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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA GRATUITA GUARAPUAVA | PARANÁ 25/08/2018 A 31/08/2018 EDIÇÃO 140 | ANO V

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Poupança Premiada: deposite e concorra a R$ 1.500.000,00* em prêmios. *Título da modalidade incentivo emitido pela Icatu Capitalização S/A, CNPJ/MF nº 74.267.170/0001-73, Processo SUSEP nº 15414.901237/2017-71. A aprovação deste título pela SUSEP não implica, por parte da Autarquia, incentivo ou recomendação à sua aquisição, representando, exclusivamente, sua adequação às normas em vigor. Serviço de Informação ao Cidadão SUSEP 0800 021 8484 (dias úteis, das 9h30 às 17h) ou www.susep.gov.br. Ouvidoria Icatu 0800 286 0047. Fundos de investimento não contam com a garantia do administrador do fundo, do gestor da carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do Fundo Garantidor de Crédito - FGC. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. É recomendada a leitura cuidadosa do prospecto e do regulamento do fundo de investimento pelo investidor ao aplicar os seus recursos. Seguros e Previdência Privada intermediados por Corretora de Seguros Sicredi Ltda., CNPJ 04.026.752/0001-82, registro SUSEP n° 10.0412376. Os planos em FAPI são administrados pelo Banco Cooperativo Sicredi S.A., CNPJ 01.181.521/0001-55. Produtos de Crédito: a disponibilidade está condicionada à análise de crédito do associado. *O valor dos prêmios apresentados é liquido, deste valor não serão descontados os impostos antes do pagamento ao associado. Prêmios pagos em moeda corrente nacional. Promoção válida durante o período de


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EDITORIAL

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PRECISAMOS FALAR SOBRE VIOLÊNCIA Para o principal conteúdo desta edição, abordamos os desafios de combater à violência contra a mulher. “Não queremos ser metade, queremos ser pleno desenvolvimento. Para ser pleno, mulheres e homens precisam se desenvolver juntos”, relata Priscila Schran de Lima, Secretária de Políticas Públicas para Mulheres, em Guarapuava. Com esta frase, ela refere-se ao desenvolvimento de Políticas Públicas, o que deve ser uma preocupação de toda a população. Priscila Schran usa o termo ‘metade’, porque mais de 50% da população, tanto no Brasil, quanto em nosso Município, é formada por mulheres (dados de contagem da população, pulicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE). Em entrevista nas páginas 6, 7 e 8, a Secretária da Mulher comenta sobre as ações que não só buscam enfrentar a violência, mas também buscam atribuir o empoderamento das mulheres, sempre com o objetivo de vivenciar uma sociedade mais igual. Em 2017, a Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres atendeu 344 mulheres de Guarapuava. No mesmo período o 16º Batalhão de Polícia Militar registrou 472 boletins de ocorrência relacionados a violência contra a mulher. E as vítimas, em todo o mundo, que ainda não tiveram coragem ou apoio suficiente para buscar atendimento ou registrar um boletim? E as mulheres que não

SEDE E REDAÇÃO Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 Centro. Guarapuava PR

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conseguiram buscar ajuda por terem as vidas interrompidas? O Brasil ocupa hoje o 5º lugar no mundo no ranking de violência doméstica e, de acordo com dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), tramitam no Judiciário cerca de 900 mil processos sobre o tema, sendo 10 mil deles sobre casos de feminicídio (crime de morte envolvendo uma mulher pelo fato de ser mulher, uma questão de gênero). Por dia, mais de 600 mulheres sofreram com violência doméstica no ano passado. No Paraná, segundo CNJ, em 2017, o número de casos de violência contra a mulher aumentou no estado 16% em relação ao ano anterior, totalizando 32.441 casos. Pensar em uma sociedade igual no Brasil, sobretudo entre homens e mulheres, é algo que parece estar longe de acontecer. No entanto, toda grande mudança começa com pequenas mudanças. Independentemente do nível financeiro, todas as famílias têm as suas tradições, geralmente transmitidas de geração em

DIRETORA COMERCIAL Lourdes Dangui Pinheiro

SEMANÁRIO INTEGRAÇÃO LTDA ME CNPJ: 22.997.926/0001-36 Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR

JORNALISTA RESPONSÁVEL, REDAÇÃO E EDIÇÃO GERAL Alexandre Pessoa MTB 10599/PR

(42) 3035-1234 e (42) 99111-9195 redacao@integracaoonline.com.br comercial@integracaoonline.com.br

geração. Nesse caso, a cultura machista impede uma evolução em relação ao tema, mas determinados hábitos culturais só resistem ao tempo porque são perpetuados. Por isso, é necessário dialogar sobre violência contra à mulher e descaracterizar essa antiga problemática. Independente de Políticas Públicas e Sistemas Públicos de Segurança eficientes, é necessário que a violência seja desnaturalizada, principalmente dentro do lar, onde a Polícia não consegue fazer ronda. As mulheres vítimas que, infelizmente, se foram, os nossos mais profundos e sinceros sentimentos. Que Deus de forças e coragem aos amigos e familiares para enfrentar a ausência.

COLUNISTAS DA EDIÇÃO Lourdes Leal Ariel José Pires Jefferson Cavalcanti Rodolfo Neto Saulo Rodrigues

DIAGRAMAÇÃO Victor Teo

IMPRESSÃO GRAFINORTE 03.758.336/0001-06 Tiragem | 4 mil exemplares


POLÍTICA

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PARÁCLITO ESPECULAÇÕES O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida para a Presidência da República com 37% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (PSL), com 18%, segundo pesquisa Ibope, feita em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo — que divulgou o resultado — e a TV Globo. O petista, condenado em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em processo da Operação Lava Jato, está tecnicamente inelegível, segundo a Lei da Ficha Limpa, mas registrou sua candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aguarda posicionamento da Justiça. Sem o petista, Bolsonaro lidera, com 20%, seguido por Marina Silva (Rede), com 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 9%. Nesse caso, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), que seria o substituto de Lula, tem 4% e aparece numericamente atrás do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato pelo PSDB, que tem 7% das intenções de voto. Essa é a primeira pesquisa Ibope desde o início oficial da campanha e também desde a definição de que haverá treze candidatos à Presidência. O Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 142 municípios, entre os dias 17 e 19 de agosto. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos. O registro da pesquisa na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR-01665/2018. Os contratantes foram o jornal O Estado de S. Paulo e a TV Globo. O resultado da pesquisa estimulada do Ibope no cenário com Lula repete, dentro da margem de erro, os números apurados em outro levantamento eleitoral, do instituto MDA, a pedido da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado no último dia 20. Nesta pesquisa, Lula tem 37,3% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro, com 18,8%. Na sequência aparecem Marina Silva (Rede) com

5,6%, Geraldo Alckmin (PSDB), com 4,9%, Ciro Gomes (PDT), com 4,1%, e Alvaro Dias (Podemos), com 2,7%. Os demais candidatos não alcançaram 1% das intenções de voto. Foram ouvidas 2.002 pessoas entre os dias 15 e 19 de agosto em 137 municípios de 25 unidades da federação. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%. O levantamento foi registrado junto ao TSE sob a identificação BR-09086/2018. QUEDA O presidente Michel Temer (MDB) viu piorar ainda mais seu índice de aprovação, segundo a pesquisa CNT/MDA divulgada no último dia 20: apenas 2,7% dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom — no levantamento anterior, de maio, a taxa era de 4,3%. Também aumentou o número de pessoas que consideram o governo Temer ruim ou péssimo: 78,3%, ante 71,2% na pesquisa de maio. A porcentagem de quem considera a administração do emedebista regular passou de 21,8% para 17,7%. Não sabem ou não responderam 1,3% (foram 2,7% em maio). A avaliação do desempenho pessoal de Temer também teve queda: o presidente é aprovado por 6,9% dos entrevistados e desaprovado por 89,6%. Em maio, os índices eram de 9,7% e 82,6%, respectivamente. O número de pessoas que não souberam ou não responderam diminuiu de 7,8% para 3,5%. A pesquisa do instituto MDA contratada pela Confederação Nacional do Transporte ouviu 2.002 pessoas entre os dias 15 e 18 de agosto. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com 95% de nível de confiança. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-09086/2018.

integração POUCAS LINHAS Concorrendo em quatro chapas como vice-presidente e em duas como cabeça de chapa, as mulheres não ganharam o mesmo espaço nos programas de governo dos candidatos ao Planalto. Os programas de Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Jair Bolsonaro (PSL) dedicam poucas ou nenhuma linha para ações voltadas ao público feminino, de acordo com os documentos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Alckmin escolheu a senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice e vem enfatizando que ela garante representatividade às mulheres na sua equipe. O programa tucano traz, no entanto, somente uma única proposta direcionada a elas: “estabelecer um pacto nacional para a redução de violência contra idosos, mulheres e LGBTI e incentivar a criação de redes não governamentais de apoio ao atendimento de vítimas de violência racial e contra tráfico sexual e de crianças”. A campanha do PSDB disse que o programa ainda é uma “versão resumida”. Apesar de ter cotado a senadora Marta Suplicy (MDB-SP) como vice, Meirelles cita as mulheres apenas uma vez no programa. Ele promete “incentivar a redução da diferença salarial entre homens e mulheres, respaldado pela nova lei do trabalho”. Com resistência no eleitorado feminino, Bolsonaro trata do tema em apenas uma medida do programa: “combater o estupro de mulheres e crianças”. Ele ouviu uma negativa da advogada Janaina Paschoal (PSL) ao convidá-la para compor a chapa. Na outra ponta aparecem os candidatos que dedicaram espaço maior a medidas para o público feminino — Guilherme Boulos (PSOL) e Ciro Gomes (PDT). Ambos escolheram mulheres como vices e apresentam medidas para esse público nos planos de governo. O PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, dedicou um tópico de seu plano para mulheres, assim como Marina Silva, da Rede.

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EDUCAÇÃO

CAPES TORNA MAIS RÍGIDA AVALIAÇÃO DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO AGÊNCIA BRASIL

A Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) tornou mais rígida a avaliação dos cursos de pós-graduação no país. De acordo com portaria publicada no Diário Oficial da União, cursos que ofereçam doutorado e obtenham nota 3, na avaliação da autarquia, serão desativados. A portaria refere-se aos cursos stricto sensu, ou seja, aqueles que oferecem mestrado e doutorado, ficando de fora as especializações e os cursos MBA. Esses cursos são avaliados periodicamente pela Capes, de quatro em quatro anos, e recebem notas que vão de 1 a 7. Até então cursos com nota igual ou superior a 3 eram considerados regulares e os diplomas por eles emitidos considerados válidos. Agora, segundo a portaria, os programas que obtiverem notas inferiores a 3 serão desativados. Aqueles que receberem a nota 3 serão regulares se forem

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compostos apenas por um curso de mestrado e serão desativados se forem compostos por mestrado e doutorado ou apenas por doutorado. Os cursos ditos em desativação deverão suspender o edital de seleção e a matrícula de novos alunos. Os alunos que já estão matriculados, no entanto, desde que previamente cadastrados nos sistemas da Capes, terão os diplomas reconhecidos. Os programas de doutorado que, na avaliação quadrienal de 2017, receberam a nota 3, permanecerão no Sistema Nacional de Pós-Graduação, seguindo a regra antiga até a próxima avaliação, quando deverão obter a nota mínima 4 para renovar o reconhecimento. Segundo a Capes, na prática, a nova regra de exigência de nota 4 para programas de doutorado já vinha sendo aplicada. Para que programas com doutorado fossem criados ou seguissem funcionando já

era necessário ter a nota 4, mínimo de qualidade considerado necessário pela autarquia. Sem a formalização da regra, no entanto, a Capes não fechava os cursos com nota 3. Atualmente 30 programas com doutorado têm essa nota. A portaria trata também da aprovação de novos cursos que deixarão de receber uma nota e serão classificados apenas como aprovados ou não aprovados. Os cursos que integrarem programas já existentes receberão a mesma nota do programa. Já os novos programas receberão uma nota quando fizerem parte da avaliação periódica da Capes. A Capes esclareceu que as novas normas não têm impacto para a questão de fomento dos programas de pós-graduação, ou seja, compra de materiais de pesquisa, como reagentes, “uma vez que os requisitos específicos para a concessão de recursos financeiros da Capes são

integração definidos nas normativas próprias dos Programas de Fomento”. Pós-graduação A pós-graduação stricto sensu no Brasil é composta por programas constituídos por um ou dois cursos, da mesma modalidade e de níveis diferentes. Ou seja, considerando as modalidades acadêmica e profissional e os níveis de mestrado e doutorado, programas de pós-graduação podem ser compostos por um mestrado, um doutorado ou por ambos os cursos, nunca com modalidades diferentes. De acordo com a Capes, o Brasil tem hoje 3.398 cursos de mestrado e 2.202 cursos de doutorado. Mais da metade (51%) dos programas avaliados têm mestrado e doutorado, totalizando 2.128. No total, 11% dos programas têm desempenho equivalente a padrões internacionais de excelência, com notas 6 e 7, totalizando 465 programas de pós-graduação. Outros 18% têm nota 5, alcançando nível de excelência nacional; 35,33% têm nota 4; e 32,86%, nota 3. A última avaliação quadrienal ocorreu em 2017, e analisou o desempenho e resultados obtidos pelos cursos no período de 2013 a 2016.


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SAÚDE A violência contra a mulher é encontrada dentro e fora das famílias e é praticada por agressões físicas, psicológicas, morais, patrimoniais, sexuais, que ocorrem tanto no espaço público como no privado. Como repercussões, a violência provoca danos à saúde como estresse, enfermidades crônicas, depressão, entre outras. As Nações Unidas definiram a violência contra a mulher como “qualquer ato de violência baseada no gênero que resulta, ou que provavelmente resultará em dano físico, sexual, emocional ou sofrimento para as mulheres, incluindo ameaça a tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, seja na vida publica ou privada”. Atos de violência contra mulher ocorrem todos os dias, podem acontecer também no seu ambiente de trabalho e na sala de aula, na faculdade ou na escola. Quando se pensa em violência é importante saber que a lei protege as mulheres não apenas daquelas agressões que deixam marcas explícitas na pele, mas também daquelas que ferem a autoestima, que intimidam suas ações, que ridicularizam e limitam seus direitos como cidadã. Milhões de meninas e mulheres estão em situação de violência de gênero e sofrem suas consequências, devido às desigualdades nas relações de gênero em muitas sociedades. A violência contra as mulheres (atualmente denominada violência de gênero) representa uma grave violação aos direitos humanos das mulheres. Entretanto, pouca atenção tem sido dada às graves consequências do abuso sobre a saúde e às necessidades, tanto das mulheres quanto das meninas. As mulheres que sofreram violência física, sexual ou psicológica podem

apresentar uma série de problemas de saúde, muitas vezes em silêncio. São menos saudáveis física e mentalmente, sofrem mais lesões e utilizam mais os serviços de saúde do que as mulheres que não passaram por situações de violência. A violência contra a mulher é caracterizada por sua alta prevalência dentro da própria família, aceitação pela sociedade e seu grave e, ou prolongado impacto sobre a saúde e sobre o bem estar das mulheres. Os profissionais de saúde têm a oportunidade e a obrigação de identificar, tratar e educar as mulheres em situação de violência. O desenvolvimento e a institucionalização de políticas nacionais de saúde, protocolos e normas para atenção a casos de violência dão visibilidade ao problema da violência de gênero e ajudam a garantir que seja oferecido um atendimento de qualidade às sobreviventes. O impacto da violência de gênero sobre a saúde física pode ser imediato e de longo prazo. As mulheres que sofreram agressões, entretanto, raramente buscam tratamento médico para o trauma agudo. Mesmo quando buscam tratamento, os problemas de saúde podem nunca serem atribuídos à violência. As sobreviventes de atos violentos muitas vezes demonstram comportamentos negativos para a saúde, incluindo uso de álcool e drogas. Dentre os problemas crônicos de saúde resultantes do abuso estão as dores crônicas (dores de cabeça e nas costas); problemas e sintomas neurológicos, como desmaios, convulsões; distúrbios gastrointestinais e problemas cardíacos. As mulheres agredidas frequentemente vivem com medo e

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E AS REPERCUSSÕES SOBRE SUA SAÚDE LOURDES DE FIGUEIREDO LEAL FARMACÊUTICA BIOQUÍMICA

apresentam depressão, ansiedade e até mesmo a síndrome do estresse póstraumático. Um estudo da OMS (Organização Mundial de Saúde), verificou que mulheres no Peru, Brasil, Tailândia e Japão que haviam sofrido abuso físico ou sexual por parte de seus parceiros tinham duas vezes mais probabilidades de pensarem em suicídio do que as mulheres que não haviam sofrido nenhuma forma de abuso. E, ainda, pesquisas realizadas na Nicarágua demonstraram que os filhos de mães agredidas podem apresentar níveis mais altos de mortalidade infantil. A saúde reprodutiva e sexual das mulheres é claramente afetada pela violência de gênero. Problemas como dor pélvica crônica, sangramento ou corrimento vaginal, infecção vaginal, dismenorreia (menstruação difícil ou dolorosa), disfunção sexual, doença inflamatória pélvica, dor na relação sexual, infecção urinária e infertilidade são observados com frequência. As mulheres que sofrem violência

têm muito mais probabilidades de usar métodos contraceptivos clandestinamente, de interromper a anticoncepção por imposição do parceiro e de conviverem com um parceiro que se recusa a usar preservativos para a prevenção de doenças. Para muitas mulheres nos países em desenvolvimento, uma visita a um serviço de saúde reprodutiva ou de saúde da criança pode representar o único contato com o sistema de saúde. O setor saúde pode aproveitar esta oportunidade garantindo a existência de um ambiente seguro, de apoio, ajudando os (as) profissionais responsáveis pelo atendimento a detectar a ocorrência de violência, permitindo que as mulheres recebam a assistência que necessitam. Saber que uma mulher passou por uma situação de violência permite ao profissional de saúde cuidar melhor dela e ajudar a reduzir o estigma associado á violência de gênero.

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A LUTA DIÁRIA CONTRA A VIOLÊNCIA

EM ENTREVISTA, A SECRETÁRIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES, RELATA AS AÇÕES E APONTA DIFICULDADES NO ENFRENTAMENTO E NA PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DE GUARAPUAVA É necessário, não só nesse momento, uma ampla discussão sobre a violência contra à mulher. A violência de gênero ainda persiste no Brasil. Dados divulgados neste mês, pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH), revelam que a problemática apresenta números preocupantes de agressões contra mulheres. Balanço do Ligue 180 revela que 79.661 denúncias foram registradas somente no primeiro semestre de 2018. O 12º Anuário Brasileiro de

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Segurança Pública, publicado no início deste mês, mostra que em 2017 o Brasil teve 221.238 registros de violência doméstica, o que significa 606 casos por dia. São registros de lesão corporal dolosa enquadrados na Lei Maria da Penha. É a primeira vez que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública tabula esses dados. De acordo com o anuário, o país bateu novo recorde de assassinatos em 2017, com 63,8 mil mortes. Desde março de 2015, quando a lei que tipifica

o crime de feminicídio no Brasil foi publicada, o Paraná registra 556 inquéritos. O número representa casos de homicídios, consumados ou tentados, e caracterizados como crime de ódio, praticado pelo simples fato de a vítima ser mulher. Em Guarapuava, ações de enfrentamento e prevenção são realizadas pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, implantada no município em 2013. Durante todo o ano de 2017 o 16º Batalhão de Polícia Militar

registrou 472 boletins de ocorrência relacionados a violência contra a mulher. No mesmo período, Secretaria da Mulher da cidade atendeu 344 mulheres. Priscila Schran de Lima, é a atual Secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, ela assumiu o cargo em fevereiro do ano passado, a convite da atual gestão municipal. Em conversa com a equipe do Integração, a Secretária da Mulher comentou sobre os desafios das Políticas Públicas no Brasil e as questões do

Percebemos que muitas mulheres ainda não têm conhecimento da existência de um serviço articulado de proteção na cidade. A questão da informação é realmente necessária, visto que muitas mulheres ainda não conhecem seus próprios direitos.”


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Graças a Lei Maria da Penha toda a rede de enfrentamento à violência contra mulher é constituída. Se a Lei não tivesse sido criada, não seria possível uma articulação de Políticas Públicas, mas infelizmente ela possui alguns pontos que precisam ser ajustados.”

enfrentamento e da prevenção à violência contra a mulher. Qual sua avaliação desde que foi convidada para ser Secretária da Mulher em Guarapuava, há um ano e meio? Quando cheguei, em março de 2017, definimos o que seria priorizado em relação as ações da Secretaria da Mulher, uma das prioridades foi a profissionalização de mulheres em novos empreendimentos da cidade, focamos esse processo de acordo com a necessidade do mercado de trabalho em Guarapuava. Nesse período, cerca de 300 mulheres já foram profissionalizadas para trabalhar em locais como o bairro planejado Cidade dos Lagos e em hotéis, alguns que ainda serão inaugurados na cidade. Também profissionalizamos mulheres para atuar na área da construção civil, ações que renderam um resultado positivo, no primeiro semestre deste ano, Guarapuava teve crescimento na contratação de mulheres, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Durante um ano e meio, tivemos também como um dos objetivos, o aperfeiçoamento da referência no atendimento às mulheres em situação de violência. Em março deste ano, lançamos o CRAN (Centro de Referência em Atendimento a Mulher em Situação de Violência). Essas ampliações no atendimento começaram a ser feitas após reuniões com diversas entidades parceiras, com a finalidade de eleger as prioridades da Secretaria e criar um Plano Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, para Guarapuava nos próximos 10 anos. Até que ponto a falta de informação pode dificultar o enfrentamento ao combate à violência contra mulher e a execução de políticas públicas eficientes? Percebemos que muitas mulheres ainda não têm conhecimento da existência de um serviço articulado de proteção na cidade. Realizamos toda semana um processo que

chamamos de buscativa, que consiste na visita de nossa assistente social em locais que houve algum tipo de violência, informados pela Polícia Militar, por meio de dados do boletim de ocorrência. A questão da informação é realmente necessária, visto que muitas mulheres ainda não conhecem seus próprios direitos. Algo que é muito difundido no senso comum é a questão do abandono do lar, no caso de quando a mulher recusa-se em abandonar sua atual moradia, por medo de perder o direito de criar os filhos, por exemplo. Essa é uma situação que não funciona mais como em outros tempos, porque a mulher pode requerer uma medida protetiva prevista pela Lei e depois dar entrada no processo judicial de guarda de filhos e separação, por exemplo. Ou seja, ela não vai perder os seus direitos pela decisão de sair de casa. Outra questão que é muito propagada é a de que em briga de marido e mulher não se mete a colher, mas hoje é possível realizar a denúncia de forma anônima e segura. Essas são algumas desinformações que dificultam sim o nosso enfrentamento. Qual sua avaliação sobre os 12 anos da Lei Maria da Penha no Brasil? Graças a Lei Maria da Penha toda a rede de enfrentamento à violência contra mulher é constituída. Ao mesmo tempo que ela determina quais os tipos de violência, também diz qual o papel das autoridades policias nesse processo. A mesma Lei fala sobre o trabalho de prevenção que precisa ser realizado e diversas outras especificações. Se a Lei Maria da Penha não tivesse sido criada, não seria possível uma articulação de Políticas Públicas, mas infelizmente ela possui alguns pontos que precisam ser ajustados. Em alguns casos, por exemplo, as mulheres registram o boletim de ocorrência, mas não querem representar ou acabam retirando a queixa. Porém, atualmente, existe a previsão legal de que nos casos de violência física a representação deve ser feita de

forma imediata. Se esse processo é sempre executado nas delegacias já é outro ponto a ser discutido, mas é o que a Lei determina. Outra questão que precisa ser ampliada, não só em relação a Lei Maria da Penha, é a de um atendimento policial específico e mais imediato para mulheres em situação de violência. Aqui em Guarapuava contamos com a delegacia da Mulher e alguns aperfeiçoamentos podem ser realizados para que a Lei tenha efetividade. Estamos próximos das eleições no Brasil, é possível observar que grande parte dos candidatos não apresenta a preocupação de fortalecer Políticas Públicas para Mulheres. Essa falta de preocupação é uma questão cultural que reflete no processo eleitoral? Algumas autoras que estudam as questões de gênero, dizem que quando estamos vivendo um momento de crise, seja política ou econômica, um dos primeiros gastos públicos que são retirados são justamente os que seriam destinados a Políticas Públicas para Mulheres. Estamos vivendo isso com o atual governo federal, por exemplo. Existia um ministério que foi extinto, o que temos agora é uma secretaria dentro do gabinete da presidência. Houve também a redução nos recursos financeiros, por parte da administração federal, que seriam destinados ao enfrentamento a violência contra mulher. Existe uma reivindicação das conferências de políticas públicas (municipais e estaduais), para a criação de um Sistema Nacional de Políticas Públicas para Mulheres. Seria um Sistema que contasse com parte do orçamento financeiro da União, uma previsão de recursos disponíveis para o enfrentamento e prevenção da violência. Hoje é necessário enviar projetos de acordo com a publicação de editais, para obtenção de recursos financeiros federais. No entanto, dependemos da abertura desses editais e das aprovações

dos nossos projetos enviados. Não podemos vincular a Política Pública nacional apenas a projetos, com dias definidos de começo e fim. Precisamos de um Sistema Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres que possa destinar recursos fixos, possibilitando o avanço dessas políticas. Apesar disso, Guarapuava é um lugar que vai na contramão de muitos municípios e da própria União, por conseguir executar ações com recursos municipais e apoio de muitas entidades parceiras. A questão de apoio do governo do Estado também precisa ser ampliada, a possibilidade de uma Secretaria de Estado de Políticas Públicas para as Mulheres seria o ideal, no entanto, a criação de um Fundo Estadual da Mulher já seria suficiente para captar recursos financeiros necessários para o avanço das Políticas Públicas. Não são necessários recursos exorbitantes, podem ser considerados até pequenos perto da importância e da visibilidade de toda a situação. As gestoras de Políticas Públicas já sabem o que precisa ser feito, o que precisa agora é que os candidatos e governantes levem em conta essa prioridade. De que forma a sociedade deve estar atenta para ajudar a prevenir crimes de feminicídio? A violência contra a mulher acontece por meio de um ciclo que se repete e se transforma em uma situação mais intensa ao longo de um determinado tempo. Na maioria das vezes, o final desse ciclo se torna em um crime de feminicídio. Em Guarapuava nós conseguimos reduzir em 54% o número de feminicídios, a partir das Políticas Públicas, da Casa Abrigo e com todo o apoio da Rede de enfrentamento. O nosso objetivo é que nenhuma mulher seja assassinada, neste ano infelizmente tivemos uma suspeita de feminicídio, o primeiro caso do ano, que é o da advogada Tatiane Sptizner. A mulher que sofre um ciclo de violência e pretende sair, deve tomar muito cuidado. As estatísticas

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CAPA mostram que a maioria dos casos de feminicídio ocorrem quando a mulher pede a separação. Aqui na Secretaria nós temos essa possibilidade assessorar a vítima a sair desse ciclo de violência sem correr o risco de ser assassinada. Muitas vezes, no dia a dia, não é possível perceber alguns sinais de mulheres que estão sendo vítimas, como por exemplo o afastamento de algum grupo social, que pode ter sido imposto pelo próprio parceiro de relacionamento. Até mesmo a mulher que acaba adquirindo diferentes problemas de saúde em pouco tempo, isso também pode indicar que ela está em uma situação de violência. Outra questão comum também são hematomas que não condizem com o que a vítima realmente diz, como no caso de uma grave agressão, mas que ela diz ter simplesmente caído sozinha, por exemplo. Muitas vezes é difícil pedir ajuda,

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dentro do próprio ciclo de violência acaba ocorrendo o isolamento da mulher, por vezes a violência psicológica é tanta que a vítima se isola ao ponto de não ter a quem requerer ajuda no momento em que mais precisa. Quais os locais que às mulheres devem procurar em busca de apoio? Nossa referência é sempre CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência) para qualquer tipo de violência que a mulher está sofrendo. O CRAM funciona na Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, Av. Moacir Júlio Silvestri,1545, bairro Batel ou por telefone (42) 3622-1342. Se alguém estiver sofrendo ou até mesmo presenciar qualquer tipo de violência contra a mulher no momento em que ela aconteça, deve acionar a Polícia Militar no telefone 190. Mui-

tas mulheres sentem medo de registrar um boletim de ocorrência, mesmo com o registro ou não, recomendamos que nos procure para receber atendimento social, jurídico e psicológico necessário. Realizamos um atendimento total-

mente anônimo, humanizado, acolhedor e amoroso. Mas é importante lembrar que na hora em que está acontecendo a violência, a recomendação é sempre chamar a Polícia. Se a vítima resolver registrar um boletim de ocorrência algum

tempo depois do caso ocorrido, deve procurar a Delegacia da Mulher, localizada na 14ª Subdivisão Policia de Guarapuava, na Rua Guaíra, nº 4284, bairro Batel, ou entrar em contato pelo telefone (42) 3630-1730.

PROJETO LEI MARIA DA PENHA NAS ESCOLAS É LANÇADO EM GUARAPUAVA Em alusão ao 12º aniversário da Lei Maria da Penha, a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres em parceria com o Numape (Núcleo Maria da Penha) e o CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência) realizou no último dia 7 o lançamento do projeto Lei Maria da Penha nas Escolas, que tem como objetivo utilizar a educação como uma ferramenta nas ações de prevenção de violência contra a mulher. Durante o lançamento, a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Priscila Schran ressaltou a importância de construir uma sociedade com equidade de gênero. “No nosso cotidiano infelizmente vemos práticas que vão fortalecendo a cultura machista. São coisas que parecem ser simples, como uma frase em uma música ou um comentário que coloca as mulheres em situações de humilhação, isso infelizmente vai se reproduzindo na sociedade. Por isso estamos trabalhando nessas ações de longo prazo para inserir na rotina das pessoas e das crianças as ações preventivas”. Nas escolas, o projeto será dividido em três etapas e a primeira ação inicia ainda em agosto no Residencial 2000. “Na primeira etapa conversaremos com a equipe da escola, para apresentar e explicar aos profissionais os serviços da rede, para que eles saibam o que fazer em situações de violência. A segunda etapa será com os pais, mães e responsáveis, para falar sobre a desnaturalização da violência. No último momento vamos atingir diretamente as crianças, aplicando esse conteúdo com a metodologia certa para cada faixa etária, através de teatro, dinâmicas, e atividades diferenciadas”, explicou. O evento de lançamento contou com uma mesa redonda que discutiu alguns casos recentes de violência contra a mulher, reflexos da violência doméstica no ambiente escolar e a naturalização da violência. Além disso, durante a mesa redonda foram apresentados os dados e ações realizadas pela Rede de Enfrentamento à Violência Contra Mulher.

INFORMAÇÕES DA PREFEITURA DE GUARAPUAVA


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CIDADE HISTÓRICA Caros leitores, É com muito prazer que estou, a partir desta edição, em nome do Instituto Histórico de Guarapuava (IHG), com a finalidade de contar um pouco da História de Guarapuava. Para tanto, do pontode-vista teórico e metodológico, lançarei mão de algumas concepções historiográficas, para tentar contemplar os vários olhares possíveis sobre a história da cidade. Caso da História Oficial, ou elitista; do Materialismo Histórico, ou marxista e da Teoria da Conspiração. Nesse primeiro momento serão apresentados alguns aspectos gerais da história de Guarapuava. As próximas publicações serão tratadas de forma mais pontual e sintética. Na primeira metade do século XVI (1501-1550), a região de Guarapuava, mais especificamente a região do vale do Iguaçu já era utilizada por expedições espanholas e, depois, portuguesas, além das comunidades indígenas que por aqui habitavam. Também era utilizado pelos Incas, que seguiam os ramais do Caminho do Peabiru. A extensão do território compreendia os espaços entre os rios Uruguai (SC) e os rios Paraná, Iguaçu, Piquiri, Ivaí e Tibagi, totalizando 175.000 km² de extensão. Os primeiros não índios a tomarem posse dessa região, chamada à época de Sertão do Tibagi, foram os espanhóis comandados por Dom Alvár Nuñes Cabeza de Vaca, em 1541. Depois, em 1610, chegaram os Jesuítas que aqui fundaram as primeiras reduções.

OPINIÃO

Na mesma cafeteria, em Guarapuava, um engenheiro civil e um politólogo assistiam ao noticiário matinal. Cada um, a partir de sua mesa, reagia aos dados obtidos pela delação de Marcelo Odebrecht. Para o engenheiro se tratava de um caso irreversível, imponderável e que exigia uma ação rápida da lei. Para o politólogo, apenas mais um meandro da estrutura política nacional, algo que sequer exigiria uma análise de conjuntura. Terminado o desjejum, de pronto, ambos partiram ao caixa, mas nestes tempos de crise, encontrar alguém neste espaço e não manifestar indignação pela redução real dos salários é quase que uma heresia. Neste bojo, ambos viram-se obrigados a retomar a crise da política institucionalizada. Em um breve monólogo, o engenheiro esbravejava frases prontas e arredias, culpabilizando terceiros, enquanto que o politólogo, como se tomado por uma sinestesia, ria por fora enquanto sentia o cheiro da insensatez alheia. Despediram-se e cada um seguiu o seu rumo. Ao construir este cenário, questio-

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Em seguida vieram os bandeirantes destruindo reduções, matando e aprisionando índios aldeados pelos jesuítas, de 1628 a 1632. Com a anulação do Tratado de Madri, em 1765, Portugal mandou para desbravar os sertões do Tibagi, em 1770, o Tenente Cândido Xavier. Ao final de 1771, Afonso Botelho veio tomar posse definitiva da terra - agora nominada de Campos de Guarapuava - para a Coroa Portuguesa. Guarapuava inicialmente apresentou-se como atraente região possuidora de grandes extensões de florestas e campos nativos. Mas estava sujeita aos ataques indígenas - que defendiam seu território - e das feras que infestavam a região. Porém, a exploração econômica veio inicialmente com a pecuária extensiva, ou seja, um alqueire de campo para cada cabeça de gado. Os bovinos foram trazidos da Ilha portuguesa de Cabo Verde, da Raça Caracu ou Raça velha. Na seqüência, a atividade econômica incorporou o tropeirismo e a criação e de porcos que eram transportados a pé. As safras de porcos eram realizadas em bases primitivas. A suinocultura foi a atividade econômica inicial dos caboclos posseiros e índios, que habitavam os antigos Distritos de Guarapuava: Palmital, Candói, Pinhão, Laranjeiras do Sul, Pitanga, Inácio Martins, Turvo e Roncador. Guarapuava era passagem, e também parada obrigatória desses tocadores de porcos, principalmente às margens

no: Por que motivo o politólogo teria ficado calado? Minha primeira tese: o politólogo estava sofrendo de melancolia. No outro extremo, até que ponto a fala do engenheiro era de fato original? Minha segunda tese: o engenheiro sofria de histeria. O politólogo, melancólico e em luto, certamente saiu do café, dirigiuse ao seu trabalho e por lá buscou um sentido para o monólogo que ouvira, aliás, suspeito de que tenha, inclusive, desistido de encontrar o real sentido das coisas, dado que a sua baixa autoestima e a recriminação compulsiva pela sua posição intelectual, o impedia de fechar sequer o raciocínio. De si para si, certamente pensava: ficar calado é a opção mais sensata quando o quadro é de incertezas, não se trata de resignação, mas sim de uma crise. Na outra extremidade da cidade, o engenheiro ao comentar de modo jocoso sobre o silêncio de seu interlocutor, dizia “no Brasil não se acredita, obedece e luta, a culpa mora na fraqueza do povo”. Grosso modo, os dois persona-

integração NO ÍNÍCIO

ARIEL JOSÉ PIRES DOUTOR EM HISTÓRIA PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO DE GUARAPUAVA

do Rio Charquinho, onde se encontra hoje o Bairro com o mesmo nome. Charqueavam muita carne e lavavam o excesso de sal nesse Rio, daí o nome do mesmo. Aliás, o Rio Charquinho corta a região onde hoje está a Cidade dos Lagos, local este que já abrigou algumas estrebarias do Exército Brasileiro no inicio do século XX, e também já foi um parque de montas. Sobre a Agricultura do século XIX e início do XX, só é possível afirmar que era uma agricultura de subsistência, sendo que o milho era plantado exclusivamente para engorda de

porcos. Produtos como soja, trigo, aveia, azevem e outros, somente foram produzidos comercialmente a partir da segunda metade do século XX. É importante destacar o clima da cidade. A altitude e a localização ao Sul do Trópico de Capricórnio tornam o clima salutar e um dos melhores do país, único no mundo. Eventualmente ocorrem todas as estações do ano em um único dia. Todavia, no inverno ocorrem geadas e até a ocorrência de neves. E como foi quando os primeiros espanhóis e portugueses aqui chegaram? Você confere na próxima edição.

NO CAFÉ

JEFFERSON CAVALCANTI LIMA MESTRE EM ANTROPOLOGIA E PROFESSOR NA FACULDADE GUARAPUAVA gens novamente retomados, representam as variadas formas de subjetivação pela qual estamos sujeitos em um quadro de crise política e de sanidade. Dito de outro modo, quantos atores não se silenciaram a fim de evitar um quadro mais profundo de desalento? Quantos acometidos por

um surto de autocracia e repugnância, não condenam a letargia de alguns ou a permissividade de outros. Em síntese, a experiência do cotidiano, ou o mal estar na civilização, não escolhe os seus alvos e assim, na gélida Guarapuava, o café se torna um grande divã.


ECONOMIA

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AGÊNCIA DO EMPREENDEDOR FIRMA PARCERIA COM SICREDI Acelerar o desenvolvimento das empresas é o objetivo da nova parceria da Agência do Empreendedor com a Cooperativa Sicredi, firmada, neste mês, durante a reunião do Comitê Gestor da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas de Guarapuava. “Essa parceria significa facilitar o acesso ao crédito para os micro e pequenos empreendedores, que muitas vezes têm dificuldades ou até mesmo receio em fazer empréstimos para investir na empresa. Com a parceria vamos intensificar essa ferramenta de investimento, instruindo e dando acesso”, observou a coordenadora da

Agência do Empreendedor, Ana Cláudia Klosouski. Para o gerente de agência do Sicredi, Rafael Araujo, a parceria é vista como uma oportunidade de ajudar efetivamente o mercado local. “Ficamos muito felizes, enquanto instituição cooperativa, em nos colocar à disposição para ajudar na educação financeira e no acesso ao crédito para as micro e pequenas empresas”. Na ocasião foram apresentadas também as ações desenvolvidas pela Agência do Empreendedor em 2018. “Já fizemos oficinas sobre controle financeiro, crédito, marketing, planejamento, além

das turmas do curso Bom Negócio que abrangem de maneira ampla e objetiva o passo a passo para otimizar a condução de uma empresa”, disse a coordenadora da agência ressaltando ainda alguns dados sobre o cenário empreendedor em Guarapuava. “Temos em média, por dia, sete novas empresas em Guarapuava. Isso é a prova de que as pessoas estão enfrentando a crise através do empreendedorismo. Para que esses empreendedores e empresários tenham mais ferramentas e acesso no investimento de suas empresas, desempenhamos um trabalho intenso na desburocratização

integração dos serviços disponíveis através da prefeitura”, explicou. Outro ponto destacado no encontro foi a participação de empresas no processo de compras públicas. “Queremos incentivar que os empresários participem das licitações públicas, sejam elas da prefeitura, do exército ou das universidades de Guarapuava, assim fazemos com que o capital da cidade permaneça e circule aqui, colaborando com a economia e com o comércio guarapuavano”, enfatizou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Sandro Abdanur. Também estavam presentes representantes de diversas entidades que fazem parte do Comitê Gestor da Lei Geral de Micro e Pequenas Empresas.

ENDIVIDAMENTO REDUZ PELO 2º MÊS CONSECUTIVO NO PARANÁ FECOMÉRCIO PR

O endividamento baixou pelo segundo mês consecutivo no Paraná. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), aponta que 88,9% das famílias paranaenses estiveram endividadas em julho. No mês anterior, o nível de endividamento no estado era de 89,6%. No cenário nacional, o percentual de famílias com dívidas alcançou 59,6% em julho, apresentando a primeira alta registrada em 2018. Apesar da queda em junho e julho, o Paraná continua no primeiro lugar do ranking nacional do endividamento. A retomada da economia e a melhora nos números do mercado de trabalho, sobretudo no Paraná, é um fator que favorece o endividamento, porque proporciona poder de crédito, o que motiva a confiança do consumidor, que sente que pode parcelar compras e que poderá honrar esses pagamentos. Ainda que os paranaenses sejam os mais endividados do Brasil, a parcela de famílias com contas em atraso baixou

nas comparações mensal e anual e ficou em 29% no mês de julho. A inadimplência, que é o atraso superior a 90 dias, também baixou no Paraná, e passou de 39,2% em junho para 38,4% em julho. Da mesma forma, o índice de famílias que reconhecem não ter condições de pagar as contas caiu de 10,1% em junho para 9,4% no mês passado.

Diferença entre as faixas de renda É comum o nível de endividamento ser mais elevado entre as famílias de maior poder aquisitivo. Mas em julho as famílias com renda superior a dez salá-

rios mínimos estavam ainda mais endividadas, com 94,7%, ante 91,7% em junho. Nas famílias com renda até dez salários mínimos, observa-se queda no endividamento, que era de 89,2% em junho e baixou para 87,7% em julho. Esses dados evidenciam que as classes C, D e E estão freando os gastos, seja pela conscientização financeira ou mesmo pela redução do poder de compra. A pesquisa revela ainda que as famílias de menor renda são as que mais comprometem o orçamento com

dívidas. Entre elas, 21,8% estão com mais da metade da renda vinculada ao pagamento de contas, ante 15,6% das famílias com renda superior. Tipos de Dívida O cartão de crédito permanece concentrando a maior parte das dívidas dos consumidores paranaenses, com 75,1%. O financiamento de veículos foi o segundo colocado quando o assunto é pagamento parcelado, com 8,9%. Em seguida aparece o crédito imobiliário, com 8,7%.

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Não é de hoje que a internet está rodeada de “patrulheiros da justiça social” fiscalizando tudo aquilo que pode ou não pode ser dito, julgando e sentenciando várias personalidades por suas posturas e pensamentos políticos e sociais. Um dos casos recentes mais emblemáticos foi o caso do ator Kevin Spacey que, acusado de violência sexual por uma série de rapazes, acabou perdendo seu contrato com a Netlifx e, como muitos apontam, tendo sua carreira implodida. A lista não para por aí: Woody Allen, Roman Polanski, Harvey Weinstein, etc; os críticos chamaram esse momento de “caça às bruxas de Hollywood”. Não é possível debater seriamente o assunto colocando simples tarjas políticas em torno desses debates, como se a patrulha viesse apenas a partir de um espectro político específico e não de toda a internet e da maneira como se usam a internet. Seja esquerda, direita, liberal, conservador, republicano ou democrata, não há como fugir do debate em torno das questões e representações sociais que as mídias produzem e como as empresas estão lidando com isso. James Gunn é ator, roteirista, músico, produtor e mais recentemente se tornou célebre pela direção de Guardiões da Galáxia, um dos filmes da Marvel Studios mais queridos pelos fãs. Recentemente o diretor foi afastado de seu cargo por conta de algumas mensagens polêmicas em sua página pessoal do Twitter em que o diretor se mostrava provocativo com comentários e ainda fazia postagens que foram interpretadas como apologia à pedofilia. Os tweets publicados entre os anos de 2008 e 2011, antes ainda do diretor estar ligado a Marvel Studios/Disney Company, traziam conteúdos polêmicos. As publicações vieram a público quando um grupo conservador, apoiador de Donald Trump, se mostrou indignado com a postura crítica do diretor em relação ao governo do atual presidente dos EUA. A Disney, dona dos direitos e viabilizadora dos filmes da Marvel, tomou posição em pouco tempo: demitiu o diretor e não se manifestou mais. De lá

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para cá muita coisa aconteceu: Gunn foi demitido, se retratou, teve seu lixo revirado, colegas tomaram partido de sua “regeneração” e, no caso dos atores de Guardiões da Galáxia, toda a equipe postou uma carta aberta dizendo entender os erros de Gunn, que esses mesmos erros estavam no passado e não condiziam com a sua persona atualmente. Em um caso mais extremo o lutador e ator Dave Bautista, que vive o personagem Drax na série de filmes, disse que não retornaria para seu papel caso o diretor não fosse recontratado ou, no mínimo, o roteiro deixado originalmente pelo diretor fosse aproveitado. A questão é que a Disney deveria recontratar James Gunn e nós, fãs da franquia de filmes, deveríamos perdoar o diretor pelo seu passado? Muito se debate pela internet e não há consenso sobre a questão. No entanto, precisamos fazer algumas reflexões e apontamentos aqui sobre nossos ídolos, suas posturas e como a internet tem lidado com tudo isso. As pessoas que trabalham com James Gunn dizem que é uma pessoa maravilhosa, pacífica, com um coração de ouro, que não merecia todas as acusações e julgamentos que o diretor tem recebido. O próprio Gunn diz que aprendeu com suas falhas, que se arrepende de seus “erros” e isso faz com que muitos fãs, alguns também preocupados com o futuro da franquia que Gunn dirige, partam em defesa do artista pedindo para que a Disney reconsidere a questão. No entanto, devemos ponderar que aquilo que eles chamam de “erro” e “engano” ou mesmo como uma “piada de mau gosto” é, antes de mais nada, crime. E crimes precisam ser punidos. Não envolve aqui uma questão de arrependimento, de aprender com seus erros, mas de pagar pelos crimes cometidos. Gunn se arriscou a falar coisas que não são apenas tabus sociais, são práticas criminosas e que, não apenas ofendem, mas ferem uma série de pessoas por todo o mundo. Podemos apelar a velha prática de que “o mundo está chato e eram apenas piadas”. Gunn não deve ser punido apenas porque é uma figura

integração JAMES GUNN DEMITIDO DA DIREÇÃO DOS FILMES DA MARVEL, FOI JUSTO? RODOLFO GRANDE NETO MESTRE EM HISTÓRIA E PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA (UNICENTRO)

pública e precisa ser usada como exemplo. Mas, consciente de sua posição na mídia, deveria saber que muitas pessoas se espelham e reproduzem seus comportamentos. Gunn pode nunca ter praticado um ato de estupro ou pedofilia, mas ao apontar determinadas coisas em sua rede social ele endossou e normalizou certos comportamentos, algo que para alguém com milhares de seguidores no mundo todo é muito complicado. Nesse aspecto de figura pública podemos indicar o encaminhamento da Disney em romper seu contrato com James Gunn, algo que custará entre 7 e 10 milhões de dólares para a empresa. A Disney é uma empresa que se preocupa com a manutenção de sua marca e em como as pessoas se relacionam com ela. Demitir Gunn não é meramente um ato de indignação, mas também de manutenção da própria empresa. Gunn, enquanto indivíduo, não é maior do que a marca que estava ajudando a imprimir em seus filmes sendo, de certa maneira, descartável para a grande indústria nesse momento desde que isso ajude a manter a marca com seus posicionamentos. Demitir James Gunn ajuda a manter o equilíbrio de que empresa e funcionários mantém uma filosofia próxima e consonante. Gunn não foi demitido pelo seu caráter pessoal, mas por ser um funcionário em desacordo com a expectativa da empresa.

Alguém pode indicar o caminho de defender a liberdade de expressão. Porém, é preciso lembrar o que forma a liberdade de expressão e como ela se insere num conjunto de regras e bases legislativas. Liberdade de expressão não é apenas falar tudo o que se pensa e se acha, mas também arcar com os custos relativos ao expor a opinião publicamente. Algumas vezes as opiniões ferem e atacam diretamente o direito de existência de determinados grupos sociais que, assim como todos os demais, tem seus direitos enquanto cidadãos preservados. Logo, liberdade de expressão é desejável, mas é preciso manter a civilidade para não correr o risco de punição. Dentro dos constantes relatos de assédio em Hollywood essa patrulha acaba sendo essencial para que as figuras públicas, que inspiram tanta gente mundo a fora, passem a repensar seus posicionamentos, façam a autocrítica e percebam qual seu lugar social e sua importância para além do meio. É preciso desnaturalizar esses comportamentos e repreendê-los para que de fato se obtenha uma mudança séria na sociedade. Não se trata de punir o artista, nem apenas o indivíduo, mas tudo aquilo que ele representa ou representou em algum momento. Punir James Gunn por seu comportamento não é apenas correto, é humanitário e civilizado.

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CIDADE

FESTIVAL DE CERVEJAS DE INVERNO SERÁ REALIZADO EM DOIS DIAS Nos dias 1º e 2 de setembro, acontece o segundo FECIN (Festival de Cervejas de Inverno), no Vittace Centro de Eventos, em Guarapuava-PR. O Festival terá entrada gratuita e é realizado por FECIN Eventos e Superpão, com o apoio da Prefeitura. O evento, que vai contar com

dez cervejarias, sendo cinco de Guarapuava, também terá praça de alimentação. A programação musical do primeiro dia ficará por conta das bandas Famigerados, Putz e Raimundos Cover. Já no segundo dia, a banda Palhetas Voadoras, o cantor sertanejo

Binho Prestes e os DJs Marcelinho e Taline animam o evento. O Fecin acontecerá no, das 12 às 22h, nos dois dias do evento. A entrada é gratuita mediante a apresentação de convite eletrônico. Mais informações estão

disponíveis no Facebook, na página de eventos (FECIN 2018 - Festival de Cervejas de Inverno) e na fanpage do FECIN. O Vittace está localizado na Rua Guaíra, 5555, em Guarapuava.

CAMPO REAL ABRE INSCRIÇÕES PARA O VESTIBULAR DE MEDICINA 2019 O Centro Universitário Campo Real, em Guarapuava, está com inscrições abertas para o Vestibular de Medicina 2019. Serão ofertadas 55 vagas. A prova será aplicada no dia 14 de outubro, com início às 14h, nas dependências da instituição. As inscrições devem ser realizadas exclusivamente pela internet, no site www.campo-

real.edu.br, até às 17h do dia 18 de setembro. A taxa de inscrição para o processo seletivo é de R$ 300,00. O Vestibular de Medicina será organizado e aplicado pelo Núcleo de Concursos da Universidade Federal do Paraná (NC/UFPR). A novidade deste ano é a segunda opção de curso. Além da prova ser válida para Medicina, no momento da inscrição, o

candidato poderá indicar uma segunda opção de graduação oferecida pelo Centro Universitário Campo Real. Além do curso de Medicina, a instituição oferece as seguintes graduações: Administração, Arquitetura e Urbanismo, Biomedicina, Direito, Enfermagem, Engenharia Agronômica, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Engenha-

ria Mecânica, Medicina Veterinária, Nutrição, Psicologia e Publicidade e Propaganda. Outra novidade da Campo Real para 2019 é a oferta de duas novas graduações, sendo Ciências Contábeis e Fisioterapia. Conteúdo O Vestibular de Medicina terá duração de 5 horas. Serão 60 questões objetivas e 2 ques-

tões discursivas. Os temas da prova objetiva de conhecimentos gerais serão de múltipla escolha, com cinco alternativas cada, das quais apenas uma deverá ser assinalada e serão distribuídas da seguinte forma: 8 questões de Língua Portuguesa; 5 questões de Literatura Brasileira; 8 questões de Língua Estrangeira Moderna (inglês ou espanhol); 7 questões de Matemática; 6 questões de Física; 6 questões de Química; 10 questões de Biologia; 5 questões de História; e 5 questões de Geografia.

COM DIA D DE VACINAÇÃO CONTRA POLIO E SARAMPO, MUNICÍPIO ALCANÇA 51,60% DE COBERTURA MUNICÍPIO ALCANÇA 51,60% DE COBERTURA DA REDAÇÃO COM ASCON CAMPANHA SEGUE ATÉ 31 DE AGOSTO

O último dia 18 foi Dia D de Vacinação contra Poliomielite e Sarampo. Em Guarapuava, os pais e responsáveis atenderam ao convite, contribuindo com o aumento do índice de cobertura. Com o Dia D, a Secretaria de Saúde chegou a 51% da meta que é vacinar 10.307 crianças entre 1 ano e 4 anos 11 meses e 29 dias de ida-

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de. Nas primeiras duas semanas de campanha, que iniciou no último dia 6, o índice estava em 18% da população-alvo. Segundo a chefe do Departamento de Epidemiologia, da Secretaria de Saúde, Chayane Andrade, as campanhas da Prefeitura e o auxílio dos meios de comunicação incentivando a vacinação foram fundamentais

para que pais e responsáveis levassem as crianças às UBS (Unidades Básicas de Saúde). “O Dia D contribuiu expressivamente para o total da meta atingida até agora. Continuaremos incentivando para alcançar a nossa meta de cobertura e consigamos evitar a reintrodução do vírus da poliomielite na cidade”, destacou Chayane.

A campanha de vacinação prossegue até 31 de agosto. As doses estão disponíveis em todas as UBS, exceto nas urgências. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8 às 12h e das 13 às 17h. Os pais ou responsáveis devem apresentar o Cartão do SUS, juntamente com a carteirinha de vacinação da criança.


OPINIÃO O Governo de Michel Temer anunciou o corte de 33% de verbas para a pesquisa. Segundo a declaração do presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ao Jornal Estadão, isso irá comprometer radicalmente os investimentos em pesquisa e o pagamento de bolsas a pesquisadores e jovens cientistas. Atualmente o CNPq trabalha com uma verba de R$ 1,2 bilhão anual, sendo que R$ 900 milhões são exclusivamente para atender ao pagamento de bolsas de estudo. São cerca de 80 mil pesquisadores, na maioria estudantes que estão iniciando a carreira, mas também pesquisadores mais experientes que estão aprimorando seus conhecimentos. Com o corte previsto o CNPq terá não mais que R$ 800 milhões para investir em projetos de pesquisas e manter a formação de futuros pesquisadores no próximo ano. Na contramão da escassez de investimentos públicos, nossos bacharéis em direito nunca tiveram tanta notoriedade. O judiciário brasileiro não poupa esforços para manter alguns privilégios de nossos magistrados. Mesmo com todo discurso voltado para o saneamento das contas do Estado e paralisação dos investimentos em áreas estratégicas como a produção científica, o STF decidiu conceder-se um reajuste de 16,38%. Os salários que chegam atualmente a R$ 33 mil , poderão facilmente ultrapassar os R$ 39 mil, se for aprovado

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o reajuste. Não bastasse os juízes e desembargadores, ainda podem usufruir de algumas benesses, como o auxílio moradia, um valor livre de tributação que ultrapassa os R$ 4 mil mensais. Conforme Bruno Fonseca e Caroline Ferrari, da Agência Pública, o pagamento do auxíliomoradia para juízes, pode chegar aos R$ 900 mil no ano de 2018. Só com este valor seria possível pagar os 80mil bolsistas do CNPq, enquanto que o auxílio-moradia abrange apenas 17mil magistrados. Com um agravante, o auxílio-moradia é pago indiscriminadamente para juízes, promotores e desembargadores que já possuem residência na mesma cidade que atuam. É verdade que não há nada na lei que proíba isso, mas, a própria existência dessa lei é uma afronta à moralidade, quanto mais usá-la de argumento para continuar recebendo tais benefícios. Aliás, tal contraste entre a situação social do país e o seu ordenamento jurídico, não é nova. Machado de Assis no fim do século XIX, já vivenciava as ambiguidades do direito nacional, ironizando a

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DE VOLTA PARA O PASSADO: UMA VISITA AO BACHARELISMO

SAULO RODRIGUES DE CARVALHO PROFESSOR UNICENTRO – DOUTOR EM EDUCAÇÃO ESCOLAR (UNESP – ARARAQUARA SP)

superposição de leis criadas para atender aos interesses particulares de certos setores mais conservadores da sociedade. Em um de seus contos escritos no jornal “O Cruzeiro” define com sarcasmo a formação de nosso corpo jurídico “Tal é a nossa concepção de legalidade: um guarda-chuva escasso que, não dando para cobrir todas as pessoas, apenas pode cobrir as nossas; noutros termos, um pau de dois bicos”. (ASSIS, 2015)i Sergio Adorno em seu livro “Aprendizes do poder”ii denuncia o “bacharelismo” nascido no período imperial. Imiscuídos de um ideário liberal, os cursos de direito criados no Brasil Império, tinham como finalidade, não necessariamente o ensino do Direito, mas a formação dos futuros dirigentes políticos da sociedade brasileira. É fato que com o período republicano e as críticas ao ensino das faculdades de direito do país, o bacharelismo perdeu muito de sua influência. Contudo, o vácuo de poder criado pelo golpe de 2016, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, trouxe à tona atores políticos do passado, representando novas

roupagens do coronelismo, militarismo e do bacharelismo. Com os cortes na produção científica o Brasil abre mão da sua soberania. Todos nós sabemos que a ciência possui um papel estratégico no desenvolvimento de qualquer nação. Não investir na produção científica, significa importar ciência subutilizada de países que a produzem. Significa também estar à revelia das decisões geopolíticas desses países. Na mesma medida, o fortalecimento de grupos que se consolidaram de forma conservadora, na história do Brasil, retrata um retorno ao passado, não um passado nostálgico, mas um passado nebuloso, de mandonismo e colonialismo.

+fortes somos

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DESTAQUE

PROFESSORA PORTUGUESA CÁTIA MATEUS MINISTRA AULA DE PÓSGRADUAÇÃO NA GUAIRACÁ

DISCENTES DA ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROPSICOPEDAGOGIA DA FACULDADE GUAIRACÁ RECEBERAM A PROFESSORA PORTUGUESA CÁTIA MATEUS NO ÚLTIMO DIA 18. NA OCASIÃO, ELA MINISTROU O MÓDULO ‘TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL: TDI E ADI. CÁTIA MATEUS É LICENCIADA EM MOTRICIDADE HUMANA (RAMO DE REABILITAÇÃO PSICOMOTORA E EDUCAÇÃO ESPECIAL) E POSSUI DOUTORADO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL. FOI GESTORA DE FORMAÇÃO E COORDENADORA PEDAGÓGICA, FORMADORA E CONSULTORA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E PEDAGOGIA, CONFERENCISTA E ORGANIZADORA EM DIVERSOS CONGRESSOS E SIMPÓSIOS NAS ÁREAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E NEUROCIÊNCIAS

FOTOS: ASSESSORIA GUAIRACÁ

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