Revista Pensamento Ibero-Americano nº 6. Gustavo Grobocopatel

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El aumento de las desigualdades: Desigualdad y¿qué política podemos fiscal hacer en América al respecto? Latina / 99

Caminhar na direção correta, o mais depressa possível

Gustavo Grobocopatel* Grupo Los Grobo

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) serão alcançados quando se coordenarem e alinharem as visões e ações de toda a sociedade, especialmente das empresas e do Estado, que são as organizações onde a energia do homem tem mais consequências sobre a vida quotidiana.

Grande parte dos desafios dos ODS são abordados a partir de ecossistemas onde os agronegócios e o âmbito rural têm uma ação predominante. Dar à humanidade segurança alimentar, desenvolver atividades em harmonia com a natureza e enfrentar a luta contra a pobreza, podem resolver-se se formos capazes de alinhar o trabalho do setor privado e do público, pois a sua complexidade e profundidade exigem uma abordagem sistémica, que também integre a sociedade no seu conjunto. Pensamos que estamos no lugar adequado —as Américas— e no setor e momento adequados, já que nas próximas décadas a procura dos nossos produtos irá crescer em quantidade e qualidade. Temos um compromisso para com os habitantes deste mundo de os fornecer atempadamente e em devida forma.

* Engenheiro agrónomo, presidente do grupo Los Grobo; músico.


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Não há outra região no planeta com as condições das Américas para proporcionar os alimentos que virão a ser necessários e as matérias primas para a construção, vestuário, medicamentos e outras múltiplas utilizações.

Precisamos de instituições deste século e de um Estado deste tempo: um Estado facilitador, construtor de bens públicos, um Estado que aprenda e se transforme permanentemente. A região é uma vasta plataforma fotossintética que transforma o sol e a água em múltiplos produtos que saem dos nossos vales, planícies, florestas, montanhas, rios e mares. Temos água em abundância e barata, muito mais do que no resto do planeta. Mas, sobretudo, temos a cultura de cultivar, que provém da América ancestral e remota e que foi adquirida e melhorada por migrações recentes. Sobre estes fundamentos encontramonos cavalgando às costas de uma convergência tecnológica sem antecedentes nem limites conhecidos. A biotecnologia permite conceber instalações transformando-as em “fábricas” que absorvem CO2 e

utilizam energia solar. São a base de uma nova revolução industrial verde que ocorrerá nas zonas rurais do nosso continente. Serão acompanhadas por uma nova química, a microbiologia, que domestica micro-organismos, e pelas tecnologias para semear sem remover a terra. Pela primeira vez na história “agricultor” não é sinónimo de “lavrador” e vamos poder entregar aos nossos filhos solos melhores do que aqueles que recebemos. A robótica, agricultura de precisão, nanotecnologia, gestão baseada na inteligência artificial, internet das coisas, aprendizagem das máquinas, uberização da logística e serviços, irão alterar as formas de organização, a divisão do trabalho e o uso dos ativos. Os povos das Américas devem receber estas transformações com esperança e autotransformarem-se para as interiorizar. Os empresários estão perante o desafio de criar ecossistemas de negócios sustentáveis e inclusivos, integrando atividades complexas e diversas. Por exemplo, a integração dos agronegócios com a gastronomia, turismo e serviços especializados baseados em IT que convergem para tornar estes produtos mais competitivos e sustentáveis. Os desenvolvimentos económicos devem integrar a linguagem da vida e devemos comunicar com a natureza criando uma relação sinérgica com mais vida e diversidade. Também devem convergir os mundos, as culturas da ciência e da empresa, devendo o Estado facilitar esses fluxos.


Caminhar na direção correta, o mais depressa possível. / 101

Mas não há garantias de sucesso e temos de nos preparar. Os empresários, Estados e organizações da sociedade devem trabalhar em conjunto para realizar este processo com esperança, incluindo as maiorias e criando progresso para muitos e inclusão para todos. Também precisamos de instituições deste século e de um Estado deste tempo: um Estado facilitador, construtor de bens públicos, um Estado que aprenda e se transforme permanentemente. Um Estado que lidere as transformações e as torne numa façanha coletiva. Estes processos de transformação devem ser conduzidos e orientados no quadro de um objetivo claro. Qual é o

sentido deste processo? Não devemos perder de vista que se não criarmos bem-estar com dignidade, os nossos esforços e ações perdem a razão de ser. O resultado deste trabalho não deve ser medido em função do que damos, mas do que as pessoas recebem ao incrementarem as suas capacidades. Segundo Amartya Sen, prémio Nobel da Economia, estas são: ser mais livre, mais autónomo, mais empregável, mais empreendedor, mais solidário e mais saudável. Se as conseguirmos criar através das nossas ações estaremos no caminho correto e se não o conseguirmos, deveremos corrigi-las. O que não podemos é estar distraídos; não só temos de caminhar na direção correta, temos também de o fazer o mais rapidamente possível.


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