Circuito de Festivais de Teatro

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DEPOIMENTO (registro do ENCONTROS POSSÍVEIS de 2014) Por Julia Varley (Odin Teatret)

Fiora Bemporad

Assim como no Pantanal, onde eu vi animais selvagens que não apresentam medo de estarem próximos do ser humano, através do ENCONTROS POSSÍVEIS eu conheci artistas que ainda acreditam no teatro. São dois momentos que percebo serem de grande privilégio, na rotina da minha vida de atriz: poder presenciar a beleza selvagem da natureza que não se deixa domesticar, mas confia, e encontrar pessoas com quem a troca de experiências faz revelar suas histórias. As duas situações fortalecem o otimismo para olhar o futuro. Conhecer Juliana Capilé, Tatiana Horevicht e seus colaboradores e poder contar com seu profissionalismo e precisão na organização tem sido um prazer. Elas souberam reunir diferentes diretores como Eugenio Barba, João Brites e Amauri Tangará estimulando sua curiosidade mútua para conhecer os motores de sua criação, revelando as raízes em suas biografias. Os participantes do seminário puderam se aproximar, não só do ofício, mas também da humanidade dessas pessoas, no entorno sonhador da Chapada. O Encontro de 2014 também me presenteou com outras pessoas do convívio de trabalho do Odin, como Marylin Nunes, Luciana Martuchelli, Patricia Furtado, que reforçam nossa ligação com o Brasil. Sabemos que Juliana e Tatiana serão hábeis defensoras desta ligação, sonhando outra possibilidade de encontro no futuro, na Dinamarca e no país delas. Enquanto for possível, estaremos sempre disponíveis para segui-las nos seus projetos.

NOTAS SOBRE AS POSSIBILIDADES DO ENCONTRO ENTRE EUGENIO BARBA E JOÃO BRITES (registro do ENCONTROS POSSÍVEIS de 2014) Luiz Carlos Garrocho1 Convidado a mediar o encontro entre Eugenio Barba (Odin Teatret – Dinarmarca) e João Brites (O Bando – Portugal), deparei-me com uma enorme dificuldade: como fazer uma ponte entre as trajetórias singulares desses dois artistas/mestres? Entre dois mundos, o que se passa? Esse foi o problema que procurei enfrentar na mediação: as possibilidades desse encontro, que desenvolvo um pouco mais propriamente num pequeno artigo que escrevi, disponível, na íntegra, no blog nucleodepesquisasteatraismt.blogspot.com.br. O que segue é, portanto, um brevíssimo extrato do que foi ali escrito. – Os dois se percebem como imigrantes no território do teatro: Uma anotação: isso proporcionou a eles uma posição estratégica. Em Barba, isso aparece, sobretudo, na escuta do outro – nessa antropologia do corpo, dos sinais que poderiam ressaltar uma amizade ou inimizade, uma hospitalidade ou hostilidade: “Quando alguém falava comigo, o que estava dizendo? Era uma ameaça, uma oração, uma ordem, um elogio?” (BARBA, 2010, p. 78). Que produz um reposicionamento nômade e a-centrado em relação a esse território que é o teatro profissional e ocidental. 1 Criador, pesquisador e professor de Teatro. É graduado em Filosofia (UFMG), com doutorado em Artes (UFMG). Participa do Coletivo Contraponto (MG). O texto encontra-se, na íntegra, no sítio: http://nucleodepesquisasteatraismt.blogspot.com.br.

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