As maiores intenções de contratação estão na capital, onde 14,6% das empresas pretendem aumentar o quadro, contra 10,4% do interior. A boa notícia é que a maioria dos empresários que pretende contratar aparenta intenção em manter o colaborador no quadro, somando 86%. CARGOS Entre os cargos mais visados nas contratações temporárias, vendedores, caixas e gerentes foram mencionados como maiores possibilidades, sendo os vendedores a maioria das intenções, representando 43%. Outros cargos também foram citados como caixas (22,9%), estoquistas (8,6%), gerentes (5,7%), empacotadores (5,5%). Outros cargos também foram citados na opção outros (8,5%).

ximadamente 48,1 milhões, ou 57,8% do total, são trabalhadores no mercado formal. No Sul do país devem ser pagos 16,2% do montante. Em termos médios, o valor do 13º salário pago ao setor formal corresponde a R$ 2.822,75. A maior média deve ser paga para os trabalhadores do setor de serviços e corresponde a R$ 3.214,39; a indústria aparece com o segundo valor, equivalente a R$ 2.992,50 e; o menor ficará com os trabalhadores do setor primário da economia (R$ 1.700,14).

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ED. 122 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

CULTURA

integração Imagem: Carlos Navarro

ABANDINHA APRESENTARÁ SUCESSOS DAS DÉCADAS DE 1950/60

COLÉGIO GUAIRACÁ VAI APRESENTAR

I ODA COMPADECIDA AUTO NO IX FETAG

PEÇA DE ARIANO SUASSUNA SERÁ INTERPRETADA POR ALUNOS DO COLÉGIO GUAIRACÁ

Para sobreviver no sertão, os amigos João Grilo e Chicó, mestres na arte da malandragem, se envolvem em diversas trapaças. O que não imaginam é que terão consequências drásticas e que precisarão enfrentar o juízo final, com o diabo, Jesus e, posteriormente, intervenção de Nossa Senhora. Os queridos personagens do Auto da Compadecida, do dramaturgo e escritor paraibano Ariano Suassuna, ganharão vida durante o IX Festival de Talentos do Colégio Guairacá (FETAG). O espetáculo acontecerá no dia 29 de novembro, a partir das 20h, no Vittace Centro de Convenções e Eventos. Os ingressos custam R$20 e podem ser adquiridos na secretaria do Colégio, das 8h às 11h40 e das 13h30 às 17h, ou, diretamente com os alunos. Neste ano, a produção do espetáculo conta com a Direção do Studio La Bayadère.

MÚSICA POPULAR DE MANAUS SERÁ ATRAÇÃO DO SONORA BRASIL SESC No dia 1º de dezembro, o projeto Sonora Brasil, realizado pelo Sesc, traz a Guarapuava ABandinha. O grupo é de Manaus e tem inspiração na Bandinha de ltamiro Carrilho que fez muito sucesso nas décadas de 1950 e 1960. O público poderá apreciar um conjunto compacto, composto pelos naipes de madeiras, metais, percussão e um instrumento harmônico, no caso o banjo. No repertório, valsas, choros, maxixes, marchas-rancho e outros ritmos populares. A sonoridade do grupo também faz referência aos antigos ranchos carnavalescos que precederam os blo-

A FEBRE DA A saída está aberta E dela partiu a sensação O corpo fez sentinela E trouxe dor e solidão. Com o peito repartido O sonhado se derreteu O real não mais vivido O Beijo não é mais seu. A esperança sem coração Guarda a dor e não se cansa

cos de Carnaval e as Escolas de Samba no Carnaval carioca. ABandinha foi idealizada pelos músicos Rosivaldo Cordeiro (banjo) e Cláudio Abrantes (flauta) e é integrado também por Jonaci Barros (saxofone), Vadin Ivanov (clarinete), Rodrigo Nunes (bombardino), Paulo Dias (trompete), Carlos Alexandre (sousafone) e Ronalto Alves 'Chinna' (percussão). O espetáculo terá início às 20h, com entrada gratuita. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (42) 3308-2650. O Sesc Guarapuava fica na rua Comendador Norberto, 121, Centro.

alma Desatina o nó da emoção Como choro de criança.

Na vida desregulada Nada mais pulsa na veia Dessa embriaguez calada Nem brilho, nem brincadeira. A certeza é errônea E nada demais acalma Fora do coração, insônia. Adentro, a febre da alma...

Por ÉRIC MEIRELES DE ANDRADE

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EXPOSIÇÃO

integração

ED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

SOMOS MÃES DE ANJOS. Segue, até o dia 30 deste mês, no Centro de Artes Iracema Trinco Ribeiro, a exposição fotográfica Projeto Marias - Eu sinto muito. Idealizado por Mirian Baitel, em parceria com a fotógrafa Dani Leela, o projeto reúne mães que perderam seus filhos muito cedo e, através da fotografia, transformam a dor da perda em superação e alegria. O projeto fotográfico foi lançado no ano passado com a exposição Marias – Somos Mães de Anjos, que reuniu cerca de 30 fotos para registrar o encontro das mães que assumiram a tarefa de passar uma mensagem positiva a tantas outras mães que também passam por esse processo de aceitação da perda de um filho. Na abertura da mostra, as mães relataram suas histórias e emocionaram o público. A 'Maria' Lucimara Zanin Alves contou a história de seu anjo Nicolas, que partiu após se afogar com um alimento. "Decidimos doar os órgãos do Nicolas,

PROJETO MARIAS MOSTRA FORÇA DE MÃES DIANTE DA PERDA DE UM FILHO A segunda edição da mostra aborda o tabu diante do luto, propondo uma reflexão sobre como ao negar a morte, limita-se próprio sentido de vida.

SOMOS MÃES DE ANJOS.

assim um pedacinho dele continua presente e dando vida para várias outras crianças", comentou Lucimara. Bárbara Pilatti Voidelo falou sobre a dificuldade em encontrar a felicidade após a perda de um filho e como o grupo das Marias a ajudou. "É difícil ser conhecida como aquela que perdeu o filho. Aquela que não tem nome. Porque viúva é quem perdeu o marido; órfão é quem perdeu os pais. E quem perdeu um filho chama como? As Marias colhem minhas dores e lágrimas, transformando tudo isso em amor", relatou Bárbara. No dia 31, será realizado o Círculo de Marias, com uma apresentação do manto de retalhos produzidos pelas participantes da primeira e segunda edição. O Centro de Artes fica na Rua Marechal Floriano Peixoto, 1399, ao lado da Catedral. As visitas podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 13h às 17h30. A entrada é gratuita. Mais informações pelo telefone (42) 3623-1306.

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OPINIÃO O caso do jornalista William Waack é apenas mais um a mostrar que o racismo é persistente na sociedade brasileira. A negação do outro pela estigmatização racial tem longa história no maior canal de televisão do país. Conta-se que o “doutor Roberto” passava pó de arroz para os encontros com os generais ditadores que nos governaram. Ali Kamel, um dos cérebros da emissora, escreveu o livro “Não somos racistas”, um amontoado de bobagens mal-intencionadas. No caso atual, destaca-se o fato de que a demissão veio com o vazamento do vídeo, não com a atitude do jornalista. Do mesmo modo, recentemente voltamos a debater no país o tema que nos trouxe até esta discussão: a escravidão. O principal modo de produção já utilizado no Brasil parece querer voltar, disfarçado em “reforma”, mais uma do governo golpista em curso. Prometo voltar à discussão da escravidão contemporânea, mas a questão aqui é o racismo e ficou faltando falar do que vem acontecendo atualmente em Portugal. Em Portugal, o passado colonial ainda não passou. Descolonizar a discussão em Portugal é questão urgente e difícil. Afinal, como celebrar a potência ultramarina que o país foi (e que atrai milhões de turistas anualmente) e ao mesmo tempo discutir o fato de que o Portugal foi responsável pelo tráfico de pelo menos 6 milhões de escravos (metade do total estimado para as Américas)? O país que mais escravizou na modernidade capitalista (quiçá na história) oficialmente silencia a discussão. Enquanto brasileiros devemos acrescentar outro ponto nesse silenciamento: afinal, quem foi que matou os índios que aqui viviam? Fiquemos, por agora, apenas com o racismo contra os negros. Hoje há em Portugal aproximadamente 200 mil imigrantes dos PALOP – e seus descendentes – (Países africanos de língua oficial portuguesa, como Moçambique e Angola), sendo os cabo-verdianos a maior colônia. São trabalhadores e batalhadores que tiveram sua terra natal colonizada e expropriada pelo país onde agora vivem. A imigração passou a ser mais forte a

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ED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

RACISMO PORTUGUÊS, BRASILEIRO E MUNDIAL - PARTE 3

RICARDO PEDROSA ALVES, SOCIÓLOGO, DOUTOR EM LETRAS E PROFESSOR NAS FACULDADES GUARAPUAVA

partir de 1975, com as independências dos países africanos e com o fim da ditadura em Portugal. A discussão recente está muito bem condensada pelo jornal português Público (https://acervo.publico. pt/racismo-a-portuguesa), nas reportagens de Joana Gorjão Henriques. Joana esteve no Brasil em 2017, durante a FLIP (Feira Literária de Paraty), onde lançou o livro “Racismo em Português – o lado esquecido do colonialismo”. Discutirei aqui dois aspectos do racismo institucional em Portugal: a justiça e a educação. Há, naturalmente como em toda parte, o sistema econômico patrimonialista do capitalismo (que é uma forma de civilização e dominação), através do qual se dá a construção da imagem estigmatizada do despossuído como potencial bandido, o que legitima a atuação policial racialmente repressiva e segregadora: a população negra é criminalizada aprioristicamente. Nas reportagens de Joana Henriques, constatou-se, por exemplo, que “um em cada 73 cidadãos dos PALOP está preso. É dez vezes mais do que a propor-

ção que existe para os portugueses.” Entre os portugueses, o número é de um preso a cada 736 habitantes e entre os cabo-verdianos (a maior colônia e a mais visada), um a cada 48 cidadãos. Há em Portugal, como em países tão distintos como o Brasil e os Estados Unidos, nitidamente duas justiças, uma para brancos e outra para negros. Entre as mulheres a proporção também é bastante díspar. Mas números brutos podem esconder um dado que me pareceu essencial na reportagem do jornal Público: em cidades com baixa taxa de população negra, como no Porto, a diferença entre presos brancos e negros é bem menor. Isso mostra que existe uma criminalização apriorística baseada na presença visual e cotidiana de populações negras: se chamam a atenção na multidão tendem a ser mais encarceradas. Outro dado fundamental é que os cidadãos negros presos recebem penas usualmente maiores que a dos brancos em crimes semelhantes. O procedimento racista na justiça é quantitativo e qualitativo. Naturalmente, também a violência prisional é mais

incidente sobre a população negra. Na educação, a estigmatização é igualmente uma evidência. Inocência Mata, uma das maiores estudiosas das literaturas de língua portuguesa, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, recentemente comentava nas redes sociais sobre seu isolamento acadêmico: simplesmente não há professores negros (como ela própria). Na reportagem do Público, nos é mostrado como se constrói uma imagem de incapacidade e limitação para com os estudantes afrodescendentes: “A expectativa que se deposita nos afrodescendentes é a da escolaridade mínima obrigatória.” Várias situações mostram isto. Num surto de piolho são os primeiros a serem investigados. São direcionados para as carteiras do fundo. Quando há um afrodescendente que se destaca é exposto publicamente como exemplo de “igualdade” na instituição de ensino. O silenciamento sobre o racismo em Portugal fica melhor caracterizado ao sabermos que não há uma política oficial de recolha de dados étnico-raciais. Essa é uma grande discussão no país atualmente e os argumentos que defendem a ausência dos dados falam usualmente em evitar a institucionalização do racismo. Como vimos, o racismo é um conjunto muito mais do que institucionalizado de práticas e imaginários ligados diretamente ao modo de exploração capitalista. A censura oficial portuguesa aos dados apenas confirma uma política racista de Estado. Por sua vez, o capitalismo moderno se fez colado ao colonialismo e à expropriação direta de trabalho e da vida de milhões de africanos e de afrodescendentes. O racismo, tal como se apresenta hoje, é herança direta do sistema colonial-capitalista. Suas manifestações no Brasil e em Portugal mostram, no entanto, certas peculiaridades mais diretamente coloniais, em particular quanto à censura oficial sobre a discussão e quanto à demonização ideológica das reivindicações das ações afirmativas. Assim, como escreveu o poeta Ronald Augusto, o patético William Waack acaba sendo apenas, diante do racismo estrutural, um “supremacista menor”.

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ED. 123 | ANO IV - DE 20 A 29 DE NOVEMBRO DE 2017

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