Edição 103

Page 1

integração SEMANÁRIO

AGROECOLOGIA E TRANSFORMAÇÃO

SOCIAL Mais da metade do consumo de agrotóxico do Brasil está concentrado no Paraná nas culturas de soja, milho, trigo, arroz e fumo. Produção via agroflorestal é possibilidade de produção ambiental e socialmente saudável

P. 06

INTEGRAÇÃO ONLINE P. 04

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA GUARAPUAVA | PARANÁ 06 A 19 DE ABRIL DE 2017 EDIÇÃO 103 | ANO IV


integração

ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

SEDE E REDAÇÃO Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR

DIRETORA COMERCIAL Lourdes Dangui Pinheiro JORNALISTA RESPONSÁVEL, REDAÇÃO E EDIÇÃO GERAL Keissy Carvelli DRT: 0010549/PR

CRÔNICA GERAL

Há um ano, quem chegasse à rodoviária de Guarapuava podia ver uma família inteira de índios acampada num estreito pedaço de grama bem à frente ao local aonde os ônibus chegam e partem. Hoje, já de longe é possível verificar mais de 50 indígenas todos dispostos em finos colchões e cobertas estendidas no mesmo chão de cimento. Junto deles ficam os pertences: uma garrafa térmica, uma panela, alguns chinelos, algumas sacolas com peças de roupas e palha, matéria prima para a confecção de cestos. Passam a noite em claro dividindo o espaço entre os ônibus que chegam e saem e os passageiros que passam e não os veem. São famílias refugiadas de suas terras e jogadas indiscriminadamente no único espaço público que podem

DANGUI & ALVES LTDA ME CNPJ: 22.997.926/0001-36 Rua Senador Pinheiro Machado, 1794, Sala 01 - Centro. Guarapuava PR (42) 3035-1234 e (42) 99111-9195 redação@semanariointegracao.com.br

COLUNISTAS Claudio Andrade, João Nieckars, Lourdes Leal, Gidalti Linhares, Victor Andrade, Valdir Michels, Hélvio Mariano e Manuel Moreira da Silva.

DIAGRAMAÇÃO Anderson A. Costa design@integracaoonline.com.br (Versão do Layout: 3) IMPRESSÃO GRAFINORTE 03.758.336/0001-06 Tiragem | 4 mil exemplares

CULTURA DA EXPROPRIAÇÃO DOS POVOS TRADICIONAIS

KEISSY CARVELLI, JORNALISTA E EDITORA GERAL

entrar e permanecer: a rodoviária. No meio da noite, as crianças correm de um lado a outro numa espécie de brincadeira que, se vista de perto, é coisa séria. Vão até a lanchonete e, descalças, esperam por um pacote nada nutritivo de salgadinho. Deitada no chão, uma senhora de olhos vivos e aproximadamente 60 anos, compreende o tratamento que o seu povo recebe deste lugar que devemos chamar de Nação. São crianças pequenas, mães e avós cansadas da luz forte que não desliga e do barulho intenso dos motores de ônibus. Ao contrário do que pode presumir aqueles que pouco ou nada compreendem sobre a expropriação das comunidades tradicionais, não há sequer um só indígena pedindo dinheiro aos passageiros ou

que resguardam em si o melhor da genética americana e um sorriso que mesmo na situação extrema do desconforto não se apaga, são invisíveis. As dezenas de camas finas estão estendidas bem à frente de quem quer ver e, ainda assim, não suscitam nenhuma revolta, nenhuma atenção da assistência social, nenhum verso, nenhuma política pública. Estamos falando do nosso povo, da nossa história e de nossos ancestrais. Estamos falando daqueles que diariamente renegamos em nome de um progresso que não se sustenta e que joga, à margem, aqueles que possuem força extraordinária de superação e de tradição cultural. São refugiados da guerra mais silenciosa e mesquinha que a humanidade já produziu: a expropriação da próprio território.

coisa que o valha. Passam horas a fio (inclusive nas noites fritas) trançando palhas em formas de cestos, chapéus e outros utensílios que vendem nos semáforos da cidade. Não falam bem o português, por este motivo é difícil compreender todas as causas que os levaram até ali. Qualquer bom observador, porém, é capaz de supor que as mais de dez famílias indígenas não escolheram a rodoviária como território para criarem seus filhos. Expulsos de suas terras por aqueles que matam e queimam barracos, ficam na rodoviária porque ali tem água, banheiro e um pedaço – ainda que pequeno – de grama onde podem fazer o fogo que os alimenta pela manhã e os esquenta durante a noite. Expropriados e destituídos de todos os direitos de cidadão, os povos tradicionais brasileiros, esses

PROVOCAÇÕES

MATRÍCULAS ABERTAS! SISTEMA DE ENSINO

EDUCAÇÃO INFANTIL ENSINO FUNDAMENTAL

42 3623 2936 | WWW.ESCOLASANTATERESINHA.COM

2

MANHÃ INTEGRADA BILÍNGUE


PARÁCLITO TEMER, O TEIMOSO Em entrevista à rádio Jovem Pan na manhã de segunda-feira, 17, o presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que não irá pedir o afastamento de ministros com base nas delações de executivos da Odebrecht tornadas públicas na semana passada. "Não vou demitir ou exonerar simplesmente porque alguém falou de outro. Quando houver provas robustas, pela hipótese da denúncia, daí começo a tomar providências", disse.

SEM ESCRÚPULO E SEM MEDO A Odebrecht informou na sua delação premiada que só pôs fim aos pagamentos de propina e caixa dois feitos pela empresa mais de um ano após o início da Operação Lava Jato. O patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht, contou ao Ministério Público Federal que deu ordens para acabar com repasses ilícitos somente após a prisão do filho Marcelo, então presidente do grupo, em junho de 2015.

A OAB FAZ O DEVER DE CASA A OAB ( Ordem dos Advogados do Brasil) vai pressionar o Supremo a convocar, a toque de caixa, juízes auxiliares para ajudar nos processos da Lava Jato em ofício que será entregue à presidente da corte, Cármen Lúcia. Claudio Lamachia diz que a celeridade na análise das delações não pode ser “negligenciada, sob pena de consequências nefastas”. O histórico do STF indica que haverá longo caminho até o desfecho das ações — e há risco de prescrição em alguns casos.

LULA E MORO (FAVORITOS NO NORDESTE)

Pesquisa qualitativa encomendada por um governador do Nordeste mostrou que, quando o eleitor foi instado a citar um nome para o Planalto que não o do ex-presidente Lula, quem apareceu como primeira opção foi o juiz Sergio Moro. Candidato global.

SAÍDA PELA DIREITA João Doria, que emerge como a opção dos tucanos para o Planalto, vestiria bem o discurso da antipolítica, mas teria o desafio de encontrar uma fórmula para usar sua artilharia contra os que chama de corruptos sem atingir os principais caciques do partido pelo qual se elegeu prefeito de SP.

MESSIAS PARA A CLASSES POLÍTICA? A delação da Odebrecht fez irradiar para além da esquerda a tese de que a candidatura do ex-presidente Lula em 2018 é vital para evitar o extermínio da política. Com o lodaçal lançado sobre diversas siglas, há um trabalho para atrair legendas de centro para a órbita do petista — a começar por caciques do PMDB, que teriam “senso de sobrevivência”. Tudo sob a premissa de que só Lula teria a couraça grossa o suficiente para travar uma batalha campal contra a Lava Jato.

03 DE MAIO ESTA CHEGANDO A articulação está fora da alçada do PT. Para o governador Flávio Dino (PC do B-MA), a “dinâmica que se desenha é de embate entre o ‘Partido da Lava Jato’ e o Lulismo”.

integração SEMANÁRIO

“Há até uma data de lançamento desse confronto: 3 de maio, em Curitiba”, diz. Este é o dia em que Lula irá depor a Sérgio Moro. Aliados do petista querem marcar presença no dia do encontro entre Lula e Moro. Só do Paraná, são esperados 15 mil militantes. Há ainda caravana organizada pela Frente Brasil Popular, que contabiliza quatro ônibus saindo de Brasília e dez do Acre.

ODEBRECHT E A POLÍTICA NO PARANÁ As articulações para definir alianças e nomes de candidatos ao governo do Paraná costumavam ser intensas já no ano que antecede o pleito, seguindo até às vésperas das convenções. Mas o ano de 2017 tem outro ritmo. Embora figuras conhecidas do eleitorado já tenham se lançado na corrida ao Palácio Iguaçu, a Lava Jato e o recente “listão da Odebrecht” paralisaram as conversas em torno da disputa de 2018.

ODEBRECHT E A POLÍTICA NO PARANÁ – PARTE II Dos três partidos políticos com maior representação hoje no Congresso - PMDB, PT e PSDB -, nenhum apresentou até agora um possível nome para a cadeira de chefe do Executivo paranaense. Dos três nomes que até aqui já confirmaram interesse pelo posto – Osmar Dias (PDT), Cida Borghetti (PP) e Ratinho Júnior (PSD) -, o primeiro foi citado nas delações ligadas à empreiteira Odebrecht, divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira (12), e pode se tornar alvo de um processo no primeiro grau da Justiça Federal, já que não detém cargo público hoje.

ODEBRECHT E A POLÍTICA NO PARANÁ – PARTE III Cida e Ratinho Júnior, embora não tenham aparecido no listão da Odebrecht, também pertencem a siglas implicadas na Lava Jato. Além disso, tanto Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, quanto Gilberto Kassab, ministro do governo Temer e principal cacique do PSD, foram alvos das delações da empreiteira.

NOMES FORTES NO PARANÁ PODEM CAIR ANTES Osmar Dias e Beto Richa foram citados por delatores da Odebrecht como beneficiários de dinheiro, não registrado, para suas campanhas eleitorais. Eles negam. Curiosamente, ambos teriam recebido dinheiro da empreiteira nas eleições de 2010, quando eram adversários nas eleições ao governo do Paraná. O tucano derrotou o exsenador no segundo turno do pleito.

COMO FICA GLEISI? A senadora Gleisi Hoffmann (PT) vive momentos bastante distintos no Paraná e em âmbito nacional. Enquanto a paranaense é apontada como uma das principais apostas do partido para o seu projeto de “reconstrução”, a petista vem perdendo espaço no estado que a projetou e no qual começou sua militância política. Em meio a novas denúncias relacionadas à Lava Jato – que apontam que campanhas de Gleisi receberam dinheiro de caixa 2 –, a estratégia da paranaense parece clara: colar na popularidade do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva.

3


integração

ESTAMOS ONLINE!

INTEGRAÇÃO ONLINE

UNE JORNALISMO ANALÍTICO À FLUIDEZ DO LEITOR DIGITAL COM NOVA PLATAFORMA DE INFORMAÇÃO

DA REDAÇÃO

www.integracaoonline.com.br www.facebook.com/semanariointegracao

O Semanário Integração está disposto a expandir as fronteiras entre informação, análise e público. Aliando um jornalismo comprometido a uma publicidade de efeito, o Semanário ultrapassa as páginas impressas e está, a partir de hoje, na plataforma Integração Online. A ideia é que o meio digital atue como extensão autêntica do jornal impresso, contribuindo para ramificar informações correlatas e notícias que se desdobram em diferentes debates. Se no impresso a página é concreta e de extensão limitada, no universo online sempre há espaço para mais informações. Para isso, uma nova experiência se abre e o

4

novo desafio é proposto: como fazer um jornalismo online analítico e criativo? Ressaltamos o caráter analítico porque nem só de quantidade se faz um jornalismo online. É preciso critério e criatividade. Neste quesito, o Integração Online explora o compartilhamento de informações que iniciam o debate no impresso e se desdobram para as multiplicidades do assunto na plataforma digital. Integração Online disponibiliza ainda mais espaço aos debates e às informações de interesse público levando em consideração análises contundentes sobre política, educação, cultura, economia e assuntos locais. Além, é claro, das tradicio-

nais séries de entrevistas com figuras públicas e de relevância para os debates contemporâneos. FOTOGRAFIA E VÍDEO No meio digital, a arte ganha espaço e é uma das principais ferramentas de interação entre o comunicador e o público. Pensando nisto, o Integração Online apresenta seção dedicada à arte de fotografar o cotidiano. A ‘Galeria’ ainda está no começo e já conta com quadro afiado de fotógrafos: Rodrigo Souza, Valde Foss, André Ulysses Salis, além da colaboração dos jornalistas Anderson Costa e Keissy Carvelli. A galeria de vídeos também

contará com colaborações primorosas. O primeiro vídeo em destaque vem da série musical ‘Som em casa’, estrelada pelo publicitário e músico Dan Souza. Outra parceria musical foi consolidada com o Hai Studio, de Curitiba, que fará o compartilhamento da série de clipes acústicos das bandas que se destacam no cenário paranaense. Mais uma colaboração de peso! Os adoradores dos vídeos online também serão contemplados com o compartilhamento de filmes completos de domínio público, sempre com uma matéria explicativa de quebra. Será, de fato, uma novidade ver um filme do Charles Chaplin disponível num site de notícias.


SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS MECÂNICAS E DE MATERIAL ELÉTRICO DE GUARAPUAVA (42) 3626-3804 BRIG. ROCHA, 1736, SALA 02, CENTRO GUARAPUAVA-PR

DEPRESSÃO

LOURDES DE FIGUEIREDO LEAL, FARMACÊUTICA

VAMOS CONVERSAR?

No dia 7 de abril foi comemorado o Dia Mundial da Saúde de 2017 e a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu início a uma campanha sobre depressão, transtorno que pode afetar pessoas de qualquer idade em qualquer etapa da vida. Com o lema “Let’s talk” (“Vamos conversar”, em português), a iniciativa reforça que existem formas de prevenir a depressão e também de tratá-la, considerando que ela pode levar a graves consequências. A depressão é uma doença comum em todo o mundo, com uma estimativa de 350 milhões de pessoas afetadas. A condição é diferente das alterações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da vida cotidiana. Especialmente quando de longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma séria condição de saúde. Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar.

Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano - sendo a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Embora existam tratamentos eficazes conhecidos para depressão, menos da metade dos afetados no mundo (em muitos países, menos de 10%) recebe tais tratamentos. Os obstáculos ao tratamento eficaz incluem a falta de recursos, a falta de profissionais treinados e o estigma social associado aos transtornos mentais. Outra barreira ao atendimento eficaz é a avaliação imprecisa. Em países de todos os níveis de renda, pessoas com depressão frequentemente não são diagnosticadas corretamente e outras que não têm o transtorno são muitas vezes diagnosticadas de forma inadequada. A carga da depressão e de outras condições de saúde mental está em ascensão no mundo. Uma resolução da Assembleia Mundial da Saúde

aprovada em maio de 2013 exigiu uma resposta abrangente e coordenada aos transtornos mentais em nível nacional. Um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, moderado ou grave, dependendo da intensidade dos sintomas. Um indivíduo com um episódio depressivo leve terá alguma dificuldade em continuar um trabalho simples e atividades sociais, mas provavelmente sem grande prejuízo no funcionamento global. Durante um episódio depressivo grave, é improvável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou domésticas. A depressão resulta de uma complexa interação de fatores sociais, psicológicos e biológicos. Pessoas que passaram por eventos adversos durante a vida (desemprego, luto, trauma psicológico) são mais propensas a desenvolver depressão. A depressão pode, por sua vez, levar a mais estresse e disfunção e piorar a situação de vida da pessoa afetada e

o transtorno em si. Há relação entre a depressão e a saúde física; por exemplo, doenças cardiovasculares podem levar à depressão e vice e versa. A depressão é uma das condições prioritárias cobertas pelo Mental Health Gap Action Programme (mhGAP) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O programa visa ajudar os países a aumentar os serviços prestados às pessoas com transtornos mentais, neurológicos e de uso de substâncias, por meio de cuidados providos por profissionais de saúde que não são especialistas em saúde mental. A iniciativa defende que, com cuidados adequados, assistência psicossocial e medicação, dezenas de milhões de pessoas com transtornos mentais, incluindo depressão, poderiam começar a levar uma vida normal - mesmo quando os recursos são escassos. Acesse em www.paho. org/bra/ Ictus: “O importante é se importar com a vida”.

5


PRINCIPAL

Valdemar Arl, agrônomo da Rede Ecovida de Agroecologia

ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

integração

A AGROECOLOGIA TEM SENTIDO QUANDO SE TRATA DE

TRANSFORMAÇÃO

SOCIAL

Os números dos usos de agrotóxicos na produção agrícola brasileira batem todos os recordes. Desde 2008 somos o líder mundial no consumo de agrotóxicos nas mais variadas culturas, da soja à laranja. Entre os líderes, a região Sul é responsável por consumir pouco mais de 20% do total de agrotóxicos comercializados no Brasil. Mais da metade deste consumo está concentrado no Paraná, terceiro estado neste ranking, principalmente nas culturas de soja, milho, trigo, arroz e fumo. Apenas São Paulo e Mato Grosso consomem mais agrotóxicos. Os dados são do Ministério da Saúde. Na contramão destas estatísticas, a agroecologia desponta como assunto fundamental para discussão em relação à atual e futura produção agrícola no Brasil. O tema esteve em pauta no III Encontro de Pesquisa e Iniciação Tecnológica em Agroecologia realizado em Guarapuava na última semana. O encontro foi resultado de projeto financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário em parceria com o CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e reuniu dezessete escolas de acampamento do Movimento Sem Terra (MST) do Paraná, além de lideranças das comunidades. A proposta de vincular a agroecologia ao ensino busca integrar práticas autossustentáveis de produção alimentar e

AGROECOLOGIA, COMUNIDADE E CIÊNCIA Alimentos orgânicos como batata-doce e milho dividiram o espaço dos encontros com o artesanato e produtos das comunidades, além de exposição de atividades produzidas pelos alunos das escolas participantes. Assim, pesquisa, ensino, agro-

6

DA REDAÇÃO IMAGENS: KEISSY CARVELLI

transformação social das comunidades do campo. Para isto, explica Marlene Sapelli, coordenadora do projeto, há diversas facetas que tangem a formação e troca de conhecimentos entre professores, estudantes e representantes das comunidades. “Este evento contribui para o desenvolvimento constante destas comunidades, para sua autossuficiência e para a construção de outro tipo de trabalho no campo. A escolas são importantes para essas comunidades e é um direito. Por isso a proposta de integrar a agroecologia com o ensino”, enfoca a doutora em Educação. OUTRA AGROECOLOGIA É recente a história da institucionalização da agroecologia no Brasil, como explica Valdemar Arl, coordenador do projeto Rede Ecovida de Agroecologia e educador popular. “A agroecologia era uma construção basicamente popular e de conhecimento tradicional que se institucionalizou interagindo com o conhecimento acadêmico. Chega, então, às uni-

ecologia e sociedade distribuíram-se em palestras, debates e oficinas durante os três dias de encontros. Participaram das atividades doutores da UFPR (Universida-

versidades, mas também gera problemas”. Dentre os avanços, está a criação do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) em 2013 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Também desde 1999 o Ministério da Agricultura estabelece normativas de produção dos produtos orgânicos de origem vegetal e animal. Há, porém, outra corrente da qual a agroecologia está inserida. Trata-se do chamado ‘capitalismo verde’, ou ainda o ‘econegócio’, como frisa o agrônomo e doutor em agroecologia pela Universidade de Córdoba (Espanha). “O mercado também se interessa pela agroecologia, porém atua com a mesma perversidade do agronegócio e esta frente também avança criando ideias equivocadas de produção de alimento que preconiza que o produto orgânico deve ser caro”, opina Arl. A integração entre ensino e agroecologia voltada para as comunidades acampadas e assentadas visa à disseminação de

de Federal do Paraná), Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), UFFS (Universidade Federal Fronteira Sul), integrantes do MST (Movimento Sem Terra) e da Rede Ecovida de Agroecologia.

uma ‘outra agroecologia’ que toma fôlego e se posiciona de maneira contrária ao ‘econegócio’. “O que procuramos é massificar a quebra de paradigma que a agroecologia pode representar ao transformar a relação negativa – esta que faz uso de agrotóxicos, por exemplo - entre ser humano e sistema de produção em uma relação positiva. A agroecologia tem sentido, sobretudo, quando se trata de transformação social”, define o agrônomo. Isto significa adotar a confluência das várias ciências e aplicar a agroecologia para a produção ambiental e socialmente saudável. COMUNIDADES DO CAMPO Além de estarem inseridos no contexto científico e agrícola, os movimentos sociais são imprescindíveis para o fortalecimento desta outra agroecologia que corrobora para a autonomia alimentar das comunidades e de sua autossuficiência econômica. Este é o ponto principal que une a agroecologia ao ensino presente nas Escolas de Acampamento. Das escolas participantes do Encontro de Iniciação Tecnológica, seis já possuem práticas de implementação agroecológica nas comunidades com sistema agroflorestal, produção de hortas mandalas e ações de proteção de fontes de água.

AGROTÓXICOS EM NÚMEROS Mais de 887,6 mil toneladas de agrotóxicos foram utilizados no Brasil em 2015, indica estudo publicado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP (Universidade de São Paulo) em novembro de 2016. Os números representam um aumento de 14% em cinco anos.


CENTRO NACIONAL DE FÉ E POLÍTICA DOM HELDER CÂMARA - CEFEP

ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

ESCOLA DE

Fé & Política

integração Todas as quarta-feiras, às 19 horas, no auditório do Ed. Nossa Sra. De Belém (Rádio Cultura). SEMANÁRIO

Rua Quinze de Novembro, 7466 - Centro, Guarapuava - PR. CEP 85010-000 - (42) 3623-6423

GUARAPUAVA - PARANÁ

VENHA PARTICIPAR DE NOSSOS EVENTOS!

http://www.cefep.org.br/ https://www.facebook.com/ esfepolguarapuava

ROTARY CLUB PROMOVE 11º BARREADO DA AMIZADE UNINDO GASTRONOMIA TÍPICA E SOLIDARIEDADE DA REDAÇÃO O barreado, prato típico do litoral paranaense, mais uma vez será o motivo de encontro entre rotarianos e a comunidade. A gastronomia típica une-se aos princípios da solidariedade no 11º Barreado da Amizade promovido pelo Rotary Club de Guarapuava no feriado de 1º de Maio. As porções do famoso barreado serão servidas individualmente em embalagem disponibilizada pelo Rotary com acompanhamento de arroz, farinha de mandioca e banana. As porções deverão ser retiradas exclusivamente no local das 12h às 13h30. Os ingressos já estão disponíveis nos locais de venda e também pelo site www.rotaryguarapuava.org.br. O valor individual é de R$35. Toda a renda será destinada aos projetos do Rotary em favor da comunidade.

11º BARREADO DA AMIZADE Quando: 1º de Maio Local: Casa da Amizade, Rua Visconde de Guarapuava n° 517 Horário: das 12h às 13h30 Pontos de venda: Agroboi, JV Vidraçaria, Futura educação profissional, Lavanderia Paris, Extintores São Critõvão e pelo site www. rotaryguarapuava. org.br

(42) 3624 - 1252 (42) 99865 - 9520 (42) 99126 - 6476 (JUREMA)

- GRANITO; - VIDROS COLORIDOS; - VIDRO TEMPERADO; - PORTAS; - BOX; - MUROS; - ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO.

Rua Pe. Honorino João Muraro, 389 Vila Carli - CEP 85040-180

7


COLUNISTA

ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

integração

DE ANTROPOFAGIAS A TEOFAGIAS, E DE VOLTA (FINAL, 1)

A CONTRA-ANTROPOFAGIA, DE MANUEL DA NÓBREGA A TUPINQIUA PROF. DR. MANUEL MOREIRA DA SILVA DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA, UNICENTRO

8

Uma política antropófaga funda uma economia respectiva, uma cultura nacional e mesmo uma civilização. Há exemplos disso em vários lugares no mundo atual, inclusive nos assim chamados Estados Unidos da América. A antropofagia fortalece aqueles que a assumem, sua regra de ouro é não salvar aqueles que, no jogo que se dispuseram a jogar, terminaram por perder. Não seguir essa regra é praticar a contra-antropofagia, algo que tornara Tupinqiua o mais novo exemplo de país contra-antropófago. De um lado aceita humildemente a invasão alheia e submete seus próprios filhos a potências estrangeiras, entregando a estas as riquezas da terra. De outro, salva justamente aqueles que, irmanados pela idiotia política, fazem da política o reino do privado e do singular; por conseguinte, do idiota (idiótes, em grego antigo). Uma doença, talvez, já presente em todos os poderes. O resultado é um país cada vez mais fraco, que não consegue nem mesmo fazer

o básico de sua higiene política ou econômica. Quer dizer, faxinar sua cozinha, sala, banheiros e quartos de modo a retirar o entulho e os trastes que aumentam o consumo e diminuem a capacidade operativa do país. Entulho e trastes que, não obstante, abocanham para si o que deveria ser utilizado em benefício do que há de sadio e de não parasitário na política e na economia tupinqiua. As doenças vindas de fora e que no passado dizimaram tupinambás, tupiniquins e outros povos originários, hoje, memetizadas em formas as mais diversas, destroem o pouco que sobrevivera ou que se reconstruíra nesse país de “meu Deus!”. A fraqueza é tal que mesmo o que resta de originário tem de viver submergido para não se ver presa de mercenários travestidos de amigos. Fraqueza é o que leva à covardia e à violência contra as mudanças necessárias e naturais na vida concreta; logo, ao retrocesso e ao que há de mais reacionário em matéria de política. Uma

empresa privada – seja de telefonia, seja um Banco etc. – que deve valores exorbitantes ao Governo, em razão de falcatruas as mais diversas ou de simples inapetência para concorrer no assim chamado livre mercado; tal empresa deveria ser “salva” com recursos governamentais destinados, por exemplo, a serviços públicos como saúde, educação e outros? Igualmente, empresas que operam por concessão pública, como as de rádio e televisão (as quais, em geral, também devem quantias importantes ao Erário), e, junto com elas, políticos reconhecidamente corruptos e, portanto, idiotas – em sentido grego antigo –, para se preservarem, impedem todo e qualquer tipo de concorrência leal, chegam mesmo ao mais mesquinho do jogo de interesses. No limite derrubam governos e lideram golpes de estado. Eis, pois, o que há de mais contra-antropófago. Algum espírito rematerializara o Tratado perdido do antigo jesuíta Manuel da Nóbrega? (Continua)


ESPORTE

ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

integração SEMANÁRIO

2ª ETAPA DO CAMPEONATO GUARAPUAVANO DE CICLISMO É NESTE DOMINGO (23) INSCRIÇÕES PODEM SER FEITAS ANTECIPADAMENTE NAS LOJAS PARTICIPANTES E ANTES DO INÍCIO DA COMPETIÇÃO IMAGENS: CGMTB

O circuito do ciclismo em Guarapuava não perde o fôlego nem a pedalada. Neste domingo (23) será realizada a 2ª etapa do Campeonato Guarapuavano de Ciclismo na modalidade Marathon de Mountain Bike. No total, serão seis etapas durante todo o ano com datas a serem definidas. O percurso principal, denominado Trilha da Visage, é de 40km com largada no Parque das Araucárias às 7h30. São 12 categorias para as equipes distribuídas pelo critério do

gênero e idade. Para a categoria kids (de 07 a 10 anos) e juvenil (de 11 a 14 anos) o percurso será alternativo e menos extenso. Haverá premiação para as equipes vencedoras e troféu para a equipe com maior número de inscritos. Para os ciclistas de primeira viagem, as opções são as categorias casal e turismo, que permitem a participação livre sem competição. As inscrições devem ser feitas até às 12h de sábado (22) nas lojas Daio Bikes; Urubu Bikes; Xuxa bikes; Bik’s

Store; Koncept e Kopanski. O valor da inscrição é de R$50 e acompanha cupom para sorteio de uma bicicleta que será sorteada ao final do campeonato. Os participantes também poderão se inscrever no local do evento antes da largada, porém não recebem o cupom para o sorteio. O CGMTB é organizado pelo Grupo Fenix de ciclistas. Mais informações pela página do Facebook / CampeonatoGuarapuavanodeCiclismo.

A farmácia que vende mais barato no brasil! FARMÁCIAS

PRECINHO SAUDÁVEL CLIENTE FELIZ!

ENTREGAS A DOMICÍLIO

3622 7000 3035 6577 3623 7572 9


COLUNISTA

ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

integração

AINDA É PRECISO DESNATURALIZAR AS MULHERES ROSEMERI MOREIRA É DOUTORA EM HISTÓRIA E PROFESSORA DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UNICENTRO. TAMBÉM É INTEGRANTE DO LABORATÓRIO DE HISTÓRIA AMBIENTAL E ESTUDOS DE GÊNERO E DA REDE DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. EMPRESARIAL. “Não se nasce mulher...” A citação, sempre tão referida, de Simone de Beauvoir, está completando 66 anos. Infelizmente, na sociedade contemporânea, inúmeras pessoas ainda não tomaram conhecimento dos debates diversos que desnaturalizaram o mundo social. Desnaturalização que se refere às classes sociais, as questões étnico-raciais e em relação à situação de desigualdade das mulheres no mundo. “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, é a frase de abertura da obra da filósofa francesa escrita em 1949. No debate acadêmico, desde o século XIX, pelo menos, é lugar comum a consideração que os seres humanos são uma construção social e cultural. Somos produto da sociedade que vivemos. A nossa maneira de pensar e de agir tem uma relação direta com o tipo de sociedade que nascemos e vivemos. Nascemos, crescemos e vivemos em sociedades que já possuem códigos e sistemas simbólicos relativos aos nossos corpos. O ato de comer, o vestir, o trabalho,

o lazer, as práticas sexuais, ou seja, os usos físicos do corpo dependem de um conjunto de sistemas simbólicos, os quais já estão incrustados nas sociedades. A partir desses sistemas somos postos e também nos sentimos: incluídos/excluídos; classificados ou desclassificados; belos/feios; confortáveis/desconfortáveis. Tudo isso a partir de hierarquias criadas historicamente que incidem sobre os corpos. As classificações: homem/mulher, branco/não-branco, magro/gordo, hetero/homo, jovem/idoso, etc., ainda são base de discriminação e desigualdade social e/ ou econômica. Os olhares sociais que hierarquizam as pessoas a partir do corpo criam eixos tangíveis das diferenças, os quais servem como uma espécie de muleta social para defensores das desigualdades. Nessa perspectiva, as diferenças e desigualdades entre as pessoas estão inscritas em uma natureza, não sendo, portanto, situações passíveis de transformações. Dessa forma, as desigualdades sociais entre homens e mulheres (também entre brancos e não-brancos) são explicadas e legitimadas. Ou seja, são conformadas. É necessário compreender que os significados atrelados aos termos citados acima, de forma dicotômica, são produzidos historicamente e de forma diferencial e hierárquica. São oposições binárias, em que existe um termo dominante e um termo subordinado. A oposição – homens/mulheres - é uma maneira de estabelecer significado sobre o mundo social e sobre

o corpo das pessoas com genitálias masculina ou feminina. Junto ao chamado sistema binário “homem/mulher”, termos irredutíveis e auto-excludentes, se entrelaçam muitos outros. Diversos binarismos são fundantes do chamado pensamento moderno: racionalidade/sensibilidade; Ciência/religião; público/privado; Estado/família; guerra/paz; objetividade/ subjetividade; sujeito/objeto. Tenho certeza que vocês leitoras/es sabem relacionar essas dicotomias às ideias de homem e de mulher, de masculino e feminino que foram construídas no mundo ocidental. Essas dicotomias são construções do pensamento liberal levadas a cabo em meio às chamadas Revoluções Democráticas Burguesas (séc. XVIII) e seguem como fundadoras do Estado liberal. As premissas políticas do liberalismo têm por base a ideia de Igualdade Universal e defendem que todas as pessoas são (ou deveriam ser) iguais perante as leis. Essas revoluções, que instituíram os estados democráticos de direito, inauguraram a concepção de cidadania, democracia, e estabeleceram Estados pautados por Constituições. No entanto, não posso deixar de apontar que ao mesmo tempo em que levaram adiante o abandono da desigualdade de status pelo nascimento (nobreza x burguesia), nesses estados democráticos pioneiros (França, EUA e Inglaterra) foram mantidas as desigualdades de sexo/gênero, classe social e etnia/raça. No caso dos EUA, por exemplo, após

a Guerra da Independência (1775– 1783), foi mantida a escravidão negra e vetado o voto às mulheres. Ou seja, a partir da experiência concreta dessas revoluções foi construído em Estado, que em nome do “todos”, base do direito liberal, excluiu as mulheres, os negros e os pobres do debate político e de espaços de poder. Teoricamente, para justificar a exclusão das mulheres e dos não-brancos, diversos revolucionários se utilizaram da ideia de natureza feminina versus natureza masculina e inferioridade racial dos não brancos. Devido ao seu corpo, especificamente a sua genitália e a capacidade de reproduzir a vida humana, as mulheres estavam destinadas pela natureza aos cuidados domésticos, à família, aos filhos, aos idosos, etc. Ou seja, o mundo público, a racionalidade, a política, o Estado, a ciência, a guerra e a rua eram atribuições e lugares simbólicos naturalmente masculinos. Para as mulheres caberiam: a família, a religião, a sensibilidade, a paz, a casa, a fé. Essa ideologia, chamada de Sexismo, vigora em muitas sociedades até os dias atuais. Essa estrutura cultural (e econômica) continua sustentando a produção e reprodução da desigualdade entre homens e mulheres no mundo contemporâneo. No que tange aos direitos das mulheres, se o século XXI ainda não é bem vindo para tanta gente, que ao menos se abram aos debates do século XIX e desnaturalizem as mulheres, os homens e demais desigualdades.

Vidros

Guaracal Rua XV de Novembro, 3749 Guarapuava - PR (42) 3623-5725 10


VERSO A VERSO

ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

FP RODRIGUE S

POR LÁ NA ADRIAN VILA CLARINDO

integração SEMANÁRIO

Lá na vila sempre houve o louco. O louco da vila. “Aquele é louco” diziam. A piazada judiava, a rapaziada dava risada, e o louco ficava sempre um pouco inferiorizado, sempre um pouco menosprezado, alheio às brincadeiras todas. Um dia fui tomar café na casa do louco. E tenho turva a memória de brincar com ele, de correr em volta da casa (a piazada na vila adora correr), e tenho límpida na cabeça a imagem de eu tomando café lá, e de ser servido pedaços enormes de bolo, e de vergonha, de caipira, de ingênuo, de criança boba comer tudo, empurrar para dentro, para não deixar nada no prato. O pai do louco apertou a minha mão no final. E eu não entendi direito naquele momento. Dias depois veio a época de se dançar na escolinha. Cada um tinha de ter um par. Eu não dançava, de vergonha, de medo, de burrice: eu era caipira demais para me vestir de caipira. E todo mundo formou o casalzinho de dança, menos o louco. E uma moça da minha rua se candidatou à vaga de par da insanidade. Heroica, ela dançou com o rapazinho que ninguém queria por perto, que ninguém queria ser visto ao lado, ela dançou. E eu assisti em meu coração a eles dando as mãos, formando um par, e dançando a música que como uma névoa pintava de sons aquele momento. O rapazinho deu seu estilo aos movimentos. E dançou bem, pois o que é a dança senão o gesto inesperado perante a gramática óbvia dos atos humanos? Quando tudo terminou, o rapazinho ficou feliz, a moça ficou feliz, e o bailinho aconteceu. Comecei aí a entender o aperto de mão do pai do garoto. Tudo que se queria era que aquele garoto recebesse atenção, que pudesse ser quem quisesse ser, e para ser quem se quer ser não basta somente ser, tem de se ser com alguém. É quando se recebe da interação humana que se pode perceber os próprios contornos. O pai do garoto deu é um abraço naquela menina, mas ela ficou sem pedaços enormes de bolo. Aquela menina que dançou com o invisível, que abraçou o quase Quasímodo, que formou a cena impensável para todos ao redor, juntou o desprezo de cada um, o rancor, o ódio, a discriminação, e fez de tudo isso um palco, e dançou a dança até os limites do amor. E isso foi há anos, sem a bajulação de desconhecidos através das redes dos computadores, sem fotos, sem tecnologias modernas registrando. Gravou-se nos meus olhos, no entanto, a cena que o universo deve ter parado para assistir. Eu tenho certeza de que naquele dia o próprio Deus foi plateia.

11


ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

ENERGIA ÉNOSSO

integração

FORTE! Av. Sebastião Camargo Ribas, 1737 Telefone. (42) 3624-2748 Bonsucesso - CEP 85055-000 Guarapuava - Paraná megasul@megasul.net www.megasul.net

12

> PROJETOS > INSTALAÇÃO > DISTRIBUIÇÃO > CONTROLE > CONSULTORIA > ASSESSORIA


A partir de 12 de Maio estará disponível o saque do FGTS de contas inativas de trabalhadores nascidos em Junho, Julho e Agosto. Os saques deverão ser feitos até 31 de Julho. De acordo com a MP 763/16 tem direito ao saque das contas inativas do FGTS todo trabalhador que pediu demissão ou teve seu contrato de trabalho finalizado por justa causa até 31/12/2015. Para realizar o saque, os trabalhadores que possuem saldo de até R$1.500,00 deverão ir à agência da Caixa Federal com a senha Cartão do Cidadão. Para saques superiores a R$3.000,00 é necessária a apresentação do Cartão Cidadão. Os saques também poderão ser feitos nas Lotéricas diante de apresentação do documento de identificação do trabalhador, Car-

tão do Cidadão do Cidadão e senha. Clientes correntistas da Caixa Federal poderão solicitar o crédito automático na conta através de liberação no site www.contasinativas.caixa.gov.br. CONSULTAS A Caixa Federal disponibiliza dois modos de atendimento ao trabalhador que deseja obter mais informações sobre o saldo disponível, as datas limites e os locais para site. Acesse o site da Caixa Federal (www.caixa. gov.br/contasinativas) ou linha para 0800 726 2017. Outra opção para obter informações é através do aplicativo FGTS disponível para Android, iOS e Windows Phone. O download é gratuito.

TRABALHADORES NASCIDOS EM JULHO, JULHO E AGOSTO PODERÃO EFETUAR SAQUES A PARTIR DO DIA 12. A SUL BRASIL EM GUARAPUAVA OFERECE ATENDIMENTO AO PÚBLICO DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, EXCETO FERIADOS, DAS 9H30 ÀS 17H, PELO TELEFONE 42 3035-3334. NA INTERNET DÚVIDAS PODEM SER ENVIADAS PARA WWW.SBSSULBRASIL.COM.BR PARA INVESTIR PARTE DO DINHEIRO DA POUPANÇA NA PREVIDÊNCIA PRIVADA, CONSULTE A SULBRASIL

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

NOVA REMESSA DE SAQUES DE FGTS SERÁ LIBERADA A PARTIR DE MAIO DA REDAÇÃO

SEGURANÇA

SEMPRE

RUA MARECHAL FLORIANO PEIXOTO, 1359 GUARAPUAVA - PR (42) 3035-7677

sbssulbrasil.br 42 3035-3334 13


PÍLULAS POÉTICAS

ED. 100 | ANO IV - DE 13 A 21 DE MARÇO DE 2017

integração

NÃO É FOTOGRAFIA É DESENHO!

DA REDAÇÃO A tarefa de traduzir uma imagem em um desenho feito com grafite e lápis coloridos pode parecer desafiador a qualquer um de nós. Para a guarapuavana Patrícia Souza Santos, porém, a habilidade com os traços é característica que cultiva desde a infância e que aflora, atualmente, em obras com alto nível de plasticidade. O caráter realista de todas as obras da artista é capaz de gerar a dúvida, ‘é desenho ou fotografia?’

O REALISMO NOS TRAÇOS FEITOS À MÃO TRAZ A CARACTERÍSTICA DO FIDEDIGNO E DA TRANSPOSIÇÃO REAL DE UMA IMAGEM FOTOGRAFADA PARA O PAPEL.

Diversos modelos de Molduras, para telas, porta-retratos, espelhos, etc.

14

OBRAS REALISTAS FAZEM PARTE DA EXPOSIÇÃO ‘É DESENHO’ DE PATRÍCIA SOUZA SANTOS. VISITAÇÃO TEM INÍCIO NO PRÓXIMO DIA 12, NA BIBLIOTECA DO CAMPUS CEDETEG.

É desenho, como denota o título da exposição. E é ultra realista. Diferente do surrealismo e do desenho artístico de cunho livre, por exemplo, o realismo nos traços feitos à mão traz a característica do fidedigno e da transposição real de uma imagem fotografada para o papel. EXPOSIÇÃO Os traços da artista plástica certamente vão encantar o público durante a exposição ‘É Desenho’, com início no próximo dia 12, na Biblioteca da Unicentro no campus Cedeteg. As obras ficam expostas até o dia 6 de Junho e de lá migra para o Centro de Exposições do campus Santa Cruz a partir do Julho. Até lá, o público pode se admirar com o desenho realista de Patrícia pela página facebook.com/patriciadesenhos e pelo twitter @ patidesenhista.

- Vidros temperados; - Vidros comuns; - Box para banheiro;

- MOLDURAS; - Espelhos; - Vitrines;

(42) 3624 - 3848 jvvidracaria@hotmail.com Av. Castelo Branco, 1062 Guarapuava - PR.


INFORME

ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

integração SEMANÁRIO

FACULDADE GUAIR ACÁ ABRE INSCRIÇÕES PARA ESCOLA DE T ÊNIS ASSESSORIA A Faculdade Guair acá acaba de lançar mais um gra nde projeto de incentivo à prática esportiva no município, ampliando a oportunidade para aqueles que desejam fazer alguma modalidade , seja criança, jovem ou adulto. A Escola de Tênis Gu airacá conta com uma comple ta infraestrutura, incluindo uma qu adra coberta. Os treinos podem ser praticados de forma individual, em du pla ou em grupo e, para isso, a ins tituição disponibiliza as raquetes. À frente do centro de formação está o técnico Anton io Roberto Dalla Vecchia Rodrigues, credenciado pelo Conselho Regional de Educação Físi-

ca e com experiênc ia de 10 anos em quadra. Ele contou que durante as aulas os participante s aprenderão as regras básicas do tên is, como segurar corretamente na raq uete, sacar, defender e técnicas espec íficas do esporte. A Escola de Tênis Guairacá está com inscrições ab ertas para novas matrículas. Podem participar das aulas crianças, jovens e adultos. Quem já pratica o esporte tam bém vai poder aprimorar sua técnic a. As inscrições podem ser feitas na Secretaria do Colég io Guairacá, das 7h40 às 12h e das 13 h às 17h30. Mais informações podem ser obtidas com o instrutor Antonio Ro berto pelo telefone (42) 99165-2206.

+fortes somos

15


ED. 103 | ANO IV - DE 06 A 19 DE ABRIL DE MARÇO DE 2017

16

integração

COROLLA XEI 2.0 AUT 2014 44.900KM Ar condicionado digital/ Direção hidráulica/ Vidros-travasretrovisores elétricos/ Airbag duplo e lateral/ Freios ABS/ Farol de neblina/ Rodas de liga-leve/ Cambio automático/ Abertura interna porta-malas/ Kit multimídia DVD-CAMERA RÉ- GPS-USB-AM-FM-AUX/ Manual do proprietário e chave reserva

S10 LTZ 2014 FLEX 34.500KM Ar condicionado digital/ Direção hidráulica/ Vidros-travasretrovisores-banco motorista elétricos/ Bancos de couro Airbag duplo/ Freios ABS/ Farol de neblina/ Rodas de ligaleve/ Cambio automático/ Kit multimídia DVD-CAMERA RÉ- GPS-USB-AM-FM-AUX/ Manual do proprietário e chave reserva

ETIOS CROSS 1.5 2014 21.000KM Ar condicionado/ Direção elétrica/ Vidrostravas-retrovisores elétricos/ Alarme/ Limpador e desembaçador traseiro/ Farol de neblina/ Rodas liga-leve/ Porta luvas climatizado/ Airbag duplo/ Freios ABS/ Manual do proprietário e chave reserva

SANDERO STEPWAY 1.6 2014 37.200KM Ar condicionado/ Direção hidráulica/ Vidros-travas eletricas/ Alarme/ Limpador e desembaçador traseiro/ Rodas liga-leve/ Som original USB-MP3-AM-FM/

FIESTA SEDAN 1.6 2008 78.000KM Ar condicionado/ Direção hidráulica/ Vidros-travas eletricas/ Alarme/ Abertura interna porta-malas/ Única dona/ Som MP3-USB-AM-FM

SPACEFOX ROUTE 1.6 2010 77.000KM Ar condicionado/ Direção hidráulica/ Vidros-travasretrovisores elétricos/ Rodas de liga-leve/Som original/ Limpador e desembaçador traseiro/

HILUX SRV 3.0 DIESEL 2014 83.000KM Ar condicionado digital/ Direção hidráulica/ Bancos de couro/ Vidros-travas-retrovisores-banco motorista elétricos/ Piloto automático/ Rodas liga-leve/ Kit multimídia GPS-TV DIG-USB-AUX-AM-FM-CAMERA RÉ-BLUETOOTH/ Todas as revisões na concessionária/ Airbag duplo/ Freios ABS

NEW FIESTA SEDAN SE 1.6 2014 40.000KM Ar condicionado digital/ Direção hidráulica/ vidros-travasretrovisores elétricos/ Farol de neblina/ Rodas liga leve/ Som original MP3-USB-BLUETOOTH-AM-FM/ Unico dono/ Todas revisões na concessionária/ Airbag duplo/ Freios ABS (IMAGEM ILUSTRATIVA)

408 ALLURE 2.0 2016 15.900KM Ar condicionado digital/ Direção hidráulica/ vidrostravas-retrovisores elétricos/ Farol de neblina/ Rodas liga leve/ Kit multimídia GPS-CAMERA RÉ-BLUETOOTH-AM-FM-DVD/ Unico dono/ Airbag duplo/ Freios ABS (IMAGEM ILUSTRATIVA)


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.