VetScience Magazine n°15

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ISSN 2358-1018

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MAG AZ I NE Número 15

ONCOLOGIA VETERINÁRIA UMA CIÊNCIA QUE EVOLUI A CADA DIA

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ÍNDICE

06. ONCOLOGIA 06. TUMORES MAMÁRIOS EM CADELAS 08. A IMPORTÂNCIA DO EXAME DE IMUNOISTOQUÍMICA NA ONCOLOGIA VETERINÁRIA 10. ASPECTOS PRÁTICOS E TÉCNICAS COMPLEMENTARES DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS

32. ALERGOLOGIA

36. MED. LAB. DE FELINOS

32. DERMATITE ATÓPICA E OS PRINCIPAIS ALÉRGENOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DA ALERGIA EM CÃES

36. LIPIDOSE HEPÁTICA FELINA

33. DERMATITE ATÓPICA FELINA

13. ELETROQUIMIOTERAPIA COMO MODALIDADE DE TRATAMENTO EM NEOPLASIAS DE CÃES E GATOS 16. COLETA E ENVIO DE EXAME HISTOPATOLÓGICO 19. A CITOLOGIA NO DIAGNÓSTICO DE TUMORES 22. COLORAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS ESPECIAIS 25. LEUCEMIA EM CÃES 28. IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DAS MARGENS CIRÚRGICAS EM ONCOLOGIA VETERINÁRIA 30. MASTOCITOMA – NEOPLASIA CUTÂNEA MAIS FREQUENTE NO CÃO

39. PATOLOGIA CLÍNICA 39. ESTUDO COMPARATIVO SOBRE EXAMES LABORATORIAIS REALIZADOS EM AMOSTRAS DE MATERIAIS HUMANOS E DE ANIMAIS

Colaboraram neste número: Dr. Eduardo Maia, Dr. Guilherme Stancioli, Dra. Isabela de Oliveira Avelar, Dra. Janete Madalena da Silva, Dr. João Paulo Fernandez Ferreira, Dr. João Paulo Franco, Dr. Luiz Eduardo Ristow, Dra. Marcela Ribeiro Gasparini, Dr. Otávio Valério de Carvalho e Dr. Tiago Luis Santos Gonçalves. Todos membros da Equipe de Médicos Veterinários do TECSA Laboratórios. Além do Médico Patologista Dr. Afonso Alvarez Perez Jr. Contribuíram também para este número os renomados Colegas: Dra. Carolina Ferreira Plá (ZOOTEC), Dr. Felipe Augusto Ruiz Sueiro (VETPAT), Dr. Guilherme Lages Savassi Rocha (Clínica Veterinária Dr. Guilherme Savassi) e Dra. Mariana Fernandes Cavalcanti (ONCOVIDA SAÚDE ANIMAL).

Obs.: os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam necessariamente, a visão e opinião do TECSA Laboratórios.

EXPEDIENTE Editores/Publishers:

CIRCULAÇÃO DIRIGIDA

Dr. Luiz Eduardo Ristow . CRMV-SP 5560S . CRMV-MG 3708 . ristow@tecsa.com.br Dr. Afonso Alvarez Perez Jr. . afonsoperez@tecsa.com.br Equipe de Médicos Veterinários TECSA . tecsa@tecsa.com.br

A revista VetScience® Magazine é uma publicação do Grupo TECSA dirigida somente aos médicos veterinários, como parte do Projeto JORNADA DO CONHECIMENTO, criado pelo mesmo. Este projeto visa a universalização do conhecimento em Medicina Laboratorial Veterinária. A periodicidade é Bimestral, com artigos originais de pesquisa clínica e experimental, artigos de revisão sistemática de literatura, metanálise, artigos de opinião, comunicações, imagens e cartas ao editor.

Diagramação: Sê Comunicação . se@secomunicacao.com.br Contatos e Publicidade: comunicacao@tecsa.com.br Av. do Contorno , nº 6226 , B. Funcionários, Belo Horizonte - MG – CEP 30.110-042 PABX-(31) 3281-0500

Tiragem: 5000 revistas . Publicação Bimestral Na Internet: www.vetsciencemagazine.com.br

ISSN: 2358-1018

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Grupo TECSA – Referência de precisão, tecnologia e inovação desde 1994!


ONCOLOGIA

TUMORES MAMÁRIOS EM CADELAS

Generalidades

Em cães, os tumores de pele são os tumores mais freqüentes seguidos das neoplasias mamárias. Em fêmeas, cerca de 50% das biopsias recebidas pelo TECSA são tumores mamários. Comparativamente, a incidência de neoplasias mamárias em cadelas é aproximadamente três vezes mais alta do que na mulher. Neste contexto, a significativa importância dessa enfermidade exige a atenção do clínico quanto ao reconhecimento processo neoplásico e diagnóstico precoce e preciso. Esses tumores ocorrem com maior freqüência em cadelas entre 6 e 12 anos de idade, com maior incidência entre os nove e 11 anos, sem predisposição racial específica. Estudos têm demonstrado que as neoplasias mamárias em cadelas podem estar associadas a desequilíbrios hormonais, sobretudo disfunções ovarianas. Embora haja ampla variação em diferentes trabalhos voltados para determinar a freqüência de tumores benignos e malignos em cadelas, em geral, cerca de 50% das neoplasias são benignas, dentre estas, o tumor misto benigno é o mais freqüente. Considerando apenas os tumores malignos, os adenocarcinomas 6

correspondem a aproximadamente 45% do total.

Classificação

As neoplasias mamárias são classificadas quanto aos padrões histomorfológicos adotados pela Armed Forces Institute of Pathology – AFIP (Hampe et al., 1999).

Tumores benignos

Adenomas: Proliferação de células epiteliais dos ácinos e/ou mioepiteliais). Simples: Proliferação de células bem diferenciadas, epiteliais ou mioepiteliais. Complexo: Proliferação de células bem diferenciadas, epiteliais e mioepiteliais. Basalóide: Proliferação de cordões de células basais. Fibroadenoma: Proliferação de células epiteliais e elementos estromais. Tumor misto benigno: Presença de componentes epiteliais, mioepiteliais e tecido mesenquimal, que pode ser estroma mixóide, cartilagem (diferenciação condróide) e/ou tecido ósseo.

Papiloma ductal: Proliferação de células epiteliais dos ductos da glândula mamária.

Tumores malignos

Carcinoma in situ: Neoplasia epitelial com achados histológicos compatíveis com proliferação celular maligna, no entanto, sem invasão da membrana basal. Pode ser focal ou multicênctrico. Adenocarcinoma complexo: Presença de componentes epiteliais e mioepiteliais. As células epiteliais podem ter padrão sólido ou túbulopapilar. Adenocarcinoma simples: Proliferação de células epiteliais em padrão sólido ou túbulo-papilar. Sarcomas: Os fibrossarcomas e osteossarcomas são os tumores de origem mesenquimal mais frequentemente encontrados nas cadelas.

Diagnóstico

O exame histopatológico de biopsias, a partir da retirada cirúrgica da cadeia mamaria ou de lesões nodulares sugestivas de processos neoplásicos, é o método diagnóstico mais preciso e seguro. Neste contexto o exame


ONCOLOGIA histopatológico pode ser capaz de: Classificar o tumor mamário Detalhar características histomorfológicas importantes no prognóstico como pleomorfismo, grau de diferenciação, índice mitótico, presença ou ausência de necrose e a precisão da excisão cirúrgica; Avaliar a infiltração da pele, tecidos moles e invasão vascular regional; A presença de nodulações múltiplas na cadeia mamária de cadelas é um achado comum na clínica de pequenos animais, podendo comprometer a precisão do diagnóstico histopatológico e deve ser considerada para evitar diagnósticos incorretos. Desta forma, para evitar a possibilidade de não selecionar zonas representativas do tumor, é fundamental retirar amostras de vários pontos, procurando abranger zonas de transição entre as lesões e o tecido aparentemente normal. Tais cuidados durante a coleta são importantes, pois os tumores em cadelas podem atingir grandes dimensões e dificultar o envio integral do material para análise. EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

86 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE

8

650 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL

8

838 - IMUNO-HISTOQUIMICA PAINEL PROGNOSTICO DE TUMOR DE MAMA

14

648 - IMUNOISTOQUÍMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL

O estadiamento do câncer é baseado no tamanho da lesão primária (T), na extensão de sua disseminação para linfonodos regionais (N) e na presença e ausência de metástases (M). A classificação de cada caso no sistema TNM é importante para:

T – Lesão primária T1

Tumor < 3,0 cm

Tabela 1 – Estadiamento clínico (TNM) dos carcinomas mamários caninos.

N – Disseminação (linfonodos) N0

T1a: não fixo

14

Sem evidências de

M - Metástases M0

envolvimento de linfonodos

T1b: fixo a pele

Sem evidências de metástases distantes.

regionais.

T1c: fixo ao músculo

645 - PERFIL BIÓPSIA DE CADEIA MAMÁRIA

8

658 - PERFIL FACILITADOR - CITO E HISTOPATÓLOGICO

8

752 - PER. FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COL. ROTI. - 2 A 3 PEÇAS

- Estabelecer prognóstico; - Planejar tratamento, quando for o caso; - Dar indicações precisas ao patologista sobre o material enviado.

Estadiamento (Tabela 1)

T2

Tumor 3,0 a 5,0 cm

N1

Linfonodo ipsilateral

T2a: não fixo

8

T3

envolvido.

T2b: fixo a pele

N1a: não fixo

T2c: fixo ao músculo

N1b: fixo

Tumor > 5,0 cm

N2

de

regionais.

N2a: não fixo

T3c: fixo ao músculo Tumor

incluindo linfonodos não

envolvidos.

T3b: fixo a pele

T4

Metástases distantes

Linfonodos bilaterais

T3a: não fixo

753 - P. FACILITADOR - HISTOPATÓLOGICO C/ 8 COLORAÇÃO ROTINA - 4 A 5 PECAS

M1

N2b: fixo

maiores

dimensões

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ONCOLOGIA

A IMPORTÂNCIA DO EXAME DE IMUNOISTOQUÍMICA NA ONCOLOGIA VETERINÁRIA Dr. Felipe Augusto Ruiz Sueiro - Coordenador de Diagnósticos VETPAT – Patologia e Biologia Molecular Veterinária

Durante muitos anos as análises histológicas foram baseadas unicamente nos aspectos morfológicos das células através do uso da microscopia de luz e de técnicas rotineiras de coloração. Porém com o advento da imunoistoquímica, o estudo meramente morfológico das células pode ser acrescentado de estudos sobre a expressão de marcadores intracelulares e extracelulares. A imunoistoquímica surgiu na década de 1940 com pesquisas em imunopatologia na Medicina. Só a partir de 1974, quando foi possível demonstrar a marcação de alguns antígenos pela técnica de imunoperoxidase em tecidos fixados em formalina e incluídos em parafina, é que a imunoistoquímica foi aceita como um método simples e prático na rotina diagnóstica de patologia cirúrgica. Apesar da técnica de imunoistoquímica ser usada na rotina diagnóstica e na pesquisa em Patologia Humana desde a década de 70, seu uso na Patologia Veterinária é relativamente recente, principalmente com objetivo diagnóstico. A maior dificuldade no uso da imunoistoquímica na Patologia Veterinária tem sido a falta de reagentes, principalmente anticorpos, específicos para os tecidos animais. Na falta destes 8

anticorpos específicos para as espécies domésticas, a Patologia Veterinária frequentemente faz uso de anticorpos que apresentam “reatividade cruzada” entre antígenos humanos e animais. Outra limitação extremamente importante estava no mascaramento dos sítios de ligação específica dos anticorpos causados pelas ligações cruzadas das moléculas devido à fixação em formalina, alterando a estrutura terciária dos antígenos. Porém nas últimas décadas a imunoistoquímica na Veterinária se aperfeiçoou baseada em pesquisas e estudos, padronizando sistemas de “recuperação de epítopos através do calor” e o desenvolvimento de métodos de amplificação mais poderosos, que permitem a detecção de pequenas quantidades de antígenos nos tecidos, conseguindo-se assim um aumento de 30 a 200 vezes no sinal de amplificação da reação. Com isso, anticorpos para uso humano que anteriormente não apresentavam “reatividade cruzada”, passaram a se mostrar reativos também em tecidos animais parafinados. Aliado a isso, a Medicina Veterinária tem sentido a necessidade cada vez maior de aprimorar seus métodos diagnóstico e terapêuticos, principalmente na

área da Oncologia Veterinária, onde a imunoistoquímica é uma das maiores ferramentas para esse avanço. As reações imunoistoquímicas podem ser utilizadas nas mais diferentes situações dentro de um laboratório de patologia cirúrgica e rotina oncológica. As mais importantes são: Definição Diagnóstico: Identificação do tecido de origem de uma neoplasia morfologicamente indiferenciada. Alguns tumores apresentam morfologia parecida, porém com características comportamentais e terapêuticas distintas. Exemplo: • Tumor Venéreo Transmissível (T.V.T) x Linfoma • Melanoma amelânico x Plasmocitoma •Histiocitoma cutâneo x Linfoma cutâneo Nesses casos, o painel imunoistoquímico visa estabelecer o diagnóstico histogenético da neoplasia, ou seja, definir a origem correta do tumor, e assim permitindo uma correta conduta terapêutica. Caracterização do sítio de origem de uma neoplásia metastática:


ONCOLOGIA Por vezes a lesão diagnosticada é uma metástase de um tumor não identificado clinicamente. Exemplo: Uma biopsia de linfonodo, revela uma metástase de um Carcinoma que o clínico não consegue localizar pelos exames de rotina. Nesses casos o painel imunoistoquímico tenta identificar de qual tumor ou sítio primário pertencem aquelas células metastáticas, e com isso direcionar a pesquisa para localizar o tumor principal. Imunofenotipagem de linfomas: Sabe-se que um dos principais fatores prognósticos de uma neoplasia linfoide é seu imunofenótipo. Um linfoma pode ser de imunofenótipo B ou T. O exame imunoistoquímico pode estabelecer esse imunofenótipo e ainda correlacionar com a morfologia celular, fornecendo um diagnóstico extremamente preciso, permitindo um planejamento terapêutico mais adequado. Identificação de fatores prognósticos: Marcador prognóstico pode ser definido como qualquer marcador capaz de fornecer informações a respeito da evolução clínica da neoplasia (comportamento tumoral). Esses marcadores variam de acordo com o tipo tumoral estudado. Exemplo: •Oncogene C-Kit para Mastocitomas •Moléculas de Adesão (E-Caderina) para tumores mamários e outros carcinomas •Gene supressor tumoral p53 para alguns sarcomas Identificar fatores prognósticos moleculares de um tumor, capacita o clínico oncologista a elaborar um painel terapêutico personalizado para aquela paciente. Avaliação do índice de proliferação tumoral: A avaliação precisa do índice de proliferação tumoral é um forte

indicador do comportamento de um tumor. Quanto mais células em multiplicação, maior o potencial agressivo de um tumor. Para algumas neoplasias esses valores ou “cut off ” de agressividade já estão bem estabelecidos, o que torna muito importante sua avaliação para melhor entendimento do comportamento desse tumor. Exemplo: Índice de proliferação para mastocitomas, melanomas e tumores de mama. Avaliação de marcadores preditivos: Marcador preditivo pode ser definido como qualquer marcador capaz de fornecer informações úteis na seleção de pacientes susceptíveis à determinada terapêutica ou droga específica. Exemplo: A avaliação da expressão da oncoproteína C-Kit em mastocitomas caninos, além de ser um fator prognóstico, também é um fator preditivo, pois tumores com alta expressão de C-Kit podem fazer uso de drogas inibidoras de Tirosina quinase (por exemplo o MasivetR e PalladiaR). Outro exemplo importante é a avaliação da imunoexpressão da proteína COX2. A expressão dessa proteína em tumores permite que o clínico opte ou não pelo uso de inibidores de Ciclooxigenase na terapêutica adjuvante de determinado tumor. Apesar da histopatologia ainda ser o “padrão ouro” no diagnóstico de neoplasias, a imunoistoquímica, e outras técnicas moleculares como o PCR e a Citometria de Fluxo tem se popularizado na rotina oncológica como uma ferramentas capazes de aprimorar o diagnóstico das neoplasias e principalmente fornecer informações sobre comportamento e biologia tumoral que permitem a escolha de terapêuticas mais específicas para cada caso, minimizando efeitos colaterais indesejados, reduzindo custos desnecessários e principalmente salvando vidas.

Figura1: Marcação nuclear para Ki67 em Mastocitoma canino.

Figura 2: Imunofenotipagem de linfoma por imunoistoquímica. Marcação para CD3 – Linfoma de imunofenótipo T.

Figura 3: Marcação de membrana para oncoproteína C-Kit em Mastocitoma canino. O padrão de imunoexpressão do C-Kit em mastocitomas caninos permite escolher a melhor abordagem para o uso de drogas inibidoras de Tirosina quinase.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

86 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE

8

644 - HISTOPATOLÓGICO COM MARGEM CIRÚRGICA (BIOPSIA)

8

650 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL

8

334 - PERFIL HIPERADRENOCORTICISMO

3

809 - HISTOPATOLÓGICO ÓSSEO

10

648 - IMUNOHISTOQUÍMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL

14

838 - IMUNO-HISTOQUIMICA PAINEL PROGNOSTICO DE TUMOR DE MAMA

14

659 - MUNOHISTOQUIMICA - DETECÇÃO DE MICRO - METÁSTASES DE MELANOMA

14

656 - MUNOHISTOQUIMICA - VALOR PROGNÓSTICO DE MASTOCITOMA

14

752 - PER. FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COL. ROTI. - 2 A 3 PEÇAS

8

753 - PER. FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COL. ROT. - 4 A 5 PEÇAS

8

345 - PERFIL PRÉ-OPERATÓRIO

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ONCOLOGIA

ASPECTOS PRÁTICOS E TÉCNICAS COMPLEMENTARES DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS Dr. Guilherme Lages Savassi Rocha Cirurgião Diplomado pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária Cirurgião chefe da Clínica Cirúrgica de Cães e Gatos Dr Guilherme Savassi Os tumores mamários são as neoplasias mais comuns em cadelas e representam 50% de todos os tipos de neoformações na espécie. Podem acometer animais de qualquer raça e se desenvolvem geralmente a partir dos 5 anos de idade. A única forma conhecida de prevenção é a ovariohisterectomia anterior ao primeiro cio, o que reduz a chance do desenvolvimento tumoral para 0,05%. O comportamento dos tumores benignos e malignos difere consideravelmente, assim como sua disposição anatômica. Os benignos são geralmente circunscritos e pouco aderidos, enquanto os malignos são difusos e invasivos. Do ponto de vista de evolução, as neoplasias malignas apresentam crescimento rápido e estão associadas ao envolvimento de linfonodos regionais e outros órgãos como pulmões, vísceras abdominais, ossos e pele. Em geral, a indicação primária para o tratamento dos tumores mamários é a excisão cirúrgica, mas há exceções. O carcinoma inflamatório, por exemplo, é um tipo de neoplasia de comportamento extremamente agressivo e que apresenta alto índice de recidiva pós-operatória. O tratamento cirúrgico, portanto, pode acarretar consequências desastrosas, como a progressão mais rápida da doença e metastatização com óbito inevitável. A apresentação clínica do carcinoma inflamatório é típica. Ao contrário dos demais tumores mamários, não tem formato nodular, é alongado e a glândula acometida tem aspecto de placa inflamada, quente e dolorida ao toque. Geralmente acomete as glândulas abdominais caudais e inguinais (figura 1). 10

Figura 1 – Carcinoma inflamatório em cadelas (fontes: A - Villalobos AE, Manual Merck ; B – Liptak J, http://www.animalcancersurgeon.com/ skin-tumors-mammary)

Diagnóstico por imagem – termografia, uma técnica promissora

No pré-operatório das mastectomias, é fundamental a realização de exames de imagem, no sentido de detectar a presença de metástases em vísceras e ossos. As radiografias torácicas e a ultrassonografia abdominal devem ser realizadas rotineiramente. Os exames laboratoriais hematológicos também podem apresentar alterações típicas nos casos mais avançados, podendo ser observadas anemia e leucocitose neutrofílica. Além dos métodos de avaliação padrão, a termografia é uma técnica auxiliar que também pode ser usada no diagnóstico dos tumores mamários, através da mensuração da temperatura da superfície corporal

de acordo com a emissão de calor. Na Medicina, o procedimento vem começando a ser usado para o diagnóstico precoce dos tumores mamários nas mulheres, apresentando maior acurácia que a mamografia e permitindo diagnóstico com cinco anos de antecedência em relação ao método tradicional. A termografia permite detectar uma neoplasia mamária quando a mesma possui em torno de 256 células, em um estágio tão inicial, quando o tumor não é nem mesmo palpável. A mamografia, por sua vez, só consegue identificar o câncer mamário quando o mesmo atinge a grandeza de mais de quatro bilhões de células (Buchanan et al., 1983). O exame de termografia possui uma série de outras vantagens. Não emite radiação, não é doloroso e nem incômodo, uma vez que o equipamento não toca o paciente. Tratase de uma câmera fotográfica especial, que trabalha em associação a um software, o que não gera nenhum custo fixo adicional para a realização do exame. Além da oncologia, utilizamos também a termografia em outras especialidades como a ortopedia (avaliação das lesões osteoarticulares), neurologia (doença do disco intervertebral) e angiologia (doenças isquêmicas como o tromboembolismo aórtico, por exemplo). Há, entretanto, algumas limitações para o uso do método, como a necessidade de tricotomia da região a ser examinada, o controle de temperatura do ambiente, e diagnósticos diferenciais, como as desordens inflamatórias. Para a realização do exame nas glândulas mamárias, deve-se tricotomizar toda a região ventral do abdômen e tórax


ONCOLOGIA

cerca de 2 horas antes. A temperatura ambiente deve ser de 22°C, para que não haja interferência de fatores externos. O paciente deve ser mantido na sala de exame com pelo menos uma hora de antecedência para aclimatação. As imagens devem ser obtidas com a câmera a 40 cm de distância da pele, formando um ângulo de 90° entre o plano da lente e a superfície que está sendo examinada. A câmera usada com maior frequência é a FLIR modelo E-40 (figura 2).

Figura 2 - Exame de termografia em paciente no pré-operatório imediato de mastectomia radical (C – Realização do exame de termografia , D – Termógrafo FLIR modelo E-40). (fotos: acervo próprio)

Em estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (Pavelski et al., 2015), a média de temperatura das glândulas mamárias normais examinadas (grupo controle) foi de 35,07°C contra 37,86°C das glândulas que apresentavam neoplasias palpáveis. Quando se trata da interpretação da termografia, a variação de 1°C já pode ser considerada clinicamente relevante para o diagnóstico da alteração tecidual. A seguir, apresentamos o caso clínico de uma cadela da raça Poodle, de sete anos de idade, portadora de adenocarcinoma mamário (confirmado por histopatologia). O termograma pré-operatório mostra a variação da temperatura da região dos nódulos mamários palpáveis (identificados pelos pontos desenhados em azul com marcador cirúrgico) em

glândula abdominal caudal esquerda, quando comparada à temperatura de menor valor da cadeia mamária. A região afetada mostrou 37,2°C (seta vermelha) enquanto a superfície de menor temperatura 35,6°C (seta azul). Na imagem obtida a partir da câmera termográfica, pode-se perceber de forma evidente a diferença na coloração da região tumoral em relação ao restante das mamas (figura 3). Na lateral direita da foto, há uma escala de cores que varia conforme o calor da região. Ou seja, a cor branca representa as áreas mais quentes, geralmente coincidentes com as neoplasias ou inflamação, seguidas pelas regiões avermelhadas, amareladas e assim por diante, no sentido decrescente de temperatura. O software permite a avaliação da temperatura de qualquer ponto ou região da imagem.

Figura 3 – Termograma de paciente com neoplasia mamária em glândula abdominal caudal esquerda em cadela (fotos e exame: acervo próprio)

11


ONCOLOGIA necessários recursos que vão muito além da simples palpação do parênquima mamário. Um desses recursos é a termografia, que tem bastante ainda a contribuir para a Medicina de pequenos animais. Uma vez detectada a neoplasia, é fundamental estabelecer o estadiamento tumoral, que baseia-se na realização de exames de imagem e na avaliação histopatológica do tumor e dos linfonodos sentinela. Para facilitar a identificação desses linfonodos, é de grande valia a utilização de técnicas de coloração dos mesmos, o que torna a intervenção cirúrgica mais fácil e rápida.

Estadiamento e prevenção das metástases – identificação e remoção do lifonodo sentinela

O desenvolvimento de metástases dos tumores mamários pode acontecer via linfática ou sanguínea. A drenagem linfática ocorre principalmente pelos linfonodos axilar, e inguinal. O linfonodo axilar drena as glândulas torácica cranial e caudal, além da abdominal cranial. O linfonodo inguinal, por sua vez, drena a glândula inguinal, abdominal caudal e abdominal cranial. Considerando o sistema linfático como uma via natural de disseminação das células cancerígenas para outros sítios, a linfadenectomia deve ser realizada em associação à mastectomia. A biópsia do linfonodo sentinela (LS) é cada vez mais utilizada para a determinação do estadiamento clínico tumoral. O acometimento de linfonodos em animais com neoplasias possui forte valor prognóstico no tumor da glândula mamária. A remoção do linfonodo inguinal é tecnicamente fácil, pois o mesmo sai em meio ao tecido glandular. A linfadenectomia axilar, por sua vez, é um procedimento de execução mais difícil, devido à localização do linfonodo, próximo a vasos e nervos, além de estar adjacente à musculatura, o que dificulta sua identificação. Com o objetivo de favorecer a visualização do linfonodo axilar durante sua remoção, utiliza-se um corante, que pode ser azul de metileno 2% ou azul patente, dentre outros. O azul patente V 2,5% é a solução corante mais utilizada e 12

deve ser aplicada em torno do tumor (região superior e inferior), 15 minutos antes da operação, pela via intradérmica, nos seguintes volumes: animais até 8 kg – 0,5 mL, entre 8 e 15 kg – 1 mL e acima de 15 kg – 2 mL (figura 4). A eliminação do contraste acontecerá via biliar e, principalmente, juntamente com a urina, em até 48 horas após a injeção. '

Figura 4 – Sequência esquemática da utilização do corante azul patente na identificação do linfonodo axilar durante mastectomia em cadela (E - injeção do corante , F – visualização do linfonodo na região axilar ipsilateral / seta) (fotos: acervo próprio)

Conclusão

As neoplasias mamárias são afecções graves, que necessitam de diagnóstico precoce para que se consiga o principal objetivo do tratamento – evitar as metástases à distância. Para tal, se fazem

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

86 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE

8

644 - HISTOPATOLÓGICO COM MARGEM CIRÚRGICA (BIÓPSIA)

8

650 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL

8

87 - CITOLOGIA

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809 - HISTOPATOLÓGICO ÓSSEO

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648 - IMUNOISTOQUÍMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL

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838 - IMUNOISTOQUIMICA PAINEL PROGNÓSTICO DE TUMOR DE MAMA

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659 - IMUNOISTOQUIMICA - DETECÇÃO DE MICRO - METÁSTASES DE MELANOMA

14

656 - IMUNOHISTOQUIMICA - VALOR PROGNÓSTICO DE MASTOCITOMA

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752 - PER. FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COL. ROTI. - 2 A 3 PEÇAS

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753 - PER. FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COL. ROT. - 4 A 5 PEÇAS

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345 - PERFIL PRÉ-OPERATÓRIO

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Referências Bibliográficas

Buchanan JB, et al. Tumor growth, doubling times and inability of the

radiologist to diagnose certain cancers. Radiol Clin N Am. 21 : 115-26, 1983. Pavelski M, Silva DM, Leite NC, Junior DA, de Sousa RS, Guérios SD and Dornbusch PT, Infrared Thermography in Dogs with Mammary Tumors and Healthy Dogs. J Vet Intern Med, 29: 1578–1583, 2015.

Villalobos AE, Metastatic tumors. The Merck Veterinary Manual, 2012.


ONCOLOGIA

ELETROQUIMIOTERAPIA COMO MODALIDADE DE TRATAMENTO EM NEOPLASIAS DE CÃES E GATOS Dra Mariana Fernandes Cavalcanti | marianafcavalcanti@gmail.com Profissional Autônoma

A eletroquimioterapia é uma modalidade de tratamento que consiste na associação de duas técnicas. A primeira é chamada de eletroporação, que é a aplicação de pulsos elétricos breves, de alta intensidade, na membrana citoplasmática, promovendo poros transitórios, seletivos e reversíveis, na região do tumor. A segunda , é a aplicação de agentes antineolásicos específicos, por via endovenosa ou intralesional. A eletroporação potencializa o efeito da quimioterapia, já que permite a maior penetração dos agentes citotóxicos . A técnica tem vantagens como efeitos colaterais sistêmicos inexpressivos ou ausentes e alta efetividade, quanto á recidivas e metástases á distância1,2. O procedimento é realizado com o paciente submetido á anestesia geral . O equipamento é um gerador de pulsos, com variados modelos de eletrodos, em placas ou agulhas para aplicação dos pulsos elétricos no tecido tumoral. É importante salientar que sua eficácia, depende da indicação adequada para o diagnóstico. E o seu sucesso, está relacionado ao estadiamento desses tumores previamente, pelo oncologista capacitado para tal. Os

agentes quimioterápicos utilizados para a eletroquimioterapia na medicina humana, são a bleomicina e a cisplatina, sendo que a última, não recomendamos na medicina veterinária, já que é contra indicada em felinos e em cães causa grande nefrotoxicidade. A bleomicina pode ser usada no procedimento em cães e gatos, por via endovenosa ou intralesional, produzindo melhor eficácia nos tratamentos, e efeitos adversos insignificantes4. Os quimioterápicos são geralmente hidrofílicos, sendo administrados em infusão. Entretanto, são fortemente lipofóbicos, o que dificulta sua penetração nas células. Assim, a dose terapêutica ideal não consegue atingir o alvo, que seria a neoplasia, sendo incapaz de provocar a terapia efetiva, e ao mesmo tempo causando toxicidade ao tecido normal. Com isso, a eletroquimioterapia tornase uma modalidade de tratamento altamente eficaz, quando associa a técnica da eletroporação e a aplicação de antineoplásicos locais ou sistêmicos. O procedimento é capaz de reter o quimioterápico em seu sítio-alvo e reduzir a toxicidade sistêmica3 . Os poros formados pelo campo elétrico,

poderão ser reversíveis, mantendo a viabilidade da célula, após a aplicação, a não ser que os valores de amplitude e duração excedam s padrões suportados pela membrana da célula, os mesmos se tornam irreversíveis, desencadeando a morte celular. Os poros formados pela eletroporação, permitem que moléculas de alto peso molecular, inicialmente impermeáveis, se tornem permeáveis e penetrem na célula. A exposição do tecido tumoral ao campo elétrico provoca uma diminuição sisgnicativa do fluxo sanguíeo, possibilitando maior tempo da penetração do quimioterápico pelos poros formados. Este fenômeno, proporciona maior concentração intracelular do fármaco, na região tratada. A citotoxidade da eletroquimioterapia também é capaz de atingir o estroma tumoral, causando ruptura vascular. Além disso, há uma liberação intensa de antígenos tumorais sistêmicos, o que prejudica a resposta em pacientes Em medicina imunodeficientes5. veterinária, a eletroquimioterapia pode ser utilizada como única forma de tratamento, combinada com cirurgia ou associada á quimioterapia sistêmica. Inicialmente sua indicação incluía 13


ONCOLOGIA o tratamento de tumores malignos cutâneos e subcutâneos, entretanto alguns autores já demonstram sua eficácia na terapia de neoplasias de várias origens em cães e gatos3. Entretanto sua eficácia parece variar de acordo com a classificação histológica da neoplasia 6,7.

se mostrado satisfatório em carcinomas de células escamosas em diferentes localizações, como região abdominal e perianal 10.

Indicações

Existem algumas modalidades de tratamento para os carcinomas de células escamosas em felinos. A cirurgia pode ser uma boa opção em lesões pequenas e isoladas, embora muitas vezes o paciente sofra mutilação para que se obtenha a cura das lesões. A quimioterapia embora possa ser utilizada, não costuma ser tão eficaz. Por isso uma boa opção para controle local de doença, sem danos funcionais ou estéticos é a eletroquimioterapia. Na literatura alguns estudos demonstram a eficácia da técnica, em gatos com carcinoma periocular (89% média de resposta), sendo que o mesmo autor anteriormente obteve 77% de resposta em felinos portadores de carcinomas em região nasal 8,9.

Figura 9. 20 dias após o procedimento

Figura 4. Carcinoma de células escamosas em cadela

Figura 10. 90 dias após o procedimento

Figura 5. Eletroquimioterapia

Outras indicações nesta espécie, incluem o melanoma oral, provocando a dispigmentação da mucosa no local da aplicação. Em um estudo recente, Stupak et al, em 2016, utilizou a eletroquimioterapia associada á quimioterapia venosa, e obteve grande benefício no tratamento do paciente relatado, promovendo remissão do tumor e mantendo a qualidade de vida do mesmo.

Figura 6. Aspecto da lesão após a eletroquimioterapia Figura 1. Carcinoma de células escamosas em felino

Figura 11. Melanoma oral em rotweiller Figura 2. Após 20 dias de procedimento

Figura 7. Aspecto da lesõa após remoção cirúrgica

Figura 3. Após 90 dias de procedimento

Figura 8. Carcinoma perianal em cão

Em cães o procedimento também tem 14

Figura 8. Carcinoma perianal em cão

Figura 12. Remoção cirúrgica de melanoma oral


ONCOLOGIA células basais, melanomas cutâneos, plasmocitomas e épulis acantomatoso.

Considerações Finais

Figura 13. Aplicação da eletroquimioterapia no trans-operatório

Figura 14. Aspecto da lesão após 90 dias do procedimento

Além disso existem indicações para os sarcomas de tecidos moles, sarcomas por aplicação em gatos. Em 2007, Spugnini et al., realizaram um estudo comparando a eficácia da eletroquimioterapia no trans-operatório e no pós-operatário, em 72 gatos operados sem obtenção de margens livres ou recidivantes, em comparação com a cirurgia como única modalidade de tratamento. O autor concluiu que o procedimento promoveu o controle significativo e aumento no tempo de sobrevida dos animais, quando comparados ao grupo que foi submetido apenas á cirurgia. Em mastocitomas a eletroquimioterapia também pode trazer benefícios ao tratamento, apesar do risco de degranulação mastocitária e suas possíveis complicações. Paiva et al., em 2011, associou a eletroquimioterapia em um cão portador de um mastocitoma cutâneo, removido cirurgicamente, sem margens livres na avaliação histológica trans-operatória, obtendo bons resultados e diminuindo com a aplicação da técnica, a probabilidade de recidiva da neoplasia 11. Outras indicações de literatura seriam no tratamento do tumor venéreo transmissível, carcinoma de glândulas apócrinas, linfomas cutâneos, hemangiopericitomas, carcinomas de

A eletroquimioterapia tem sido indicada como terapia de escolha no tratamento de carcinomas de células escamosas em felinos e em tumores perianais caninos. Em tumores de origem mesenquimal, pode ser uma técnica adjuvante ou neoadjuvante na associação com cirurgias, quimioterapias sistêmicas com o objetivo de citorredução ou tratamento das bordas cirúrgicas que não foram obtidas satisfatoriamente, com o objetivo de aumentar o tempo livre de doença. È uma técnica segura, com poucos efeitos colaterais e com ótimas perspectivas no tratamento do câncer em pequenos animais.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

86 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE

8

644 - HISTOPATOLÓGICO COM MARGEM CIRÚRGICA (BIOPSIA)

8

650 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL

8

87 - CITOLOGIA

5

809 - HISTOPATOLÓGICO ÓSSEO

10

648 - IMUNOHISTOQUÍMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL

14

838 - IMUNO-HISTOQUIMICA PAINEL PROGNOSTICO DE TUMOR DE MAMA

14

659 - MUNOHISTOQUIMICA - DETECÇÃO DE MICRO - METÁSTASES DE MELANOMA

14

656 - MUNOHISTOQUIMICA - VALOR PROGNÓSTICO DE MASTOCITOMA

14

752 - PER. FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COL. ROTI. - 2 A 3 PEÇAS

8

753 - PER. FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO C/ COL. ROT. - 4 A 5 PEÇAS

8

345 - PERFIL PRÉ-OPERATÓRIO

1

Referências Bibliográficas

1 – Silveira, LMG; Brunner, CHM; Cunha, FM; Futema, F; Calderaro FF; Kozlowski D. Utilização de eletroquimioterapia em neoplasias de origem epitelial ou mesenquimal localizadas em pele ou mucosas de cães. Brazilian Journal veterinary Resaarch and Animal Science. São Paulo, v. 47, n.1, p. 5566. 2010. 2 – Gothelf, A.; MIR,L. M.; Gehl, J. Electrochemotherapy: results of cancer treatment using enhanced delivery of bleomicyn by electoporation. Cancer treatment Reviews, v.29, n.5, p. 371-387, 2003. 3 – Spugnini EP, Porrello A. . Potentiation of chemotherapy in companion animals with spontaneous large neoplasms by application of biphasic electric pulses. Journal of Experimental and Clinical Cancer Research. n 22, p. 571580, 2003. 4 - Mali B, Miklavcic D, Campana LG. Cemazar M, Sersa G, Snoj M, Jarm T, . Tumor size and effectiveness of eletrochemotherapy. Radiology Oncology. v.47, n. 1, p. 32-41, 2013. 5. Rangel M.M.M. Eletroquimioterapia: uma nova promessa para o tratamento de cânceres em animais. Revista Clínica Veterinária. Oncologia. p. 30-36, 2008. 6. Cemazar M., Ambrozic Avgustin J., Pavlin D. Efficacy and safety of electrochemotherapy combined with peritumoral IL-12 gene electrotransfer of canine mast cell tumours. Veterinary and Comparative Oncology, 2008. 7. Anjos D.S., Brunner C.H.M., Calazans S.G. Eletroqumioterapia: uma nova modalidade para o tratamento de neoplasias em cães e gatos. Revista Investigação Veterinária. Revisão de literatura. Clínica de pequenos animais. Sessão especial. v. 15, n.1, p. 1-9, 2016. 8. Spugnini E.P., Vincenzi B., Citro G. Tonini G., Dotsinsky I., Mudrov N., Baldi A. Electrochemoterapy for the treatment of squamous cell carcinoma in cats a preliminary report. Veterinary Journal. v. 179, n.1, p. 117-120, 2009. 9. Spugnini E.P., Pizzuto M., Filipponi M., Romani L., Vincenzi B., Menicagli F., Lanza A., Girolamo R. D., Lomonaco R., Fanciulli M., Spriano G., Baldi A. Elestroporation enhances bleomycin efficacy in cats with periocular carcinoma and advanced squamous cell carcinoma of the head. Journal of Veterinary Internal Medicine. V. 29, n.5, p. 1368-1375, 2015. 10. Spugnini E.P., Baldi A., Vincenzi b., Bongiorni F., Bellelli C., Gennaro C., Porrello A. Intraoperative versus postooperative electrochemotherapy in high grade soft tissue sarcomas: a p-reliminary study in a spontaneous feline model. V. 59, n. 3, p. 375-381, 2007. 11. Paiva C.V.L, Bertolacini L., Parra A.C., Peluso T., Oliveira D.K., Rangel M.M.M., Romano L. Avaliação histopatológica da marge cirúrgica no transoperatório associado á eletroquimioterapia em mastocitoma em cão. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia. V.9, n.2, 2011.

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ONCOLOGIA

COLETA E ENVIO DE EXAME HISTOPATOLÓGICO Estas instruções assessoram a coleta e envio de material destinado a exames histopatológicos que buscam diagnosticar lesões teciduais suspeitas de neoplasias, quadros inflamatórios e degenerativos ou ainda detectar agentes infecciosos. Além disso, os histopatológicos auxiliam também na avaliação das margens cirúrgicas nos casos neoplásicos e em alguns casos são úteis na determinação da etiologia e prognóstico dos processos patológicos. Exames disponíveis no TECSA: HISTOPATÓLOGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE (cód. 86); HISTOPATOLÓGICO COM MARGEM CIRÚRGICA (BIÓPSIA) (cód. 644); HISTOPATOLÓGICO ÓSSEO (cód. 809); PERFIL FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO ROTINA 2 A 3 PEÇAS (cód. 752); PERFIL FACILITADOR - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO ROTINA 4 A 5 PEÇAS (cód. 753); PERFIL BIÓPSIA DE CADEIA MAMÁRIA (cód. 645); A qualidade de um exame histopatológico depende de uma boa execução em três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica. A primeira tem início antes da chegada do material ao Laboratório, mais precisamente durante a coleta, fixação e identificação correta da amostra, com o preenchimento correto da requisição, adequada descrição do material coletado e das informações clínicas. Esses são itens fundamentais da fase pré-analítica. Nesta fase, é 16


ONCOLOGIA importante também não ocorrer falhas na preservação e transporte do material. Durante a fase analítica, o fragmento histológico é processado no laboratório, inspecionado e analisado pelo Médico Veterinário Patologista. Afase pósanalítica compreende a interpretação de resultados e estabelecimento da conduta terapêutica por parte do clínico veterinário. A participação de todos os profissionais envolvidos é muito importante para que se estabeleça com maior rigor possível o diagnóstico e tratamento da patologia e seja possível proporcionar uma recuperação adequada ao paciente. Devemos seguir algumas regras básicas para obtenção de bons resultados através do exame histopatológico:

Informações do paciente e histórico clínico detalhado

As informações clínicas relativas a idade, gênero e raça associadas ao histórico clínico do animal-que informa o tempo de instalação do processo, características do início da lesão (padrão de simetria e bordas), antepassado mórbido (patologias e neoplasias passadas), resultados de exames complementares (radiografias, ultrassonografias, hemogramas, bioquímicos, etc), tratamentos e vacinações anteriores-e suspeitas clínicas, muitas vezes são fundamentais para a determinação de diagnósticos diferenciais ou para comentários relativos aos possíveis diagnósticos.

Descrição macroscópica da lesão

Informar: Localização anatômica (Ex.: “Região cervical dorsal”, “região dorso-proximal do membro pélvico direito”, etc.), quantidade de lesões (Ex.: “ múltiplos nódulos em membros anteriores”, “dois nódulos em pescoço e cabeça”, etc.), dimensões da lesão (Ex: “1,0 cm de diâmetro”, “2,5 x 4,0cm”, etc.), topografia e formato da lesão (Ex: “plana”, “arredondada”, “formato de pólipo”, “irregular”, etc.), consistência da lesão (Ex: “flutuante”, “firme”, “macia”, etc.), coloração (avermelhada,

enegrecida, pálida, etc), características gerais (aderências, ulcerações, alopecia, presença de dor, prurido, etc), tempo de evolução (Ex: “2 dias”. “4 meses”, “7 anos”, etc.) e demais descrições que forem julgadas úteis. Qualquer informação pode ser relevante. Na maioria dos casos, a ausência de uma ou mais informações macroscópicas da lesão impossibilita o diagnóstico histopatológico.

Técnica de colheita

Um resultado confiável de exame histopatológico começa com a coleta de um fragmento de tecido adequado para a análise. A principal razão para resultados não diagnósticos referese ao envio de material limitado ou insuficiente para realização do exame. O método de coleta para cada caso deve ser avaliado cuidadosamente de acordo com cada lesão e sua localização. A coleta pode ser excisional ou incisional. No primeiro caso a formação é removida em sua totalidade, e quando possível, com margens cirúrgicas amplas. Já a biópsia incisional é geralmente realizada em lesões que apresentem grandes dimensões ou dificuldade de remoção total, sendo retiradas pequenas amostras representativas que permitam o diagnóstico histopatológico. Nestes casos, recomenda-se que sejam amostradas diferente regiões da lesãode preferência que não apresentem extensas áreas de necrose ou ulceração, uma vez que estas podem dificultar o diagnóstico. Os fragmentos retirados por biópsia incisional devem ter no mínimo 0,3 cm de espessura, faces planas e paralelas e atingir no mínimo 0,4 cm de profundidade. As superfícies de corte devem compreender, sempre que possível, uma parte de tecido lesionado e outra do tecido sadio adjacente, evitando-se o centro e as bordas da lesão. Cuidado: A colheita de para histopatológico imperativamente de sedação, local e/ou geral, segundo

material necessita anestesia critérios

e protocolos do clínico veterinário responsável. Lembrando a importância também dos devidos cuidados précirúrgicos (avaliação de risco cirúrgico, jejum, antissepsia local, etc). A seleção e triagem do paciente devem seguir rigoroso controle como em qualquer outro caso cirúrgico.

Fixação e envio do material ao Laboratório:

O correto manejo da amostra, desde o momento da coleta até a sua chegada ao laboratório, é essencial para manter a devida preservação tecidual e evitar a formação de artefatos indesejáveis e autólise, capazes de prejudicar a avaliação diagnóstica completamente. O envio de informações relacionadas com o paciente e a amostra também é essencial para a qualidade da análise microscópica e sua interpretação. A função da fixação é a de inibir a decomposição ou a autólise do fragmento de tecido coletado para que este possa ser adequadamente analisado quando chegar ao laboratório. A qualidade da fixação pode impactar consideravelmente na viabilidade do tecido. Vários fatores devem ser considerados no momento de fixação do material coletado A) O fragmento de tecido deve ser acondicionado em formalina imediatamente após a excisão, respeitando um limite máximo de 30 minutos após a coleta. B) A proporção correta de formol a 10% para amostra deve ser de 10:1, ou seja, 9 partes de formol para 1 parte de amostra. C) Os recipientes para acondicionar as amostras devem ser proporcionais aos seus tamanhos e comportar o volume total de amostra + o formol, respeitando-se sempre a razão de 10:1 entre volume de formol e de fragmento tecidual. D) O gargalo do recipiente deve ser mais largo do que a amostra, pois, apesar de os tecidos frescos serem flexíveis e maleáveis, as amostras fixadas com 17


ONCOLOGIA

formalina tornam-se rígidas, o que dificulta a sua manipulação através de um orifício estreito. E) Os frascos devem ser hermeticamente fechados. F) A utilização de recipientes de vidro não é recomendada devido ao risco de quebra durante o transporte. G) Preconiza-se o uso de recipientes separados para cada amostra individualmente identificadas com o local de coleta. H) Os fragmentos muito grandes devem ser parcialmente fatiados, permitindo a penetração do formol 10%. Não se deve cortar as bordas da amostra caso exista interesse em avaliar as margens cirúrgicas. I) Os órgãos luminais (intestino, útero, vasos calibrosos, etc) devem receber uma descarga de formalina sobre sua superfície luminal intacta. J) Amostras que serão enviadas por via aérea devem ser submetidas à fixação em formol 10% por um período mínimo de 24 horas. Após este período, deve-se verificar se o fragmento encontra-se totalmente fixado (caso não esteja, a porção mais interna ainda permanecerá avermelhada). Em caso de percepção de tecido devidamente fixado, devese drenar todo conteúdo líquido do 18

frasco, enviando somente o fragmento histopatológico devidamente fixado e identificado ao laboratório. Outra opção em situações de envio que não permitem a presença do formol é encaminhar o tecido incluído em bloco de parafina. CUIDADO: Amostras não acondicionadas em formol a 10%, acondicionadas em quantidades insuficientes ou não fixadas por tempo suficiente nesta solução, amostras congeladas, blocos de parafina com baixa preservação fragmentados, comprimidos, etc) e blocos de parafina com fragmento tecidual insuficiente são CAUSAS DE REJEIÇÃO DE MATERIAL. DICA: Para obter a solução de formol a 10%, dilui-se 1 parte de formaldeído comercial (40%) em 9 partes de solução fisiológica de NaCl 0,9% ou água destilada.

Imuno-Histoquímica

- Estas instruções são utilizadas também nos exames de imunohistoquímica. - A imuno-histoquímica é uma técnica que utiliza, em cortes histológicos, a aplicação de anticorpos antiantígenos específicos (em geral, proteínas) em

associação com métodos de detecção altamente sensíveis para revelação da ligação antígeno (em geral, marcador tumoral) e anticorpo. Dessa maneira, o patologista identifica a expressão de marcadores teciduais, simultaneamente à avaliação morfológica. A imuno-histoquímica é recomendável em todo material que foi submetido ao exame histopatológico para determinação de um diagnóstico definitivo de processos neoplásicos em que a avaliação histopatológica de rotina, com ou sem auxílio de colorações especiais, não consegue definir o caso. A aplicação da técnica de colorações especiais e imuno-histoquímica, em associação com a experiência do patologista, tem grande valor no auxílio da definição diagnóstica, além de fornecer o valor prognóstico (desfavorável, reservado e favorável) de determinadas neoplasias. - Na maioria dos casos, utilizar o exame imuno-histoquímico pode auxiliar no diagnóstico de doenças inflamatórias, infecciosas e neoplasias, ou ainda influenciar o melhor tratamento e provável evolução dos tumores, pela obtenção de dados mais precisos e individualizados sobre a lesão histológica.


ONCOLOGIA

A CITOLOGIA NO DIAGNÓSTICO DE TUMORES

A citologia é um método diagnóstico que identifica, através da microscopia, a população e a morfologia celular presentes em uma amostra que pode ser coletada de qualquer tecido, incluindo pele, subcutâneo, glândulas, linfonodos e também órgãos internos parenquimatosos e líquidos das cavidades peritoneal, pleural e pericárdica.

Figura 1: Cão apresentando linfonodo submandibular visivelmente enfartado. Fonte: COWELL, et al. 2009.

A avaliação citológica é uma ferramenta diagnóstica valiosa em expansão na medicina veterinária, pois é minimamente invasiva, segura, simples, de custo acessível e apresenta rapidez e acurácia na determinação do resultado, podendo ser realizada em diversas situações clínicas. Como os clínicos solicitam cada vez mais este tipo de exame, os citopatologistas também tem se tornado mais experientes e desta forma aumentaram-se a variedade de lesões e tecidos coletados e o espectro de processos mórbidos identificados com precisão diagnóstica. O exame citológico destina-se, entre outras aplicações, ao diagnóstico precoce de neoplasias. A prevalência de tumores tem se apresentado progressivamente elevada e possivelmente está associada a diversos fatores, como o aprofundamento dos estudos acerca da oncologia e o fato

de os proprietários estarem cada vez mais atentos à saúde dos seus animais e procurarem assistência médico veterinária para diagnósticos precoces, o que contribui para o aumento da longevidade dos animais de companhia. Para uma interpretação citopatológica confiável com valor diagnóstico e prognóstico, são fatores determinantes a experiência do citopatologista integrada a qualidade da amostra e a correlação das características citomorfológicas com os dados clínicos e os aspectos macroscópicos da lesão. É essencial a obtenção de amostras com células representativas e bem preservadas, além disso, a confecção adequada das lâminas, o armazenamento, transporte e a coloração do material também podem interferir em um resultado citológico bem-sucedido. Em conjunto à amostra, é de extrema relevância 19


ONCOLOGIA informar detalhadamente o histórico clínico, a forma de coleta e a descrição macroscópica da lesão.

As principais técnicas de coletas

Punção aspirativa por agulha fina (PAAF): Utilizada para coletar amostras de qualquer formação proliferativa, é um método que permite a remoção de células em regiões profundas da lesão através da avulsão promovida pela utilização de uma agulha fina associada a uma seringa durante um processo aspirativo. Punção por agulha fina (PAF): Esta técnica se diferencia da anterior somente pela ausência do componente aspiração durante coleta. Também é utilizada em formações proliferativas e deve ser o método de coleta citológica de escolha para os tecidos muito vascularizados, a fim de minimizar a contaminação por sangue periférico e hemodiluição da amostra. Esta prática permite a remoção de células em regiões profundas da lesão por meio de capilaridade promovida pela utilização de uma agulha fina associada a uma seringa. Imprint: é apropriado em casos de lesões cutâneas ulceradas ou exsudativas, geralmente planas situações onde a punção é difícil. Também é indicado para uma rápida avaliação da celularidade de fragmentos de tecidos incisados que serão encaminhados à histopatologia. Neste método normalmente são reveladas células da superfície de impressão e eventuais células inflamatórias, além de ser útil na identificação de microrganismos, quando presentes. As células neoplásicas, com exceção de tumores de células redondas, frequentemente não esfoliam nestas formações ulceradas e exsudativas, podendo não se apresentar nestas amostras. Swab: As coletas citológicas por “swabs” são aplicáveis em regiões anatômicas onde outros métodos de coleta são impraticáveis, geralmente 20


ONCOLOGIA canais e fístulas. A citologia por agulha fina não aspirativa é semelhante à PAAF em vários aspectos e ambas são consideradas as principais formas de coleta para a maioria dos exames citológicos. Entretanto algumas lesões neoplásicas possuem particularidades e devem ser analisadas isoladamente para o emprego do método de coleta citológica mais adequado. Tratando-se de lesões palpáveis, não há necessidade de preparos especiais para o paciente, uma vez que o procedimento é minimamente invasivo e os pacientes frequentemente não demonstram qualquer incômodo durante ou após o procedimento. Nos casos de punções guiadas por ultrassom em órgãos internos, a sedação/anestesia/ analgesia deve ser executada a critério do médico veterinário responsável. As complicações descritas em decorrência da coleta citopatológica são raríssimas, entre elas podemos citar hemorragias, infecções, injúrias de tecidos adjacentes e disseminação de células neoplásicas. A citologia é efetiva na determinação da origem celular e diferenciação de processos inflamatórios, hiperplásicos e neoplásicos, além de mensurar o grau de malignidade das neoplasias, atuando não só no diagnóstico, mas também no estabelecimento do prognóstico, na identificação de metástases tumorais e no monitoramento do estadiamento das neoplasias. Quando diagnosticada a presença de células neoplásicas, é possível classificar, baseado nas características citomorfológicas, a origem tumoral em epitelial, mesenquimal, mista ou células redondas. Os tumores epiteliais, caracterizados por alta celularidade com células aderidas, compreendem os carcinomas, adenomas e adenocarcinomas. Os tumores mesenquimais de células fusiformes normalmente são pouco celulares com células isoladas ou eventualmente aglomeradas por matriz extracelular, nos casos malignos, geralmente são denominados sarcomas (por exemplo: osteossarcoma e lipossarcoma), com exceção de alguns que não seguem essa nomenclatura padrão (por exemplo:

hemangiopericitoma), enquanto aos tumores mesenquimais benignos é designado o subtipo histológico seguido do sufixo “oma” (por exemplo: lipoma e osteoma). As neoplasias de células redondas são peculiarmente muito esfoliativas e apresentam citologias hipercelulares com células redondas bem definidas e distribuídas individualmente. Para inferir o potencial de malignidade de um processo neoplásico em amostras citológicas, existem alguns critérios de avaliação microscópica envolvendo a população celular presente, quanto a quantidade e grau de diferenciação celular; características das atipias celulares (por exemplo anisocitose e pleomorfismo) e critérios nucleares (por exemplo cromatina grosseira, nucléolos proeminentes, figuras de mitoses e multinucleações). Não há um único critério que possa distinguir células benignas e malignas, a atribuição de neoplasia maligna a uma amostra ocorre baseando-se na presença de três ou mais características de malignidade evolvendo a maioria da população celular intacta que compõe a lâmina. Alguns tipos tumorais possuem particularidades características que permitem um diagnóstico rápido e conclusivo pela análise citopatológica, é o caso dos tumores de células redondas, destacando-se o mastocitoma, o tumor venéreo transmissível (TVT) e o linfoma.

segurança a ser retirada e auxilia os protocolos terapêuticos. Entretanto é importante ressaltar que este método não exclui a necessidade do envio de amostras para o exame histopatológico. Diferentemente da citopatologia, que avalia somente as células, o exame histopatológico permite a avaliação da arquitetura tecidual, possibilitando verificar se há perda da organização tecidual e a relação do tumor com os tecidos adjacentes, estipulando o nível de invasividade das células tumorais. Ambos os exames se complementam com fundamental relevância na medicina veterinária, contribuindo para o diagnóstico, conduta terapêutica e prognóstico de tumores. EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

87 - CITOLOGIA

PRAZO/DIAS

5

453 - CITOLOGIA ASPIRATIVA DE LÍQUIDOS 5

178 - CITOLOGIA DE LÍQUIDO CAVITÁRIO

5

658 - PERFIL FACILITADOR CITO E HISTOPATOLÓGICO

8

616 - RELEITURA DE CITOLOGIA

2

Referências Bibliográficas

Figura 2: PAAF de um nódulo cutâneo revelado, na citologia, população intensa de mastócitos bem diferenciados. Diagnóstico de Mastocitoma bem diferenciado. Fonte: COWELL, et al. 2009.

A citologia tem um papel de triagem no diagnóstico de neoplasias que facilita o planejamento cirúrgico, o estabelecimento da margem de

BARRAZA, V. C. T.; NASCIMENTO, R. S.; COSTAS, B. L.; et al. A importância da citologia no diagnóstico de tumores – Método sugere aos médicos veterinários o norte na conduta terapêutica. Revista cães e gatos, São Paulo, ano 32, n. 201, p. 60-61, mai 2016. COWELL, R.L.; TYLER, R.D.; MEINKOTH, J.H.; DENICOLA, D.B. Diagnóstico citológico e hematologia de cães e gatos. 3.ed. São Paulo: MedVet, 2009. 476p. RASKIN, R.E.; MEYER, D.J. Citologia Clínica de Cães e Gatos. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2012, 450p. ROSSETTO, V. J. V.; MORENO, K.; GROTTI, C. B.; et al. Frequência de neoplasmas em cães diagnosticados por exame citológico: estudo retrospectivo em um hospital escola. Ciências Agrárias, Londrina, v. 30, n. 1, p. 189-200, jan/mar 2009.

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ONCOLOGIA

COLORAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS ESPECIAIS

As preparações histopatológicas envolvem etapas de coloração cujo propósito baseia-se em permitir a distinção morfológica do material celular presente na amostra. Esta etapa é considerada fundamental porque promove a diferenciação das estruturas que apresentam o mesmo grau de refringência durante a avaliação realizada por microscopia óptica. Os corantes podem ser classificados de acordo com a origem de sua matéria prima em naturais (de origem animal ou vegetal) e artificiais (compostos orgânicos da série aromática). Em relação à natureza química, os corantes classificam-se em ácidos, básicos e neutros. Os corantes básicos, derivados do composto anilina, são sais cujos radicais são alcalinos. Por este motivo, são capazes de corar os tecidos com pH ácido, também conhecidos como basofílicos, como por exemplo os ácidos nucléicos (DNA e RNA), polissacarídeos sulfurosos, polissacarídeos dos ácidos urônico e siálico, e proteínas que contêm mais radicais do grupo carboxílico do que do grupo amino. Alguns sais que apresentam predomínio de ânions (sulfonato ácido de Na e K ou um ácido carboxílico) podem ser utilizados como 22

corantes ácidos. Estes sais possuem a capacidade de corar os tecidos de natureza alcalina que são constituídos, na sua maior parte, por proteínas que contêm excesso de aminoácidos alcalinos, como por exemplo a arginina, a lisina, a hidroxilisina e a histidina. Um exemplo de corante neutro é o picrato do azul de metileno. Neste tipo de corante o ânion e o cátion encontram-se corado. Há ainda os corantes descritos como indiferentes. Estas substâncias não são ácidas nem básicas, e tão pouco possuem a capacidade de formar sais. Normalmente estas substâncias são insolúveis na água e solúveis no álcool, éter e óleos. Exemplo: Sudan III.

Figura 1.Canino, fibroleimioma uterino. Coloração especial de Tricrômio de Masson. Tecido conjuntivo abundante (azul) em mais de 50% das células neoplásicas. Obj. 40x. Fonte: www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle / Poster_12326

Figura 2. Canino, fibroma uterino. Imunohistoquímica antivimentina com marcação citoplasmática acentuada , complexo estreptovidina- biotina-peroxidase, cromógeno DAB e contracoloração com Hematoxilina de Harris. Fonte: www.lume.ufrgs.br/bitstream/ handle /Poster_12326

Hematoxilina

A hematoxilina é considerada um corante nuclear, cuja substância ativa é a hemateína. A hemateína necessita de um mordente para que a durabilidade da cor seja assegurada. Esta mistura forma um sal que é capaz de corar os tecidos. A base utilizada como mordente pode ser o alumínio ou então um sal de cobre, de ferro, de cromo ou de tungstênio. Todas estas bases reproduzem excelente coloração nuclear. A hematoxilina e a hemateína são solúveis no álcool e na glicerina. Ao contrário da hematoxilina, a hemateína é pouco solúvel na água. Ao utilizar a hematoxilina para realizar


ONCOLOGIA

a coloração nuclear na amostra, existem duas opções de métodos para se alcançar a nitidez nuclear ideal. O método regressivo (Ex: Aquele que utiliza a hematoxilina de Harris) consiste em corar todas as estruturas tissulares concomitantemente e após essa etapa realizar uma descoloração controlada até atingir a coloração nuclear desejada. No método progressivo (Ex: Aquele que utiliza a hematoxilina de Mayer) apenas os núcleos são submetidos à coloração proveniente da hemateína e a intensidade de azul é regulada através de lavagens sucessivas em água corrente.

Eosina

As eosinas são sais de sódio ou de potássio derivados da bromofluoresceína. Sua exata coloração está relacionada com o número de átomos de bromo fixados à fluoresceína. As eosinas utilizadas nas coloraçõres histológicas são solúveis em água e álcool. Sua característica tintorial é normalmente difusa apresentando uma amplitude relativamente larga de tons de rosa. Entretanto é a eosina amarela em solução aquosa a 2% a mais utilizada nas colorações em conjunto com a hematoxilina. O tempo de coloração pode variar de 1 a 7 minutos

e depende do tecido a ser corado e do grau de diferenciação desejado para a amostra em questão.

Periodic Acid-Schiff (PAS)

Esta técnica é considerada muito útil, pois confere uma reação positiva com todo material constituído por polissacarídeos complexos, incluindo o glicogênio, o ácido hialurônico, as mucoproteínas e glicoproteínas, os glicolipídeos e os fosfatídeos. Desta forma, esta coloração permite a identificação ou detecção de glicogênio, mucinas neutras e membranas basais presentes em tecidos de origem glandular, além de evidenciar a maior parte dos fungos e parasitas. As substâncias, estruturas ou microrganismos positivos para o PAS apresentam-se coradas de vermelho a rosa.

Coloração das Fibras do Tecido Conjuntivo

Estas colorações, chamadas de tricrômicas, possuem a finalidade de evidenciar o músculo, as fibras de colágeno, a fibrina e os eritrócitos. Com a finalidade de se corar o núcleo, 3 corantes são utilizados. No método de Van Gieson, um dos mais antigos,

os núcleos aparecem azuis escuros a pretos, a cartilagem azulada, as fibras de colágeno e as membranas basais de vermelho e os outros tecidos aparecem tingidos de amarelo. Existem algumas colorações para demonstração dos tecidos conjuntivos, a maioria cai na categoria das colorações tricrômicas. O termo coloração tricrômica é o nome geral para técnicas que evidenciam o músculo, fibras de colágeno, fibrina e eritrócitos. São utilizados três (3) corantes um dos quais é usado como corante nuclear. Uma das colorações mais antigas é o método de van Gieson, com a qual os núcleos ficam azuis escuros a pretos, cartilagem azulada, o colágeno vermelho (fibras de colágeno e membranas basais) e os outros tecidos amarelos (fibras elásticas, citoplasma das células epiteliais e musculares). Outra coloração tricrômica muito utilizada é a coloração de Masson. Com esta técnica, os núcleos ficam azuis escuros ou pretos, o músculo, os eritrócitos e o citoplasma das células tornam-se vermelhos e o colágeno, azul.

Colorações Argentafins e Argirofílicas

A reação argentafim ocorre quando existem substâncias no tecido alvo, frequentemente provenientes do grupo fenólico (Ex: catecolaminas ou indolaminas), que reduzem os sais de prata (e outros metais) – FontanaMasson. Nas reações argirofilicas é adicionado um agente redutor externo tal como a hidroquinona ou a formalina – Grimelius. Nos dois tipos de colorações obtêm-se grânulos castanhos escuros ou negros. Para os demais tecidos a cor obtida dependerá do corante de contraste utilizado. Estas colorações são utilizadas para detectar células de origem neuroendócrina e melanina.

Coloração da Substância Amilóide

Este método consiste na aplicação da coloração com Vermelho do Congo, seguida pela visualização da amostra através de uma luz polarizada. É 23


ONCOLOGIA considerada a técnica mais prática para detectar a substância amilóide. A observação microscópica da substância amilóide, o tecido elástico e os grânulos eosinofílicos é representada pela presença de materiais vermelhos. Os núcleos coram-se de azul. Estas preparações quando observadas com luz polarizada apresentam birrefringência exibindo uma cor verde maçã para a substância amilóide.

Pigmentos e Minerais

Muitas vezes encontramos, no tecido, alguns pigmentos que necessitam de uma caracterização para se definir a conclusão diagnóstica em questão. Os principais pigmentos que podem ser destacados são a melanina, a hemossiderina e a lipofuscina. O principal mineral é o cálcio. Quando se utiliza o corante conhecido como azul da Prússia ocorre a chamada reação de Perls. Desta forma a hemossiderina pode ser identificada, pois o ácido hidroclorídrico separa a proteína do ferro permitindo que o ferrocianido de potássio se ligue ao ferro na forma férrica e que se forme o ferrocianido férrico (azul da Prússia). Assim, os tecidos contendo hemossiderina e alguns óxidos e sais de ferro ficam azuis. No método de Fontana–Masson para a melanina, é utilizada uma solução de prata amoniacal sem banho redutor. Apenas as substâncias capazes de reduzir diretamente os sais de prata, tais como a melanina, são evidenciadas. No final da reação, os grânulos argentafins e a melanina ficam de cor negra enquanto os núcleos e o citoplasma variam de rosa a vermelho. As lipofuscinas são uma mistura heterogênea de pigmentos nos quais se incluem os ceroides. Existem algumas técnicas que nos permitem evidenciar de alguma forma estes pigmentos. Dentre elas, destacamos o método de Sudam negro B, que deixa o pigmento negro, e o método de Zielh-Neelsen modificado deixando as lipofuscinas de cor magenta. No método de von Kossa para o cálcio, sais de prata são reduzidos para prata 24

metálica negra pelo uso de luz ou de um revelador fotográfico, obtendose, no final, os sais de cálcio de cor negra. Entretanto, alguns pigmentos são formados em decorrência da presença de artefatos na amostra. Estes devem ser distinguidos dos pigmentos acima referidos. O mais freqüente é o pigmento de formol que surge sob a forma de um depósito castanho ou preto nos tecidos fixados em formalina cujo pH é inferior a 6,5. Quando a fixação é muito prolongada os tecidos fixados em formalina neutralizada acabam exiibindo este pigmento. Uma alternativa para evitar que este artefato se apresente é realizar a extração do pigmento da preparação antes de aplicar a coloração escolhida.

Colorações para Microrganismos

Estes procedimentos incluem as técnicas para as bactérias gram-positivas e gram-negativas, micobactérias álcool ácido-resistentes, fungos e parasitas. A coloração de Gram permite a distinção das bactérias gram-positivas, que retêm os complexos de cristal de violeta-iodina, e gram negativas, que são descoradas pelo álcool ou acetona e coradas pela safranina ou fucsina (corantes de contraste). No final, obtemos as bactérias gram-positivas azuis escuras e as gram-negativas vermelhas. A técnica da coloração de Ziehl-Neelsen baseia-se na capacidade que alguns microrganismos possuem de reter os corantes complexos básicos (tais como arbolfucsina) após forte descoloração com ácido-álcool. A resistência aos ácidos depende do elevado conteúdo em lipídios (ácidos micólicos e ácidos graxos de cadeias longas) das paredes celulares das micobactérias. A técnica de PAS, já referida é muito utilizada para evidenciar fungos, no entanto quando estão em pequena quantidade é preferível optar pelo método de Grocott. O método de Grocott permite evidenciar fungos e leveduras e baseiase na redução da prata pelos grupos aldeídos resultantes da oxidação pelo

ácido crômico. No final, os fungos são marcados de cor negra. É o método de eleição para detecção destes microrganismos principalmente quando sua concentração na amostra é reduzida. Para a detecção de protozoários, a técnica mais popular é a que utiliza o corante Giemsa. Com este método os protozoários e outros microrganismos ficam corados de azul escuro, enquanto que o fundo fica rosa ou azul claro. Os núcleos adquirem uma coloração próxima ao azul escuro.

Coloração de Gorduras

As técnicas que permitem a identificação de gorduras são limitadas já que este tipo de material não pode ser aplicado em parafina. Isto ocorre porque as gorduras se dissolvem no xilol ou nos outros materiais usados durante o processamento. A técnica que utiliza o corante sudan negro (ou “Sudan Black”) cora os ésteres de colesterol e os triglicerídeos de azul escuro e alguns fosfolipideos de tons próximos ao cinza.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

650 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL

8

86 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE

8

648 - IMUNOISTOQUÍMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL

14

649 - IMUNOISTOQUÍMICA DE NEOPLASIA - 1 MARCADOR

14


ONCOLOGIA

LEUCEMIA EM CÃES

Introdução

O termo Leucemia é definido como uma proliferação neoplásica de células do sangue e medula óssea. A classificação de Leucemia depende da localização das células neoplásicas, da duração do processo e do tipo de célula envolvida. Em geral, o local das células neoplásicas mantém uma relação fixa com o sangue periférico. Leucemia aleucêmica é definida como uma proliferação neoplásica das células originais da medula óssea, sem ocorrer libertação das mesmas no sangue periférico. Leucemia subleucêmica é uma proliferação neoplásica das células de origem da medula óssea, em que só algumas destas células são libertadas na circulação geral. Finalmente, Leucemia leucêmica é uma proliferação neoplásica das células de origem da medula óssea, em que um número elevado destas células é libertado no sangue periférico. Em geral, quando aplicamos o termo “Leucemia”, estamos nos referindo a uma Leucemia leucêmica.Os dois termos utilizados para descrever as leucemias quanto à duração do processo são aguda

e crônica. Leucemia Aguda geralmente desenvolve-se muito rapidamente e tem um prognóstico mais reservado e grave. Geralmente existe um elevado número de células jovens (blásticas) ou muitas células imaturas na circulação, o que faz com que o diagnóstico de leucemia seja relativamente fácil, mas na subclassificação destas alterações do tipo de célula é mais difícil devido à pobre diferenciação. Em contraste, a Leucemia Crônica corresponde à proliferação neoplásica de células bem diferenciadas.

Leucemia Aguda

As leucemias agudas representam menos de 10% de todas as neoplasias hematopoiéticas no cão, embora seja difícil obter uma estimação precisa devido à falta de distinção entre linfoma e leucemia em muitos casos. Da mesma forma, não está clara a proporção real de leucemias mielóides e linfóides. Os animais afetados são jovens adultos, mas pode variar desde o primeiro ano de idade até os 12 anos. Pode haver uma ligeira predisposição sexual para

as leucemias agudas no cão, com razão Macho:Fêmea de 3:2, mas não há predisposição racial SINAIS CLÍNICOS As leucemias agudas caracterizam-se por um comportamento agressivo e uma progressão rápida. Os sinais clínicos e os achados do exame físico em cães com leucemia aguda são usualmente vagos e não-específicos. Em resumo, estes cães desenvolvem letargia ou anorexia, febre persistente ou recidivante, perda de peso, claudicação intermitente e alternada dos membros e outros sinais não-específicos. A esplenomegalia, hepatomegalia, febre e linfadenopatia generalizada discreta são geralmente detectadas durante o exame físico rotineiro. O baço nesses cães em geral está acentuadamente aumentado de volume e possui superfície lisa à palpação. A inspeção cuidadosa das mucosas nos cães com leucemia aguda quase sempre revela petéquias e/ou equimoses, além da palidez. Icterícia pode também ser detectada se a infiltração leucêmica acentuada do fígado ou hemólise estiverem presentes. 25


ONCOLOGIA A linfadenopatia presente em animais com leucemia aguda geralmente é discreta, ao contrário da que ocorre em cães com linfoma, nos quais os linfonodos estão muito aumentados. Além disso, a maioria dos cães com leucemia apresenta sintomatologia, ao passo que mais de metade dos cães com linfoma é assintomática. DIAGNÓSTICO Um hemograma completo geralmente é confirmatório, embora as alterações hematológicas em cães com leucemia aleucêmica possam lembrar aquelas vistas na Erliquiose ou na aplasiahipoplasia da medula óssea. Para avaliar a extensão da doença, estão indicadas a citologia aspirativa (mielograma – figura 1) ou biópsia de medula óssea. Punções esplênicas, hepáticas ou dos linfonodos para a avaliação citológica também podem ser obtidos facilmente.

Figura 1: Citologia aspirativa de medula óssea. Fonte: Tese da Dra. Catarina M. S. Maia

Se um doente apresenta linfadenopatia generalizada leve e a única amostra submetida ao laboratório é um aspirado de linfonodo, a presença de linfoblastos indiferenciados no esfregaço resulta no diagnóstico citológico de leucemia aguda ou linfoma, pois as células linfóides neoplásicas no linfoma e na leucemia são indistinguíveis morfologicamente. Nesses casos, para estabelecer um diagnóstico definitivo é necessária mais informação clinicopatológica, como o grau e extensão da linfadenopatia, presença de hepatoesplenomegalia, hemograma e biópsia ou achados citológicos da medula óssea. É importante diferenciar entre estes dois distúrbios, porque o prognóstico para 26

cães com linfoma é consideravelmente melhor do que para aqueles que possuem leucemia. Estas duas entidades podem ser difíceis de diferenciar com base na informação clínica, hematológica e citológica obtida, mas as linhas gerais a seguir podem ser usadas para tentar estabelecer um diagnóstico definitivo: 1. Se a linfadenopatia for maciça, o doente mais provavelmente possui um linfoma; 2. Se o paciente está sistemicamente doente, provavelmente possui leucemia aguda; 3. Se houver bicitopenia ou pancitopenia, leucemia aguda é o diagnóstico mais provável; 4. Se a percentagem de linfoblastos na medula óssea estiver acima de 40 a 50%, o doente provavelmente possui Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA); 5. Se houver hipercalcemia, o diagnóstico mais provável é linfoma. Os seguintes princípios básicos de diagnóstico aplicam-se a todos os doentes com suspeita de leucemia: 1. Se estiverem presentes citopenias ou células anormais no sangue periférico, obter citologia aspirativa (mielograma) ou biópsia de medula óssea; 2. Se o baço ou o fígado estiverem aumentados de volume, obter um aspirado de agulha fina do(s) órgão(s) acometido(s) para avaliação citológica; 3. Realizar outros testes diagnósticos quando apropriado (por exemplo testes sorológicos para Ehrlichia canis). HEMATOLOGIA Em cães com leucemia aguda estão presentes alterações hematológicas acentuadas. Resumidamente, células anormais (leucêmicas) são observadas no sangue periférico da maioria dos animais com Leucemia Mielóide Aguda (LMA) e Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), embora isto seja ligeiramente mais comum na última, pois os blastos circulantes estão ausentes na LMA. Citopenias isoladas, bicitopenias ou pancitopenias estão presentes em quase todos os

cães com LMA e LLA. As citopenias, como anemia não regenerativa, trombocitopenia e neutropenia, estão presentes em todos os casos, embora a anemia e a trombocitopenia possam ser menos graves na Leucemia Monocítica Aguda (LMA). BIOQUÍMICA A avaliação bioquímica deve incluir eletrólitos, enzimas hepáticas, para avaliar se estamos perante uma disfunção hepática, e Uréia Sanguínea e creatinina, para descobrir uma possível disfunção renal. Nas leucemias agudas, é comum observar-se hipercalcemia, aumento da uréia, aumento do fósforo inorgânico e aumento das enzimas hepáticas, nomeadamente Fosfatase alcalina (FA), Alaninoaminotransferase (ALT) e Aspartatoaminotransferase (AST). MEDULA ÓSSEA Para uma avaliação correta da medula óssea deve ser efetuada uma citologia aspirativa (mielograma) e/ou biópsia. A avaliação citológica de casos de leucemia é essencial para: 1. Confirmar o diagnóstico de leucemia; 2. Determinar o grau de hematopoiese normal; 3. Determinar se há predomínio de células blásticas.

Leucemia Crônica

À semelhança do que acontece com as leucemias agudas, os sinais clínicos em cães com Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) e Leucemia Mielóide Crônica (LMC) são vagos e inespecíficos, e história crônica de sinais clínicos vagos precede o diagnóstico de leucemia crônica em metade dos cães. Muitos dos casos de leucemia crônica são diagnosticados ao acaso durante o exame físico e a avaliação laboratorial de rotina, pois cães com leucemia crônica apresentam-se assintomáticos. Os sinais clínicos estão presentes em aproximadamente metade dos cães com Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) e incluem letargia; anorexia;


ONCOLOGIA vômitos; poliúria/polidípsia Pu/Pd; linfonodos aumentados de volume; claudicação intermitente; diarréia e vômitos intermitentes; e perda de peso. Os achados do exame físico nesses cães incluem linfadenopatia generalizada, esplenomagalia, hepatomegalia, palidez, pirexia e infiltração cutânea. Cerca de 25% dos casos de Leucemia Mielóide Crônica (LMC), está associada a uma gamopatia monoclonal (apesar de 10% poder ter a concentração de imunoglobulinas reduzida), que pode originar o síndrome de hiperviscosidade, gerando convulsões e depressão. Os sinais clínicos e os achados do exame físico nesses cães com LMC parecem ser semelhantes aos da LLC. DIAGNÓSTICO A linfocitose absoluta é o principal critério diagnóstico para LLC nos cães. Embora outras doenças, como a Erliquiose, Babesiose, Leishmaniose (figura 2), Doença de Chagas, doença de Addison (hipocortisolismo), devem ser consideradas nos diagnósticos diferenciais de cães com linfocitose discreta. Se anormalidades como linfadenopatia discreta, esplenomegalia, gamopatia monoclonal, anemia forem encontradas, isto poderá ajudar a estabelecer um diagnóstico de LLC em cães com linfocitose, embora todas essas mudanças possam estar presentes em cães com Erliquiose crônica.

Figura 2: Citologia de medula óssea canina Formas amastigotas de Leishmania localizadas no citoplasma de macrófagos. Fonte: Site da Universidade da Geórgia.

HEMATOLOGIA A anormalidade hematológica mais comum em cães com LLC é a linfocitose

acentuada que resulta em leucocitose. Os linfócitos em geral são morfologicamente normais, apesar de grandes linfócitos granulares estarem ocasionalmente presentes. Além da linfocitose, que geralmente é diagnóstica (um cão com contagem linfocítica de 100.000/µl certamente possui LLC), é detectada anemia em mais de 80% dos cães e trombocitopenia em aproximadamente metade dos cães. Apesar da avaliação citológica dos aspirados de medula óssea em cães com LLC geralmente revelar números aumentados de linfócitos morfologicamente normais, ocasionalmente são detectados números normais de linfócitos. Isto ocorre provavelmente porque em muitos casos a linfocitose nos pacientes com LLC é o resultado de distúrbios de recirculação em vez de aumento da proliferação clonal de linfócitos na medula óssea. As características hematológicas dos cães com LMC são mal caracterizadas, mas incluem leucocitose com desvio à esquerda no sentido dos mielócitos (ou ocasionalmente mieloblastos), anemia não regenerativa normocítica normocrómica e possivelmente trombocitopenia, apesar de também poder ocorrer trombocitose. BIOQUÍMICA A bioquímica geralmente evidencia uma hipercalcemia e na avaliação das enzimas hepáticas observa-se um aumento da FA. As gamopatias monoclonais são encontradas em aproximadamente dois terços dos cães com LLC quando o soro é avaliado por electroforese de proteínas. O componente monoclonal geralmente é a IgM mas componentes da IgA e da IgG também foram relatados. Essa gamopatia monoclonal pode causar hiperviscosidade. MEDULA ÓSSEA As análises da medula óssea mostram uma medula hipercelular com predomínio de formas maduras das séries linfóides e mielóides. O diagnóstico específico da leucemia

crónica baseia-se nos achados da medula óssea e na natureza da leucocitose que a acompanha. Uma notável linfocitose (superior a 20 x 109/l) é quase patognomônica de LLC, embora em certas ocasiões se deva diferenciar de um linfoma de um tipo de célula linfocítica. O diagnóstico de LMC geralmente é mais difícil que a LLC devido à falta de anormalidades clínicas e de laboratório específicas e características da doença. Com freqüência é difícil distinguir a LMC de reações leucemóides e das síndromes pré-leucêmicas, com base nos achados clínicos, e pode ser necessário o exame cuidadoso da medula óssea para conseguir um diagnóstico correto. Em doentes com esplenomegalia pode ser útil o exame histopatológico do baço. Dica baseada no texto da Dra. Catarina Maria Sousa Maia. Universidade De Trás-Os-Montes E Alto Douro Vila Real, 2008. EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

39 - HEMOGRAMA COMPLETO

1

132 - MIELOGRAMA

4

86 - HISTOPATOLOGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE

8

667 - PESQUISA DE ERLICHIA - IGG E IGM - MÉTODO RIFI

3

331 - PERFIL ELETROLÍTICO

1

333 - PERFIL HEPÁTICO

1

349 - PERFIL RENAL

1

264 - ELETROFORESE DE PROTEÍNAS

4

27


ONCOLOGIA

IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DAS MARGENS CIRÚRGICAS EM ONCOLOGIA VETERINÁRIA

Atualmente a incidência de neoplasias nos animais domésticos tem aumentado consideravelmente. Cuidados como nutrição equilibrada, vacinação e visitas freqüentes ao veterinário tem proporcionado melhor qualidade de vida aos animais. Porém, favorecem o aumento da incidência de doenças relacionadas à idade, como ocorre com as neoplasias. A importância do estudo da neoplasia é fundamental para compreensão de suas causas, tipos e formas de tratamento. Assim, para o sucesso no tratamento curativo, obter margem de segurança, livre de tumor, é crucial na cirurgia oncológica. Muitas variáveis podem interferir no sentido de se aumentar ou não a margem de segurança pré-definida. Fatores como o tipo histológico do tumor, o seu tamanho, sua delimitação clínica, sua localização e o fato dele ser primário (quando o tumor é tratado pela primeira vez) ou recidivado (quando o tumor é tratado mais de uma vez), influenciam significativamente o tamanho da margem de segurança. Desta forma, um consenso entre as medidas recomendadas para excisão cirúrgica é muito difícil de ser obtido. 28

Leiomioma em útero de cadela.

Carcinoma de células escamosas em gato.

avaliação microscópica de fragmentos em diferentes posições.Desta forma, nos cortes histológicos a integridade da margem é avaliada pela continuidade da tinta nanquim que permanece após o processamento, conferindo segurança à avaliação. Se há tumor na margem, significa que parte do tumor permaneceu no paciente e é necessário uma re-excisão ou maior concentração de tratamentos quimioterápicos e/ou radioterápicos. Assim, fala-se que a margem cirúrgica está comprometida. Se não há, fala-se em margens cirúrgicas livres. Além disso, fragmentos marcados com fios ou botões coloridos podem orientar o patologista e o clínico sobre a direção da margem comprometida (superior, inferior, direita, esquerda, etc).

Como Funciona

A avaliação das margens cirúrgicas é tão importante quanto o diagnóstico da patologia e está diretamente relacionado com a taxa de recidiva local. Esta avaliação consiste na pintura, pelo patologista durante o exame macroscópico, das margens de ressecção cirúrgica com tinta nanquim, e posterior

Corte Histológico exibindo margem cirúrgica livre.


ONCOLOGIA

Corte Histológico exibindo margem cirúrgica comprometida

Terminologia Usada

A neoplasia atinge a margem cirúrgica; A neoplasia compromete focalmente a margem cirúrgica; Todos as margens encontram-se comprometidas; Margens cirúrgicas livres, mas oncologicamente não seguras (significa que a distância do foco neoplásico da margem cirúrgica é inferior ao limite considerado satisfatório na literatura); Margens cirúrgicas livres. (Ideal); Em determinadas circunstâncias como, por exemplo, em tumores infiltrativos, a visão microscópica do patologista pode ser relativa na avaliação da margem cirúrgica, devido ao tipo e número de cortes produzidos. Assim, fragmentos de tecidos podem conter porções de tumor ou mesmo de tecido normal, que poderiam modificar o julgamento final com relação às margens de segurança. Para garantir uma avaliação fidedigna

da margem de segurança cirúrgica, são necessários cortes estratégicos em diversos pontos do fragmento, de forma que represente de forma significativa e extensão da neoplasia. Frente a isso, a exérese tumoral juntamente com avaliação histopatológica, incluindo a determinação das margens de segurança, e acompanhamento clínico criterioso, são essenciais para o tratamento curativo eficaz das neoplasias. Além da avaliação das margens cirúrgicas em oncologia veterinária, o TECSA Laboratórios oferece aos Médicos Veterinários uma grande variedade de exames para auxiliar no diagnóstico de diversas outras patologias, seguindo todos padrões ISO de qualidade nas principais áreas.

A e B: Distribuição e disposição da massa tumoral nos cortes em diferentes ângulos.

I, II, III e IV: Cortes histológicos utilizados em anatomia patológica.

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

86 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE

8

644 - HISTOPATOLÓGICO COM MARGEM CIRÚRGICA (BIÓPSIA)

8

650 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL

8

87 - CITOLOGIA

5

665 - NECROPSIA - ANIMAL EXÓTICO

5

648 - IMUNOISTOQUÍMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL

14

456 - LEISHMANIOSE - MÉTODO IMUNOISTOQUIMICA

6

90 - NECROPSIA ANIMAL MÉDIO PORTE - DE 10 A 20 KG

4

91 - NECROPSIA ANIMAL GRANDE PORTE - ACIMA DE 20 KG

4

89 - NECROPSIA ANIMAL - PEQUENO PORTE - ABAIXO DE 10 KG

4

483 - LEISHMANIA CHAGASI - MÉTODO PCR REAL TIME QUALITATIVO

5

680 - LEISHMANIA CHAGASI - MÉTODO PCR REAL TIME QUANTITATIVO

5

Referencias disponíveis com autor, se necessário consulte-nos.

29


ONCOLOGIA

MASTOCITOMA – NEOPLASIA CUTÂNEA MAIS FREQUENTE NO CÃO

Introdução

Mastócitos (figura 1) são células residentes no tecido conjuntivo, de origem hematopoética e de longa vida que mantêm a capacidade de proliferar após a maturação. O achado característico de mastócitos maduros é a presença de grânulos citoplasmáticos que contêm substâncias biologicamente ativas, como histamina e heparina. Em cães, as principais patologias relacionadas com os mastócitos são as reações de hipersensibilidade do tipo I, local e sistêmica e os mastocitomas. Mastocitoma é a neoplasia cutânea mais freqüente do cão, compreende 7 a 21% dos tumores cutâneos caninos e 11 a 27% das neoplasias malignas. Ocorre principalmente em cães com idade média de 8-9 anos, e não existe aparente predileção por sexo. As raças mais predispostas são Boxer, Boston Terrier, Bull Terrier, Labrador Retriever, Fox Terrier, Beagle e Schnauzer. Contudo, recentes levantamentos demonstram que cães sem raça definida e das raças Cocker Spaniel, Pit Bull Terrier e 30

Shar-Pei também são predispostos aos mastocitomas.

dos tumores e a relação positiva das duplicações com a malignidade do mastocitoma.

Diagnóstico

Figura 1: Mastócito - apresentam-se globosos, grandes e com citoplasma repleto de grânulos que se coram intensamente. Fonte: Retirado do site infoescola.

Patogênese

A causa dos mastocitomas não está completamente elucidada, mas recentemente indicou-se que há mutações no ponto do gene c-kit que codifica o domínio justamembrana do receptor tirosina-quinase do stem cell factor (SCF), em mastócitos neoplásicos de cães. A principal mutação encontrada foi a duplicação que causa fosforilação constitutiva do receptor, sem a necessidade da ligação com SCF. Isso explica o crescimento descontrolado

O diagnóstico definitivo é realizado por preparações citológicas e histológicas. Para um prognóstico acurado, é necessário avaliar o grau histológico pelo método de rotina da hematoxilina-eosina (HE), com auxílio de colorações especiais como azul de toluidina e exame de imunohistoquímica .Mastocitomas bem diferenciados são fáceis de diagnosticar em preparações histológicas de rotina (figura 2).Contudo, mastocitomas pouco diferenciados (figura 3) podem ser confundidos com outros tumores de células redondas. O método histoquímico azul de toluidina é importante, pois auxilia na confirmação do diagnóstico e, muitas vezes, permite diferenciar mastocitomas pouco diferenciados de outros tumores de células redondas, tais como histiocitomas, plasmocitomas, linfomas não epiteliotrópicos entre outros.


ONCOLOGIA Outra ferramenta bastante importante nesta diferenciação é o exame de imunohistoquímica que permite determinar a origem da célula tumoral através de pesquisa imunofenotípica.

Figura 2: Mastocitoma cutâneo (mastócitos bem diferenciadas). Os matócitos possuem numerosos grânulos basofílicos que obscurecem a morfologia nuclear. Fonte: Retirado do site da Universidade da Geórgia.

Figura 3: Mastócito pouco diferenciado. O mastócito à esquerda é grande e possui granulações citoplasmáticas esparsas. Fonte: Retirado do site da Universidade da Geórgia.

Grau Histológico

O grau histológico é um parâmetro importante para determinar o prognóstico e a escolha do tratamento pelo clínico. Nos mastocitomas de grau I, predominam células uniformes, redondas a ovais, com citoplasma abundante, núcleo redondo a oval, aspecto homogêneo basofílico, nucléolo não-visível e ausência de figuras mitóticas. Nos mastocitomas de grau II, as células freqüentemente apresentam anisocitose, pleomorfismo ou uniformidade; com citoplasma moderado a escasso; núcleo com anisocariose ou redondo a oval, aspecto predominantemente vesicular com um nucléolo visível e uma figura mitótica/ CMA. Já nos mastocitomas de grau III, todas as células apresentam anisocitose, anisocariose e pleomorfismo, por vezes associadas a células multinucleadas.

Um ou mais nucléolos são visíveis com média de quatro figuras mitóticas/ CMA. Os mesmos critérios são usados atualmente com resultados semelhantes na distribuição dos graus. Apesar do sistema de graduação histológica seguir diversas características histológicas prédefinidas, muitas vezes a classificação é subjetiva, pois patologistas podem determinar diferentes graus para o mesmo tumor. Essa subjetividade é mais acentuada em mastocitomas de diferenciação intermediária (grau II).

Prognóstico

Os mastocitomas são neoplasias potencialmente malignas. Contudo, os mastocitomas de grau I, ou bem diferenciados, normalmente apresentam um prognóstico favorável após o tratamento. Os mastocitomas de grau II apresentam um prognóstico difícil de predizer, uma vez que há mastocitomas de grau II com comportamento benigno e outros com comportamento maligno, semelhante aos do grau III. Já os mastocitomas de grau III, ou pouco diferenciados, são neoplasias malignas com alto potencial metastático e com prognóstico desfavorável.

Lesões Concomitantes

Alterações, como necrose, hemorragia e edema são comuns em mastocitomas. Eosinófilos isolados ou agrupados estão presentes em todos os graus dos mastocitomas diagnosticados. A IL-5 (interleucina 5), produzida por mastócitos e pelos próprios eosinófilos tem, também, papel fundamental na atração dessas últimas células para o local da lesão.Nos mastocitomas, os eosinófilos contribuem para a formação do estroma e na angiogênese, como observado em tumores mamários em humanos. Os eosinófilos observados nos mastocitomas são associados com necrose e hemorragia, confirmando a responsabilidade atribuída a eles pelos efeitos deletérios nos tecidos infiltrados. Muitos pacientes podem apresentar efeitos indiretos causados pelos mastocitomas como gastrite e úlceras

duodenais, por estimulação histamínica dos receptores H2. Podem ocorrer ainda glomerulites focais, falhas na resposta imunológica e na coagulação sanguínea Dica baseada no artigos de S.L. Garmatz, et al., UFSM e J.M. Furlani, et al., UNESP..

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

86 - HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA - HE

8

644 - HISTOPATOLÓGICO COM MARGEM CIRÚRGICA (BIÓPSIA)

8

650 - HISTOPATOLOGIA COM COLORAÇÃO ESPECIAL

8

87 - CITOLOGIA

5

648 - IMUNOISTOQUÍMICA PARA NEOPLASIA - PAINEL GERAL

14

663 - CITOLOGIA DE LIQUIDO BRONCO – ALVEOLAR

4

659 - IMUNOISTOQUIMICA - DETECÇÃO DE MICRO METÁSTASES DE MELANOMA

14

656 - IMUNOHISTOQUIMICA - VALOR PROGNÓSTICO DE MASTOCITOMA

14

658 - PERFIL FACILITADOR CITO E HISTOPATOLOGICO

8

657 - PERFIL SÍNDROME PARANEOPLÁSICA

5

345 - PERFIL PRÉ-OPERATÓRIO

1

Referencias disponíveis com autor, se necessário consulte-nos.

31


ALERGOLOGIA

DERMATITE ATÓPICA E OS PRINCIPAIS ALÉRGENOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DA ALERGIA EM CÃES

TABELA 1: Levantamento realizados em 800 exames de teste de alergia ( pesquisa do IgE específico) para avaliação dos principais alérgenos causadores de Dermatite Atópica em cães. Fonte: TECSA Laboratórios.

A dermatite atópica é uma dermatose inflamatória e pruriginosa de origem genética e de alta incidência, que atinge em torno de 20% dos animais, e está associada a uma reação a alérgenos ambientais, como: ácaros, fungos, gramíneas, pólens, ervas, produtos químicos, alimentos, entre outros. A predisposição genética é um dos fatores principais para a dermatite atópica, sendo considerada uma doença de adultos jovens, onde os primeiros sinais clínicos se apresentam entre seis meses a três anos de idade. Não há predisposição sexual, onde machos e fêmeas são acometidos igualmente. A Dermatite atópica é uma resposta exagerada do sistema imunológica a alguma substância estranha ao organismo, ou seja, é uma hipersensibilidade imunomediada a um estímulo externo especifico. A substância que desencadeia a alergia no animal é chamado de alérgeno. Quanto mais o animal tiver contato com o alérgeno, maior poderá ser a resposta do sistema imune, e consequentimente maiores os sinais clinicos apresentados. A avaliação da exposição alergênica realizada em estudos no Brasil mostra que ocorre uma variação de acordo com cada região. Isso se deve, 32

provavelmente, às condições ambientais e climáticas. Contudo, os ácaros são os mais prevalentes. As espécies Dermatophagoides pteronyssinus e Blomia tropicalis são as mais comuns no Brasil. Os ácaros preferem locais com umidade relativa acima de 50% e temperaturas de 18 a 26°C. Os ácaros da poeira raramente são encontrados em climas secos e em grandes altitudes. Os ácaros da poeira doméstica alimentamse principalmente de descamação de animais e humanos, fungos e outros restos encontrados em ambientes humanos. Altas concentrações de ácaros da poeira são encontradas em colchões, travesseiros, tapetes e móveis estofados. Em um grama de poeira domiciliar pode conter mais de 1.000 ácaros. Sabendo da importância na identificação dos principais alérgenos causadores da dermatite atópica em animais, o TECSA laboratórios realizou um levantamento inedito, onde foram realizados a prevalência dos principais alérgenos causadores de dermatite atópica em câes. Onde pode se observar que os principais causadores desta doença são os acaros.

1:Acarus siro (Fonte: Universidad del Norte)

2: Tyrophagus putrescentiae (Fonte: Encyclopédia Of Science)

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS CÓD - EXAME

686 - TESTE ALÉRGICO PAINEL C/ 24 ALERGENOS 684 - TESTE ALÉRGICO ALERGIA A PICADA (SALIVA) DE PULGA 688 - TESTE ALÉRGICO ALERGIA A MALASSEZIA

PRAZO/DIAS

7 7 7

VACINA IMUNOTERÁPICA SUBLINGUAL

45

VACINA IMUNOTERÁPICA SUBCUTÂNEA

45


ALERGOLOGIA

DERMATITE ATÓPICA FELINA

TABELA 1: Levantamento realizados em 32 exames de teste de alergia (pesquisa do IgE específico) para avaliação dos principais alérgenos causadores de Dermatite Atópica em Felinos. Fonte: TECSA Laboratórios.

A Dermatite atópica está definida como uma doença alérgica cutânea, inflamatória e pruriginosa, predisposta geneticamente, e com manifestações clínicas características, que está associada a anticorpos IgE a alergénios ambientais. É uma doença crónica, podendo ser sazonal ou perene. O sinal clínico comum a todos os casos é o prurido com lesões secundárias devido à lambedura excessiva. Muitas vezes, instalamse infecções fúngicas ou bacterianas nas lesões que podem complicar o quadro e confundir sua apresentação clínica; as lesões clínicas mais comuns são a alopécia auto-induzida, prurido cervicofacial, dermatite miliar e lesões do complexo eosinofílico felino. Os sinais não dermatológicos como rinite, tosse e dispneia (asma) podem igualmente ser observados em alguns pacientes. Deve-se testar o animal para a presença de anticorpos IgE alérgeno específicos. O gato deve ser testado para diversos alérgenos, embora muitos animais sem evidência de doença de pele possam apresentar resultados positivos, indicando exposição ao alérgeno. De acordo com o levantamento podemos observar que os principais causadores da dermatite atópica em felinos são os ácaros. Em especial: Acarus siru, estudos apontam que este ácaro está profundamente ligado à grande parte dos casos de asma. 33


ALERGOLOGIA

Dermatophagoides farinae e presente na poeira intradomiciliar e comum em áreas mais secas, a duração do ciclo do ovo para adulto é de 35 dias. Tyrophagus putrescentiae, esse ácaro em condições favoráveis, conclui uma geração em 8 a 21 dias. Como a temperatura cai, o comprimento do ciclo de vida aumenta. Este ácaro irá tolerar altas temperaturas. Blomia Tropicallis, contribuinte importante para o conteúdo de alérgenos na poeira doméstica em habitações urbanas interiores, ocorrem em uma porcentagem significativa de lares em regiões tropicais. Dermatophagoides pteronyssinus todos esses ácaros podem contaminar os produtos infestados com alérgenos e transferir microorganismos patogênicos, diversas doenças podem estar associadas com as alergias provocadas pelos ácaros, tais como rinite alérgica, asma, bronquite alérgica, conjuntivite alérgica e dermatite alérgica.

1: Acarus sirus (Fonte: Macro Fotografias)

34

EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS 2 : Dermatophagoides farinae (Fonte: EDPA)

CÓD - EXAME

3:Tyrophagus putrescentiae (Fonte: Encyclopédia Of Science)

4:Blomia tropicalis (Fonte: Universidad del Norte) 5: Dermatophagoides pteronyssinus (Fonte: Annalergo)

5: Dermatophagoides Annalergo)

pteronyssinus

(Fonte:

PRAZO/DIAS

686 - TESTE ALERGICO PAINEL C/ 24 ALERGENOS

7

684 - TESTE ALERGICO ALERGIA A PICADA (SALIVA) DE PULGA

7

688 - TESTE ALERGICO ALERGIA A MALASSEZIA

7

VACINA IMUNOTERAPICA SUBLINGUAL

45

VACINA IMUNOTERAPICA SUBCUTÂNEA

45


ALERGIAS EM MEDICINA VETERINÁRIA

NO TECSA VOCÊ ENCONTRA DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO! Somos parceiro exclusivo da empresa suíça HESKA na América Latina líder mundial no diagnóstico e imunoterapia para atopias. O diagnóstico é realizado através de uma pequena amostra de sangue. No caso de resultados positivos, faz-se a imunoterapia personalizada, que é bastante segura e eficaz no tratamento e controle dos sintomas da alergia.

Disponibilizamos também imunoterapias a partir de resultados de testes alérgicos intradérmicos!

Entre em contato com os nossos especialistas em alergologia para uma consultoria sobre os seus casos.


MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS

LIPIDOSE HEPÁTICA FELINA

Introdução:

A Lipidose Hepática Felina (LHF) é uma das doenças mais comuns que acometem o fígado dos felinos, é caracterizado pelo acúmulo excessivo de triglicerídeos em mais de 70% dos hepatócitos. Este acúmulo em excesso, ocorre devido a uma intensa mobilização da gordura corporal dos felinos devido a longos períodos de inapetência ou devido a outras circunstâncias que interfiram na rotina do animal. Esta mobilização pode provocar o aparecimento de inúmeras alterações clínicas assim como alterações hematológicas e bioquímicas nos animais acometidos. Portanto, devemos estar sempre atentos a alterações que possam estar envolvidas no metabolismo hepático do animal para que possamos fazer um diagnóstico precoce, visto que esta doença é de ocorrência comum e pode levar o animal a óbito caso não seja diagnosticada em tempo hábil.

Etiopatogenia:

O fígado é um órgão com importantes 36

funções no metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídeos dos animais. A etiopatogenia da Lipidose Hepática Felina (LHF), ou também conhecida como Síndrome do Fígado Gorduroso em Felinos, está diretamente relacionada com o acúmulo excessivo de lipídios, quando este excede a capacidade normal de metabolização dos hepatócitos. Existem vários fatores que promovem a sobrecarga e o acúmulo desses lipídios, desta forma, podemos descrever como LHF Primária ou Idiopática e LHF Secundária. A Lipidose hepática felina primária ou idiopática normalmente acomete gatos obesos, que passaram por estresse crônico ou que passaram por longos períodos de inapetência. Devido ao estresse crônico, ocorre uma diminuição nos níveis de glicose no sangue, com consequente diminuição na produção de insulina e um aumento na produção dos níveis de glucagon. Devido a essas alterações dá-se início a um processo de lipólise periférica, havendo a liberação

de ácidos graxos na corrente sanguínea até chegar ao fígado e ser metabolizado e armazenado como triglicerídeos a fim de suprir a necessidade energética do animal. Quando o gato passa por períodos de jejum prolongado o metabolismo dos ácidos graxos podem sofrer alterações devido a algumas causas como, o consumo inadequado de aminoácidos essenciais como taurina e arginina, podendo provocar uma deficiência dos mesmos que estão diretamente relacionados ao metabolismo dos triglicerídeos, provocando o acúmulo do mesmo dentro dos hepatócitos. A deficiência de outros aminoácidos como metionina e lisina estão diretamente relacionadas na diminuição na produção de carnitina, uma amina quaternária responsável pela oxidação dos ácidos graxos presentes no fígado. A Lipidose hepática felina secundária, pode ser provocada por várias condições patológicas que promovem o acúmulo dos lipídeos nos hepatócitos, estes


MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS acúmulos normalmente estão associados a outras doenças sistêmicas endócrinas e não endócrinas que podem acometer os felinos, dentre elas, podemos citar o hipotireoidismo, o hipertireoidismo, diabetes, pancreatite, infecções, obesidade e cardiopatias, que estão direta e indiretamente relacionados ao metabolismo dos lipídios.

Figura 1: Fígado de um gato diagnosticado com Lipidose Hepática Felina. Fonte: Imagem retirada do “Portfólio de Patologia Veterinária” disponível em: https://www4.icbas. up.pt/labpatvet/?portfolio=orgao-4

Sinais clínicos:

Os felinos acometidos pela LHF desenvolvem uma série de sinais clínicos, dentre estes, os gatos podem apresentar perda de peso, vômitos, constipação ou diarreias, palidez, icterícia, depressão, perda de apetite e letargia. Em estágios mais avançados, os animais podem desenvolver sinais clínicos condizentes com encefalopatia hepática, como demência e coma, há alguns relatos de que também podem apresentar perda de visão.

Figura 2: Gato apresentando sinal clínico de icterícia devido a uma provável hepatopatia. Fonte: Imagem retirada do “POC A Subdomain of Pictures of cats” disponível em: http://pictures-of-catsorgblog.pictures-of-cats. org/2012/04/picture-of-jaundiced-cat.html

37


MEDICINA LABORATORIAL DE FELINOS Diagnóstico:

Para se realizar o diagnóstico de Lipidose Hepática Felina, devemos fazer a anamnese, o exame físico, exames laboratoriais e ultrassonografia deste animal, estando atento a alterações clínicas e patológicas associadas as funções do fígado. No exame clínico podemos verificar que as mucosas do animal se encontram pálidas e podendo apresentar variados tons de icterícia de acordo com a lesão hepática. O animal irá se apresentar letárgico. Nos exames laboratoriais, podemos identificar alterações inespecíficas no hemograma como, anemia normocítica e normocrômica arregenerativa e uma leve neutropenia. Nos exames bioquímicos podemos evidenciar uma presente alteração nos níveis de Alanina Amino Transferase (ALT), Aspartato Amino Transferase (AST) e um exacerbado aumento nos níveis de Fosfata Alcalina (FA). Podemos encontrar níveis plasmáticos elevados de Colesterol, Creatinina e uma possível Hiperglicemia, podemos encontrar também uma Hipocalemia, redução nos níveis séricos de Albumina e Ureia Nitrogenada. Quando realizado a ultrassonografia, podemos encontrar achados comuns como uma marcada hepatomegalia devido ao acúmulo excessivo de lipídeos e aumento da ecogenicidade do fígado. Na realização deste exame, devemos considerar a realização Citologia através do método de Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) guiado pelo ultrassom e ou até a coleta de material hepático para a realização de exame Histopatológico. Estes dois últimos, são exames de escolha para o fechamento do diagnóstico e a exclusão de possíveis diagnósticos diferenciais. Como diagnóstico diferencial, devemos estar atento a outras doenças que podem acometer os felinos como a Toxoplasmose, a Leucemia Felina, a Peritonite Infecciosa Felina, a Imunodeficiência Felina, Hepatopatia Tóxica Aguda, Diabetes Mellitus, Hiperadrenocorticismo e 38

o Hipertireoidismo. Para realizar a exclusão destes diagnósticos diferencias, devemos realizar os exames Citológico e Histopatológico, pois através deles, teremos uma confirmação do acúmulo excessivo de lipídios nos hepatócitos.

glicocorticoides nestes casos devem ser evitados. Os animais apresentam melhora clinica de 3 a 6 semanas de tratamento, visto que recidivas são raras quando o animal é identificado precocemente.

Conclusão:

Figura 3: Foto meramente ilustrativa de um corte histológico de um fígado acometido por Lipidose Hepática. O corte histológico pertence a um fígado de um primata infectado com o vírus da Imunodeficiência Símia, submetido a uma dieta com elevados níveis de gordura. Fonte: Imagem retirada do “Oxford Journals” disponível em: http://jid.oxfordjournals.org/content/196/8.coverexpansion

Prognóstico:

O prognostico é considerado bom quando o felino acometido é identificado precocemente, pois, por se tratar de uma doença de acometimento hepático, faz com que o animal apresente várias alterações sistêmicas, podendo levar o animal a óbito em um período de tempo considerado pequeno caso o mesmo não seja diagnosticado. O alívio dos sintomas clínicos e tratamento da Lipidose Hepática Felina, é baseado em suporte nutricional e correção da desidratação e do desequilíbrio eletrolítico. A dieta deve ser balanceada, rica em proteínas, gorduras e pobre em carboidratos, visto que a necessidade calórica de um gato com LHF é igual a necessidade de um animal saudável. A fluidoterapia é extremamente benéfica para os demais sintomas da Lipidose Hepática, deve-se evitar a utilização de fluidos com Ringer Lactato, pois o mesmo interfere na metabolização dos lipídios pelo fígado. Pode-se utilizar de medicamentos para controlar alguns sinais clínicos como vômitos, anemia e falta de apetite, lembrando que a utilização de

A Lipidose Hepática Felina é uma doença caracterizada pelo excessivo acúmulo de lipídeos no fígado devido a estresse crônico e a longos períodos de inapetência. Esta alteração promove o aparecimento de vários sinais clínicos nos animais acometidos, dentre eles, podemos citar a perda de peso, anorexia, letargia, icterícia, vômitos e em alguns casos, diarreia. Como medidas de diagnóstico, podemos citar a realização de um exame clínico bem direcionado, a realização de exames laboratoriais é indispensável na identificação da LHF, mais são com os exames citológicos e histopatológicos que poderemos excluir qualquer suspeita, podendo assim, fechar o diagnóstico de Lipidose Hepática Felina. EXAMES REALIZADOS PELO TECSA LABORATÓRIOS

CÓD - EXAME

PRAZO/DIAS

44 - HEMOGRAMA COMLETO – FELINO

1

333 - PERFIL HEPÁTICO

1

349 - PERFIL RENAL

1

105 - GLICOSE

1

87 - CITOLOGIA

5

86 - HISTOPATOOGIA COLORAÇÃO DE ROTINA

8

82 - TOXOPLASMOSE FELINA

4

271 - FIV/FELV – LEUCEMIA E IMUNODEFICIÊNCIA FELINA

1


PATOLOGIA CLÍNICA

ESTUDO COMPARATIVO SOBRE EXAMES LABORATORIAIS REALIZADOS EM AMOSTRAS DE MATERIAIS HUMANOS E DE ANIMAIS Dra Carolina Ferreira Plá (Zootec)

Resumo

A busca por diagnósticos rápidos e precisos, na medicina veterinária está em ampla expansão. Assim, os exames laboratoriais, estão sendo cada vez mais solicitados pelos clínicos como uma complementação e segurança de seus diagnósticos. O objetivo deste artigo é o de fazer uma comparação entre as especificidades dos exames realizados a partir de materiais clínicos de humano e de animais e, também entre as diferentes espécies. Existem muitas diferenças entre os resultados destes exames que irão interferir nas análises e podem trazer sérias consequências para o diagnóstico clínico veterinário. Visando esta segurança, os laboratórios veterinários investem cada vez mais em novas tecnologias, como aparelhos com softwares calibrados para análises das diferentes espécies e tendo, ainda, a presença de um médico veterinário como responsável técnico (RT). Este é o profissional qualificado que conhece as particularidades das diversas espécies e assegura a qualidade do exame.

Introdução

Pesquisadores veterinários conseguiram definir os parâmetros fisiológicos laboratoriais, não somente nas espécies domésticas, mas também em animais silvestres, onde cada uma delas possui características próprias e diferenças que só um laboratório com médicos veterinários capacitados podem perceber e, assim, gerar o laudo correto para a espécie pesquisada. Os laboratórios devem possuir um Responsável Técnico (RT), o qual deve ser encarado como garantia de Qualidade do Produto que está sendo

comercializado ou do Serviço Prestado e não, meramente, uma obrigação imposta por lei, sendo preciso ter formação adequada na área para certificar a qualidade do recebimento a entrega do laudo ao médico veterinário. Neste trabalho iremos citar algumas diferenças existentes nos exames que mais são utilizados na rotina clínica, salientando a importância dos exames serem processados em laboratório veterinários.

peixes e répteis, as hemácias são ovais (elipsóides) e possuem núcleos. A

B

Hemograma

O hemograma é constituído pela contagem das células brancas (leucócitos), células vermelhas (hemácias ou eritrócitos), hemoglobina (Hb), hematócrito (Ht), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular médio (HCM) e contagem de plaquetas. Existem diferenças entre hemograma dos animais e de humanos, conforme se observa na figura 1. O eritrócito tem uma diferença morfológica quanto ao tamanho entre as espécies. O VGM dos cães varia de 6,0 a 7,7μ e tem forma discóide com depressão central que, quando observada ao microscópio, aparece como regiões mais pálidas. Em gatos, os eritrócitos são menores, cerca de 3,9 a 5,5μ, e a depressão central citada não é tão evidente, uma vez que possuem uma forma mais esférica. Os equinos têm constante formação de rouleaux (hemácias enfileiradas), seus eritrócitos são pequenos, o VGM é entre 3,7 e 5,9μ, e a depressão central é pouco visível devido ao rouleaux. Os eritrócitos humanos variam de 6,5 – 8,5μ (média 7,5μ). Em anfíbios, aves,

C

D

E

Figura 1: Morfologia eritrocitária A-humano, B- canino, C- felinos, D- equinos, E-aves

Da mesma forma, a contagem diferencial de leucócitos também difere entre humanos e animais, e é fornecida 39


PATOLOGIA CLÍNICA pela análise conjunta dos equipamentos automatizados e pela leitura do esfregaço corado pelos técnicos, que avaliam as diferentes formas leucocitárias e as expressam de forma percentualmente (relativa) e em milímetros cúbicos (absoluta). Os neutrófilos são células de defesa que apresentam diferenças morfológicas entre as espécies. Em gatos, por exemplo, o neutrófilo é mais esférico e tem um núcleo completo, nas outras espécies possuem uma segmentação do núcleo e uma membrana mais frouxa. Os linfócitos (figura 2) podem apresentar diferenças na coloração e na morfologia do seu núcleo. Em equinos, por exemplo, ele é menor e com um núcleo bem definido, não ocupando todo o citoplasma. No caso dos gatos, podemos ver todo o preenchimento da célula pelo núcleo. Em humanos o linfócito pequeno normalmente tem entre 10-12 micrômetros de diâmetro, um núcleo redondo com cromatina condensada e citoplasma escasso pouco basofílico.

Podemos diferenciar um esfregaço sanguíneo pela morfologia dos eosinófilos (Figura 3), pois cada espécie tem uma forma e pigmentação. Em equinos esta célula se destaca por possuir o formato de amora de coloração rósea alaranjada. A

B

C

D

E

Fig 3: Morfologia eosinofilica A- humano, B- canino, C-felino, D- equinos, E-bovinos

E

B

C

Tabela 1-valores de referências humanos

D

E

Figura 2: Morfologia linfocitária A- humano, B- canino, C- felino, D-equino, E-bovinos Tabela 2: valores de referência animais

40

As tabelas abaixo (1 e 2) ilustram os valores hematológicos de referência para humanos e animais. A análise pelo profissional é extremamente importante devido às informações que pode conter na lâmina, como por exemplo, presença de hemoparasitas (Anaplasma sp, Babesia sp e Erlichia canis) como visto na figura 4 e 5 e corpúsculos de Lenz, característicos de cães acometidos pelo vírus da cinomose. Tais achados são encontrados apenas em animais, o que reforça a necessidade de um médico veterinário devidamente capacitado para reconhecê-los e descrevê-los em seu laudo.

Figura 4 e 5: hemoparasitas animais (Erlichia canis e Babesia sp)


PATOLOGIA CLÍNICA A anaplasmose trombocítica canina cujo parasita Anaplasma platys infecta trombócitos circulantes de cães é causada por uma bactéria gram negativa estritamente intracelular. Pode ser visualizada como uma inclusão intracitoplasmática em plaquetas em esfregaços sanguíneos feitos de sangue de total ou papa de leucócitos. Mediante todas essas informações acima de particularidades entre espécies, os analisadores hematológicos disponíveis na medicina veterinária, como por exemplo a Sysmex PocH-100iV Diff, BC-2800 Vet (Mindray, figura 6) e a Mythic 18 (Alere), são máquinas que utilizam softwares avançados com parâmetros de várias espécies e analisam de forma precisa eritrócitos, plaquetas, leucócitos totais e diferencial leucocitário em 3 partes. Segue na figura 7, um exemplo de hemograma de um gato que foi realizado no software de cão e depois no software da própria espécie. As diferenças na leitura são nítidas, principalmente na contagem de leucócitos (WBC) e na contagem de Hemácias (RBC), reforçando a importância de ter máquinas devidamente configuradas

para a espécies em questão. Todas essas características levam a uma segurança e qualidade nos diagnósticos veterinários.

Hormonios e Exames Bioquimicos

As dosagens hormonais e os exames bioquímicos também estão sendo solicitados pelos médicos veterinários. Seja para humanos ou animais, as máquinas utilizadas são as automáticas e semiautomáticas, e os reagentes utilizados nestes equipamentos veterinários ainda são os mesmos utilizados para realização de exames em laboratórios humanos. Porém, já existe perspectiva de lançamento no mercado de reagentes veterinários. O que difere em relação a estes exames, são os valores de referência entre humanos e até mesmo entre as espécies animais.

Urinálise

A urinálise (exame de urina) abrange pesquisas de infeções urinárias, insuficiências renais, perda de capacidade de concentrar urina, doenças hepáticas, diabetes mellitus, predisposições a urolitíases, entre outros. (ROCHA,2014) As análises

química, realizada com tiras reagentes humanas é falha ao detectar alguns parâmetros da urina dos animais, por exemplo, a densidade específica e a presença de leucócitos. O ph ácido (entre 5,0 a 6,5) por exemplo, é normal em carnívoros, dietas com excesso de protéinas, já o ph alcalino (8,5 a 9,0) é normal em herbívoros. Cães e bovinos podem apresentar quantidades mínimas na urina de bilirrubinas e não ser uma característica patológica como nos humanos. Na sedimentoscopia, o cristal de carbonato de cálcio é um achado comum em urina de eqüinos e bovinos e não um achado patológico.

Conclusão

Todos estes exemplos citados acima no hemograma, na urinálise e nos hormônios reforçam a condição de que amostras provenientes de animais devem ser processadas em laboratórios veterinários, pois apenas o médico veterinário, tem em sua formação acadêmica, os prérequisitos necessários para analisar, confeccionar laudos e interpretar esse tipo de material, o que o difere dos demais profissionais da saúde. Os equipamentos veterinários disponíveis no mercado estão com softwares mais avanços, que diferem as particularidades da espécies e assim resultam em exames com maior qualidade. Concluindo assim a importância de se ter um responsável técnico veterinário, que está monitorando passo a passo a chegada dos materiais para exame até a entrega do laudo conclusivo. Referências Bibliográficas

Figura 6: máquina hematologia BC-2800 vet Mindray – espécies

HOFFMANN, Leticia Pinto et al. Avaliação dos índices hematimétricos emitidos pelos contadores hematológicos pentra 120 range e sysmex xt2000l.RBAC, v.39, n.1, p-25-28, 2007. GARCIA-NAVARRO, Carlos Eugenio kantek. Manual de hematologia veterinária. 2ed.rev.Sao Paulo:Livaria Varela Editora, 2005. GOMES, Keila R. et al. Avaliação do hematócrito e da proteína plasmática em sangue hemodiluidos. Revista científica eletrônica de medicina veterinária, Ano III, n.7,2006. GUYTON, Arthur C.;HALL, John E. Fisiologia humana e mecanismo de doenças. Guanabara Koogan, 2008. FERREIRA, R. N.; Manejo de cães com urolitíase. 2007. 32 f. Trabalho de conclusão de curso (obtenção de título de especialista) – Universidade Castelo Branco. Rio de Janeiro, 2007. THRALL. M.A, et al. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 1 Ed. São Paulo: Roca, 2007.

Figura 7: diferenças de hemograma de um Animal analisadas em software diferentes.

LOPES, Sonia Terezinha dos Anjos et al. Manual de patologia clinica veterinária.3ed.UFSM-CCR. Departamente de clínica de pequenos animais, 2007. ROCHA, Arnaldo. Biodiagnósticos fundamentos e técnicas laboratoriais.1 Ed. São Paulo, 2014.

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