Edição 122

Page 1

integração

Abela

fdaace morte

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA GUARAPUAVA | PARANÁ 31/10 A 09/11 DE 2017 EDIÇÃO 122 | ANO IV

Óleo sobre tela de Tales Pacheco "La Catrina"

P.6

REPORTAGEM ABORDA A TRADIÇÃO MEXICANA QUE HOMENAGEIA OS FALECIDOS COM UMA GRANDE FESTA


integração

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

SOBRE A

CARTA AO LEITOR

DE UM POVO Esta edição do Integração foi preparada para circular na forma impressa do dia 31 ao dia 9 de novembro e, nesse período, chamam atenção as celebrações pelos mortos. No entanto, buscamos um outro olhar sobre a pauta e terminamos por falar não de morte, mas de vida. Sim, vida, pois é no desenrolar das vidas - das pessoas em particular e das sociedades como um todo - que se cria, se cultiva e recria a cultura. E é esse o aspecto da celebração mexicana chamada Día de Muertos, pauta da matéria de capa, que nos chama mais a atenção. La Catrina, las calaveritas, suas flores, músicas e cores são um arranjo estético recheado de significados. O festejo é um retrato dinâmico de como as culturas se entrelaçam e nunca morrem, apenas se transformam.

SEDE E REDAÇÃO Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR

2

DIRETORA COMERCIAL Lourdes Dangui Pinheiro JORNALISTA RESPONSÁVEL, REDAÇÃO E EDIÇÃO GERAL Ana Júlia Tiellet MTB. 12758 DRT/RS

A morte é um dos grandes mistérios que interrogam o ser humano desde a pré-história e podemos, a partir de suas representações, saber muito sobre o povo que dela fala. Como contou uma das fontes entrevistadas para a reportagem, o professor de História e Mestre em Antropologia Jefferson Cavalcanti, trata-se de uma diversidade incrível de representações sobre as quais não é possível fazer juízo de valor: na Ilha de Madagascar, por exemplo, as práticas dos Betsileu baseiam-se na dissecação do corpo pelo tempo, a fim de que a alma o abandone completamente; os Kol indianos optam por pintar o cadáver de amarelo para que este fique imune da ação dos demônios; nos sincretismos religiosos latino-americanos, práticas de encomenda da alma, festividades ou expressões de luto variam a partir de uma volúvel composição de atores sociais, cenários, cores e crenças. Se prestarmos atenção, o Día de Muertos fala de algo comum a nós brasileiros: é um cultivo ancestral vindo de tempos pré-co-

SEMANÁRIO INTEGRAÇÃO LTDA ME CNPJ: 22.997.926/0001-36 Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR (42) 3035-1234 e (42) 99111-9195 redacao@integracaoonline.com.br comercial@integracaoonline.com.br

ANA JÚLIA TIELLET, EDITORA GERAL

lombianos, feito por um povo que tem raiz indígena e foi colonizado pelos europeus. Assim como é o Carnaval no Brasil, a celebração do México tem em sua mistura costumes e crenças trazidos de além- mar. Soma-se a isso, a transcendência de símbolos em um mundo globalizado onde as fronteiras físicas já não são mais impedimento para a circulação cultural e tudo pode ser também capitalizado e transformado em produto. O Día de Muertos é, claro, uma homenagem aos que já partiram e o festejo de poder tê-los no convívio familiar por um ou dois dias, sob o olhar profundo de La Catrina. Mas é, também, a própria vida latino-americana, marcada por dominação e resistência, espiada pela janela da morte.

COLUNISTAS Claudio Andrade, João Nieckars, Lourdes Leal, Ricardo Pedrosa Alves, Victor Andrade, Valdir Michels, Hélvio Mariano e Manuel Moreira da Silva.

DIAGRAMAÇÃO Anderson Antikievicz Costa IMPRESSÃO GRAFINORTE 03.758.336/0001-06 Tiragem | 4 mil exemplares

bop Comunicação e Marketing


integração

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

POLÍTICA

NÃO SE FAZ MAIS JORNAL COMO ANTIGAMENTE...

AINDA BEM!

JORNALISMO ANALÍTICO. PUBLICIDADE DE EFEITO. ANUNCIE NO INTEGRAÇÃO!

ATENDIMENTO COMERCIAL (42) 98815 - 9333 vendas@integracaoonline.com.br www.integracaoonline.com.br

PA R ÁC L I TO PSDB VIVE SEU PIOR INFERNO O PSDB recebeu dados que colocam na ponta do lápis a erosão de sua base eleitoral. Uma pesquisa encomendada pela sigla mostra que 75% dos brasileiros não acreditam que o próximo presidente será um tucano. No Nordeste, o quadro é ainda pior: 84%. Num recorte só com simpatizantes do partido, o estudo apontou três pilares para a descrença na legenda: a aliança com Michel Temer, a permanência de Aécio Neves (MG) no partido e as intermináveis brigas internas. PSDB E O INFERNO – PARTE II Os dados chegaram ao PSDB acompanhados da análise de que a sigla não teria outro caminho a não ser deixar o governo de Michel Temer para começar a restaurar sua imagem. O diagnóstico parece estar sendo levado ao pé da letra pelo presidente interino da legenda, Tasso Jereissati (CE). GILMAR MENDES COLOCA O JUDICIÁRIO NA LONA O episódio em que o ministro Gilmar Mendes foi hostilizado por torcedores, xingado ao ocupar o camarote central do Pacaembu no clássico São Paulo X Santos, remete à provocação feita em abril

de 2009 pelo ministro Joaquim Barbosa durante o julgamento do mensalão. Numa ríspida discussão, Barbosa disse que Gilmar estava desgastando a imagem do Judiciário e desafiou o ministro a testar sua popularidade em público. “Saia à rua, ministro Gilmar. Saia à rua! Faça o que eu faço. Vossa Excelência não está na rua não. Vossa Excelência está na mídia destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro”. ALEXANDRE MORAES DÁ UMA AULA "A imprensa quer, o povo quer e o Legislativo pede que o Supremo decida tudo, mas isso é perigoso. Qualquer juiz que vota pensando em popularidade é um perigo". A avaliação é do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Há sete meses na corte, ele critica o que chama de extravagâncias da Justiça, diz que o Congresso se enfraquece ao despachar seus conflitos internos para o tribunal e defende "autocontenção". PARLAMENTARES PARANAENSES E TEMER Dos 30 parlamentares da bancada do Paraná, 18 votaram a favor do relatório do deputado

federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) que recomendava o arquivamento da segunda denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Temer, por obstrução de justiça e organização criminosa. Os outros 12 paranaenses votaram contra o parecer do relator. O placar local estava alinhado com o resultado geral, também pró-Temer: do total de 513 parlamentares da Câmara dos Deputados, 251 defenderam o arquivamento da denúncia, impedindo a análise da peça pelos ministros do Supremo Tribunal Federal; 233 votaram contra o parecer. PARA ONDE VAI OSMAR? Ao lado da vice-governadora Cida Borghetti (PP) e do deputado estadual Ratinho Jr. (PSD), o ex-senador Osmar Dias (PDT) forma a trinca de favoritos para a eleição ao governo do estado no ano que vem. A menos de um ano do pleito, porém, ele é o único que tem a situação partidária indefinida. Assediado por pelo menos quatro legendas, o pedetista calcula pacientemente o passo que tomará e só vai anunciar sua decisão às vésperas do prazo fatal de 7 de abril.

3


ED. 116 | ANO IV - DE 01 A 10 DE SETEMBRO DE 2017

LOJA 01 R. Pres. Getúlio Vargas, 1490 (42) 3623-5424 Aberta até às 18h30

LOJA 02 R. Saldanha Marinho, 2015 (42) 3623-5363

MUSEU DO

ESPORTE

Guarapuava - Paraná

NOSSOS COLABORADORES

EROS LOSSO

4

DIRCEU DALMAZ (PATO)

DÉCADA DE 1980 - AMISTOSO INTERNACIONAL. GUARAPUAVA E. C. CLUBE X NACIONAL DO PARAGUAI EM PÉ - RUBENS PAULA, SAPATÃO, ADILSON, MOACIR, NARDO E LADEL AGACHADOS - ZÉ MIGUEL, CAFURINGA, OSMARIO, ADEMIR DA GUIA E NANAU

integração

SELEÇÃO DE BASQUETE FEMININO DE GUARAPUAVA - 1960 LEA PIZZANO, INÊS RIBAS, MARIA JULIA, REGINA BEZERRA E LAURA BASTOS.

continua... CAMPEONATO PARANAENSE - 1980 ATLÉTICO PR 0 X 1 GUARAPUAVA E.C. LANCE DO JOGO - JORGE CRUZ TENTANDO O DRIBLE NO ZAGUEIRO ZEQUINHA (GEC) SOB OS OLHARES DE SARANDI E CARLOS ALBERTO (ATLETICO) E DIRCEU PATO (GEC) NA COBERTURA.


ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

SAÚDE

SAÚDE DO HOMEM

integração

PREVENÇÃO É FUNDAMENTAL – NOVEMBRO AZUL

LOURDES DE FIGUEIREDO LEAL, FARMACÊUTICA

O MÊS DE NOVEMBRO É DEDICADO À A campanha começou em um pub (bar), na Austrália, em 1999, quando um grupo de amigos teve a ideia de deixar o bigode crescer durante todo o mês em apoio à conscientização da saúde masculina. O mês de novembro foi escolhido justamente por comemorar, no dia 17, o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. Hoje a campanha já é mundial, seu símbolo, em alguns países é o bigode, mas há lugares em que o slogan da campanha é “No Shave November” que seria, em tradução livre, Novembro sem barbear. No Brasil e em outros países utiliza-se o nome – Novembro Azul, já que além do bigode a cor azul é símbolo da campanha. A próstata é uma glândula no aparelho reprodutor masculino, com a função principal

SAÚDE MASCULINA E JÁ FAZ PARTE DO CALENDÁRIO NACIONAL DE PREVENÇÕES de produzir o esperma. O câncer de próstata ocorre quando as células dessa glândula começam a se multiplicar de forma desordenada. Embora a próstata seja constituída por vários tipos de células, a maioria dos cânceres de próstata tem origem nas células das glândulas que produzem líquido seminal. Eles são chamados de adenocarcinomas. A doença, no início, não apresenta nenhum sintoma, e por essa razão é tão importante a realização de exames de toque e de sangue (dosagem do PSA) periódicos. Mas vale lembrar que o exame de sangue não substitui o de toque. Os exames são complementares e portanto devem-se fazer ambos. O Câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais

mortal entre os homens, sendo que um em cada seis homens é alvo da doença no mundo. De forma geral, os homens são mais resistentes a cuidar de sua saúde de forma preventiva, procurando um médico regularmente. Por essa razão, na maioria das vezes, a doença é descoberta tardiamente, apenas quando os sintomas começam a aparecer. Por isso é de suma importância prevenir-se e descobrir a doença na fase inicial, quando as chances de cura são grandes. Os sintomas mais comuns e que só aparecem na fase avançada da doença são: vontades urgentes e repentinas de urinar, dificuldade para urinar, diminuição no jato de urina, aumento da frequência urinária, sensação de que a bexiga ainda está cheia mesmo após urinar, urina escura devido a presença de sangue, dor ao ejacular e sêmen escu-

recido, dores no corpo e insuficiência renal. Não existe uma forma de se tornar imune à doença e por isso os exames de sangue e toque são tão importantes. Eles possibilitam o diagnóstico precoce e o tratamento efetivo, menos invasivo – aumentando as chances de cura. A faixa etária que na qual a doença mais incide é a dos 50 anos e por isso, os homens nessa faixa etária, devem realizar os exames anualmente. Já os homens com história de câncer na família correm mais riscos e os exames anuais estão recomendados aos 45 anos de idade. Alguns hábitos saudáveis de vida podem ajudar a prevenir o desenvolvimento da doença, como por exemplo: dieta saudável rica em frutas, verduras, legumes, grãos e

cereais, evitar gorduras principalmente de origem animal, atividade física pelo menos 30 minutos 5 vezes na semana. Esses hábitos ajudam a prevenir não somente a manifestação do câncer mais de inúmeras outras doenças. Como qualquer outro tipo de câncer as chances de cura do câncer de próstata dependem do momento do diagnóstico e sobre tudo do estadiamento ( forma como o médico determina o avanço do câncer de uma pessoa) da doença. Quanto menor o estágio do câncer, maior a possibilidade que os tratamentos realizados no paciente possam efetivamente determinar sua cura. No entanto, é muito importante que inclusive em casos diagnosticados precocemente o paciente realize o acompanhamento pós-tratamento por um período de tempo.

5


integração

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

CAPA

CAVALCANTI É MESTRE EM ANTROPOLOGIA E DESTACA A DIVERSIDADE DE REPRESENTAÇÕES DA MORTE NAS CULTURAS.

festa

para quem ja

se foi

6

Imagem: Ana Júlia Tiellet

UMA

Arquivo Pessoal

NO MÉXICO, NOS DIAS 1º E 2 DE NOVEMBRO, CELEBRASE O DÍA DE MUERTOS

MANUEL APRENDEU A TRADIÇÃO AINDA CRIANÇA. NESTES DIAS, SUA FAMÍLIA QUE ESTÁ EM VERA CRUZ, MÉXICO, TEM UM ALTAR EM CASA.

Da Redação

F

inal de outubro, início de novembro - nestes dias, com certeza, você já avistou alguma criança fantasiada de bruxa ou uma abóbora laranja com careta; também já observou um cuidado maior nos cemitérios e a oferta de flores no comércio. Sim, estamos falando do Halloween (31) e do Dia de Finados (2). No entanto, no caminho entre Brasil e Estados Unidos, uma tradição milenar com origem na América anterior a Colombo nos mostra outra forma de pensar a morte. “É uma tradição muito diferente do que acontece aqui no Brasil. Na minha família, na minha cidade, em todo o país essa tradição é cheia de alegria. As pessoas gostam muito dessa festa, é como um carnaval”, conta Manuel Florentino que é mexicano de Vera Cruz e está em Guarapuava para intercâmbio no mestrado de Administração da Unicentro. O Día de Muertos, assim como Finados ou o Halloween, é uma “representação funerária” e faz parte da construção cultural de seu povo. Como observa o Mestre em Antropologia e professor da Faculdade Guarapuava Jefferson Caval-

canti Lima, essas manifestações sobre morte podem ser diferentes ou parecidas, mas precisam ser entendidas do ponto de vista da diversidade. “A multiplicidade de ritos funerários, sua vinculação com interpretações teológicas, ecológicas e ontológicas, acabou fazendo dos relatos conhecidos pelos antropólogos um mosaico das diferenças e das similitudes na interpretação da morte, do seu porvir e das suas formas de celebração”, explica o pesquisador. A celebração mexicana é repleta de cores, adornos, expressões artísticas e estende-se para todos: crianças, adultos e idosos participam, o dia 1º é dedicado às crianças e o dia 2 aos adultos. É como se nesses dias os entes falecidos voltassem ao convívio com os familiares, como explica Florentino. “As famílias costumam se reunir nos cemitérios, vão tocar músicas, cantar para as pessoas mortas nos túmulos levando as músicas que eles costumavam cantar quando estavam vivos”, diz o estudante contando que, em algumas cidades mais tradicionais, o

ritual vai além. “Tem uma cidade chamada Campeche. A cidade costuma ir para o cemitério, vão os avós, a mãe e a filha - vão ao túmulo, tiram o corpo do caixão, limpam os ossos e, então, a avó apresenta para a neta como era a pessoa, para passar a tradição”. LA CATRINA Aos que não estão inseridos nessa cultura, o que chega primeiro são alguns ícones como é o caso das famosas caveiras. Elas simbolizam Catrina - a deusa da morte para quem toda a celebração é oferecida - e têm lugar de destaque. “Cada família faz o seu altar, é uma das tradições mais importantes. Significa os quatro elementos da natureza: se coloca papéis picados que seriam o vento, se coloca água, as velas que são o fogo e frutas, verduras, comidas que os mortos costumavam comer quando estavam vivos e significam a terra. Também se fazem as caveirinhas, de açúcar - é comida e nós que fazemos”, detalha Florentino. TRAMAS CULTURAIS Assim como o Brasil, o México


CAPA NO ALTAR MONTADO NA UNIVERSIDADE DE VERA CRUZ, UM CAMINHO DE FLORES LEVA À REPRESENTAÇÃO DO ENTE QUE MORREU.

integração

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017 TALES TATUA, PINTA E DESENHA CAVEIRAS EM DIVERSOS ESTILOS. ELE CONTA QUE "ATUALMENTE AS CAVEIRAS MEXICANAS ESTÃO EM ALTA".

CONCURSOS PARA ELEGER OS MELHORES E MAIS BONITOS VESTIDOS DE LA CATRINA FAZEM PARTE DOS FESTEJOS TRADICIONAIS.

Imagem: Ana Júlia Tiellet

Arquivo Pessoal/MF

ais e um bar temático - o Ancoradouro. Por lá, as caveiras estão em toda a parte, em diferentes técnicas e suportes - da tinta óleo ao grafite, do papel à pele. “As mexicanas estão em alta. Agora, com a volta do old school (estilo de tatuagem tradicional), as pessoas começaram a fazer mais caveiras mexicanas. Antes, era mais as realistas e sombrias. Há uns cinco anos que deu esse boom da caveira mexicana na tattoo”, comenta Tales. Ele conta, ainda, que as caveiras apareceram em seu trabalho profissional por necessidade já que precisa dominar a anatomia humana. “Depois, desenhando, buscando referências para desenho é que eu fui descobrindo a relação delas com algumas culturas. Na tattoo, a caveira significa a percepção da igualdade: o outro é igual a você”, explica o tatuador, lembrando que a demanda por esse tipo de desenho na pele varia de acordo com o local onde estão seus clientes. “Aqui em Guarapuava não tem muita gente que faz caveira. No litoral e no Rio Grande do Sul tinha mais gente que gostava de fazer, principalmente as

orientais e as mexicanas”. Por ser um tema que envolve crença, concepções estéticas e tradição, o diferente causa estranhamento. Mas, como diz o estudante mexicano, é difícil dizer o que é melhor ou pior, certo ou errado. “Aqui as pessoas acham que porque nós celebramos a morte não estamos tristes quando alguém morre, não! Isso é somente nesses dias... Eu pretendo dar continuidade em minha família. Acho que é uma das raízes importantes do meu país, uma das culturas que faz diferente o México”, afirma Florentino. Dessa forma, é na multiplicidade das manifestações que está a beleza da vida, até mesmo quando representa a morte, como reflete o professor Cavalcanti. “As expressões de cada sociedade em nenhuma hipótese devem ser julgadas pela sua complexidade ou pelo seu oposto. O que se faz possível concluir é que altivamente de qualquer julgamento moral, a morte, o cortejo e o porvir são tão complexos quanto a vida da nossa espécie”, arremata.

Arquivo Pessoal/MF

tem boa parcela de sua população católica, mas ao contrário do que se poderia pensar, a religião não impede os festejos do Día de Muertos. O que ameaça a tradição, no entanto, é um outro costume. “A única coisa que pode atrapalhar é comemorar Halloween porque lá no México não é Halloween e muitas pessoas, principalmente crianças, costumam pegar esse tipo de tradição pela proximidade com os Estados Unidos. Todo o México tem muito dessa cultura norte-americana agora. As crianças não falam mais Día de Muertos e sim Halloween, estão começando a sair nas ruas pedir docinhos e isso não é a nossa tradição”, analisa Florentino. O fato de que nos dias de hoje as culturas já não têm mais fronteiras também pode ser positivo. No caso da morte e sua representação, as caveiras são um bom exemplo, como acontece na produção artística do tatuador Tales Pacheco. Gaúcho, ele mora em Guarapuava e atualmente mantém um espaço que integra seu estúdio, atelier de artes visu-

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DA HUMANIDADE Em 2008, a Unesco declarou a festividade como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A celebração tem origem nos costumes das etnias indígenas Mexica, Maya, Purépecha e Totonaca. A Catrina, a "Dama de la Muerte", esposa do senhor da terra dos mortos, Mictlantecuhtli. Atualmente, é relacionada a personagem de do cartunista e gravurista mexicano José Guadalupe Posada. A celebração tornou-se também um atrativo turístico para o México. Há ações de governo para organizar festas e decorar as cidades. O estado de Michoacán, as cidades de Campeche e Cancún são alguns dos principais destinos.

7


EDUCAÇÃO

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

Crédito: Brunno Covello

"

integração

“AO MESMO TEMPO EM QUE CELEBRAMOS O PROCESSO DEMOCRÁTICO DAS ELEIÇÕES, ESTAMOS CIENTES DA RESPONSABILIDADE QUE É ESTAR À FRENTE DO MAIOR SINDICATO DO ESTADO. UM PERÍODO QUE EXIGE SERIEDADE E MUITO TRABALHO".

CERIMÔNIA DE POSSE MARCA INÍCIO DE GESTÃO DA APP-SINDICATO No período em que completa 70 anos, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) é protagonista de um processo de eleição que fica marcado na história da entidade. A Chapa 1 – Somos Mais APP foi eleita com 18.149 votos, o equivalente a 56,30% dos votos computados para a direção estadual. A cerimônia de posse foi realizada no dia 20 de outubro. A nova direção é composta por por 24 educadores(as) vindos(as) de diversos núcleos sindicais do Estado. A gestão é de quatro anos. Na mesa de abertura da cerimônia, representantes de movimentos sociais, centrais sindicais

e sindicatos destacaram o papel da APP-Sindicato na luta pela educação pública no Estado, além da luta nacional e do reconhecimento internacional que a APP-Sindicato tem. Estiveram representados a União Paranaense de Estudantes Secundaristas, o Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, destacou o período de luta e resistência pelo qual a Educação está passando e afirmou que a direção está pronta para fazer o trabalho necessário de enfrenta-

mento aos ataques do governo. “Ao mesmo tempo em que celebramos o processo democrático das eleições, estamos cientes da responsabilidade que é estar à frente do maior sindicato do Estado. Um período que exige seriedade e muito trabalho. A direção conta com o trabalho de educadores de diversas regionais, que trazem para os debates da APP estadual a realidade das escolas de todo o Estado. Além disso, novas secretarias foram aprovadas pela categoria e serão colocadas em prática nessa gestão. São frentes de trabalho importantes no sindicato e que devem melhorar o atendimento ao sindicalizado e o debate político com o governo”.

COM INFORMAÇÕES DA ASSESSORIA DE IMPRENSA APP SINDICATO

EDITAL Os Porta-Vozes da REDE Sustentabilidade

REDE Sustentabilidade Coletivo Municipal de Guarapuava/PR EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE PLENÁRIA MUNICIPAL

do

Município

gozo de seus direitos como filia-

de

dos, para a PLANÁRIA MUNICIPAL

Guarapuava – PR, fundado nos

DA REDE GUARAPUAVA, a reali-

arts. 3º e seguintes d Resolução

zar-se no dia 6 de novembro de

10/2017 do Elo Nacional e em

2017, das 18h30min, na Rua Se-

conformidade com as disposições

nador Pinheiro Machado, nº 1794,

estatutárias e a legislação eleitoral

Sl01, nesta cidade, que terá como

em vigor, pelo presente instrumen-

Ordem do Dia a escolha dos de-

to, CONVOCA os senhores mem-

legados que participarão da Con-

bros do Coletivo Municipal, com

ferência do Elo Estadual da REDE

domicílio eleitoral neste município,

Sustentabilidade do Paraná em

que estejam em pleno exercício e

19 de novembro de 2017.

Guarapuava, 25/10/2017. ROZÉLIA PRETKO

JOÃO ALBERTO NIECKARS

PORTA-VOZES DA REDE GUARAPUAVA

8


CAPA

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

integração


OPINIÃO

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

"

POR ISSO, DE NADA ADIANTA, COMO SE OUVE MUITO: QUERER SUMIR PARA SEMPRE, ACABAR COM TUDO, NÃO VALE A PENA VIVER. VALE SIM, VIVER SEM TER MEDO DE ENFRENTAR MEDOS E DIFICULDADES; DE PROCURAR AJUDA;

A VIDA TEM SOLUÇÃO, O SUICÍDIO NÃO! - PARTE 2

Para entender, sob o enfoque espírita, a questão do suicídio é indispensável a compreensão do seguinte: - o corpo material se liga ao corpo espiritual (ou alma) através de um corpo fluídico denominado perispírito que arquiva todas as lembranças e sensações e mutilações ocorridas durante a existência. É o invólucro da alma, penetra todas as partes do corpo, serve de veículo às sensações físicas da alma, é (...) por esse intermédio que a alma age sobre o corpo (...) e dirige os movimentos. Serve de molde para a próxima reencarnação. - a reencarnação é um dos fundamentos do Espiritismo, dogma para os leigos. É através da reencarnação que a criatura tem a possibilidade de voltar. Acontece quando o espírito com experiência de outras vidas recebe um novo corpo (de bebê) como nova roupa para dar continuidade à caminhada evolutiva. Quando Nicodemus visitou Jesus queria saber como ocorria a reencarnação. E Ele explicou. - a comunicabilidade dos espíritos é outro princípio da Doutrina Espírita uma vez que os espíritos, que são almas desencarnadas, se comunicam através de médiuns desde a História das Civilizações Antigas, sob outras denominações. As formas mais conhecidas são a psicografia e as comunicações orais. - a imortalidade da alma. Geralmente as comunicações trazem, acontecimentos, dados e fatos desconhecidos

10

integração

dos médiuns e quando pesquisados, tem respaldo com a realidade. - a morte - “a extinção da vida orgânica ocasiona a separação da alma e do corpo pelo rompimento do laço fluídico que os une.” - perturbação - considerada como estado normal no momento da morte. Sua duração é indeterminada: varia de algumas horas a alguns anos. Depende do gênero de morte e da posição do espírito perante a vida. O gênero de morte: natural – extinção das forças vitais pela velhice ou pela doença; violenta – a vida orgânica, com toda sua força sofre com desprendimento inesperado, o que não ocorre com o períspirito. “O espírito, colhido de súbito, está como atordoado; mas percebendo que pensa, ele acredita que ainda está vivo, e essa ilusão dura até que compreenda a sua situação. Este estado intermediário (...) apresenta o singular espetáculo de um espírito que confunde seu corpo fluídico com o seu corpo material, e que experimenta todas as sensações da vida orgânica.” Como exemplos: dores, fome, sede, arrependimento, desespero, etc. No suicídio a situação é mais penosa pois “o corpo estando ligado ao períspirito por todas as suas fibras, todas as convulsões do corpo se repercutem na alma que experimenta grandes sofrimentos.” E a primeira constatação e sofrimento ocorre logo que o suicida entende que matou o corpo mas a alma continua viva mantendo-o mais

POR MSC. LUCI ZEMPULSKI JÖRGENSEN

vivo do que antes. Por isso, de nada adianta como se ouve muito: querer sumir para sempre, acabar com tudo, não vale a pena viver. Vale sim, viver sem ter medo de enfrentar medos e dificuldades; de procurar ajuda; de orar; de se amar pois temos um Pai Misericordioso e Bom que colocou ao lado de cada um de nós um protetor, que muitos chamam de Anjo da Guarda, que além de nos proteger e intuir não nos abandona: basta que lembremos dele para que a sintonia se faça e tenhamos intuições de atitudes que podemos tomar. Mas somos nós que decidimos se atendemos ou não, tais intuições. Outro recurso poderoso que dispomos é a fé. A fé que fortalece, que nos liga aos planos superiores, a fé que alimenta a alma de esperança de dias melhores. A fé que deve ser ativa e nos dá tempo para refletir e encontrarmos soluções que nos permitem transportar montanhas como asseverou Jesus. Temos certeza que os suicidas também recebem cuidados dos Planos Superiores e devemos orar por eles. Evitar lembranças negativas, lembrar deles como amores de nossas vidas que viajaram e lembrar das qualidades que possuíam é a melhor maneira de ajudá-los. OBS.: Os trechos entre aspas, são da autoria de Allan Kardec; A passagem e fazem parte do livro “ Le ciel et l’enfer ou La Justice Divine Selon le Spiritisme. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco.


CIDADE

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

integração Créditos: Eliton Torri/Wikimedia

ACADEMIA RANDORI/ GUAIRACÁ CLASSIFICOU 17 ATLETAS PARA O TORNEIO

GUARAPUAVA NA FINAL DO MEETING INTERESTADUAL INTERCLUBES FONTE: ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO - GUAIRACÁ

A Academia Randori/Guairacá classificou 17 judocas para a fase final da 15ª edição do Meeting Interestadual Interclubes de Judô. O torneio será realizado nos dias 24, 25 e 26 de novembro, em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Considerada uma das principais competições no fomento e incentivo à prática do judô no Brasil, o Meeting Interestadual Interclubes reúne os quatro melhores atletas de 09 a 14 anos dos Estados do

Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Em 2015, a equipe guarapuavana foi campeã geral do evento na categoria sub 11 feminino. Em 2016, venceu em todas as categorias e sagrou-se bicampeã geral no feminino. Com o resultado, a Academia Randori/ Guairacá de Judô conquistou também o título de melhor equipe do sul do Brasil. De acordo com o Sensei Fernando Santos, a competição era

um sonho de toda equipe. “Lembro que em 2015 eu pensava que, se erguesse o troféu em um evento desse nível, eu estaria muito realizado. São Paulo ocupa a posição de pólo de judô do Brasil, o Rio Grande do Sul abriga atletas de renome e vencer esses grandes centros possui uma grande relevância. Muitos professores hoje dizem que o melhor polo de base, de 11 a 14 anos principalmente no feminino, é a Randori/Guairacá”, conta o professor.

I CAMPEONATO DE CARRINHO DE ROLIMÃ O I Campeonato de Carrinho de Rolimã, promovido pela Prefeitura de Guarapuava será realizado no dia 19 de novembro, na Rua Romeu Karpinski Rocha, no bairro Bonsucesso, das 8h às 12h. As categorias serão: feminino, infantil, juvenil, adulto 6308 Grid, adulto normal, simples, força livre, trike, street sled e longboard. Para participar, é necessário realizar inscrição prévia (R$ 10,00) ou no dia do campeonato (R$ 15,00). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (42) 9.9965-9566.

11


integração

12


CULTURA

integração

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

Divulgação/Sesc Guarapuava

Até o dia 30 deste mês, o Sesc Guarapuava recebe a exposição fotográfica #MOBGORPA, de autoria da jornalista Scheyla Horst. A mostra compreende imagens captadas e editadas em aparelho celular. Trata-se do movimento mobgrafia que se caracteriza como a arte de fotografar com o celular buscando valorizar aspectos relacionados à composição. As fotos registram Guarapuava de maneira poética. Sendo assim, a são diversas cenas do cotidiano da cidade, sob a perspectiva de um olhar afetivo ao dia a dia. Scheyla Horst é jornalista, especialista em Jornalismo Literário e Mestra em Letras. Por sua experiência profissional em jornais e revista, também atua como fotojornalista. Outras imagens podem ser vistas em seu perfil de Instagram: @scheylahorst. A visitação é gratuita e pode ser realizada das 8h às 22h. O Sesc fica na Rua Comendador Norberto, 121. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (42) 3308-2650.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA #MOBGORPA É ATRAÇÃO NO SESC

PRECE DO POETA

Por BEATRIZ CARAZZAI PEREIRA

Ó Deus, cuidai de mim! Que me prostro tão calma e serena Ante a chuva que eferve e me queima, - O mar revolto, as frias águas! Eis-me aqui, a tempestade. Olhai e vereis que Sou rio de primavera: Sigo lenta a correnteza, Salto as rochas, cantam sereias - À minha beira, tão doces vozes Que cantam a mim pois sou canção. Mas ondas do mar de Vigo, Se vistes meu amigo Sabereis que me parto ante as rochas, Congelante, naufrago no

a

verso verso

Sal da tempestade! E Deus, olhai-me... Olhai-me e socorrei-me, pois Tu sabes meus sofreres - A Ti meu coração, já quase Niilista Oculto 'baixo manto estoico Que me cobre e embaça a vista. Será que olhas pelos já caídos? Pois juro-Te que vejo já há tanto eu caí... Pois deu-me dom da poesia E o mal do século ao poeta (Que finge tão completamente!) Pai nosso, cuidai de mim! Senhor, cuidai de mim...

SEGURANÇA

SEMPRE

sbssulbrasil.br - 42 3035-3334

RUA MARECHAL FLORIANO PEIXOTO, 1359 GUARAPUAVA - PR (42) 3035-7677

13


AGRICULTURA

Estudo realizado pela Embrapa nas principais regiões produtoras do País avaliou que os custos de produção em lavouras de soja com plantas daninhas resistentes ao glifosato podem subir, em média, de 42% a 222%, principalmente pelo aumento de gastos com herbicidas e pela perda de produtividade da soja. Segundo o pesquisador Fernando Adegas, da Embrapa Soja (PR), os valores sobem, em média, entre 42% e 48% para as infestações isoladas de buva e de azevém, respectivamente, e até 165% se houver capim-amargoso resistente. Em casos de infestações mistas de buva e capim-amargoso, por exemplo, o aumento médio é de 222%. “São números alarmantes e percebemos que os produtores estão ansiosos por informação, discussão e solução para a questão de resistência”, relata Adegas, um dos autores da circular

ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

PLANTAS DANINHAS RESISTENTES DEIXAM PRODUÇÃO DE SOJA ATÉ 222% MAIS CARA Fonte: Embrapa

técnica da Embrapa Impacto econômico da resistência de plantas daninhas a herbicidas no Brasil”, afirma o pesquisador. Segundo ele, o custo médio no Brasil para o controle de plantas daninhas é de R$ 120 por hectare. Para o coordenador do projeto Grãos da Emater-PR, Nelson Harger, o manejo de plantas daninhas, quando apoiado apenas no controle químico, traz problemas à assistência técnica e aos produtores. “Muitas vezes, não é eficiente e favorece o processo de resistência”, pondera. Harger considera os escapes de plantas daninhas por rebrotas e a infestação pela produção de sementes nas áreas próprias e nos vizinhos como as maiores dificuldades relatadas pelos agricultores. Para o extensionista, algumas falhas de controle cometidas pelos produtores são agravadas pela dificuldade

integração

de manejo das plantas daninhas resistentes. “Por isso, estamos sempre defendendo a utilização conjunta de métodos diferenciados de manejo. As culturas de cobertura, por exemplo, comprovadamente promovem a supressão das plantas daninhas”, diz. Apoiadas na utilização de métodos culturais, Harger conta que no Paraná unidades de referência instaladas em propriedades agrícolas e acompanhadas pela Emater têm conseguido minimizar o problema. “Temos relatos de produtores que usaram a braquiária em sucessão ao milho e que conseguiram economizar, na safra de soja, por exemplo, R$ 138 por hectare ao reduzir o uso de herbicidas. "Por isso, defendemos a utilização de métodos integrados de manejo de plantas daninhas para enfrentarmos o problema atual de resistência".

BRASIL IRÁ CALCULAR SEU PATRIMÔNIO ECOLÓGICO Fonte: IBGE Imagem: Helena Pontes O IBGE, órgão responsável pelo cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), passará a divulgar também o Produto Interno Verde (PIV), conhecido como “PIB Verde”. Trata-se de uma mudança com perspectiva de longo prazo e, por isso, aspectos como data de implementação e periodicidade de divulgação ainda não foram definidos. De acordo com a lei nº 13.493, o patrimônio ecológico do país também terá peso no Sistema de Contas Nacionais. Além disso,a metodologia para o cálculo do PIB Verde deverá ser amplamente discutida com a sociedade e as instituições públicas, incluindo o Congresso Nacional, antes da criação de um sistema nacional de contas ambientais.

ÍNDICE AJUDARÁ MEDIR O IMPACTO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO SOBRE OS RECURSOS NATURAIS

A UNIP É EXCELÊNCIA TAMBÉM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. UNIP - Polo Guarapuava Rua Guaíra, 3170 Fone: (42) 3035-3456

14

ESTUDE DE ONDE ESTIVER E NA HORA QUE PUDER!

17 ANOS DE EXCELÊNCIA EM ENSINO - INFORMÁTICA ADMINISTRATIVA - INGLÊS - AUXILIAR DE ESCRITÓRIO RUA GUAÍRA, 3170 (42) 3035-3456

Conforme o presidente do IBGE, Roberto Olinto Ramos, o PIB Verde terá uma função importante para o conhecimento da estrutura econômica do Brasil: “Ao incorporar o eixo ambiental no Sistema de Contas Nacionais, seremos capazes de analisar o impacto do crescimento econômico sobre nossos recursos naturais, o que nos permitirá traçar uma estratégia de desenvolvimento sustentável”, ressalta. A divulgação do PIB Verde possibilitará a comparação das taxas econômicas ambientais brasileiras com as de outros países, especialmente com o Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU).


ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

OPINIÃO

integração

ESTAMOS

ÀS CEGAS Estamos perdendo o chão e isto não vem do acaso. Nós mesmos estamos produzindo nossa própria enfermidade por não sabermos lidar com este novo mundo em construção. Apesar de estarmos às cegas diante do fenômeno da agressão entre o livre pensar e as formas de vidas tradicionais, há muito mal-entendido por aí. O cenário está mais para o ‘confunde-se’ do que para o ‘real entendimento’. Trata-se de uma nova tragédia por não dispormos, neste momento, de pessoas capazes para reunir/recolher e organizar percepções avulsas e anseios tão distintos e conflitantes para uma nova representatividade. De tempos em tempos o que está acontecendo já aconteceu um dia em caracteres diferentes. Estas transformações foram chamadas de crises, ou seja, espaços temporais de grande tensão; que foram atenuadas e compreendidas por grandes lideranças, inexistentes no exato minuto em que escrevo. Em outros tempos foi a liberdade de um povo em escolher seu próprio destino (impossível esquecer-se da Grécia); o nascimento da imprensa e da liberdade religiosa, política e econômica (impossível esquecer-se do Iluminismo); o nascimento das coisas ocultas e inconscien-

tes (impossível esquecer-se da Psicanálise) e, recentemente, o nascimento do mundo virtual e do terremoto da horizontalidade das redes sociais. Nossa razão está encalhada pela ausência de um governo de si mesmo, tão defendido por Foucault anos atrás. Às vezes, precisamos domar o tempo e a natureza. Parece-me que o pensamento em transformação não pode ser admitido de qualquer jeito, sem ser previamente submetido ao exame de pessoas naturalmente extraordinárias. Falta-nos um métis, ou seja, um conjunto de medidas mentais que conjugam faro, sagacidade, previsão, leveza de espírito, desenvoltura, atenção constante e principalmente senso de oportunidade. As transformações precisam passar por um processo de uma nova representação. Alguém que antecipe leituras e que traduza com clareza. Nossa sociedade precisa ser reconstruída para redefinir formas válidas e aceitáveis de existência ou formas mais válidas e aceitáveis naquilo que se refere à sociedade política e não estamos sabendo fazer isto pela absoluta ausência de pessoas que liderem este processo com convicção e que convençam outras pessoas para este novo encaminhamento.

Usa-se as redes sociais sem discernimento e com isso arrisca-se vidas. O conceito de vida saudável entrou em colapso e a falta de compromisso impera. Morre-se na política, ao invés de nascer-se na política. Redes avulsas e soltas, incontroláveis, embaralharam o mundo. Falta-nos definir defesa/ataque; amigo/inimigo e gastar energia em uma nova representação. Lamentavelmente, o cuidado de si está sendo negligenciado. É preciso considerar que historicamente nestes momentos de grandes convulsões, apesar de tudo, o cuidado de si falou mais alto. Foucault nos lembra que aprender a cuidar de si significa saber governar-se. Ao considerar isto, deduziu que só poderá ser bom governante da coletividade quem antes tenha aprendido a governar sua própria vida. Todavia, assistimos o império do declínio do governo de si mesmo em nome de uma liberdade muitas vezes imprópria. Assiste-se um confronto entre liberdade de expressão ilimitada versus liberdade de forma de vida ilimitada. Isto tem sido danoso e momentaneamente irrecuperável. Em nome do ‘tudo pode’, ‘nada pode’. Eis o desafio para aqueles homens e mulheres autênticos que estamos sentido tanta falta.

ESTAS TRANSFORMAÇÕES FORAM CHAMADAS DE CRISES, OU SEJA, ESPAÇOS TEMPORAIS DE GRANDE TENSÃO; QUE FORAM ATENUADAS E COMPREENDIDAS POR GRANDES LIDERANÇAS, INEXISTENTES NO EXATO MINUTO EM QUE ESCREVO.

CLAUDIO CÉSAR DE ANDRADE, DOUTOR EM HISTÓRIA E SOCIEDADE E PROFESSOR DO DPTO. DE FILOSOFIA DA UNICENTRO.

+fortes somos

15


ED. 122 | ANO IV - DE 31 DE OUTUBRO A 09 DE NOVEMBRO DE 2017

integração


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.