Revista Soluções - Edição 11

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Para Max Gehringer, é preciso preparar-se para ser empreendedor nos dias atuais

Revista trimestral

nº11 Ano3 Mai/11

A revista da pequena empresa no Paraná

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Empreendedorismo no “sangue”

“Crise” do crescimento

Pequenas, mas centenárias

Ideias simples viram modelos de negócios

Os desafios na hora de ampliar a empresa

Segredo de sobreviver é envelhecer com vigor

MERCADO

CAPACITAÇÃO

Associativismo

COMPORTAMENTO

Feiras e Eventos

TENDÊNCIA

SERVIÇO

Giro pelo Paraná

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PÁG. 6 – ENTREVISTA

“O Espírito Empreendedor”

PÁG. 46 – CAPACITAÇÃO

PÁG. 26 - COMPORTAMENTO

Lições de Harvard

Empreendedorismo no “sangue”

Diretor-superintendente do Sebrae/PR fala sobre o papel do empresário, o valor para o cliente e o lucro como consequência.

Três histórias de empreendedores natos, de origem humilde, que apostaram numa ideia e hoje colhem os frutos do sucesso. Foto: La Imagen

Administrador, escritor e autor sobre carreira e gestão empresarial, Max Gehringer dá aula sobre empreendedorismo, em Curitiba.

Foto: La Imagen

Foto: La Imagen

Índice

Max Gehringer

Fhabyo Matesick

PÁG. 66 – TENDÊNCIA

Josias Fernandes

Ambientes empresariais inovadores Cada vez mais as empresas investem em soluções criativas para manter os funcionários - e o trabalho - constantemente estimulados.

PÁG. 30 - COMPORTAMENTO “Crise” do crescimento

São muitos os desafios na hora de ampliar os negócios; saiba como empresários de pequenas empresas podem superar barreiras.

Padaria América

PÁG. 70 – TENDÊNCIA

Empreendedorismo inovador

PÁG. 50 – CAPACITAÇÃO

Experiência no sudoeste do Paraná cria sistema de inovação, para ofertar soluções tecnológicas para pequenas empresas e atrair investimentos.

Foto: Studio Alfa

Pequenas, mas centenárias

Empresários de pequenas empresas precisam estar preparados para atender bem o novo consumidor, ligado à tecnologia e às mídias.

Missão contratar

Mais do que o próprio currículo, o comportamento do futuro funcionário é fundamental para o desempenho profissional.

PÁG. 14 – MERCADO

Planejamento, criatividade, vocação e ambição são fundamentais para quem quer abrir uma pequena empresa, com pouco capital inicial.

PÁG. 37 – ARTIGO

Isa Todt

Eloi Zanetti, especialista em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas, fala, em seu primeiro artigo na Revista Soluções, sobre a importância de os empresários se comunicarem – bem – com os clientes.

PÁG. 57 - ARTIGO Confira artigo da consultora do Sebrae/PR, Rosângela Angonse, sobre a pressão ambiental na indústria de cosméticos.

Pesquisas realizadas em Curitiba e Maringá, com base no consumo dos bairros, revelam uma infinita lista de negócios para pequenos.

Foto: La Imagen

Curitiba

Empreender ideias, em lugares de uso comum, ajuda a reduzir custos, aumenta a rede de contatos e gera negócios e interação social.

PÁG. 38 – FEIRAS E EVENTOS Feira do Empreendedor

Marcado pelo conhecimento, inovação e oportunidades, maior evento de empreendedorismo do Paraná reúne 15 mil empresários, em Curitiba.

Ercílio Santinoni

PÁG. 76 – PERSONALIDADE Um incansável defensor das micro e pequenas empresas

Presidente da Conampi e Fampepar diz que Lei Geral foi um dos principais avanços para os pequenos negócios no Brasil.

Foto: La Imagen

O “mapa” das oportunidades

Espaços colaborativos, ganhos coletivos

Empreendedor número 1 milhão

Isa Todt formalizou-se pela internet, em março deste ano, e agora pode emitir notas fiscais para melhor atender seus clientes.

PÁG. 18 - MERCADO

PÁG. 22 - ASSOCIATIVISMO

PÁG. 54 – CAPACITAÇÃO

Zuleide Francisco

Bons negócios com pouco dinheiro

Foto: La Imagen

PÁG. 34 – SERVIÇO

Foto: La Imagen

Geração Y: o X da questão

Foto: La Imagen

PÁG. 08 – CAPA

O segredo de sobreviver às gerações é envelhecer sem perder o vigor, a motivação e a identidade.

PÁG. 78 – GIRO PELO PARANÁ Um apanhado dos principais acontecimentos e eventos envolvendo o Sebrae/PR no Estado.

Juliana Almeida e Alessandra Brito

PÁG. 82 – ARTIGO PÁG. 58 – TENDÊNCIA

Cresce empreendedorismo por oportunidade Para cada empresário que abre um negócio por necessidade, 2,1 abrem por oportunidade; entre jovens, número é ainda maior.

O artigo “Revolução silenciosa”, de Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae/PR, mostra, nesta edição, experiências empreendedoras que têm feito a diferença no Paraná. Não perca!

Raisa Terra

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Editorial

SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná Jefferson Nogaroli Presidente do Conselho Deliberativo Allan Marcelo de Campos Costa Diretor Superintendente Julio Cezar Agostini Diretor de Operações Vitor Roberto Tioqueta Diretor de Gestão e Produção Expediente Coordenação Renata Todescato Gerente de Marketing e Comunicação Edição/Jornalista Responsável Leandro Donatti Registro Profissional– 2874/11/57-PR Adriana Schiavon Gonçalves Especialista em Marketing

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Reportagens: Adriana Bonn, Adriana De Cunto, Adriano Oltramari, Andréa Bordinhão, Cleide de Paula, Giselle Ritzmann Loures, Graziela Castilho, Jaqueline Gluck, Juliana Dotto, Katia Michelle Bezerra, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin. Fotos: Cristiane Shinde, Luiz Costa, Valdecir Schimidt, Wilson Vieira e Rodolfo Buhrer. Colaboraram: Danieli Doneda, Erica Sanches, Fernanda Pesarini, Juliana Schvenger e Simone Shavarski.

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Nesta edição da Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná, você confere uma série de reportagens especiais, de apoio, e com informações para empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas, formais e informais. Max Gehringer, que esteve em Curitiba em março, a convite do Sebrae/PR, como conferencista da Feira do Empreendedor 2011 – Paraná, dá uma “aula” sobre o que ele chama de “Espírito empreendedor”, durante um bate-papo, reproduzido na seção Entrevista. Em pauta, também, assuntos do momento como a Geração Y, tema da Capa. Na seção Associativismo, matéria sobre coworking, também chamados de espaços colaborativos, que têm sido cada vez mais comuns. A “crise” do crescimento, frequente em pequenas empresas avançadas, também é tema desta edição da Revista Soluções. Confira reportagem, na seção Comportamento, e saiba como planejar, de forma inteligente, o crescimento da sua empresa e

o momento de avançar. E mais: Pesquisa GEM, Empreendedor Individual, como lucrar com pouco capital inicial, ambientes empresariais inovadores, competências e habilidades, pequenas empresas com quase 100 anos e lições aprendidas em Harvard e que têm tudo a ver com os pequenos negócios. Destaque especial para a reportagem Empreendedorismo no “sangue”, também na seção Comportamento e que conta três belas histórias de empreendedores que começaram bem pequenos e que hoje são referência em suas atividades, modelos a serem seguidos. Marly, a cabeleireira; Valdir, o pipoqueiro; e Josias, o vendedor de cachorro-quente. Marly apostou no preço mais baixo como diferencial competitivo. Valdir, na higiene para seus clientes. E Josias, na diversidade de seu cardápio. O resultado foi um só: sucesso nos negócios.

Boa leitura! Leandro Donatti, o editor

Sucesso de público e de crítica A Feira do Empreendedor 2011 – Paraná, realizada em março deste ano, em Curitiba, foi sucesso de público e de crítica. O maior evento de empreendedorismo do Estado, organizado pelo Sebrae/PR, lotou o Expo Unimed, na capital paranaense. Aproximadamente 15 mil empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas marcaram presença. E o mais emocionante foi o interesse manifestado pelos visitantes, que se mostraram interessados na busca por informações sobre pequenos negócios. Os empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas, vindos de todo o Estado, alguns por meio de caravanas e outros por conta própria, ficaram satisfeitos com a diversidade de oportunidades de negócios, inovação e conhecimento oferecidos. O Sebrae/PR, como realizador do evento, fruto de planejamento e de um trabalho coletivo, consolidou ainda mais sua imagem institucional, figurando como uma agência que promove o desenvolvimento econômico e social, a partir dos pequenos negócios.

A edição paranaense da Feira do Empreendedor deixa como legado a organização, pluralidade, informações, orientações e auxílio aos empreendedores, interessados em abrir o próprio negócio e aos empresários, de olho no fortalecimento de seus empreendimentos. Você, empreendedor e empresário paranaense, teve uma importante parcela de participação no sucesso obtido pelo Sebrae/PR, durante a Feira do Empreendedor. Se não fosse o seu envolvimento, o evento não teria tido tal repercussão e alcance. Nesta edição, você confere detalhes sobre o evento, seus principais resultados e as imagens que marcaram o maior evento de empreendedorismo do Estado.

Renata Todescato, gerente de Marketing e Comunicação do Sebrae/PR

ISSN 1984-7343

570 0800 5


Max Gehringer ça, poder de comando, tomava as decisões e corria riscos. O que acontece é que entre aqueles anos de escola e o início da vida profissional, muitas coisas acontecem...

O espírito empreendedor Autor de livros sobre carreira e gestão dá “aula” sobre empreendedorismo, durante passagem por Curitiba Por Adriano Oltramari

Max Gehringer dispensa apresentações. Bem humorado, com conteúdo e opinião formada, o administrador de empresas, escritor e autor de livros sobre carreira e gestão empresarial deu uma aula de empreendedorismo, na sua passagem por Curitiba, em março deste ano. Convidado pelo Sebrae/PR, para ser um dos conferencistas durante a Feira do Empreendedor 2011 – Paraná, conseguiu mobilizar, em pleno sábado à noite, uma multidão de mais de 3,5 mil empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas de várias regiões do Paraná. Todos saíram satisfeitos com o que ouviram. Gehringer falou da importância e dos desafios do empreendedorismo hoje no Brasil, bem como de questões mais complexas como a ascensão econômica e social do brasileiro por meio do empreendedorismo e dos pequenos negócios. Em sua palestra, com o título “O Espírito Empreendedor”, traçou ainda um paralelo entre o desenvolvimento da cultura empreendedora, carreiras, educação e relações humanas. Para ele, o espírito empreendedor é algo que é percebido nas pessoas ainda quando crianças. A Revista Soluções ouviu Max Gehringer e traz a seguir os principais trechos de um bate-papo com o especialista. Confira.

Foto: Luiz Costa / La Imagen

Revista Soluções - O que é o espírito empreendedor? Como podemos perceber seus efeitos?

Max Gehringer, consultor

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Max Gehringer - É algo que a gente enxerga em outras pessoas ou em nós mesmos quando somos crianças. Eu me lembro do pessoal com quem estudava nos primeiros anos de escola. Aquele sujeito que colocava a bola embaixo do braço e escolhia o time e os que conduziam os trabalhos. Quer dizer, gente que já demonstrava iniciativa, lideran-

Revista Soluções – O senhor pode dar um exemplo? Max Gehringer - Existe a pressão ou vontade da família... Eu quero que o meu filho seja médico e assim por diante... Talvez, a centelha que brotou muito cedo vai desaparecendo. A pessoa arruma emprego, procura um concurso público – o que está na moda pela estabilidade, mas aquilo não desaparece, porque em algum momento vai ter que tomar uma decisão, que remete ao seu empreendedorismo. Ela já teve a experiência do trabalho, já estudou, já conversou com muita gente que trabalha e decide tomar conta do seu caminho. Nessa hora, percebe que isso era o que sempre buscou. O espírito empreendedor é algo que a pessoa traz dentro dela. Não acho que seja DNA. Revista Soluções - Ser empreendedor e ter o espírito empreendedor, qual a diferença? Max Gehringer - A diferença entre ter o espírito empreendedor e empreender está em aprender um monte de coisas no meio do caminho. É preciso se preparar para ser um empreendedor. Revista Soluções - A melhoria na condição econômica e social do brasileiro passa pelo empreendedorismo? Max Gehringer - Todos os países que foram grandes e dominaram o mundo são países que formaram grandes empreendedores. Nenhum se destacou por ter formado grandes empregados. Se não tivermos os grandes empreendedores, não seremos uma potência mundial. Ao incentivar o empreendedorismo, quero dizer, acabar com essa barreira de burocracia, impostos, enfim, facilitar a vida de quem deseja empreender, estaremos gerando o capital de inteligência brasileiro. Mais gente tendo mais ideias, criando mais coisas e fazendo o Brasil crescer. Temos que ter isso, senão o Brasil não vai ser grande. Vamos passar a vida apenas exportando café. Revista Soluções - Qual a contribuição do empreendedor para o País? Max Gehringer - Nove de cada dez empregos no Brasil, na iniciativa privada, vêm da pequena empresa. Então, se não fossem as micro e pequenas empresas, o contingente de desempregados seria monstruosamente grande. Quanto mais gente se aventura a abrir negócios, mais empregos teremos no País. Se a gente pensar financeiramente, ainda são as grandes empresas que estão

gerando a riqueza do Brasil. Se pensarmos no ponto de vista social, em quem está trabalhando e está ganhando suficiente para ter uma vida digna, quem está fazendo isso é o pequeno empreendedor. Revista Soluções - Quais os desafios do empreendedorismo hoje no Brasil? Max Gehringer - Eu vi desafios muito maiores do que existe hoje há 20 anos. Nós temos revistas, rádios, enfim, temos informações básicas, temos o Sebrae, especialista no assunto. Lembro que quando era criança não tinha nenhum empreendedor na vizinhança, nenhum parente sequer era empresário. A gente nascia num ambiente desse e, na faculdade, aprendia o ambiente de uma grande empresa, marketing na grande empresa, a venda na grande empresa. Hoje, é diferente. Muita gente já entra na faculdade pensando em empreender. Então esse passo nós já demos. A gente precisava criar na cabeça do jovem que ele tem uma opção válida se ele quiser ser um empresário. Se Deus quiser ele vai ter mais apoio governamental. Mas, são passos que estamos dando e, felizmente, fazendo coisas porque todo mundo já percebeu que o caminho é esse. Revista Soluções - Pode-se fazer uma analogia entre uma carreira profissional e uma trajetória empreendedora? Max Gehringer - Até pode, se olharmos como ponto final o sucesso. Entrei numa empresa, comecei por baixo, recebi elogio, recebi aumento, fui promovido, cheguei a presidente da empresa. De outra forma, abri uma empresinha na garagem da casa da minha mãe. Passa um ano, mudei para um imóvel que aluguei, contratei dois empregos, abro uma filial, em algum momento sou uma pessoa que está dando emprego para 100 pessoas e vendendo franquia da empresa que abri na casa da mãe. Então o que nós perseguimos, seja empregado ou empresário, é sempre a melhoria constante. Revista Soluções - Na opinião do senhor, eventos como a Feira do Empreendedor incentivam o empreendedorismo? Max Gehringer - A importância está estampada na plateia, na quantidade de gente que participou (ao todo, foram cerca de 15 mil visitantes na Feira do Empreendedor 2011 – Paraná, realizada em Curitiba). Se tivéssemos feito esse evento em 1983, teríamos que ter pago para o pessoal participar. Quer dizer, já criamos uma sementinha na cabeça da coletividade, de que isso é uma coisa que eu posso fazer. É nisso que um evento de empreendedorismo como esse aju-

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Os países que dominaram o mundo formaram grandes empreendedores, e não grandes empregados

da. Dar informações, orientar, responder e dar subsídios. O interesse existe. Talvez, o que faltava era encontrar a maneira e o local. Revista Soluções - O senhor falou em espírito empreendedor, sua manifestação e característica. Qual a perspectiva para quem não tem espírito empreendedor? Max Gehringer - Deve trabalhar. Arrumar um emprego, fazer um concurso público. O que mudou no mercado de trabalho como um todo é aquela ideia mágica de que eu preciso me preparar para ser um empregado. Se eu não conseguir o que eu faço? Talvez, posso ser um empreendedor. Isso acabou. O empreendedorismo é uma opção, muitas vezes a primeira. Hoje existe uma possibilidade de escolha.

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Novo consumidor

Geração Y: o X da questão

Empresários de pequenas empresas precisam estar preparados para atender bem o novo consumidor, ligado à tecnologia e às mídias Por Adriana De Cunto

Com um ‘pé’ no presente e outro no futuro. Encontrar o equilíbrio entre os dois tempos significa a sobrevivência e o sucesso de uma marca nas próximas décadas. O empresário de hoje, independente do porte de sua empresa, se encontra em uma posição peculiar. Seu principal consumidor é o típico representante da Geração X (nascido entre os anos 1960 e 1980), mas é preciso ficar de olho e se preparar para o cliente que está vindo por aí, a chamada Geração Y (pessoa nascida após a década de 1980). Embora X e Y estarem lado a lado no alfabeto, um abismo no comportamento e na cultura separam as duas gerações. A mudança de uma geração para outra é marcada por uma ruptura no modelo mental, explica uma das maiores especialistas brasileiras em Geração Y, Eline Kullock, presidente do Grupo Foco, empresa de consultoria em Recursos Humanos. “É a geração do iPod. I pode tudo (sic)”, brinca. É, segundo Eline Kullock, a chamada Geração da Internet, muito ligada à tecnologia e novas mídias. “As pessoas nascidas nessa época realizam várias tarefas ao mesmo tempo e anseiam por constantes feedbacks, buscam informações instantâneas, vivem alternando as formas de comunicação e sonham em conciliar lazer e trabalho.” Maria Fernanda Deneli Vicente, especialista em comércio digital e eletrônico, explica que, segundo pesquisas, os jovens dessa faixa etária são capazes de realizar entre quatro e sete coisas ao mesmo tempo. Podem, por exemplo, assistir à televisão, conectados na internet, ligados ao MP4, trocando mensagens por MSN e, no meio tudo isso, atenderem ao telefone celular.

quenos negócios não podem ficar parados, acompanhando a distância essa transformação no comportamento de consumo. “Pelo contrário, os empreendedores precisam buscar ferramentas e tecnologias, principalmente através das mídias e redes sociais, que os ajudem a conhecer melhor esse novo consumidor e definir novas estratégias, como produtos que apresentam uma alta relação custo-benefício e formas diferenciadas de atendimento”, avalia. Mas como conhecer melhor esse tão comentado representante da Geração Y? Em primeiro lugar, olhe ao seu redor, aconselha a consultora do Sebrae/PR. “O filho, sobrinho ou primo que prefere enviar mensagens de texto pelo celular a falar pelo telefone é o seu cliente em potencial”, avisa Carla Werkhauser. “As micro e pequenas empresas representam 99% dos estabelecimentos formais hoje no Brasil e, para atenderem bem ao novo público, bastante exigente e que exerce uma forte influência nas decisões de compras da família, é imprescindível investir em inovação.” Eline Kullock dá algumas dicas e lembra que normalmente os Y são a “autoridade tecnológica” da casa, dando aulas de informática e computação para os mais velhos.

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Os Y realizam várias tarefas ao mesmo tempo, anseiam por feedbacks, buscam informações instantâneas e alternam as formas de comunicação

A influência da Geração Y sobre as compras e os gastos da família, segundo o livro Gen BuY.

Na opinião da especialista, os empresários que não ficarem atentos a esse público terão dificuldades no futuro. “É uma geração que não tem medo de comprar pela web, porque as pessoas que fazem parte dela nasceram conectadas e têm um comportamento de consumo prático e ousado, mas que também buscam a comodidade”, analisa. Maria Fernanda explica que o primeiro passo para se preparar para esse futuro é planejar-se, conhecer o ambiente virtual, desenvolver um site interessante, conseguir um bom posicionamento dentro do Google e fazer ações de relacionamento nas redes sociais. A regra também vale para as micro e pequenas empresas, pois conhecer os hábitos e preferências da Geração Y pode ser uma ótima oportunidade para ampliar ou consolidar mercados. A opinião é da consultora do Sebrae/PR, Carla Werkhauser. De acordo com a consultora, os empresários de pe-

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Fonte: blog.grupofoco.com.br

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Esse jovem está muito mais preparado para tomar decisões rápidas, porém ele tem mais tendência à superficialidade, afirma. São pessoas autoconfiantes, sentimento que foi crescendo dentro da família, ao ser tratado pelos pais de igual para igual e considerados como membros centrais da casa. A percepção de hierarquia é diferente daquela visão que os avós deles tinham. “Em casa, na escola e no trabalho eles lidam com os pais, professores e chefes em um mesmo nível”, constata Eline Kullock. As autoras Kit Yarrow e Jayne O`Donnell mostram no livro “Gen BuY” (ainda sem tradução para o português) as razões psicológicas e sociais que levam os integrantes da Geração Y a comprarem. A obra ajuda a compreender a melhor forma de envolver esses jovens.

É preciso buscar alternativas inteligentes e criativas para se comunicar tanto com a Geração Y, quanto com os seus pais e avós

Eline Kullock recomenda a leitura de Gen BuY e colocou no blog do Grupo Foco a tradução dos pontos principais (veja no final da reportagem). Uma das principais dicas das pesquisadoras é que os consumidores de hoje não aceitam que alguma coisa seja simplesmente vendida para eles, pois querem ser vistos, conhecidos e respeitados. “Portanto, somente as pessoas que investirem no relacionamento pela empatia, pela profunda compreensão e pelos insights irão atrair esses jovens”, colocam as autoras.

As pesquisadoras Yarrow e Jayne também alertam sobre esse aspecto. “Essa geração tem uma atitude de prova que é a mesma para empregadores, marcas e lojas. E eles são capazes de fazer viver e morrer restaurantes e empresas pelos seus comentários não de experts, mas de consumidores.” Os vídeos e mensagens com reclamações, postados diariamente na web, são prova disso.

Efeito positivo Maximyllian Regis de Souza Alves, 24 anos, e a mulher, Talise Lambert Ziober, 23 anos, gostam de se vestir com um estilo alternativo, com roupas e acessórios diferentes dos padrões das vitrines de shoppings e grandes magazines. Como era difícil encontrar as peças desejadas fora de São Paulo, resolveram abrir um espaço de moda diferenciada em Umuarama, onde o casal mora. Foi assim que nasceu, em 2007, a Loja Efeito, um espaço para vendas de roupas, acessórios, cafeteria, tabacaria e estúdio de tatuagem e piercing.

“A ideia inicial era uma loja que buscasse os produtos que a gente gostava de usar para vender em Umuarama”, conta Maximyllian. Mas o negócio tomou outro rumo quando ele resolveu divulgar algumas fotos da mercadoria no Orkut. “Os próprios clientes foram divulgando com seus amigos pelo

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Um erro pode ser fatal, avisa Maria Fernan-

Orkut e as encomendas foram crescendo”, comemora o empresário. E aumentou tanto que o casal buscou orientação no Sebrae/PR para expandir. Há sete meses, a Loja Efeito criou um site de vendas que atende todo o Brasil e entrega pelos Correios. “Só não comercializamos ainda para Sergipe”, constata. A empresa tem quase 7 mil seguidores no Twitter. Por enquanto, as vendas do site representam 10% do movimento da loja. A internet funciona, segundo o comerciante, como uma vitrine. “Tem gente de fora que vê os nossos produtos no site e vem visitar a loja quando passam por Umuarama.” Muito do que sabe sobre a web e os negócios, Maximyllian Alves aprendeu com o Sebrae/PR. “Eu já fiz muitas consultorias, oficinas e cursos de Finanças, de RH, E-commerce e Marketing.” Luiz Antonio Monteiro Junior, 39 anos, diretor geral da empresa Digital Security do Brasil, observa que os indivíduos que cresceram com influência direta da internet, agora ganham mais um novo aliado, o smartphone, tecnologia que vem ficando mais próxima do bolso dessa nova geração. “A internet trouxe a facilidade da comunicação global, com mais maturidade, trouxe as redes sociais formando grupos afins e, com o smartphone plugado na rede virtual, veio a interatividade em tempo real, aliada à mobilidade. Tudo que uma Geração Y em constante evolução poderia desejar”, comenta. Monteiro Junior concorda que uma empresa está destinada a ficar fora do mercado, caso a mesma não atualize suas ferramentas de trabalho diante desse novo perfil de consumidor e tecnologias. A Digital Security adotou uma série de medidas para não ficar para trás, investindo primeiramente em treinamento com a equipe de trabalho e na contratação de colaboradores que tenham experiência com internet, também investiu em tecnologia de sistemas de CRM integrados com os aplicativos de loja virtual e chat.

Talise Lambert Ziober e Maximyllian Regis de Souza Alves, empresários

O empresário avisa: “A Geração Y não gosta de usar o telefone, tem preferência por email, chat, MSN, Skype, e outros aplicativos que permitam a conversa em tempo real com a empresa. Estar presente nos sites de redes sociais também é imprescindível, como Facebook, Twitter, Blog e outros.

Carla Werkhauser, consultora

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Foto: Divulgação

da Vicente. Essa geração pode trazer muita dor de cabeça às empresas, não com uma reclamação nos órgãos de defesa dos consumidores, mas com críticas postadas nas redes sociais, que serão compartilhadas à exaustão pelas centenas de amigos distribuídos pelo Orkut, Facebook ou Twitter.

Foto: Divulgação

Mais uma característica: o raciocínio desse indivíduo não é linear. “Ele começa a ler um texto, conecta outra coisa, abre mais janelas e depois volta para terminar de ler o que começou, se aquilo lhe interessou.”

Monteiro Júnior concorda que, nos dias atuais, é preciso buscar alternativas inteligentes e criativas para se comunicar tanto com a Geração Y, quanto com os seus pais e avós, todos grandes consumidores. Para isso, a empresa conta com uma agência de comunicação. “O importante é atender bem os dois públicos e oferecer os recursos de acordo com o perfil de cada consumidor.”

Luiz Antonio Monteiro Junior, empresário

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Geração Y, como conquistá-la A seguir, acompanhe um resumo dos principais tópicos do livro Gen BuY, das autoras Kit Yarrow e Jayne O`Donnell, traduzido por Eline Kullock.

- Os jovens são fiéis às suas marcas, enquanto elas atendem às suas expectativas. Procuram as marcas, fazem comparações de preços, da rapidez das conexões e das entregas. - Essa é uma sociedade muito mais visual em função da rapidez em que a gente vive. O que a gente veste é uma maneira de nos conectarmos com o outro, de socializar e assumir papéis. - A Geração Y influencia também nas compras de seus pais. A juventude nunca foi tão definidora de tendências quanto essa. O impacto econômico dessa geração vai muito além do que eles possuem como dinheiro porque estão influenciando outras gerações. - Ela é múltipla, adaptativa e confiante. - Os integrantes dessa geração têm facilidade em se adaptar às mudanças tecnológicas e não têm ansiedade em lidar com a tecnologia - ao contrário, sentem alegria - gostam de brincar, fazem o aprendizado muito mais simples do que é para os seus pais.

C

M

Y

- Velocidade, poder e confiança. Eles querem o que eles querem quando querem e vivem em um mundo muito mais rápido do que as gerações anteriores.

CM

MY

CY

- Essa geração abraçou o trabalho em grupo para facilitar a sua compreensão sobre tecnologia. Eles podem estar unidos fisicamente ou não pelo mundo para descobrir coisas, lutar por causas, passear por sites de mídia social, de análise de produtos e lugares, restaurantes, hotéis ou mesmo para conhecer um novo site ou filme.

CMY

K

- As quatro grandes características da Geração Y são narcisistas, poderosos, arrogantes e otimistas. - Se você vai dar um presente a essa geração, não há nada melhor do que um gift card. Eles querem tomar as suas próprias decisões, não importam quais sejam. - Para conquistar o coração de um Y, quem trabalha com Marketing precisa investir em relacionamento. Treine-se para ir a fundo e entender o que está atrás das aparências. Fonte: blog.grupofoco.com.br

Sugestão de livros e sites para conhecer mais sobre o assunto: “Gen BuY - Tweens, Teens and Twenty-Somethings are Revolutionizing Retail”, de Kit Yarrow e Jayne O `Donnell. Editora Jossey-Bass; “Geração Y - O nascimento de uma nova versão de líderes”, por Sidney Oliveira, Editora Integrare; blog.grupofoco.com.br; e www.grupofoco.com.br.

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Baixo investimento

Bons negócios com pouco dinheiro Planejamento, criatividade, vocação e ambição são fundamentais para quem quer abrir uma pequena empresa, com pouco capital inicial Por Andréa Bordinhão

Quando Paulo dos Santos começou a pensar em abrir uma empresa, estava analisando áreas diferentes do ramo em que já atuava como empregado há 13 anos – controle de pragas e limpeza de caixas d’água. No entanto, seguindo o conselho de um amigo, resolveu continuar no mesmo segmento, mas como dono do próprio negócio. O aporte inicial foi R$ 6 mil e Paulo dos Santos trabalhou sozinho por um ano. Hoje, com a empresa aberta há quatro anos, o empresário já tem cerca de R$ 70 mil investidos e dez empregados. “Quando decidi sobre o ramo de atuação, ‘montei’ a empresa no papel e fiz um curso do Sebrae/PR, pois eu só tinha conhecimento da parte técnica”, conta. O empreendedor lembra que o investimento inicial foi para abrir a empresa, alugar o imóvel, comprar móveis e equipamentos básicos e investir em capacitação para gestão. “No início, não comprei os equipamentos mais caros. Só o essencial para fazer o trabalho.”

to, ter recursos não é garantia de sucesso. Segundo o professor de Administração de Empresas e consultor de negócios, Ian James Vieira, é preciso observar cuidadosamente alguns aspectos antes de se empreender. “O receituário vale para todos os empresários. Mas para quem tem pouco dinheiro, como os pequenos, esses pontos são ainda mais relevantes. Quem tem mais dinheiro para investir pode dar-se ao luxo de pecar em alguns pontos, pois pode superar falhas mais facilmente”, explica. Já os pequenos não errar sob o risco de perderem economias de uma vida toda.

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Levando isso em conta, a Revista Soluções, com base em dicas e orientações do professor Ian James Vieira, levantou os pontos mais importantes que os empreendedores que têm pouco capital inicial precisam levar em consideração antes de abrir seus negócios. Quatro aspectos que merecem reflexão por aqueles que querem lucrar com pouco dinheiro. Confira na página a seguir.

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Paulo dos Santos destaca que, com planejamento, trabalho bem feito e passos moderados, a empresa cresceu e está caminhando bem. “Hoje nem podemos aceitar todos os trabalhos que aparecem porque ainda não temos tamanho para fazer tudo”, comenta. E os planos do empresário agora são expandir, inclusive entrando no segmento de limpeza e conservação. Assim como Paulo dos Santos, é alto o percentual de empreendedores que lucram, a partir de negócios abertos com pouco dinheiro. Para começar um empreendimento não é preciso, necessariamente, grande aporte de capital inicial. É o que mostra a mais recente sondagem Global Entrepreunership Monitor, Pesquisa GEM 2010, que avaliou a atividade empreendedora em 59 países e considerou a média dos investimentos iniciais feitos pelos pequenos empresários entre 2002 e 2010 no Brasil. De acordo com a sondagem, 58,1% dos empreendedores desembolsaram até R$ 10 mil para dar início a sua empresa. A pesquisa aponta ainda que o principal motivo para esse comportamento é evitar financiamentos ou empréstimos, já que desse total que investiu até R$ 10 mil para abrir o negócio, 71,6% já tinham todo o dinheiro disponível para empreender. Os números parecem animadores, já que mostram que não é preciso muito dinheiro para se começar um novo negócio. No entan-

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Paulo dos Santos, empresário

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Criatividade Segundo o professor Ian James Vieira, um dos pontos principais que o empreendedor deve explorar é a criatividade. “O candidato a empresário precisa lembrar que vai entrar em um mercado onde já tem empreendedores posicionados. Então, de alguma forma, ele vai ter que tirar clientes dos concorrentes”, afirma. Talvez, a palavra ‘tirar’ pareça pesada, observa o professor, mas, segundo ele, é a realidade do mercado.

Planejamento “É muito importante planejar. Não faz parte da cultura do brasileiro planejar e, para aquele que tem pouco dinheiro, deixar de planejar é um risco gigantesco”, explica o professor. Segundo Ian James Vieira, os empresários devem correr riscos calculados. “E, para isso, é preciso ter planejamento.” É importante saber planejar. O consultor salienta que o planejamento consistente e de sucesso é feito de trás para frente.

Definir os “objetivos e metas” do negócio Em primeiro lugar, é preciso definir objetivos, metas, ou seja, aonde se quer chegar. “E tem que ser uma definição bem clara. Não adianta dizer apenas ‘quero ficar rico’ ou ‘quero lucrar’ como objetivo. São expressões genéricas. O que é ficar rico? É ter quanto? É preciso perguntar exatamente o que se quer atingir”, explica.

Definir “tempo” para as realizações do negócio

É preciso saber, de antemão, o que se deve fazer para atingir as metas estabelecidas no prazo estabelecido

“Quem tem pouco dinheiro precisa definir o que quer, aonde quer chegar e estabelecer datas, prazos. Sem isso, nunca vai conseguir chegar lá, pois é mais ou menos como receber uma conta sem data de vencimento. Quando vai pagar? Nunca, pois uma hora não tem dinheiro, uma hora não tem tempo para ir ao banco. Quer dizer, sempre vai ter um percalço”, exemplifica.

Definir “como” vai fazer o negócio O professor explica também que, quando se fala em planejamento, é preciso visualizar antecipadamente como vai fazer o negócio, como vai colocá-lo em prática. “É preciso saber de antemão o que se deve fazer para atingir as metas estabelecidas no prazo estabelecido. Mesmo que a pessoa tenha poucos recursos, tem que se fazer essa pergunta”, conclui.

Vocação “Muita gente me pergunta o que está ‘dando dinheiro’. Isso não é objetivo, é consequência. ‘Dar dinheiro’ na maior parte das vezes é consequência da vocação. Um restaurante, por exemplo, pode ser um bom negócio desde que o empreendedor entenda do assunto. A vocação pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso”, ressalta. Ian James Vieira salienta que é importante que cada um busque o que é melhor para si de uma “forma consciente e verdadeira”. “O empreendedor deve se espelhar em outros empreendimentos, mas tem que dar o toque pessoal.” A questão da capacitação também está intimamente ligada à vocação, explica o professor. “Se o empreendedor trabalhar em uma área que não gosta pode não ser um bom profissional. E também é importante ter conhecimento técnico associado a sua vocação.”

Ambição

Para saber mais, acesse o site: www.130pn.com, que traz 150 ideias de negócios com pouco investimento inicial.

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“O empreendedor tem que ser ambicioso. Eu sei que, pela cultura brasileira, quando se fala em ambição as pessoas torcem o nariz. Mas isso é fundamental. A pessoa tem que querer crescer, progredir, lucrar. É como na cultura norte-americana, que trabalha muito a questão do lucro. Aqui não. E um empresário, especialmente o com poucos recursos, tem que ser uma pessoa ambiciosa”, explica. No entanto, segundo o professor, é preciso saber administrar bem “a fronteira entre a ambição e a ganância”. “Tanto um quanto o outro têm um único ponto em comum: os dois querem crescer, progredir, lucrar. Mas as semelhanças terminam aí. Daí começa a entrar na seara das diferenças. Em primeiro lugar, o ambicioso deve saber compartilhar seus ganhos, suas vitórias e isso envolve os clientes. É uma relação de ganha-ganha. Ganha o empresário, ganha o cliente.” De acordo com Ian James Vieira, é preciso que, inclusive, os funcionários ganhem, já que são os clientes internos. “É preciso investir na satisfação do cliente interno. Se o funcionário está satisfeito, ele vai transmitir essa satisfação para o cliente externo.”

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Pesquisas

das oportunidades Pesquisas realizadas em Curitiba e Maringá, com base em consumo de bairros, revelam uma infinita lista de negócios para pequenos Por Mirian Gasparin

Foi pensando em auxiliar os empreendedores e candidatos a empresários de micro e pequenas empresas de Curitiba e Maringá que o Sebrae/PR realizou, recentemente, duas pesquisas, investigando os bairros das duas cidades. Constatou-se que os bairros são “terreno fértil” para o empreendedorismo. E os resultados ajudam aqueles que buscam novos nichos. “As pesquisas não só apontam as oportunidades de negócios, como também, com base nos dados, os empresários podem projetar novos negócios para os próximos dez anos, desde, é claro, que as condições de crescimento sejam mantidas”, destaca o consultor do Sebrae/PR, Gilberto Keserle, responsável pela análise dos dados pesquisados em Curitiba. Para o consultor do Sebrae/PR em Maringá, João Luis de Moura, as pesquisas são importantes não só porque contribuem com informações técnicas sobre as oportunidades de negócios em potencial, como também podem municiar os empreendedores e empresários no momento de abrir uma empresa ou de mudar o perfil de um empreendimento já instalado. A Pesquisa de Carências de Comércio e Serviços, realizada em fevereiro, em 22 regiões de Curitiba, abrangendo 25 bairros, que representam 64% da população da cidade, apresentou dados interessantes, destaca Keserle. A localização, conveniência, qualidade do atendimento, qualidade do produto, preço e variedade de produtos são fatores que influenciam o uso do comércio e serviços localizados nos bairros da Capital. As padarias, mercados e lojas de materiais de construção são os serviços mais utilizados nos bairros de Curitiba com índice superior a 70%. Pizzarias, salões de beleza e lojas de presentes registraram entre 51% e 70% de utilização. Já os empreendimentos, como sorveterias, sacolões de frutas, verduras e legumes, lojas de roupas, lojas de cosméticos e perfumaria, centros automotivos e restaurantes registraram procura entre 31% a 50%.

Batel, Bigorrilho, Bacacheri e Mercês apresentaram o maior percentual de carência de atividades. De acordo com o levantamento do Sebrae/PR, o Bairro Boa Vista foi o que apresentou maior carência de atividades empresariais, principalmente padarias. O centro da cidade e o Bairro Rebouças apontaram o menor índice de necessidade de novos negócios. Já os moradores do Uberaba se queixam da falta de mercearias. De acordo com a pesquisa, os bairros de Curitiba com maior carência de mercados e comércio de alimentos são Bairro Alto (27%) e Mossunguê (25%). Sobre a necessidade de padarias, Jardim das Américas (15%) e Fazendinha (10%) foram os locais que mais indicaram essa deficiência. Os bairros nos quais mais faltam lojas de roupas são Batel (5%) e Água Verde (4%). Em Curitiba, 74% dos entrevistados acreditam que falta algo no seu bairro. Serviços ligados ao bem-estar, como academias, cabeleireiros e pet shops foram serviços que cresceram acima de 40%, entre 2006 e 2009. De acordo com Gilberto Keserle, a localização de um negócio é fundamental para que ele seja bem sucedido. A conveniência está atrelada ao estacionamento e facilidades de acesso ao local. “O curioso é que o preço não foi relacionado pelos consumidores curitibanos como um dos itens que mais pesa na hora da compra. Esse fator aparece em quinto lugar”, observa Keserle.

Com informações técnicas em mãos, empreendedores e empresários passam a ter melhor noção de como e aonde devem investir

O estudo também analisou características sociodemográficas e econômicas de Curitiba, comparando os dados da cidade com os municípios de Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre. Entre 2005 e 2010, a frota de veículos em Curitiba teve aumento de 35%. Atualmente há um veículo para cada 1,5 habitante. Esse também foi o percentual de evolução do número de domicílios da capital paranaense, de 2000 a 2010. Foto: Wilson Vieira / Videographic

O “mapa”

Tão importantes quanto os planos de negócios, as pesquisas de mercado são hoje uma importante ferramenta de informação para os empresários que estão começando um negócio ou que querem expandir suas atividades, trocar de segmento ou de local.

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Foto: Prefeitura de Curitiba

Empresas de serviço de limpeza e jardinagem, informática, segurança, clínicas, serviço de manutenção doméstica, bufês e agências de turismo e viagem apareceram com até uma média de 30% de uso.

Curitiba, "terreno fértil" para empreender

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A pesquisa aponta ainda os bairros onde as atividades são mais e menos utilizadas e quais itens pesam mais na escolha dos serviços pelos consumidores curitibanos. Lazer (62%), comércio alimentício (29%), prestação de serviços (24%) e comércio varejista (21%) são as principais carências dos bairros em geral.

Gilberto Keserle, consultor

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Foto: André Renato / Prefeitura de Maringá

Diante das conclusões apresentadas nesse estudo, as empresas de Maringá poderão melhorar ou mesmo rever a sua localização. “Farmácia é um exemplo. Esses estabelecimentos estão agrupados no centro da cidade. Uma alternativa interessante é o empresário rever a localização do seu ponto comercial, pois existem bairros mais afastados do centro que estão em crescimento e que demandam esse tipo de comércio”, explica Moura.

Classes A e B O estudo revela ainda que 63% dos habitantes da Cidade Canção são das classes A e B. Esse dado, somado a outros fatores, aponta para um ambiente favorável à abertura de restaurantes de alta gastronomia. Uma das regiões com potencial é a Zona 20 (Jardim Itália I e II, Cidade Monções e imediações), na qual os moradores também sentem falta de minimercados sofisticados, com importados e orgânicos. O consultor do Sebrae/PR chama a atenção, porém, para a importância de os empreendedores candidatos a empresários de micro e pequenas empresas estarem atentos ao comportamento dos consumidores maringaenses, que ainda apresentam características mais conservadoras e, por isso, exigem cuidados com a localização da empresa e com o atendimento oferecido. João Luis de Moura também destaca que a Zona 20 é a região da cidade com mais carências, já que a pesquisa aponta que pelo menos 80% dos moradores manifes-

taram sentir a falta de produtos e serviços. “Isso ocorre por ser uma das áreas mais afastadas e com o crescimento de condomínios horizontais fechados e de alto padrão”, analisa o consultor. O estudo do Sebrae/PR também dá destaque para o setor de construção civil e indústria têxtil, que são dois segmentos muito expressivos em Maringá. Somados às empresas de alimentos, se constituem nas áreas que mais empregam na cidade, com 22 mil funcionários. Todas tendem a continuar em crescimento e, por isso, também são consideradas oportunidades. O setor do vestuário conta com 508 indústrias. “A força de produção no município gera a necessidade de aumentar o número de facções para atender a demanda”, completa Moura. Destaque ainda para a frota de motocicletas, que aumentou em 52% no município, favorecendo negócios de produtos e serviços voltados aos motoqueiros.

Em Curitiba e Maringá, uma realidade em comum: bairros são “terreno fértil” para se apostar em novas oportunidades de negócios

Abrangência A Pesquisa Ambiente de Negócios em Maringá entrevistou pessoas e empresas das seguintes regiões: Zona 20, próximo à Rua Nildo Ribeiro; Zonas 6 e 5, Maringá Velho; Zona 14 – Avenida Mandacaru e Rua Paranaguá e suas imediações; Novo Centro; Jardim Alvorada, incluindo a Avenida Pedro Taques; Região entre Zona 24 e Zona 46, abrangendo a Avenida Morangueira; e a Região das Zonas 30 e 31, abrangendo a Avenida Kakogawa.

Os dados completos das pesquisas estão disponíveis no Sebrae/PR, bastando que o empresário marque um horário para ser atendido por um consultor.

Projeções de crescimento

Maringá empreendedora

A pesquisa do Sebrae/PR também aponta projeções de crescimento até 2020. O segmento que mais deve crescer em Curitiba nos próximos dez anos é o de pet shop (128%), passando de aproximadamente 900 estabelecimentos em 2010 para mais de 2 mil em 2020.

A Pesquisa Ambiente de Negócios em Maringá, concluída pelo Sebrae/PR no final do ano passado, apontou 30 tipos de oportunidades de negócios para os empreendedores, em sete regiões da cidade. Foram ouvidas 1.100 pessoas que trabalham ou moram na região de Maringá, bem como empresários de 385 empresas foram consultados.

Em segundo lugar estão os salões de beleza, que devem aumentar 106%, saindo de quase 950 para quase 2 mil estabelecimentos daqui dez anos. Em seguida, aparecem as padarias com aumento de 34% (de 1,6 mil em média para mais de 2,2 mil); lojas de roupas com incremento de 25% (de quase 10 mil para mais de 12 mil) e mercados com +20% (de 5,3 mil para 6,4 mil). Gilberto Keserle chama a atenção dos empreendedores e empresários para o fato de que diante desses dados eles poderão projetar novos negócios.

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João Luis de Moura, do Sebrae/PR, diz que das oportunidades de negócios que apareceram na pesquisa, foram criadas “fichas de oportunidades” que ajudam o empreendedor a entender melhor as oportunidades como negócios. Algumas das oportunidades identificadas em Maringá foram os serviços de chaveiro, butique de motos e escola de cursos profissionalizantes. Moura destaca que a cidade do noroeste do Paraná tem um ambiente propício para negócios, pois 63% da população pertencem às classes A e B. “Ma-

ringá é uma cidade de 350 mil habitantes em franca expansão”, acrescenta. Outros tipos de negócios em ascensão são supermercados, lojas de calçados, livrarias com papelarias, clínicas médicas, panificadoras, açougues e restaurantes. O estudo também identificou a falta de fornecedores de materiais de construção e produtos têxteis na cidade. Alguns serviços, levantados pelo estudo como tipos de negócios com potencial para empreender, têm demanda em toda a cidade, como os de manutenção para o lar, prestados por pedreiros, eletricistas, pintores, encanadores e jardineiros. De acordo com Moura, a pesquisa está dando resultados, pois algumas oportunidades demonstradas no estudo já começam a surgir na cidade. “A pesquisa também apresenta estratégias para as empresas que estão no mercado, dando oportunidade para que os empreendedores percebam onde o consumidor está insatisfeito”, destaca.

Foto: Luiz Costa/La Imagen

Maringá, cidade empreendedora

Confira as atividades mais utilizadas nos bairros de Curitiba: Atividades

Pet shop são opções em bairros de Curitiba

Porcentual médio em Curitiba

Bairro onde a atividade é mais utilizada

Bairro onde a atividade é menos utilizada

Padaria

87%

Cajuru 98%

Boqueirão 68%

Mercado

85%

CIC 99%

Mossunguê e Campina do Siqueira 68%

Materiais de construção

70%

Boa Vista 86%

Água Verde 68%

Pizzaria

65%

Pilarzinho 77%

Pinheirinho 38% Fonte: blog.grupofoco.com.br

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Espaços colaborativos,

ganhos coletivos

Empreender ideias, em lugares de uso comum, ajuda a reduzir custos, aumenta a rede de contatos e gera negócios e interação social

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Por Maigue Gueths

Ricardo Dória, empreendedor Trabalhar com outras pessoas num lugar comum, com redução de gastos com impostos, despesas com água, telefone, energia elétrica e funcionários, e, ainda, ter a oportunidade de encontrar novos parceiros, o que pode gerar futuros negócios. Essa é a filosofia de trabalho dos espaços colaborativos, um lugar para empreender ideias, construído tanto para quem compra quanto para quem vende. Curitiba ganhou dois desses espaços no ano passado e outras iniciativas estão surgindo pelo Estado. A loja Endossa, voltada ao comércio, aluga espaços na capital paranaense, para empreendedores que buscam um lugar para vender seus produtos com baixo custo. E a Al-

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deia Coworking, também em Curitiba, é um escritório colaborativo, onde profissionais de diversas áreas dividem o mesmo espaço de

trabalho, cada um com seus objetivos próprios. O local disponibiliza toda estrutura de uma grande empresa, mas como paga-se apenas pelo tempo de utilização, os custos tornam-se bem mais reduzidos. O principal argumento em favor dessa nova modalidade de trabalho vem de uma pesquisa do próprio Sebrae, que aponta que um empreendedor gasta em média R$ 1.600,00 por mês para ter seu próprio escritório. No coworking de Curitiba, ele gastará, no máximo, R$ 600,00 para ter direito a usar suas instalações em tempo integral.

Outros dois novos escritórios colaborativos estão sendo articulados e abrem suas portas nos próximos dias. O jornalista André Pegorer pretende abrir em junho o NexCoworking, também em Curitiba. Em Maringá, o designer gráfico Thiago Gomes de Oliveira, 23 anos, está tentando definir a melhor forma de obter investimentos para a iniciativa. A ideia, segundo ele, surgiu da própria experiência. “Como todo frila (free lancer), trabalho em meu escritório em casa (home-office), e já passei por várias situações constrangedoras, como meia no chão, cachorro, campainha. Foram vários momentos desses que implicaram em uma busca por algo novo, que solucionasse meus problemas, e fosse

principalmente barato”, diz ele, sem medo de ser um dos primeiros a abrir o negócio fora de uma capital.

Relacionamentos O coworking é um sistema de trabalho relativamente novo no Brasil. Aqui, as primeiras iniciativas começaram a aparecer em 2009. Hoje, segundo a Comunidade Coworking Brasil, há cerca de 20 escritórios no País. Em todo mundo, no entanto, existem cerca de 600 espaços desse tipo, em especial nos Estados Unidos, onde a ideia começou.

em casa. Outra vantagem é a localização central do escritório, o que lhe permite ganhar tempo nos deslocamentos necessários. “O que mais gosto é a pluralidade das pessoas que vêm aqui, o que não existe em uma empresa fechada. Isso é bom porque você troca experiências. Às vezes, uma solução de engenharia pode ajudar outra pessoa”, afirma.

O negócio

Em 2005, o americano Brad Neuberg usou o termo para designar um espaço criado por ele na cidade de São Francisco. Tratavase de um apartamento onde trabalhavam três profissionais de tecnologia e que abria suas portas durante o dia para “avulsos”, que precisavam de um lugar para trabalhar e queriam compartilhar experiência.

Ricardo Dória conta que, antes de abrir o escritório, criou um blog e uma conta no twitter, onde propôs a criação do espaço e sondou o interesse do público pelo coworking. A resposta foi positiva. Em seis meses, o blog teve 6 mil acessos, outras 300 pessoas responderam uma pesquisa que definiu o perfil para o escritório, arquitetos se prontificaram a fazer o projeto e 200 pessoas de diversos ramos de atividade se cadastraram para trabalhar no espaço.

Ou seja, o co-trabalho, em sua tradução ao pé da letra, nada mais é que um lugar aonde profissionais de diversas áreas, geralmente autônomos, dividem o mesmo espaço de trabalho. Nesse espaço, cada um tem finalidade própria, com objetivo de reduzir custos, aumentar a rede contatos e gerar negócios e interação social. De um lado, o profissional paga um valor, calculado por hora, para utilizar o espaço. De outro, cabe ao proprietário pagar aluguel, internet, telefonia, manutenção do espaço e outras taxas.

Assim, em novembro de 2010, Ricardo, 26 anos e ex-funcionário de uma grande agência da cidade, abriu as portas da Aldeia. O investimento veio de economias próprias e recursos de alguns investidores, que terão retorno quando o negócio começar a dar lucro. Segundo ele, os custos não foram altos, pois quase todo escritório foi feito com material reciclado. O local escolhido foi dica de um amigo, que sabia que a sobreloja da Galeria Suissa, bem no centro da cidade, não era usada.

Há quem diga que o coworking é uma solução que está entre o home-office e o escritório tradicional. Nem tão liberal como o primeiro e nem tão formal como o segundo. Uma das vantagens sobre o trabalho em casa, segundo o idealizador da Aldeia, o publicitário Ricardo Dória, é que no escritório colaborativo o profissional não fica isolado. Ao contrário, a tendência é que os contatos aconteçam e novos negócios e parcerias se estabeleçam.

Hoje, o imóvel, de 240 metros, está equipado. O espaço oferece acesso à internet sem fio, telefone por VOIP, impressoras, fax, salas para reuniões, videoconferências, espaço para palestras e eventos, recepção com telefonista, copa, cozinha e banheiros. Para

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

O coworking está entre o home-office e o escritório tradicional, nem tão liberal como o primeiro e nem tão formal como o segundo

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Coworking

Foi o que aconteceu com os designers gráficos Hamilton Longo Paglia, Daniel Imaeda e Alexandre Correa, sócios da Contramão, empresa de webdesign, membros da Aldeia desde a sua criação, em dezembro de 2010. “Tive escritório em casa, mas resolvi mudar porque ficava muito isolado e porque queria fazer contatos. Mas não imaginava que teria tantos aqui”, diz Hamilton. Um desses contatos foi com o desenvolvedor de sites, João Netto. “Eu tinha escritório, mas há dois meses me tornei membro da Aldeia, e hoje não preciso mais correr atrás de trabalho”, concorda João. Outro benefício do coworking, para Daniel, foi livrar-se da administração de um escritório. “Nós somos desorganizados com finanças, administração e aqui não precisamos nos preocupar com isso”, assinala. Para o engenheiro eletrônico Fábio Miguel da Costa, a experiência também tem sido positiva. Na sua avaliação, o local garante mais profissionalismo do que o trabalho

Raisa Terra, empreendedora

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participar da Aldeia, o profissional faz um cadastro e paga uma mensalidade, que pode variar de R$ 55,20 a R$ 596,00, conforme o número de horas e serviços.

Endossa Quem entra na loja Endossa, na Rua Vicente Machado, no centro de Curitiba, nota que se trata de uma loja diferente. Nas paredes, uma série de quadrados, de vários tamanhos, serve de vitrine para marcas e produtos. A loja, que tem 300 metros quadrados e 140 quadrados, aluga esses espaços para empreendedores interessados em vender seus produtos no local. Qualquer pessoa pode alugar os espaços, uma vez que os proprietários não fazem nenhuma seleção prévia do que será comercializado. Mas as mercadorias só permanecem no local se atingirem uma cota mínima de vendas a cada mês. Ou seja, quem vai decidir se o empreendedor fica ou não no espaço, é o consumidor, que vai “endossar” ou não sua permanência no local. É esse o modelo de loja colaborativa, uma criação dos publicitários Gustavo Ferriolli, Rafael Pato e Carlos Margarido, que, em março de 2008, abriram a primeira loja Endossa, na Rua Augusta, em São Paulo. Além dessa, há mais uma franquia na capital paulista. O modelo foi inspirado no conceito da Web 2.0, um marco no mundo da internet, por transformar o conteúdo dos sites, antes estáticos, em espaços que permitem a interatividade. “A loja incorpora esse conceito, já que seu conteúdo é definido pelos usuários, ou melhor, por quem aluga e pelo consumidor”, explica Raisa Terra, que, junto com Nathalia Anring e Francisco Del Rio, abriu, em junho do ano passado, a franquia curitibana.

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Raisa conta que a meta é estabelecida em

Fábio Miguel da Costa, empreendedor

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três vezes o valor do aluguel, o que deve ser atingido no prazo de três meses. Isso significa que o empreendedor que alugar um espaço de R$ 140,00, por exemplo, terá três meses para vender, no mínimo, R$ 420,00, caso contrário terá que sair do local. Com isso, diz Raisa, a loja serve também como uma incubadora para as marcas, que podem testar, ali, a aceitação do público.

Em Curitiba, o aluguel varia de R$ 140,00 para quadrados de 21cm x 65 cm até R$ 550,00 para os maiores espaços, de 1m30cm x 1m70cm. Todos têm 50 cm de profundidade. Além do aluguel, ele paga Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o valor das vendas e taxas de administração de cartão de crédito. As notas fiscais são feitas pela Endossa, a quem cabe toda a administração da loja, o que inclui pagamento de funcionários, fornecimento de embalagens e sacolas. O locatário recebe, além da exposição no varejo, serviços como um software para acompanhamento das vendas e estoques e um perfil da marca no site da empresa. Também cabe ao locatário decorar o seu espaço, conforme a sua preferência. A filial curitibana é a maior das três lojas. Os 300 metros quadrados dividem-se em três andares, sendo dois com espaços de locação. O último abriga uma galeria de arte. Na loja em Curitiba, segundo Raisa, não há lista de espera para a ocupação dos quadrados. Em maio, dos 140 espaços, 118 estavam locados.

O profissional paga um valor, calculado por hora, para utilizar o espaço, já o proprietário paga aluguel, internet, telefonia e demais taxas

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“Pesquisamos para definir onde faríamos a franquia. Escolhemos Curitiba porque a cidade é usada para testes de marcas, tem um público bem exigente e também pela qualidade de vida”, diz Raisa. A aceitação pelo público curitibano, segundo ela, cresce, no entanto, em ritmo mais lento que em São Paulo.

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Para saber mais sobre o tema, acesse conteúdos sobre a comunidade destinada à discussão sobre coworking no Brasil coworkingbrasil.ning.com/; e a página do Coworking Visa wiki.coworking.info/w/page/16583744/ CoworkingVisa. Acesse ainda: www.aldeiacoworking.com.br; coworkingmaringa.wordpress.com; www.nexcoworking.com.br; cwb.endossa.com.

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Casos de sucesso

Empreendedorismo no“sangue”

Marly, a cabeleireira; Valdir, o pipoqueiro; e Josias, o vendedor de cachorro-quente. Três empreendedores, cujas histórias têm muito em comum. De origem humilde e pouco estudo, os três começaram “do zero”. Em algum momento de suas vidas, tiveram a coragem de ousar, seja aumentando seus empreendimentos, seja buscando algo novo que os diferenciasse da concorrência. Marly apostou no preço mais baixo. Valdir, na preocupação com a higiene. E Josias, na diversidade de seu cardápio. O resultado foi um só: sucesso nos negócios. Acompanhe agora as histórias.

Josias, o vendedor de cachorro-quente

Empreendedores natos apostam em ideias simples, mas de sucesso Por Maigue Gueths

Josias Fernandes Filho, 33 anos, dono do Josias Hot Dog, é o caçula entre os três empreendedores destacados pela Revista Soluções. Seu primeiro carrinho de cachorro-quente começou a funcionar em 23 de junho de 2000, durante um domingo agitado pela disputa de um Atletiba (Atlético contra Coritiba), na capital paranaense. O ponto permitido pelo alvará era a esquina da Rua Manoel Ribas, ao lado da Igreja dos Capuchinhos. Na primeira noite, vendeu 16 cachorros-quente e ouviu, ao fim do expediente, um pedido de um dos frades para que passasse para o outro lado da rua. “Com essa conversa, ele abençoou o negócio, porque depois a coisa só foi melhorando”, brinca. Até então, Josias colecionava uma lista de tentativas frustradas. Chegou a abrir mercearia, aviário, distribuidora de água, mas nada dava certo. Já empregado em uma grande rede de calçados da cidade, um dia resolveu dar mais uma cartada: trocou um velho revólver 38 que tinha em casa por um carrinho de cachorro-quente, também velho e em desuso. Carrinho arrumado, Josias comprou liquinho, pagou R$ 80,00 por uma pequena tenda de segunda mão. E lá foi ele para a Manoel Ribas. Além da “benção” dos capuchinhos, obteve uma mão também do patrão, que conseguiu um ponto de energia elétrica para iluminar os sanduíches feitos à noite. Foi o patrão também que financiou a compra de uma Kombi 1986. Antes disso, o trajeto era feito sempre de ônibus.

Foto: Luiz Costa / La Imagen

“Um dia, a sacola rasgou e tive que catar uma lata de milho no fundo do ônibus”, conta, rindo de tantas histórias. Em uma delas, teve que escolher entre o conserto da Kombi ou comprar salsichas. Optou pela segunda alternativa e teve que passar mais de uma semana empurrando o carro.

Josias Fernandes Filho, empreendedor

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Aos poucos, Josias viu o movimento crescer. Como a Prefeitura de Curitiba não per-

mitia ampliação do ponto, chamou mãe, pai, a mulher e o irmão e colocou outros carrinhos para funcionar pela cidade. Em 2009, deu um passo decisivo ao alugar um grande terreno na Rua Julia Wanderley, no bairro Mercês. As obras levaram todo o dinheiro, mas mesmo assim conseguiu abrir a casa, que hoje abriga 120 pessoas sentadas. “Sempre tive um diferencial, desde o começo. Eu via que os outros carrinhos de hot dog tinham duas bisnagas, de mostarda e ketchup. No meu, eu tinha várias bisnagas com opções de molhos, queijos diferentes”, diz ele que, hoje, tem no cardápio pelo menos 20 variedades de cachorros-quente, feitos com ingredientes inusitados como tomate seco, abacaxi, pernil e carne seca, além de duas opções doces de “cachorro-quente”. Variedade essa que já lhe rendeu reconhecimento do público em enquetes gastronômicas.

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Outra inovação foi um cartão fidelidade, existente até hoje, que garante que a cada dez sanduíches o cliente leve um de graça. Não demorou a implantar também serviço delivery (de pronta entrega). Josias não fala em números, mas hoje ele comanda 25 funcionários em cinco pontos de venda, sendo três carrinhos e duas lanchonetes, a das Mercês e outra menor, na Rua Chile. Seu sonho, agora, é chegar a cinco lojas próprias, uma para cada integrante da família (mãe, pai, irmão, mulher e ele mesmo) e, depois, abrir franquias. .

Valdir, o pipoqueiro Valdir Novaki se transformou em um fenômeno de empreendedorismo. Apesar de estar há apenas cinco anos à frente do seu carrinho de pipocas, com ponto no marco zero da Capital, a Praça Tiradentes, sua experiência é, hoje, tema de palestras que ele faz em todo País. O tino comercial foi captado por um freguês das pipocas, um consultor de Marketing impressionado pelas inovações que Valdir implantava em seu carrinho.

Marly apostou no preço mais baixo; Valdir, na preocupação com a higiene; e Josias, na diversidade de seu cardápio

“Comecei com o carrinho como todos os outros pipoqueiros. Em 15 dias de trabalho, vi que não estava tendo resultados. Existiam muitos pipoqueiros no anel central e daí resolvi me diferenciar.” A partir daí, quem compra pipoca no carrinho do Valdir, passou a receber um tratamento personalizado, que inclui álcool 70 nas mãos e um kit higiene, com guardanapo, sachê com fio dental e uma bala de menta. A higiene passou a ser a preocupação número 1 do pipoqueiro. O carrinho passa por higienização diária e os utensílios são limpos com álcool a cada 20 minutos. Ele também mandou bordar os dias da semana em seus jalecos, para que o cliente possa ter certeza de que o uniforme é trocado diariamente.

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Três exemplos de empreendedores, de origem humilde e sem recursos, que deram a volta por cima e hoje fazem sucesso

Os clientes também contam com um cartão fidelidade, que garantem um pacote de graça a cada cinco compras. Outra novidade é o cartão “Oba!!! A dúzia de 10”, no qual o cliente paga por dez mas leva 12. Valdir, hoje com 40 anos, não sabe de onde tirou inspiração para as mudanças. Natural de São Mateus do Sul, estudou só até o quarto ano, e trabalhou na roça, como boia-fria até os 18, quando mudou-se para Curitiba. O sonho de tornar-se dono do próprio negócio demorou a se concretizar.

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Para garantir a pipoca no gosto certo do freguês, Valdir fez uma pesquisa junto à clientela, que determinou a quantia certa para o óleo, de bacon na pipoca salgada e de coco na variedade doce. Para garantir o padrão de qualidade, os produtos vêm cortados e embalados, em pacotes de 185 gramas de bacon e de 125 gramas de coco. “Com isso, o cliente sabe que vai encontrar sempre a mesma qualidade da pipoca”, diz.

para não atrair ladrões ao seu carrinho. Mas garante que vende 95% a mais do que os outros pipoqueiros. “A maioria dos meus clientes é fiel, vem todo dia”, afirma ele, que chega a fazer um saco de 23 quilos de milho por dia, enquanto os outros, segundo ele, fazem no máximo dois quilos. Em abril deste ano, o pipoqueiro deu mais um exemplo de que sabe planejar sua vida, ao formalizar a sua situação tornando-se um empreendedor individual. “Fiz isso, principalmente, pensando na minha aposentadoria”, conta ele, ao mesmo tempo que faz planos com sua nova situação. “Minha próxima inovação vai ser colocar máquina de cartão de débito e crédito para melhor atender a clientela”, promete. Com o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) em mãos, Valdir, o pipoqueiro, enumera ainda outras vantagens, como a possibilidade de fazer financiamento para adquirir outro carrinho e pagar fornecedores a prazo.

Valdir trabalhou como lavador, manobrista de carros e atendente em uma banca de revistas, na Praça Rui Barbosa. Foi nessa época, observando o trabalho dos ambulantes na praça, que decidiu que ele mesmo teria seu próprio negócio. Em 1992, entrou com pedido de licença junto à Prefeitura, alvará que só conseguiu 14 anos depois. No dia 24 de agosto de 2006, ele passou a ter ponto fixo, na Praça Tiradentes.

Marly, a cabeleireira

Toda essa trajetória deu certo. Hoje, ele tem inúmeros pedidos de franquia, sendo que um deles vindo do Marrocos (Africa). Valdir também não gosta de citar números,

Só nos dois salões de sua propriedade, situados no Bacacheri e no Seminário, na Capital, ela comanda 700 funcionários. Considerando os salões parceiros, esse número sobe para

A história da cabeleireira Marly é cheia de números. Os mais impressionantes, sem dúvida, são atuais. Hoje, 32 estabelecimentos, sendo um em Joinville, Santa Catarina, e os demais em Curitiba e Região Metropolitana, levam o nome de Salão da Marly. Desses, dois próprios, 15 mantidos em parcerias e 15 franquias.

Marly Stuhlert Minatti, empreendedora cerca de 1.300 funcionários. “Todo mundo tem uma missão no mundo, acho que a minha é gerar emprego”, avalia a catarinense Marly Stuhlert Minatti, que, em julho deste ano, completa 40 anos de profissão.

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Natural de Braço do Trombudo, cidadezinha de 3.200 habitantes no interior de Santa Catarina, com um ano de idade ela já engatinhava pelo salão de beleza de sua mãe Melita. Anos mais tarde, ambas vieram para Curitiba, onde Marly foi incentivada pela mãe a fazer um curso no Senac. Em 1971, com apenas 20 anos, abriu seu salão, em uma pequena sala alugada ao lado da casa onde morava, no Bacacheri. “Eu fazia tudo, cabelo, maquiagem. Eu era muito nova, não inspirava confiança nas clientes, mas fui caprichando, fazendo o melhor que podia e fazendo minha clientela”, diz. Seis anos depois, casou e instalou o salão na casa onde funciona hoje, a princípio dividindo o imóvel entre o estabelecimento comercial e sua residência.

Valdir Novaki, empreendedor

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À medida que a clientela aumentava, ela foi adquirindo os terrenos em volta. O crescimento aconteceu quase sem querer. “Os clientes aumentavam e eu contratava mais profissionais para me ajudar. Isso foi aumentando meu ganho, já que o salão ficava

com 50% do que eles faziam. Isso me fez ver que, com uma equipe grande, meus ganhos também seriam maiores”, observa. A ampliação mais radical aconteceu há oito anos, com a compra do imóvel da Avenida Sete de Setembro, no bairro Seminário. A ideia de abrir outro espaço, segundo ela, surgiu porque o salão antigo não conseguia mais acomodar as clientes existentes. O passo foi grande. Enquanto o salão do Bacacheri tinha 1.200 metros quadrados, a casa nova teria 6.800 metros quadrados.

“Nunca fui de explorar cliente, sempre preferi cobrar o mínimo, achava que a cliente ficaria muito mais feliz se pudesse fazer várias coisas no salão pagando pouco”, justifica. Outra inovação do salão, segundo ela, foi a implantação de um dia com preços promocionais, instituído às quartas-feiras, dias de menor movimento. Qual a receita do sucesso? Ela tem a resposta na ponta da língua. “Tem que ter um bom trabalho, bom preço, um espaço gostoso. Eu sempre procurei fazer com que a cliente se sentisse em casa, e consegui manter essa clientela. Hoje, já atendo a quarta geração de uma mesma família”, diz.

“Eu não tive medo, no fundo eu tinha vontade, mas eu fiquei preocupada achando que seria muita coisa para cuidar.” Sem curso de Administração ou gerência de negócios, Marly acabou contando com a ajuda do marido, que antes tinha uma construtora, das filhas, Michele, Isabele e Gisele, e dos três genros, que hoje trabalham todos nos salões.

Outra característica desses 40 anos de trabalho, enumera, foi a formação de uma equipe de trabalho. Grande parte dos funcionários tem anos de casa. Muitos antigos, inclusive, estão na gerência dos salões parceiros. “A ideia é que virem franquia”, diz ela, que ainda hoje faz questão de acompanhar de perto o trabalho no salão.

Desde o início, o diferencial do Salão da Marly, sobre os demais grandes salões, foi o preço. Marly sempre manteve preços de salão de bairro. Hoje, por exemplo, enquanto um salão chega a cobrar R$ 50 a R$ 70 para um corte de cabelo feminino, ela cobra R$ 20. Não raras vezes, essa prática lhe rendeu críticas dos concorrentes.

Acesse: www.josiashotdog.com.br; www.pipocadovaldir.com.br; www.salaomarly.com.br.

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Dilema Depois de uma “entrada bem-sucedida” e de se estabelecer no mercado, muitos empresários de pequenas empresas percebem que é hora de ampliar os negócios, conquistar mais clientes e aumentar as vendas, aproveitando as oportunidades do ambiente econômico. Mas que novos desafios vêm junto com a expansão dos negócios?

“Crise” do crescimento São muitos os desafios na hora de ampliar os negócios; saiba como empresários de pequenas empresas podem superar barreiras Por Adriana Bonn

A chamada “crise” do crescimento empresarial é muito comum no mundo corporativo, sobretudo quando a economia está em expansão. É um momento cheio de dúvidas para muitos empreendedores. Nessa etapa, é exigida dos empresários a tomada de decisões diante de riscos e incertezas quanto à realização de novos investimentos, com a intenção de elevar as empresas a um novo, e mais amplo, patamar de operações no mercado. “Toda empresa em crescimento passa por esses desafios”, assegura o diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cezar Agostini. O primeiro é o de entrar no mercado e demonstrar competência para aquilo que está se propondo a fazer. “Já diz um antigo ditado que ‘quem tem competência se estabelece’. Isso ocorre nos dois primeiros anos de atividade e quem passa por esse período demonstra competência empreendedora”, explica o diretor. Para os bem-sucedidos, emenda Agostini, o segundo momento é o de expansão. Com características diferentes do primeiro desafio, nessa fase o empresário é um vencedor e começa a viver a “crise” do crescimento. Sem condições de fazer tudo sozinho, o empreendedor se vê diante de um novo cenário, no qual necessita, na maioria das vezes, repensar o modelo de negócio. “Entre as questões mais relevantes nesse processo está formar uma equipe técnica e de gestores altamente qualificados e delegar funções que anteriormente eram feitas pelo próprio empresário. A crise do crescimento se caracteriza por ser uma crise de delegação empresarial.” Para o diretor de Operações do Sebrae/PR, a empresa somente crescerá se tiver condições de gerenciar seu próprio processo de transformação e crescimento sustentável. “Nesse processo também devem ser considerados outros aspectos, tais como dotar a empresa de um sistema de informação gerencial mais avançado que possibilite aos empresários monitorar os resultados do empreendimento, a exemplo do Business Inteligence; repensar a forma de capacitação de seus quadros funcionais; captar, desenvolver e reter talentos; e inserir, no modelo de gestão, a inovação, como vetor essencial da competitividade”, destaca Agostini.

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Conhecer experiências positivas também é fundamental para quem quer crescer no mercado. Isso, porque no momento da expansão dos negócios, quanto mais informação e orientação, melhor. Participar de capacitações e contratar consultorias com especialistas em gestão também podem ajudar os empresários e atravessarem a crise do crescimento. “Com a velocidade das mudanças que acontecem hoje é preciso ter capacidade de dar respostas rápidas. O empresário não pode querer descobrir a roda sozinho”, destaca.

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Oportunidades O diretor de Operações do Sebrae/PR lembra que o mercado brasileiro vive hoje uma “janela de oportunidades” e que quem estiver preparado poderá aproveitar bem esse momento. “Em 2010, o País registrou um crescimento de 7,5% e a expectativa é que em 2011 esse crescimento chegue a 4,5%, taxa que deve se manter nos próximos anos. Vários fatores estão aquecendo o mercado e criando oportunidades para as empresas que estão preparadas.” Entre os fatores que fazem o Brasil viver uma fase promissora, segundo o diretor, está a maior captação de investimentos internacionais; a realização de megaeventos mundiais como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016; a necessidade de o País investir em infraestrutura mais moderna; a maior participação brasileira no mercado internacional, com elevação dos preços dos commodities; e a maior distribuição de renda. Um estudo realizado pelo Sebrae Nacional e Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o Brasil tem hoje cerca de 500 grandes oportunidades de negócios, principalmente nas área da construção civil, tecnologia da informação, varejo, vestuário e agronegócio, somente levando-se em conta o evento Copa do Mundo. “É um momento especial, para o qual os empreendedores e empresários de pequenas empresas precisam estar preparados.”

É difícil chegar sozinho, sem ter com quem dividir anseios, necessidades, dúvidas e medos que assolam o empresário que busca novos rumos

Modelo A empresária Amália Sina tem o empreendedorismo como marca de sua vida profissional e soube bem superar os momentos da “crise” de crescimento. Pós-graduada em Gestão pela Triton College, de Chicago, e com diploma de MBA em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP), Amália foi responsável pelo ressurgimento da Walita, na década de 1990, e comandou multinacionais, como Philips e Philip Morris do Brasil. Hoje, é proprietária da Sina Cosméticos,

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O lançamento aconteceu durante a Cosmoprof, maior feira de cosméticos do mundo. A meta era exportar e só entrar no Brasil um ou dois anos depois, mas a crise econômica mundial obrigou a empresa a vender no País antes do planejado e, hoje, conta com 105 produtos presentes em 300 pontos de venda estratégicos. A empresária conta que os resultados alcançados pela Sina Cosméticos nesses cinco anos lhe dão a certeza que está caminhando na direção certa. “Tanto que, nesse exato momento, estou experimentando a tal dor do crescimento. Já sentimos a necessidade de investimento para caminhar mais rápido ou ainda para buscar mais inovação.” Segundo a empresária, o segmento em que atua exige velocidade, novidade, pessoas qualificadas e isso tudo custa dinheiro. Com isso, analisa agora a possibilidade de ter a própria fábrica, já que a produção de sua linha de cosméticos é terceirizada.

Além de atitude, a empresária acredita é que preciso ter habilidade, adquirida somente com planejamento e disciplina, e manter o otimismo quando surge a necessidade de uma mudança repentina. “Não se pode ver a ‘crise’ do crescimento como algo negativo, mas como uma oportunidade de melhorar e crescer.” Amália Sina acredita que o crescimento é a única forma de sobrevivência para uma empresa ou para um profissional. Segundo ela, quem não cresce, fica estagnado e perde o negócio ou a carreira. E para que isso aconteça, ela garante que o primeiro passo a dar é traçar um plano, para saber qual o ponto de partida e aonde se quer chegar. Esse planejamento pode ser feito, segundo a empresária, com a ajuda de um especialista. “É difícil chegar sozinho, seja onde for, sem ter com quem dividir anseios, necessidades, dúvidas ou mesmo os medos que assolam o empresário que quer partir para novos rumos de crescimento na sua empresa.” Para Amália, todos os momentos de uma empresa são inéditos e pedem a troca de experiências com pessoas ou instituições do segmento. Mesmo com experiência profissional, a empresária conta que sempre busca conversar com empresários mais experientes, sejam eles concorrentes ou de

outras áreas.

“São pessoas que já viveram situações semelhantes e podem ter muitas ideias de como buscar soluções para os dilemas que surgem”, diz ela. Além disso, integra entidades empresariais, participa ativamente de seminários e mesas de discussões.

A “crise” do crescimento é um momento de oportunidades, que possibilita ao empreendedor dar um salto qualitativo no seu modelo de gestão empresarial

Sebrae Mais Quanto mais uma empresa cresce, maiores são os desafios a enfrentar. Mas, em compensação, maiores também são as oportunidades. Foi pensando nisso que o Sebrae lançou o Sebrae Mais, destinado às pequenas empresas avançadas. É um conjunto de soluções estratégicas, apresentadas na forma de cursos e consultorias especializadas, para as empresas enfrentarem o novo ciclo de crescimento, e continuar evoluindo, lucrando e avançando. O desenvolvimento do Sebrae Mais começou em 2008. Pesquisas foram feitas para saber o que os proprietários de micro e pequenas empresas pensavam e buscavam na tentativa de continuarem avançando em seus negócios. Com os dados nacionais em mãos, o Sebrae, com sede em Brasília, começou a implantação das soluções um ano depois.

Julio Cezar Agostini, diretor do Sebrae/PR

Ao todo, o Sebrae Mais oferece oito soluções que são aplicadas por meio de workshops e consultorias nas próprias empresas, importantes para a melhoria na gestão e dos resultados. São elas: Estratégias empresariais – Solução que analisa o ambiente empresarial, identificando os pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças. Utiliza técnicas como a análise das cinco forças de Michael Porter e de competências e o ciclo de vida. Prevê a construção de um plano estratégico, além de um mapa de indicadores que será acompanhado durante três meses por um consultor especializado.

No Paraná, a execução do Sebrae Mais teve início em agosto de 2010. Durante três meses, as soluções ou produtos foram apresentados a empresários das cinco regiões do Estado, onde o Sebrae/PR tem forte atuação: centro-sul, noroeste, norte, oeste e sudoeste. O objetivo foi mobilizá-los e mostrar os benefícios de participarem da iniciativa.

Planejando para internacionalizar – Criado para planejar e implantar o processo de internacionalização da empresa. Permite compreender as relações entre um pequeno negócio e o mercado global, aumentando assim a competitividade. Gestão Financeira – Solução semipresencial que usa a internet para interação com o consultor durante o processo de capacitação, realizado na própria empresa. Entre os temas tratados estão controles financeiros, capital de giro, liquidez, indicadores de desempenho e planejamento orçamentário. O método de aprendizagem é baseado na prática.

Foto: Studio Alfa

Amália explica que o segmento de cosméticos cresce a uma taxa de 15% ao ano no Brasil e isso torna o mercado extremamente competitivo. Se por um lado é bom, do outro causa gargalos na cadeia produtiva. “Nos últimos dois anos, a Sina poderia ter vendido cinco vezes mais, não fossem os atrasos nas entregas por parte dos fornecedores de embalagem e fabricantes. Isso mostra que também é difícil crescer mesmo quando tudo vai bem.”

Com experiência profissional, Amália diz que, para mudar, todo empreendedor precisa ter uma boa dose de atitude voltada ao desejo de crescer e evoluir. “O ser humano é, por natureza, avesso a mudanças, não gosta do que não é previsível e isso, por si só, já é suficiente para rejeitar sair do lugar confortável”. observa.

Foto: Studio Alfa

uma empresa que cresce a todo vapor desde 2007, quando foi lançada no mercado. A Sina Cosméticos nasceu pequena, mas com objetivos grandes, primeiro de exportar e só depois ser oferecida no Brasil. Inicialmente, a linha Amazonutry, focada no segmento premium, entrou no mercado italiano com 15 produtos.

Ferramentas de Gestão Avançadas (FGA) – Propicia a estruturação de planejamento e de gestão empresarial de alto nível, com o objetivo de aprimorar o gerenciamento da empresa e consolidar seu crescimento no mercado. Os empresários desenvolvem e colocam em prática, planos estratégicos para suas empresas, direcionando-as para a tomada de decisões mais assertivas, nas principais áreas funcionais, como finanças, marketing, operações, processos e recursos humanos. Programa Sebrae de Gestão da Qualidade (PSGQ) – É oferecido em duas fases, a primeira com cinco cursos sequênciais que tratam da importância de um sistema de gestão voltado à esta competência. A segunda etapa oferece mais dois cursos e consultoria para preparar a empresa para implantação do sistema de gestão ISO.

Conhecer experiências positivas também é fundamental para quem quer crescer

Encontros Empresariais - Promovem a interação entre os empresários do mesmo ou de diversos setores, por meio de um ciclo de encontros planejados em que são debatidos temas específicos de interesse empresarial, além de incentivar a implantação de redes de relacionamentos. Gestão de Inovação – Apresenta conceitos e exemplos de Gestão de Inovação recentemente lançados no mercado com o objetivo de fomentar novas práticas de gestão, marketing, produto, serviço ou processo.

Amália Sina, empresária

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Empretec - Solução desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU), já consolidada no Brasil e em outros países, que identifica, estimula e desenvolve o potencial empreendedor.

Quer saber mais como enfrentar a “crise“ do crescimento? Ligue agora para o 0800 570 0800 e conheça o Sebrae Mais – Programa Sebrae para Empresas Avançadas.

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Missão: contratar Mais do que o próprio currículo, o comportamento do futuro funcionário é fundamental para o desempenho profissional Por Katia Michelle Bezerra

Anúncio em jornal, indicação de amigo, agência de empregos. Não importa como o empresário pretende encontrar o futuro funcionário. O que interessa mesmo é que, quando contratante e candidato estiverem frente à frente, é preciso saber se as habilidades e competências de quem procura o emprego estão de acordo com o que a empresa precisa. Essa é uma equação fundamental para que a relação dê certo e seja produtiva para ambas as partes. E o que as empresas de micro, pequeno, médio e até grande porte devem levar em consideração na hora de contratar? É preciso prestar atenção no currículo, claro, mas cada vez mais especialistas defendem que é necessário considerar ainda mais a personalidade e atitudes da pessoa do que suas próprias competências técnicas. “O empresário que quer contratar precisa fazer uma investigação do candidato, seguir o rastro que ele deixou na sua vida pessoal e profissional”, sugere o consultor em Gestão de Pessoas, Eduardo Ferraz. Autor do livro “Por que a gente é do jeito que a gente é?”, Ferraz escreveu recentemente um artigo intitulado “Contratados pelo currículo e demitidos pela atitude”. No artigo, ele cita uma pesquisa realizada em agência de empregos online Catho, em 2009, que aponta que os principais fatores de demissão do País, em empresas privadas, estão ligados a questões comportamentais, como mau relacionamento com o grupo. Ferraz defende que essas questões podem ser identificadas em uma entrevista quando o contratante dedica tempo suficiente para conversar com o candidato. “Uma entrevista deve levar pelo menos duas horas. Você já sabe quando começa a fazer algumas perguntas se o candidato vai render ou não. “É preciso investigar a relação dele com a família, sua infância, como é a relação dele com o trabalho. As bases são importantes e revelam muito sobre o comportamento de uma pessoa”, enfatiza.

indicado para o perfil da empresa”, considera. Confira nesta matéria cinco indicações de perguntas que não podem faltar em uma entrevista, segundo o consultor.

Motivação Para o também consultor Augusto Uchôa, fundador do Boteco do Conhecimento, site que reúne profissionais especializados em diversas áreas, as empresas precisam buscar a motivação individual de cada funcionário e identificá-la com os objetivos do trabalho. “E o contratante precisa ter claro quais são esses objetivos.”

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Para Uchôa, o mercado mudou nos últimos anos, assim como o perfil do trabalhador. “E hoje, um contratante pode ter bastante informação sobre o futuro candidato nas redes sociais, por exemplo. Não vejo nenhum problema ético no empresário fazer uma busca sobre o profissional na internet, porque são informações públicas, mas por outro lado as pessoas precisam começar a se preocupar com o que postam na rede”, diz. Uchôa defende que uma análise do que está nas redes sociais pode mostrar mais do que a própria entrevista, já que hoje as pessoas até podem utilizar técnicas que escondem sua verdadeira personalidade. Mas identificados pontos positivos, é preciso uma entrevista ainda mais pessoal, saber o que o candidato quer para sua vida e para sua carreira. “O que diferencia um trabalhador bom de um péssimo é a motivação e nem sempre isso

Hoje, um empresário contratante pode ter bastante informações sobre o futuro candidato à vaga, nas redes sociais Foto: Divulgação

Recursos Humanos

Foto: Cristiane Shinde / Studio Alfa

De acordo com o consultor, não existem fórmulas e os estereótipos devem ser evitados, mas não há como fugir de uma entrevista bem detalhada quando se quer evitar equívocos na hora da contratação. O currículo também é importante, mas também merece uma análise fora de fórmulas fechadas.

Zuleide Gonçalves Francisco, empresária

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“Se a pessoa tem dez anos de carteira e já passou por muitos empregos, precisa saber o motivo. Se a pessoa ficou dez anos em uma só empresa, é preciso verificar se ela foi promovida algumas vezes ou ficou sempre no mesmo cargo”, sugere. “O que o empresário precisa fazer é colocar uma lupa na vida profissional do candidato e com uma boa quantidade de perguntas, saber se ele é

Eduardo Ferraz, consultor

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A diferença

Cada vez mais, especialistas defendem que é necessário considerar ainda mais a personalidade e atitudes do candidato do que suas competências técnicas

Contratar não é uma tarefa simples principalmente porque é preciso fazer uma relação entre as habilidades técnicas e as de comportamento do candidato. Na prática, porém, alguns empresários ainda preferem prestar bastante atenção na personalidade das pessoas, mais ainda do que no currículo. “Aprender o serviço, a pessoa aprende, o difícil é ser uma pessoa fácil de lidar e comprometida com o trabalho”, diz o empresário Gilmar Boza da Silva, da Kilar Móveis, de Maringá. Dono de empresa há sete anos, ele tem três funcionários. Quando precisou contratar, colocou um anúncio no jornal. Quando os candidatos apareceram, ele verificou currículo, re-

ferências e o último emprego que a pessoa teve. “Mas o que importa mesmo é como a pessoa se comporta no dia a dia. A parte técnica, a gente consegue treinar”, considera. Opinião partilhada pela empresária Zuleide Gonçalves Francisco, também de Maringá. Há dois anos, ela abriu a Pet & Flora. No final do ano passado, com o aumento da demanda nos serviços da empresa, decidiu que estava na hora de contratar uma pessoa. Optou por não colocar anúncio no jornal e nem em agências de emprego. Avisou amigos e conhecidos de estabelecimentos próximos e em pouco tempo recebeu uma indicação. Fez entrevista com a pessoa que a procurou e a empatia foi imediata. “Eu procurava uma pessoa que fosse responsável, tivesse respeito com os clientes e acima de tudo gostasse de bichos, já que lidamos com animais aqui na loja”, conta Zuleide. Na prática, isso significa que a pessoa precisa ter, além, de competência técnica, uma “inteligência social” que a ajude a desempenhar o trabalho. “É claro que a pessoa precisa saber o serviço que vai desempenhar, mas ser responsável é ainda mais importante”, conta Zuleide. Em breve, a empresária terá que contratar mais um funcionário e já sabe: “Vou conversar bastante, só assim a gente consegue saber mais sobre a pessoa.”

Cinco questões que o contratante não deve deixar de abordar na entrevista de emprego, segundo o consultor Eduardo Ferraz. Resuma sua vida dos zero aos 18 anos Como você faz a diferença?

Para saber mais sobre relacionamento na empresa e as competências e habilidades que devem ser observadas na hora da contratação, acesse agora os sites: www.botecodoconhecimento.com.br www.eduardoferraz.com.br www.sebrae.com.br

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Sugestões de livros: “Contratar: Como Encontrar e Conservar as Melhores Pessoas”, de Deems Richards, Editora Amadio; “Por que a gente é do jeito que a gente é?”, de Eduardo Ferraz, Editora Gente.

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Resuma seus pontos fracos

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Resuma sua vida dos 18 anos até o momento

30% OFF !!

ARGHNHNHNHNHN!!!!! Por Eloi Zanetti

Saio da panificadora e olho na parede externa uma placa que diz: parking dog. Fico imaginando, por quê? Por que parking dog e não estacionamento para cachorros? Será que as madames, com os seus chiuahuas e poodle-toys sabem o que é um parking dog? Ou terão alguma noção de que é civilizado deixar seus luluzinhos amarrados do lado de fora do estabelecimento enquanto compram seus pães e brioches? Será que essa placa não é mais um exibicionismo do dono da panificadora que viu algo semelhante em uma das suas viagens a Miami ou Disneylândia? Não seria melhor uma grande placa com os dizeres monkey imitador? Entro no shopping, ou melhor, no centro comercial e leio 30% OFF. O que é 30% OFF na cabeça de um consumidor normal? Será que ele vai entender que é um desconto de 30%? Ou que talvez se trate de uma popular liquidação para entrega do ponto. Porque um desconto de 30%, atualmente, só dá para entender que o proprietário está passando o negócio adiante. Onde está o bom senso da comunicação eficiente que manda facilitar ao máximo o entendimento das coisas, sendo claro e objetivo? Se o consumidor não entender o que se está querendo dizer, a culpa é do emissor da comunicação, e não de quem a recebe. E, em se tratando de descontos e liquidações, deve-se dizer em alto e bom som, num português simples e direto, com tudo muito claro, em letras grandes, garrafais e coloridas a sua intenção de vender. Ou 30% OFF é mais uma frescura de dona de butique que imita e nem sabe por quê. Oh! Língua portuguesa culta e bela. Oh! Última flor do Lácio! Oh! discípulos do professor Pasquale. Perdoai-os porque eles não sabem o que escrevem. Acredito que algumas palavras devem ser incorporadas e usadas às mancheias, porque elas não têm tradução possível mes-

mo. Na minha profissão existem dezenas delas. Como traduzir com facilidade o conceito de marketing, layout, briefing, storyboard, etc? Na nova linguagem da turma da computação entram reset, delete, backup, download, link, hacker. Cada profissão que chega traz expressões novas. O sistema vem se processando assim desde os tempos em que as fronteiras foram abertas por Pedro Álvares Cabral. Cassetete, por exemplo, palavra incorporada na linguagem militar, veio dos militares franceses contratados pelo Império para moldar a estrutura do exército brasileiro. Veja só, “casse” igual a “quebrar” – “tête” igual a “cabeça”, somadas as duas palavras formam o popular cassetete ou melhor o quebra-cabeça, que a nossa polícia sabe usar tão bem. Nosso idioma é rico em termos tupis, guaranis, árabes, hindus, italianos, alemães, etc. Tenho um amigo que brinca e pede sempre apfelstrudel de maçã.

Oh Língua portuguesa! Oh! Última flor do Lácio! Oh discípulos do professor Pasquale. Perdoai-os porque não sabem o que escrevem.

Como o comportamento vigente é o de desacato por tudo, perdemos o respeito pelas autoridades, que já não o merecem mais, porque elas mesmas perderem-no por si próprias há muito tempo. Não reconhecemos mais nossas leis porque elas também não são mais obedecidas nem pelos que as fazem e por aqueles que deveriam ser seus sagrados guardiões. Os mais jovens perderam por completo a reverência pelos mais velhos. Por que também não haveríamos de perder a deferência pelo idioma pátrio? O povo brasileiro acha difícil se dar ao respeito. Já fomos taxados de narcisos que cospem na própria cara, de vira-latas entre as nações. Deve ser por isso que vamos continuar escrevendo parking-dog, 30% OFF, SALE, sem ao menos saber do que se trata. Porque se a gente soubesse, usaria o termo com parcimônia e moderação. And I beg your pardon porque estou com vontade de deletar este paper.

Foto: Divulgação

está ligado a questões financeiras”, assinala. Graduado em Comunicação Social pela ESPM, mestre em Administração de Empresas pelo IBMEC-RJ com especialização em Marketing e doutorando pela Coppe/UFRJ, Uchôa defende que não existem regras para contratação, mas que pelo menos uma pergunta o empresário deve fazer na hora de contratar um funcionário: Você gosta de gente?. “Se o funcionário não gostar de se relacionar, na verdade, não deve trabalhar na empresa, deve buscar um trabalho que possa fazer sozinho, porque o relacionamento dentro de uma corporação, dentro de uma empresa, é fundamental”, afirma.

Artigo

Eloi Zanetti é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas. Acesse: www.eloizanetti.com.br

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Sucesso

Feira do Empreendedor Marcado pelo conhecimento, inovação e oportunidades, evento de empreendedorismo reúne 15 mil empresários, em Curitiba Por Leandro Donatti

Aproximadamente 15 mil empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas, formais e informais, marcaram presença na Feira do Empreendedor 2011 – Paraná, uma realização do Sebrae/PR, de 17 a 20 de março deste ano, em Curitiba.

A Feira do Empreendedor, realizada em Curitiba, será lembrada pela assinatura, pelo poder público municipal, do Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte de Curitiba, também conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa de Curitiba.

Foram oferecidas, gratuitamente, durante o evento, no Expo Unimed, na Universidade Positivo, oportunidades de negócios, conhecimento e inovação, para empreendedores com a intenção de abrir o próprio negócio e empresários interessados em ampliar empreendimentos.

Bem como pelo ineditismo no uso de tecnologias, para garantir informações do evento aos visitantes. Por exemplo, um aplicativo customizado para acessar informações sobre a Feira do Empreendedor garantiu total interação com o evento, por meio de telefones celulares compatíveis com as plataformas IPhone, IPad, Android e BlackBerry.

Mais de 12 mil empreendedores e empresários participaram das cerca de 130 palestras sobre gestão, marketing e finanças, entre outros temas, e sobre oportunidades de negócios. Outros 6 mil assistiram palestras-magna com Paulo Henrique Amorim; Max Gehringer; e com o sócio-fundador do Peixe Urbano, Emerson Andrade. Durante a Feira do Empreendedor, 2,3 mil empreendedores e empresários foram atendidos com consultorias. Na avaliação do presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Jefferson Nogaroli, a procura confirma o crescimento no número de interessados em empreender e a conscientização de que o empreendedorismo exige preparo técnico.

Oportunidades A Feira do Empreendedor 2011 - Paraná ofereceu um mix de oportunidades, com diversos segmentos e valores de investimento, ampliando assim a possibilidade de abertura de novos negócios. Dentre as categorias de oportunidades expostas no evento, 70 opções em franquias, representações comerciais, revendas, serviços e licenciamentos de marcas, propostas distribuídas nos ramos de limpeza, alimentos, cosméticos, perfumaria, máquinas, e semi-joias, dentre outros. O processo de seleção das oportunidades foi conduzido por uma comissão técnica e o Sebrae/PR recebeu cerca de 200 propostas de empresas de todo o País. A escolha obedeceu a um edital público lançado pelo Sebrae/PR, em dezembro de 2010. O lançamento de edital garantiu transparência e impessoalidade ao processo.

A edição paranaense da Feira do Empreendedor ofereceu mais de 100 oportunidades de negócios

Foto: La Imagen

“O evento superou as expectativas e o Paraná abriu o circuito nacional do evento em grande estilo. A edição paranaense ofereceu mais de 100 oportunidades de negócios, entre franquias, revendas, representações comerciais e licenciamento de marcas e isso fez a diferença.”

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Movimentação no Expo Unimed

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Visitantes puderam conferir consultorias gratuitas

A prática, também adotada pelo Sebrae/PR em 2008, quando da realização da Feira do Empreendedor em Londrina, virou modelo para o circuito nacional da Feira do Empreendedor. As empresas expositoras foram do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Dentre os critérios levados em conta na seleção das oportunidades de negócios foram observadas a consistência e coerência dos dados informados. O investimento necessário, considerando custos adicionais, também foi levado em conta. A Feira do Empreendedor também ofereceu oportunidades de negócios do Projeto Comércio Brasil, solução do Sebrae, para ampliar a participação das micro e pequenas empresas no mercado e prospectar negócios, em todo o Brasil, e na área de proteção da propriedade industrial. Terapeuta natural, designer e empresária há menos de um ano, Genima Laguzzi, saiu de Osasco, em São Paulo, para lançar novos produtos e alcançar visibilidade no meio empresarial. A empreendedora inovou e criou uma coleção de livros terapêuticos e educacionais para bebês, estimulada por uma necessidade que observava em seus próprios filhos. “Como mãe, queria que meus filhos tivessem de um produto diferenciado, capaz de educar e divertir e, acima de tudo, que promovesse o bem-estar, cuidando do lado ambiental.” Os livros trazem estampados, em tecido pet reciclado, personagens criados pela própria empresária, com design especial que estimula o desenvolvimento de crianças na primeira infância.

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“Estou há pouco tempo no mercado, mas acredito no meu produto e, por isso, resolvi participar da Feira do Empreendedor. Já conto com dez representantes comerciais nos estados de São Paulo, Maranhão e Bahia, mas acredito que o Paraná tem um mercado muito promissor e espero que, com a credibilidade do evento, eu encontre novos representantes”, prospecta a expositora. Os livros, chamados de soft books e indicados para crianças de zero a três anos, foram exemplo de oportunidades de representações comerciais expostas na Feira do Empreendedor.

Guia de negócios O Sebrae/PR criou, especialmente para a Feira do Empreendedor, um guia contendo 40 fichas de oportunidades de negócios. “A ideia foi auxiliar, com informações técnicas, empreendedores com interesse em abrir empreendimentos”, explica a gerente de Marketing e Comunicação do Sebrae/PR, Renata Todescato.

Completando a lista, viraram fichas de oportunidades: loja de chocolates; loja de cosméticos e perfumaria; loja de materiais de construção civil; loja de presentes; loja de roupas; loja virtual; lojas de calçado; minimercado/ mercearia; padaria; papelaria; pet shop; pizzaria; restaurante; sacolão/frutaria; salão de beleza; serviço de funilaria e pintura; serviços de limpeza e jardinagem; serviços de manutenção de informática; serviços de pequenos reparos domésticos (marido de aluguel) e sorveteria/yogurteria.

Perfil empreendedor Durante a Feira do Empreendedor, empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas do Paraná puderam testar seu perfil empreendedor, lembra Renata Todescato. O Sebrae/PR disponibilizou uma nova versão do Teste do Perfil Empreendedor. A proposta, disponibilizada permanentemente após o evento, agradou os visitantes do maior evento de empreendedorismo do Paraná e vem conquistando adeptos em todo o Estado, pois ajuda a identificar características necessárias para conduzir a gestão de um negócio. Ao preencher o questionário, os empreendedores e empresários puderam imprimir o resultado, enviá-lo por e-mail e, inclusive, compartilhar o conteúdo em redes sociais. O novo Teste do Perfil Empreendedor é o pri-

O Guia de Oportunidades de Negócios foi fruto do cruzamento de dados de uma pesquisa de carência empresarial, dados da Junta Comercial do Paraná e de um estudo de ideias de empreendimentos mais procurados. As fichas de oportunidade serviram como uma espécie de portfolio para os interessados em empreender um dos 40 tipos de negócios. Com as fichas de oportunidades, os empreendedores puderam conferir informações, assim como tiveram a oportunidade de refletir sobre questões que incidem diretamente na administração de uma empresa.

ro?”. Com base nessa expectativa, nasceu o ‘Laboratório do Conhecimento’, espaço criado para a Feira do Empreendedor 2011 - Paraná, onde os visitantes puderam adquirir conhecimento, a partir de uma vivência. O ‘Laboratório do Conhecimento’ promoveu “experiências empreendedoras”. Foi uma proposta inovadora, uma abordagem lúdica que foi feita aos visitantes da Feira do Empreendedor. Nesse espaço, os visitantes puderam construir sua própria “fórmula de sucesso”. O ambiente, montado no pavilhão de exposições do Expo Unimed, teve como objetivo estimular a busca por novas informações, durante e após o evento. A fundamentação teórica do ‘Laboratório do Conhecimento’ tem como base conceitos do Próprio, programa de orientação do Sebrae para interessados em abrir um negócio.

40 Oportunidades meiro aplicativo de empreendedorismo no Facebook do Brasil. Para estruturar o teste, foram definidos perfis utilizando as dez características retiradas do Empretec e avaliado empreendedores que participaram do programa no Paraná. Uma média para apontar qual é o perfil do empreendedor paranaense foi calculada. O Teste do Perfil Empreendedor explora dez características necessárias para empreender, dentre as quais a iniciativa e busca de oportunidades; capacidade de correr riscos calculados; persistência; comprometimento; estabelecimento de metas; capacidade de planejar e monitorar ações; capacidade para buscar e utilizar informações; persuasão e rede de contatos; independência e autoconfiança; exigência de qualidade e eficiência. As características ajudam a revelar pontos fundamentais na personalidade dos empreendedores.

A ideia do espaço foi estimular a busca por novas informações e promover, por meio de uma visita, de 15 a 20 minutos em média, vivências relacionadas ao empreendedorismo. O ‘Laboratório do Conhecimento’ foi ambientado como um laboratório real, com jalecos, cientista-chefe e assistentes. As “experiências empreendedoras” começaram com o preenchimento de um questionário e passaram por etapas, levando os visitantes a “navegarem” por três áreas do conhecimento (o que eu sei sobre mim mesmo; o que eu sei sobre o mercado; o que eu sei sobre o negócio que desejo iniciar). Ao passar pela vivência, no ‘Laboratório do Conhecimento’, os visitantes puderam refletir sobre seu comportamento empreendedor e a forma como tomam decisões sobre os negócios.

O novo Teste do Perfil Empreendedor, lançado na Feira do Empreendedor, é o primeiro aplicativo de empreendedorismo no Facebook do Brasil

O dentista Luiz Fernando Kuss Serrano é proprietário de uma clínica odontológica em

Foto: La Imagen

Foto: La Imagen

As fichas de oportunidade mapearam as seguintes oportunidades de negócios: academia de ginástica (com pilates e yoga); açougue; agência de turismo; bares; buffet infantil; casa de massas/frios; centro automotivo (serviços relacionados a veículos – oficina mecânica, alinhamento e balanceamento, lava car); clínica de estética; comércio de bijuterias/acessórios; conserto de eletro-eletrônicos/celulares; construtora; distribuidora de bebidas; empresa de motoboy (entregas rápidas); empresa de segurança (instalação de cerca elétrica, câmara de segurança, alarme monitorado); empresas de limpeza pós-construção civil; farmácia; imobiliárias; lan house; lanchonete e loja de armarinhos.

A partir de uma pontuação, o Sebrae/PR mapeou três perfis empreendedores: Arqueiro/Arqueira; Caçador/Caçadora; e Gladiador/Gladiadora. Para identificar cada um e apresentar o resultado, o Sebrae/PR criou uma espécie de avatar (desenho) que caracteriza cada perfil.

‘Laboratório do Conhecimento’ Muitos dos empreendedores que procuram o atendimento do Sebrae/PR buscam uma “fórmula de sucesso”, pronta e acabada, e respostas rápidas sobre seus negócios, o que, de acordo com os consultores da entidade, dependem, na verdade, de uma série de variáveis para serem elaboradas.

Teste do Perfil do Empreendedor

Um dos questionamentos mais ouvidos pelos consultores é: “que tipo de negócio dá dinhei-

Visitas lúdicas provocaram reflexões sobre empreendedorismo

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Foto: La Imagen

o número de árvores necessárias para compensar o carbono emitido durante a Feira do Empreendedor foi calculado a partir de um inventário encomendado ao Escritório Verde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

“Pela localização de Foz, podemos, inclusive, pensar em expandir o evento e envolver a participação dos países vizinhos como Paraguai e Argentina”, diz Jefferson Nogaroli. Segundo ele, Foz é uma cidade com excelente acessibilidade.

Parceria

Essa é a segunda vez que a cidade se candidata para receber o maior evento de empreendedorismo do Paraná. Junto com a candidatura, foram anexadas uma carta de intenção, assinada por representantes do poder público do município, e mais 15 cartas de entidades parceiras.

O maior evento de empreendedorismo do Estado teve patrocínio do Banco do Brasil e parceria da Prefeitura de Curitiba. Bem como apoio da Agência Curitiba, Agência de Fomento do Paraná S.A., Agência de Inovação – UFPR, Agência Paranaense de Propriedade Industrial (APPI), Caixa Econômica Federal, Citpar, Comércio Brasil, Correios, Ecoescolha, Faciap, Faep, Fampepar, Fiep, Green Office Consulting, Governo do Paraná, Hub Curitiba, Instituto Internacional Socioambiental Chico Mendes, Previdência Social, Sistema Fecomércio, Sistema Ocepar, Tecpar e UFPR.

Próxima edição

Ao todo, 15 mil empreendedores e empresários

Responsabilidade socioambiental A responsabilidade social foi tônica no evento, marcado pela contratação de tradutores e intérpretes da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), pela doação de alimentos para entidades assistenciais e também pelo atendimento especial dispensado para portadores de necessidades. Os tradutores e intérpretes de Libras auxiliaram os visitantes deficientes auditivos. Os profissionais também atuaram na tradução das palestras-magna.

de Curitiba, 400 mudas de árvores nativas para recompor a mata ciliar do Rio Cerrado e compensar a emissão de carbono gerada durante a Feira do Empreendedor. O Rio Cerrado é afluente do Reservatório do Iraí, importante manancial de abastecimento público de água em Curitiba e Região. A ação ambiental foi uma iniciativa do Sebrae/PR, realizador da Feira do Empreendedor, em parceria com o Instituto Internacional de Pesquisa e Responsabilidade Socioambiental Chico Mendes (INPRA) e Prefeitura de Quatro Barras.

Foto: La Imagen

Curitiba, e estudante de Ciências Contábeis. Decidiu passar pelo ‘Laboratório do Conhecimento’ porque se considera um empreendedor. “A experiência foi válida e mostra aquilo que precisamos melhorar. É uma boa proposta para que os empreendedores conheçam suas falhas”, recomenda.

A expectativa do Iguassu Convention Visitors Bureau é que a realização da Feira do Empreendedor em Foz atraia 15% a mais de público que a edição de 2011, em razão dos atrativos turísticos da cidade. (Colaboraram nesta reportagem os jornalistas Cleide de Paula, Giovana Chiquim, Giselle Ritzmann Loures, Graziela Castilho, Jaqueline Gluck, Juliana Dotto e Adriano Oltramari)

A data do plantio coincidiu com o Dia da Educação e o Ano Internacional das Florestas. As mudas plantadas são nativas da região e

Foto: La Imagen

Uma das ações de destaque foi a realização de um estudo para medir a emissão de carbono nos quatro dias de evento

Foz do Iguaçu quer sediar, em 2013, a próxima edição da Feira do Empreeendedor. A candidatura foi apresentada oficialmente ao Sebrae/PR por meio de um documento entregue pelo Iguassu Convention Visitors Bureau. A proposta está sob a análise de um comitê técnico.

A proposta de interesse para sediar o evento vem acompanhada ainda de um relatório técnico que contém informações sobre a estrutura hoteleira da cidade, rede de gastronomia, centros de eventos, casas de câmbio, agências e operadoras de turismo e viagens e dados sobre transportes.

A gestão ambiental também foi uma das premissas da Feira do Empreendedor. Com simples ações, como coleta seletiva, destinação correta de resíduos, uso de materiais reciclados e recicláveis, como sacolas oxibiodegradáveis e kits ecologicamente corretos, o evento manifestou seu compromisso com a preservação do planeta e com as futuras gerações. Uma das ações de destaque foi a realização de um estudo para medir a emissão de carbono nos quatro dias de evento. O resultado foi uma mobilização da sociedade, pouco mais de um mês após a Feira do Empreendedor. Alunos do terceiro ano da Escola João Curupaná da Silva plantaram, em abril passado, em Quatro Barras, na Região Metropolitana

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O ‘Laboratório do Conhecimento’, uma abordagem lúdica feita aos visitantes, promoveu experiências empreendedoras

Portadores de necessidades especiais dão boas-vindas a visitantes

Alunos de escola pública, na Grande Curitiba, plantam árvores para compensar emissão de carbono

Quer fazer o Teste do Perfil Empreendedor? Acesse www.perfildoempreendedor.com.br. Quer conhecer o Guia de Oportunidades de Negócios? Acesse http://bit.ly/mPlM13

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Confira os melhores momentos

Fotos: La Imagen

Feira do Empreendedor 2011 - Paraná

Painel de programação

Responsabilidade socioambiental

Totens de auto-atendimento Credenciamento

Mais de 2,3 mil empreendedores foram atendidos com consultorias, durante os quatro dias de evento, no Expo Unimed, em Curitiba Entrada

Missão internacional

Totens de auto-atendimento

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Aplicativo para celular

‘Perfil Empreendedor’

‘Laboratório do Conhecimento’

Atendimento

Mais de 12 mil empreendedores e empresários participaram das cerca de 130 palestras sobre gestão, marketing, finanças e outros temas

Palestras

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Benchmarking

Lições de Harvard O papel do empresário, o valor para o cliente e o lucro como consequência Por Andréa Bordinhão

Para onde estamos indo? Aonde queremos chegar? Será que aquilo que estamos entregando para o nosso cliente é aquilo que ele de fato precisa? Será que há algo que precisa ser mudado? Os questionamentos, que, na verdade, seriam melhor classificados como reflexões, são do diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa.

tas, tudo estava indo bem. “Hoje os especialistas perceberam que o principal papel do executivo não é mais necessariamente criar valor para o acionista, mas sim criar valor para o cliente, sendo o valor para o acionista uma consequência. Estudos mostram que empresas que adotaram essa postura, sistematicamente apresentam resultados econômicos superiores no longo prazo.”

Em 2010, Allan Costa fez um curso intensivo para executivos em Harvard, nos Estados Unidos, e de lá trouxe inúmeras ideias e modelos de negócios que podem servir como referências para os empresários paranaenses. Em especial, para os de micro e pequenas empresas, que representam a grande massa de empreendimentos formais e informais no Brasil hoje, mas que, paradoxalmente, são os que mais encontram dificuldades pelo caminho.

E o diretor-superintendente do Sebrae/PR faz questão de ressaltar que a busca pelo valor para o cliente funciona da mesma forma para os empresários de empresas de menor porte.

A imersão em Harvard durou 60 dias. O diretor-superintendente do Sebrae/PR “mergulhou” no estudo prático de cases reais de empresas de diversos setores – grandes, médias, pequenas, bem e mal-sucedidas, e com sede em países com os mais diferentes tipos de economia. “Praticamente tudo que vi lá se aplica ao empresário de micro e pequena empresa. Uma das lições mais relevantes é que o que muda é o tamanho das empresas. O tipo e a quantidade dos problemas são exatamente os mesmos”, afirma. Do outro lado, a solução para a maioria desses problemas também tem, geralmente, a mesma fonte, conclui Allan Costa. “A solução sempre acaba passando pelas pessoas, seja na grande, na média ou na pequena empresa. Sob todos os aspectos. Projetos bem-sucedidos o são porque existem pessoas comprometidas e realizadoras por trás das ações necessárias.” Para o executivo, mais importante do que se perguntar sobre a estratégia de negócio, é, antes de tudo, se perguntar qual é a equipe que irá viabilizar a implantação da estratégia planejada.

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

“Empresa não tem alma, empresa não gera resultado, empresa não tem cultura. O que forma a cultura de uma organização são as pessoas, o que gera resultado em uma organização são as pessoas, o que representa a alma da organização são as pessoas. Quem inova não é a empresa, são as pessoas da empresa. Então, a preocupação com o elemento humano, dentro das organizações, é algo que está na ordem do dia nos estudos das universidades de ponta dos Estados Unidos e da Europa”, conta. E essa preocupação também vale, segundo Allan Costa, quando se fala em mudar a visão do ‘lucro em si’ para o ‘valor para o cliente’, que tem o lucro como consequência.

Allan Costa, diretor-superintendente do Sebrae/PR

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O executivo aponta que por muito tempo as escolas de negócios internacionais se preocuparam em formar executivos para os quais a medida de sucesso era a criação de valor para o acionista. Isso é, se empresa estava com as ações subindo, tendo cada vez mais lucro para remunerar seus acionis-

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Mas o que é a criação de valor para cliente? “Criar valor para alguém significa entregar um serviço ou produto que seja percebido como valioso pelo cliente. Em última instância, é o cliente que determina o que tem valor para ele.” E o mais interessante é que a equação de “valor” cada vez mais inclui elementos que outrora eram subjetivos, mas que adquiriram importância determinante nos últimos tempos. Conforme comenta Allan Costa, “criar valor também pressupõe considerar questões relacionadas à ética, à sustentabilidade, ao meio ambiente. Hoje a sociedade se preocupa com isso. A tentativa de reduzir os custos a qualquer preço não se sustenta mais. Muitos consumidores deixam de adquirir produtos porque criaram consciência e, com isso, estão forçando o processo de mudança nas empresas”, esclarece.

Brasil x Estados Unidos A questão comportamental também é importante quando se observam algumas características dos empresários brasileiros. Segundo Allan Costa, o empreendedor brasileiro, quando comparado com empresários de países com economia mais desenvolvida como os Estados Unidos, tem alguns pontos a aprender, mas em outros quesitos já está alguns passos à frente.

A criação de valor para o acionista deixa de ser objetivo final e passa a ser consequência da geração de valor para o cliente

“A primeira coisa a ser aperfeiçoada pelo empresário brasileiro é a objetividade no trato profissional. É essa objetividade que está por trás de atitudes que, por vezes, achamos até estranhas por parte de empresários americanos por achar excessivamente fria e distante. Entretanto, este comportamento é reflexo do pragmatismo embutido naquela cultura. Eles são muito mais diretos, muito mais efetivos no trato profissional e, ainda mais importante, sem deixar que eventuais conflitos no âmbito dos negócios extrapole e adquira conotação pessoal. Isso é uma coisa que a gente não observa por aqui com frequência”, constata o executivo. Segundo Allan Costa, outro ponto que representa uma quebra de paradigma para a maioria dos empresários brasileiros em comparação àqueles que atuam em sistemas capitalistas mais avançados é não enxergar o dinheiro como um problema. “Aqui as empresas têm medo de se endividar para crescer, sempre tentam evitar financiamento externo. Nos Estados Unidos, por exem-

Brasão de Harvard

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seus segmentos, que acabaram desaparecendo ou tendo que se reinventar profundamente. A explicação para essas ocorrências é chamada de ‘síndrome do conservadorismo dinâmico’”, detalha. “Empresas bem-sucedidas correm sério risco de se tornarem reféns do próprio sucesso. Em outras palavras, a empresa obtém um sucesso tão grande naquilo que faz que acaba perdendo a capacidade de inovar, de correr riscos, justamente pelo fato de que tudo está indo bem e, como diz o velho ditado, ‘em time que está ganhando não se mexe’. Isso é simplesmente mortal para as empresas que não estão atentas a esse fenômeno.” Segundo Allan Costa, é natural que essas empresas cheguem a um ponto em que não é o que está indo bem que vai garantir a boa continuidade dos negócios justamente por causa da evolução do mercado. “A empresa não pode perder a propensão a inovar, a propensão de correr riscos porque senão fica congelada no tempo. E no mundo dinâmico que vivemos hoje a necessidade do cliente muda, se transforma.” “É na paz que nos preparamos para a guerra.” E se preparar para mudanças nos bons tempos vale até para o Sebrae/PR, revela o executivo. “Talvez, o grande reflexo dessa experiência que eu vivi em Harvard é o processo pelo qual nós estamos passando de repensar o Sebrae no Paraná. Estamos vi-

vendo um ótimo momento na instituição, embalados por resultados expressivos, com todas as metas sendo superadas ano a ano e batendo recorde no número de atendimentos a empresas. Entretanto, ao invés de comemorarmos e continuarmos trilhando esse mesmo caminho que até aqui tem sido bem sucedido, estamos empenhados em promover uma profunda reflexão acerca da nossa forma de atuar, envolvendo neste processo todos os atores relevantes para a atuação do Sebrae, tais como o nosso Conselho Deliberativo, nossos parceiros, nossos clientes, gestores e lideranças públicas e empresariais e a própria sociedade em geral, a fim de assegurar uma visão ampla e plural e que permita ao Sebrae/PR novos saltos de qualidade e efetividade no cumprimento da sua missão.”

O que faz a diferença nas empresas, independentemente do seu porte, sempre são as pessoas

Para saber mais sobre Harvard, uma das mais conceituadas escolas de negócios para a formação de executivos do mundo, acesse: www.hbs.edu. Acesse também o blog alimentado por Allan Costa durante sua estada em Harvard: harvardamp.blogspot.com.

É dever de todo o empresário evitar os riscos de uma acomodação, gerada pelo sucesso

plo, que têm um capitalismo mais desenvolvido que o nosso, não se concebe uma empresa que não deva, pois o negócio, quase sempre, só cresce devendo. E aí o modelo mental é diferente: na cabeça deles, dinheiro nada mais é que um insumo para trabalhar, do mesmo jeito que a empresa precisa de mesa, cadeira, computador, matéria-prima, pessoas. E a preocupação do empresário não é se ele está devendo, mas sim se está gerando caixa para pagar o que deve, assim como para comprar todo o resto que ele precisa.” Para o executivo do Sebrae/PR, essa é uma transformação que ainda está incipiente no Brasil, inclusive por causa do histórico de altas taxas de juros. “Hoje, essa realidade está começando a mudar, mas muito devagar ainda. A taxa de juros já melhorou muito, os fundos de private equity estão descobrindo as pequenas empresas brasileiras, mas ainda há um longo caminho para percorrer.” Por outro lado, completa Allan Costa, o empresário brasileiro tem uma facilidade de adaptação muito maior do que empresários de outros países, o que pode ser compreendido como uma vantagem competitiva. “O empreendedor norte-americano, por exemplo, tem muito mais dificuldade de fazer negócios com a China que o brasileiro, porque é menos flexível. Se ele vai se comunicar com um chinês que não fala inglês de forma

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perfeita, vai ter dificuldade. O brasileiro vai se virar para falar e fazer negócio. A capacidade de adaptação do brasileiro a diferentes realidades, a diferentes situações, é bem maior”, destaca. Além disso, observa, o brasileiro é mais flexível para identificar oportunidades porque tem capacidade de mudar rapidamente.

Visão de futuro O diretor-superintendente do Sebrae/PR salienta que, de tempos em tempos, o empresário precisa se perguntar sobre o caminho que está seguindo e sobre aonde quer chegar. E, claro, se a forma como o negócio está sendo conduzido o dirige para o rumo planejado. Além disso, é preciso não se acomodar.

Foto: Allan Costa

Campus da universidade de Harvard, nos Estados Unidos

Allan Costa conta que voltou do programa de gestão avançada em Harvard certo de que não é porque a empresa está indo bem, tendo sucesso, dando lucro que tudo deve ser mantido como está. O que está dando certo pode deixar de funcionar no futuro. E o bom empresário, explica o executivo, deve estar preparado para evitar isso. “Analisamos questões relacionadas à cultura organizacional estudando razões pelas quais algumas companhias são mais bemsucedidas que outras. Vimos um padrão que, muitas vezes, se repete: empresas que em algum momento da história foram tremendamente bem-sucedidas, até líderes em

Sede de Harvard, em Boston

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Pequenas,

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Foto: Luiz Costa / La Imagen

Solidez

mas centenárias

O segredo de sobreviver às gerações é envelhecer sem perder o vigor, a motivação e a identidade, necessários para garantir a longevidade Por Adriana Bonn

Armando Rasoto, professor

De todas as empresas que surgem a cada ano, no Brasil, 22% fecham as portas nos primeiros dois anos de vida, na chamada fase de consolidação do negócio. Mas como explicar que ainda hoje, num mercado tão competitivo, existam algumas empresas - a maioria familiar - que já comemoraram ou estão por comemorar os primeiros 100 anos de existência? As empresas centenárias não são muitas, é verdade, mas existem e funcionam a todo vapor para provar que é possível envelhecer sem perder o vigor. O consultor, empresário e professor de Finanças, Armando Rasoto, diz que o segredo da longevidade está na “alma” que a empresa adquire ao longo dos anos. “E isso está representado na motivação que se tem para trabalhar nela, nos desafios que ela proporciona aos colaboradores, na transparência mantida com os clientes e com fornecedores”, explica. Para Rasoto, a maior ascensão de uma empresa é a continuidade no mercado. Para isso, segundo ele, é preciso que esteja apoiada em um banco com duas pernas: de um lado liquidez e, do outro, rentabilidade. “Todos os executivos da empresa devem entender disso, caso contrário, com certeza fecharão as portas.” Além da falta de liquidez e de rentabilidade, a falta de capital de giro também está entre os principais fatores que levam uma empresa a quebrar.

Padaria América, em Curitiba No detalhe, reprodução de foto antiga do empreendimento

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O consultor lembra que a falta de suporte financeiro, necessário para alcançar o crescimento das vendas, normalmente acontece na fase de crescimento da empresa, quando

se tem maior necessidade de financiamento e de retenção de lucros. Há outros “vilões” da longevidade de uma empresa. Ele cita ainda a descentralização, o momento em que é preciso distribuir tarefas e funções. “Isso dói muito nos empresários. Podemos comparar a medida a um parto a fórceps. Mas os comandantes de um empreendimento de sucesso precisam entender que no momento em que a empresa cresce, não é mais possível centralizar”, explica. Mesmo que se aceite descentralizar, é preciso ainda tomar muito cuidado para se ter pessoas capacitadas para assumir as atividades. Com o passar dos anos também é preciso fazer inovação tecnológica, mas muitos empreendedores esquecem que esse é um fator importante para o sucesso dos negócios e a manutenção dele no mercado. E inovar não está relacionado apenas a investimentos em tecnologia, diz que consultor.

Para especialistas, o segredo da longevidade está na “alma” que a empresa adquire ao longo dos anos

“Inovação é rever processos e as regras desses processos.” Rasoto cita como exemplo pequenas medidas, como a mudança da forma de tratar os clientes ou os colaboradores, que podem sentir-se motivados ao receberem cursos de capacitação ou bolsas de estudo. Depois de passarem pelas fases de consolidação e crescimento, muitas empresas também acabam vendidas. Foi o que aconteceu recentemente com a paranaense Café Damasco e, anteriormente, com a Mate Leão, que passaram para as mãos de empresas norte-americanas. Isso acontece, segundo Rasoto, em função de estratégias de mercado, mas principalmente porque os fundadores das empresas já estão com idade avan-

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Uma saída, nesse caso, segundo o consultor, é buscar ajuda profissional e garantir a continuidade da empresa com uma gestão profissional. Nesse caso, selecionar, no mercado, pessoas capacitadas para tocarem o negócio pode ser uma boa alternativa.

Tradição é um atrativo e ajuda nos negócios, mas o fundamental é manter a qualidade dos produtos e ouvir sempre o consumidor

Aliás, a sucessão de comando faz parte dos desafios a serem enfrentados por empresas que superam as etapas de implantação do empreendimento. Acertar o momento de rejuvenescer o comando é um dos segredos para que a empresa envelheça, mas mantenha a força no mercado. E nesse momento, todo cuidado é pouco. Isso porque muitas vezes a energia da empresa está diretamente ligada ao seu fundador. “É a empresa que tem a cara do dono. A morte desse comandante normalmente acaba gerando dificuldades ou até o fim da empresa”, diz Rasoto. As disputas de herdeiros também são bastante comuns nesse momento e, no caso das empresas centenárias, isso ocorre várias vezes ao longo dos anos. A verdade é que a longevidade está diretamente ligada à gestão das empresas e perceber as mudanças de cenário, adequar estratégias, antecipar tendências e estabelecer políticas para processos sucessórios são fundamentais para que ela possa chegar ou ultrapassar os 100 anos de vida.

Superação de desafios Fundada em 1913 por Friedrich Philipp Ludwig Eduard Engelhardt, a Padaria América é a mais antiga de Curitiba em atividade. Na empresa, a tradição de fazer pães, bolachas e doces alemães foi passada de pai para filho e, hoje, o negócio está sob o comando da terceira e da quarta geração da

Foto: La Imagen

çada e não têm mais motivação e nem pessoas da família que queiram ou possam tocar o negócio.

família. Eduardo Engelhardt, 37 anos, bisneto do fundador e responsável pela produção da Padaria América, acredita que o segredo para se manter tanto tempo no mercado está na dedicação, na disciplina e em saber aceitar e ultrapassar as fases ruins que todo empreendimento passa ao longo dos anos.

Gigantes familiares O consultor Armando Rasoto lembra que, no Brasil, o Grupo Votorantin é uma empresa que sobrevive ao tempo passando de geração em geração. Nasceu de uma fábrica de tecidos, em 1918, e hoje está presente em mais de 20 países atuando em setores de base da economia.

Na América não foi diferente. Eduardo conta que uma das piores dificuldades enfrentadas pela empresa aconteceu no fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945, quando o avô, Ewaldo Ernesto Engelhardt, não tinha farinha para usar na produção. “Como até hoje acontece, a maior parte do trigo usado no Brasil é importada e, na década de 1940, o produto era cotizado para que todos tivessem um mínimo para trabalhar”, explica. Mais tarde, em 1982, um incêndio obrigou a paralisação da produção dos pães e doces por um mês. Vendendo apenas produtos de mercearia, a Padaria América viu os lucros despencarem.

Outro exemplo é a construtora Camargo Corrêa, grupo privado de controle familiar, fundada há 70 anos, e hoje controlada por acionistas da segunda e terceira gerações. De uma empresa de construção e engenharia, passou a ser um grupo industrial diversificado, com atuação no setor de engenharia, construção, geração e distribuição de energia, concessão de serviços públicos, incorporação imobiliária, indústria naval, de óleo e gás. Hoje possui 58 mil colaboradores e atua em 18 países.

A qualidade dos produtos, principalmente da broa de massa azeda, considerada o carrochefe da padaria, faz da América uma das empresas mais tradicionais da capital paranaense. Tanto que a história da empresa já foi tema de dissertação de doutorado e até virou livro, no ano passado. Mas Eduardo garante que só a tradição não é responsável por manter a empresa funcionando nos últimos 98 anos. “A tradição é um atrativo e ajuda nos negócios, mas não é tudo”, diz. Segundo ele, o fundamental é manter a qualidade dos produtos e ouvir sempre o consumidor.

João Haupt Papelaria

“Isso porque temos fregueses que há muitos anos compram exatamente a mesma coisa todos os dias, mas há outros que sempre buscam novidades”, explica.

Há 20 anos trabalhando na padaria, Eduardo lembra que aprendeu o ofício com o avô, que durante 60 anos tocou a América. Hoje, além de Eduardo, trabalham na empresa a mãe que o ajuda na produção, e a irmã, responsável pela área administrativa. Eles possuem 57 funcionários, divididos nas lojas dos bairros São Franscisco, Bacacheri e Juvevê.

Para garantir a fidelização dos clientes, a padaria procura manter as receitas da família, mas sem esquecer de inovar, testando e buscando novos produtos. Eduardo conta que algumas receitas, ainda mantidas nos cadernos usados pelo bisavô e pelo avô, deixam de ser feitas por um período, mas depois são resgatadas, mantendo a tradição.

Tradição por gerações

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Foto: Luiz Costa / La Imagen

A história da João Haupt Papelaria também é antiga. É uma das poucas empresas familiares que ainda existem no Paraná, sendo passada de geração a geração. Tudo começou com João Haupt, que nasceu em 1875, na cidade de Sternberg, Moravia, hoje República Tcheca. Trazendo a família, Haupt chegou ao Brasil em 1893. Desembarcou primeiro em Porto Alegre e depois decidiu morar em Curitiba.

Eduardo Engelhardt, bisneto do fundador da Padaria América Detalhe: foto antiga mostra como funcionava linha de produção

No Paraná, Rasoto destaca O Boticário que começou com uma pequena farmácia de manipulação, no final da década de 1970, e hoje vive um momento de passagem do comando da empresa para a segunda geração da família; e o Grupo Positivo, que tem as empresas sob o comando da segunda geração.

Em 1912, ele funda, juntamente com o cunhado, Francisco Juksch, a firma João Haupt & Cia., uma das primeiras a oferecer serviços de livraria e papelaria. Na época, a empresa prestava serviços principalmente à Universidade Federal do Paraná (UFPR), publicando relatórios, teses e muitos outros trabalhos relativos às atividades acadêmicas.

João Haupt morreu em 1962, aos 87 anos, e desde então a João Haupt papelaria vem sendo conduzida por familiares. Atualmente, a empresa está em sua quarta geração. João César Haupt Titon, bisneto do fundador conta que está no comando da empresa, junto com o irmão, Marcos Vinícius Titon, há 20 anos. Segundo ele, trabalhar na empresa no bisavô foi um processo natural. João César acredita que o sucesso para se manter durante tanto tempo no mercado está na persistência. “Fazemos parte de um mercado difícil em função da concorrência”, explica. Mas ele considera também que a capacitação e a inovação são importantes para se destacar. Ele conta que a empresa procura acompanhar as novidades tecnológicas para informatização da empresa, e também investe na capacitação dos colaboradores. “Quem não se aperfeiçoa fica para trás e, além disso, consideramos importante a motivação dos funcionários, já que isso influencia no atendimento ao público”, diz. Dentro da proposta de atualização administrativa, João César e o irmão participaram recentemente do VarejoMAIS, programa oferecido pelo Sebrae/PR e Sistema Fecomércio/PR, para micro e pequenas empresas do comércio varejista.

O Boticário é atualmente a maior rede de franquias de perfumaria e cosméticos do mundo e está presente em 14 países. Também paranaense, o Grupo Positivo é a maior corporação do segmento de Educação e Tecnologia no Brasil. Fundado em 1972, possui empresas que lideram os três segmentos em que atuam: educacional, gráfico-editorial e informática, com negócios em todo o Brasil e em países da Ásia, América do Sul, África, Europa, Oriente Médio e Estados Unidos. Segundo Rasoto, grandes empresas mundiais também são familiares, mas possuem gestão profissional. É o caso do Walmart, multinacional do varejo dos Estados Unidos, que fatura US$ 1 bilhão por dia e é copiada pelo varejo de todo o mundo. Foi fundada em 1962. Em 2011, a Walmart apareceu como a maior empresa do mundo em termos de receita no ranking anual da Forbes Global 2000.

Quer saber mais? O Portal de Estratégia e Planejamento Financeiro (www.arfinancial.com.br) traz sugestões de leituras. No ícone Acadêmico é possível ver sugestões de livros e a tese de doutorado de Armando Rasoto “Análise e planejamento dinâmico da tesouraria e rentabilidade das empresas”.

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Formalização

A milionésima

empreendedora individual Isa Todt formalizou-se pela internet, em março deste ano Por Adriana De Cunto

A maquiadora paranaense Isabelle Cordeiro Todt, 33 anos, estava trabalhando quando recebeu um telefonema surpreendente. Era um convite para encontrar-se com a presidente da República, Dilma Roussef, no Palácio do Planalto, em Brasília. O motivo: Isa Todt, como é conhecida, conquistou a marca de empreendedor individual brasileiro número 1 milhão. Ela alcançou o registro quando acessou o Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br), no dia 17 de março deste ano, para fazer sua formalização. A partir de agora, a especialista em maquiagem para campanhas publicitárias tem um registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Acabou, para Isa Todt, aquela situação desconfortável de recorrer aos amigos todas as vezes nas quais os clientes exigiam nota fiscal. A cerimônia de homenagem à jovem empreendedora de Curitiba aconteceu no início de abril e mostrou a satisfação do governo federal em cumprir a meta de tirar da informalidade 1 milhão de empreendedores. No mesmo dia, também foi homenageado o empreendedor individual número 1, Adalberto de Oliveira dos Santos, do Acre. Dilma Roussef estipulou uma nova meta: fechar 2011 com 1,5 milhão de empreendedores individuais registrados. Para estimular que outras 500 mil pessoas que trabalham por conta própria procurem a formalização, o governo federal reduziu a alíquota de contribuição dessa categoria de 11% para 5% do salário mínimo vigente. Com a nova medida, a taxa mensal paga pelos empreendedores individuais passa a variar de R$ 28,25 a R$ 33,25, dependendo da atividade (indústria, comércio ou serviço), beneficiando todos os empreendedores individuais.

Foto: Luiz Costa / La Imagen

O valor da taxa mensal agradou a milionésima empreendedora. Isa Todt gastava bem mais com o custo do imposto das notas fiscais emprestadas dos amigos. Mas o valor baixo da contribuição não é a única vantagem, avalia. “Poder passar as minhas próprias notas fiscais irá facilitar muito a minha vida”, diz a maquiadora, que formou-se em 2001, em Artes Plásticas, pela Faculdade de Música e Belas Artes do Paraná e atua como maquiadora há oito anos. Aderir ao programa criado pelo governo federal em julho de 2009, em parceria com o Sebrae Nacional, significa também passar a contar com a chamada “rede de proteção social”, com direito à aposentadoria por idade, invalidez e auxílio-doença e salário-maternidade. “Os benefícios são muito maiores que os custos de se formalizar”, afirma o coordenador de Políticas Públicas do Sebrae/PR, Cesar Rissete.

Isabelle Cordeiro Todt Melo, empreendedora individual

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O Paraná fechou a primeira quinzena de maio com mais de 60 mil empreendedores individuais cadastrados. As formalizações vêm

crescendo mês a mês, afirma Rissete. Em dezembro de 2009, o Estado tinha apenas 8.900 empreendedores individuais formalizados pelo programa. Em dezembro do ano passado, 42 mil empreendedores já haviam se inscrito no Portal do Empreendedor. Isa Todt elogia a rapidez e a facilidade para inscrever-se no programa. “Eu pensava que fosse complicado, não sabia nada a respeito. Mas quando entrei no Portal do Empreendedor, achei bem fácil. Demorou uns cinco minutos”, comenta. Além do CNPJ, o empreendedor individual tem registro na Junta Comercial e inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Quando graduou-se em Artes Plásticas, Isa Todt nem imaginava a carreira que estava por vir. Ela nunca fez um curso de maquiagem e o ingresso na profissão foi por acaso. Recém-formada, a moça foi trabalhar em uma loja de aluguel de fantasias e muitos clientes pediam indicação de uma pessoa que fizesse maquiagem para as festas. “Pensei que não seria diferente a pintura da maquiagem”, lembra. A formação artística a ajudou a transpor o desafio de passar para a segunda etapa da nova profissão: maquiagem teatral e publicitária. A jovem empreendedora quer crescer na área publicitária, ramo que ela considera em grande expansão em Curitiba, com boas produtoras já estabelecidas e outras de fora do Estado que desenvolvem trabalhos pela capital paranaense. Isa Todt acredita que a formalização vai ajudar a prospectar novos clientes, que deverão também vir curiosos com a fama da paranaense, homenageada pela presidente da República ao tornar-se a milionésima empreendedora individual do Brasil.

A expectativa é que até dezembro de 2011 o Paraná formalize mais 82 mil empreendedores

Cobertura estadual Cada um dos 399 municípios do Paraná tem pelo menos um empreendedor individual formalizado, anuncia o coordenador de Políticas Públicas do Sebrae/PR. Curitiba estava em primeiro lugar com mais de 13 mil cadastrados, seguido de Londrina, com quase 3 mil; Cascavel, mais de 2,4 mil; Maringá, quase 2 mil; Ponta Grossa, mais de 1,7 mil; Foz do Iguaçu, mais de 1,7 mil; São José dos Pinhais, quase 1,5 mil; Colombo, quase 1,2 mil; Paranaguá, mais de 1,1 mil; e Toledo, pouco mais de 1 mil. Esses números devem dar um salto em breve, quando o Sebrae realiza, no início de julho, a Semana do Empreendedor Individual. Nas maiores cidades do Estado, consultores irão se instalar em locais públicos de grande movimento para esclarecer dúvidas e mostrar as facilidades e vantagens em sair da informalidade. A expectativa é que até 31 de dezembro

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de 2011 o Paraná alcance 82.500 empreendedores individuais. Cesar Rissete lembra que a adesão é gratuita e 400 atividades se enquadram no perfil, entre eles doceiro, pipoqueiro, borracheiro, manicure, jardineiro, jornaleiro, pintor. O comércio de roupas domina entre as atividades dos empreendedores paranaenses, seguido de cabeleireiros, pedreiros, lanchonetes, atividades de estética, serviços eletrônicos, pintores, confecções de roupas e mercearia.

dos cadastrados declararam ter local fixo de comércio e trabalho, 16% declararam ser ambulantes. Outros 6% vendem seus produtos via internet, 2% pelos Correios e 1% por meio de máquinas automáticas.

Perfil empreendedor

Os homens são maioria entre os empreendedores individuais paranaenses (56%). Mas as mulheres estão chegando perto, alcançando a porcentagem de 44%. O sexo feminino predomina nas atividades de cabeleireiro (76%) e estética (97%). O masculino domina as áreas de alvenaria (98%), pintura (95%) e elétrica (94%).

Desde que foi lançado em 2009, o programa do Empreendedor Individual ajudou a desmistificar as pessoas que trabalhavam por conta no Brasil. Ao contrário do que se pensava, os ambulantes são a minoria. Enquanto 72%

Cinquenta e oito por cento dos empreendedores individuais têm entre 21 e 40 anos. Na faixa dos 41 a 50 anos, estão 23% dos cadastrados; de 51 a 60 anos, 11% dos formalizados e, entre 18 a 20 anos, 4,5%.

O que é: O empreendedor que trabalha por conta própria e que se legaliza como empresário de um pequeno empreendimento.

Ao analisar o perfil dos empreendedores regularizados, percebe-se a adesão de muitos jovens. “O programa não está atraindo somente pessoas com mais idade que estão preocupados com a questão da previdência (aposentadoria). Muitos jovens com perfil empreendedor estão percebendo que o programa permite que eles comecem a vida longe da informalidade”, explica Rissete. Quase a totalidade dos cadastrados no Empreendedor Individual do Paraná (99,6%) é formada por brasileiros. Mas no restante do grupo há espaço para 41 nacionalidades. São empreendedores vindos de todos os continentes que encontraram no Estado a chance de exercer a profissão com segurança. Entre os estrangeiros em maior número estão peruanos, paraguaios, argentinos, portugueses, chilenos, uruguaios e libaneses.

Empreendedor Individual

Benefícios: Entre as vantagens oferecidas está o registro no CNPJ, o que facilitará a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais. Ele também ficará isento de tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). Acesso a benefícios como auxílio-maternidade, auxílio-doença, aposentadoria, entre outros.

Quem pode participar: Empreendedores que faturam até R$ 36 mil/ano e que possuam, no máximo, um empregado contratado com piso da categoria ou salário-mínimo. É preciso se enquadrar em uma das 439 atividades do programa. Não é permitida participação em outra empresa como sócio ou titular.

Como se inscrever: Quanto custa: O único custo da formalização é o pagamento mensal de R$ 27,25 (INSS), mais R$ 5,00 para prestadores de serviço ou R$ 1,00 para comércio e indústria. Essas quantias serão atualizadas anualmente, de acordo com o reajuste do salário mínimo.

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Pela internet, no endereço www.portaldoempreendedor.gov.br

A pressão ambiental

na indústria de cosméticos Rosângela Angonese é consultora do Sebrae/PR

Em meio a um ambiente cada vez mais complexo, rápido e incerto, algumas indagações são frequentemente observadas no campo organizacional. Por que uma empresa nem sempre faz escolhas adequadas, ao buscar as bases de vantagem competitiva? Por que algumas empresas são mais agressivas do que outras na busca dessas bases?

forma técnica e econômica, quanto de forma social e cultural.De acordo estudiosos dessa linha de pensamento, as “organizações também vivem dentro de um ambiente institucional que prescrevem e condicionam sua estrutura e desenvolvimento”. Essa visão possibilita ampliar a compreensão da dinâmica entre ambiente e organização.

E ainda: em que medida o ambiente da empresa condiciona seu êxito competitivo? Por que algumas empresas são capazes de adequar-se às novas circunstâncias que ameaçam sua viabilidade e competitividade, enquanto outras falham nessa tarefa?

Os ambientes dominados por demandas técnicas enfatizam a eficiência e efetividade operacional das organizações. Já os ambientes dominados por demandas socioculturais recompensam as organizações pela conformidade com valores, normas, regras e crenças da sociedade.

Nesse sentido, percebe-se que o dirigente assume papel fundamental nos processos de decisão das organizações, pois as respostas a tais perguntas sugerem a necessidade da sensibilidade de estrategista na percepção das mudanças, de modo a responder adequadamente às forças ambientais. Este artigo procura desenvolver-se a partir da percepção das mudanças que vêm ocorrendo atualmente e que têm influenciado o desenvolvimento e o crescimento das indústrias do setor de cosméticos brasileiro. A noção de cosméticos insere essencialmente os produtos destinados à melhoria da aparência das pessoas. O setor é subdividido em três segmentos: a) perfumaria: pós-barba, deo-colônias e essências; b) cosméticos: cremes em geral, maquilagens, produtos para unhas e tintura; e c) higiene pessoal: pasta de dente, papel higiênico, xampu, sabonete e bloqueador solar. A expressão “indústria de higiene pessoal, perfumes e cosméticos” será substituída pela expressão “setor de cosméticos” abrangendo, assim, toda a classe. O setor de cosméticos é caracterizado pela presença de grandes empresas internacionais, com atuação global, diversificadas ou especializadas nos segmentos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, e pelas micro, pequenas e médias empresas nacionais, em grande número.

Para saber mais sobre os benefícios de ser um empreendedor individual, acesse: www.portaldoempreendedor.gov.br.

Foto: Arquivo Pessoal

Artigo

O ambiente empresarial, segundo a teoria institucional, é caracterizado em termos técnicos e institucionais, considerando que o ambiente impõe demandas para a organização, tanto de

A natureza da atividade organizacional é o fator determinante entre a maior ou menor importância de cada um desses ambientes na formulação das estratégias de ação. Quanto maior a influência de ambos sobre a organização, maior será a complexidade desse contexto ambiental, e mais elaborados deverão ser os componentes gerenciais para lidar com as demandas ambientais e satisfazê-las. Nesse estudo buscou-se evidenciar as forças ambientais de nível técnico e sociocultural em três níveis de análise: internacional, nacional e regional. As pressões que incidem sobre o setor de cosméticos identificadas são as seguintes: Preservação ambiental - adoção de tecnologias e práticas de sustentabilidade na extração das matérias-primas utilizadas na fabricação de produtos. Consumo ético - adoção de práticas de comercio justo, selos de origem e certificações. Produtos naturais – substituição de insumos sintéticos por matérias-primas de origem natural. Prolongamento da juventude (ser belo e sensual) – o valor da beleza, tanto para homens, quanto para as mulheres, é cada vez mais presente no mundo contemporâneo. Aumento da competição – fusões e aquisições, terceirização e verticalização são práticas usuais para responder à competição nacional e internacional. Diversificação/nichos – os consumidores buscam produtos que atendam as suas características singulares. Facilidade de acesso aos produtos – o rompimento das barreiras de distância e de tempo

deu ao consumidor alternativas para adquirir e substituir os produtos com facilidade. Participação no mercado internacional – há esforços governamentais para estimular a participação dos produtos brasileiros no exterior.

Preços baixos – essa pressão faz crescer a demanda por eficiência e um novo padrão de produtividade. Política de câmbio e tributação – são itens que interferem fortemente nas atividades do setor de cosméticos. Inovação – é constante a busca por inovações tecnológicas, renovação e lançamento de novos produtos, novos usos e mercados para os produtos existentes. Produtos seguros – a observância e cumprimento dos aspectos sanitários e as especificações técnicas dos produtos são essenciais para garantir a qualidade para o consumidor. Na prática empresarial do setor de cosméticos, constatou-se que os dirigentes orientam suas ações estratégicas distintamente, de acordo com sua lógica própria. Nessa ótica, as empresas, diante de um contexto ambiental que parece atuar sobre todas elas da mesma forma, exercem um processo de filtragem de informações que define os aspectos mais representativos para a orientação e escolha de suas ações. É possível afirmar, com base nos dados empíricos deste estudo; quanto mais amplo o conhecimento do setor a nível nacional e internacional e mais arrojada a visão de negócios do dirigente, maior é o seu envolvimento com as pressões ambientais; ou seja, mais os dirigentes as absorvem nas suas ações e decisões empresariais, de modo que respondam adequadamente ao contexto competitivo em que estão insertas. Diante dessas constatações, pode-se prever que as empresas definam estratégias distintas, na medida em que o envolvimento com as pressões ambientais de natureza técnica ou sociocultural ocorre com intensidade diferente entre as empresas. Este artigo é fruto de um recorte das conclusões do estudo apresentado na dissertação de Mestrado “Ambiente, interpretação e estratégia: um estudo na indústria brasileira de cosméticos”.

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Pesquisa GEM

Cresce empreendedorismo por oportunidade Para cada empresário que abre um negócio por necessidade, 2,1 abrem por oportunidade; entre jovens, número é ainda maior Por Andréa Bordinhão

Depois de 17 anos trabalhando com carteira assinada, no ano passado, Alessandra Brito enxergou a oportunidade de fazer de seu hobby uma atividade remunerada de um jeito inovador. A empreendedora percebeu que a melhor maneira de vender as bijuterias que produz, para as mulheres que têm uma vida corrida, é levar a loja até elas. Em parceria com Juliana Almeida, sua cunhada, Alessandra Brito montou uma loja completa, e itinerante. Com uma van equipada com espelhos, prateleiras e armários, em oito meses as duas já têm uma grande carteira de clientes interessadas nas bijuterias que produzem e nos cosméticos que revendem.

ampliando seu espaço e o Brasil continua como o país em que elas mais empreendem”, afirma Joana de Melo. A GEM 2010 mostra que dos 21,1 milhões de empreendedores em estágio inicial no Brasil, 49,3% são mulheres.

Jovens “Os jovens também estão vislumbrando mais oportunidades, percentualmente falando. Isso mostra que eles estão atentos às mudanças, às novas tecnologias, ousam mais, inovam mais. Eles conseguem estar mais ligados às novas carências do mundo”, explica a coordenadora do Sebrae/PR.

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Foto: Luiz Costa / La Imagen

O negócio de Alessandra e Juliana é exemplo de um dos pontos mais significativos apontados pela 11ª sondagem da Global Entrepreneurship Monitor, a Pesquisa GEM 2010, divulgada no final de abril. Para cada brasileiro que abre um negócio por necessidade, 2,1 empreendem por oportunidade. Ou seja, os novos negócios no Brasil estão surgindo cada vez mais da prospecção de mercado, da percepção de nichos, da visualização prévia da oportunidade. A Pesquisa GEM é o maior estudo independente sobre atividade empreendedora no mundo e é realizada no Brasil há 11 anos, sendo que, desde 2001, conta com a participação do Sebrae e do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). Segundo a coordenadora estadual do Programa de Empreendedorismo do Sebrae/PR, Joana D’Arc Julia de Melo, um dos motivos desse número, que é o maior de todas as edições da sondagem, é o impacto do aumento do poder aquisitivo do brasileiro, que está disposto a consumir mais e melhor. E os números dos empreendedores por oportunidade são melhores ainda quando se leva em consideração a escolaridade.

Foto: Luiz Costa / La Imagen

A Pesquisa GEM 2010 mostra que entre as pessoas que têm acima de 11 anos de estudo, o número de empreendedores por oportunidade para cada um que abre negócio por necessidade sobe para 4,6. “As empresas que são abertas por oportunidade tendem a ter maiores chances de longevidade”, explica a coordenadora estadual.

Juliana Almeida e Alessandra Brito, empresárias

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Alessandra e Juliana também podem ser usadas como exemplo para mais um dado apontado pela Pesquisa GEM 2010: o espaço das mulheres no mundo dos empreendedores brasileiros é cada vez maior. “A pesquisa mostra que as mulheres estão

Leandro Moraes Loures, empresário

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Inovação Apesar de encontrarem mais oportunidades no mercado, os empreendedores brasileiros não estão inovando. Segundo a GEM 2010, apenas 16,8% abriram negócios com características inovadoras. “Isso deveria ser o principal aspecto de fomento. Esse é o grande desafio na atividade empresarial. Ainda há bastante campo para quem busca a inovação. É preciso explorar ainda mais. Os empresários precisam incorporar o conceito de inovação”, salienta Joana de Melo, do Sebrae/PR.

Recorde

Joana D'Arc Julia de Melo, coordenadora de Empreendedorismo

A sondagem mostra que as mulheres estão ampliando seu espaço e o Brasil continua como o país em que elas mais empreendem

A pesquisa GEM 2010 aponta que enquanto a Taxa de Empreendedores Iniciais (TEA) do Brasil, que corresponde à população brasileira com idade entre 18 e 64 anos, que estão a frente negócios nascentes ou novos, é de 17,5%, a TEA somente entre os jovens de 25 a 34 anos é de 22,2%. A TEA entre os jovens com idade entre 18 e 24 anos também é significativa: 17,4% da população brasileira nessa idade estão empreendendo. Os jovens dessa faixa etária empreendem mais por oportunidade que por necessidade do que a média brasileira. Para cada empresário com idade entre 25 e 34 anos que abriu um negócio por necessidade, outros 3,4 abriam porque vislumbraram oportunidades. Isso é 16,8% estão no mercado por encontraram um bom nicho. Já entre os jovens de 18 a 24 anos, a razão oportunidade/necessidade é de 1,7, ou seja 10,7% empreendem por oportunidade. O empresário Leandro Moraes Loures estava em um bar em Curitiba, descontraindo com uns amigos – sendo alguns deles os proprietários do estabelecimento – e, no meio de uma conversa, sobre o alto custo que os copos representam para um estabelecimentos como aquele, resolveram abrir uma importadora de copos para bares.

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cio e teve um sócio-investidor. Segundo a Pesquisa GEM, a empresa da empreendedora curitibana é considerada nova (com menos de 42 meses de vida), mas a empresária ressalta que nesses dois anos nem tudo foi como o esperado e que ainda se considera no período crítico. “Comecei e logo depois veio surto de gripe suína (H1N1), que atrapalhou. Depois teve resquícios da crise econômica. E sofro até hoje com dificuldade de achar mão de obra qualificada e com perfil para o meu negócio. Para esse nicho, menos de três anos ainda é crítico”, afirma.

incentivo ao empreendedorismo nos países onde é realizada. O GEM divide os países pesquisados em três categorias econômicas, conforme critérios do Fórum Econômico Mundial. O primeiro grupo é dos países menos desenvolvidos cujas economias são baseadas na extração e comercialização de recursos naturais (factor). O segundo é composto pelos países impulsionados pela eficiência, que reúne nações com produção industrial em escala (efficiency), como o Brasil. Já o terceiro grupo é composto pelos países mais ricos, que são impulsionados pela inovação (innovation).

Pesquisa GEM A Pesquisa GEM é o maior estudo independente e contínuo do mundo sobre atividade empreendedora formal e informal e em 2010 analisou o panorama de 59 países. A pesquisa é realizada desde 1999 e chegou ao Brasil em 2000. Os objetivos são avaliar, divulgar e influenciar as políticas de

As empresas que são abertas por oportunidade tendem a ter maiores chances de longevidade, num mercado altamente competitivo

A íntegra da Pesquisa GEM 2010 está disponível no www.sebrae.com.br.

A Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) do Brasil foi a mais alta desde que o País participa da pesquisa: 17,5% da população com idade entre 18 e 64 anos estão à frente negócios nascentes (5,8%) ou novos (11,7%). A TEA brasileira também foi a maior entre os países membros do G20 (grupo que integra as maiores economias do mundo) participantes da pesquisa de 2010 e dos BRIC (grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China) participantes da pesquisa.

Foto: Luiz Costa / La Imagen

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Atualmente, com 26 anos e três anos de empresa aberta, Leandro Loures e seus três sócios – dois dos quais deixaram o bar para gerir a pequena empresa – já estão com planos de expansão para novas linhas de copos. “O mais difícil é ter uma boa ideia, visualizar o negócio. E o diferencial será sempre a ideia”, garante o jovem empresário.

“O estudo aponta que os empreendedores estão mostrando a sua vocação. Mais do que nunca está havendo identificação com os nichos escolhidos. E isso também tem muito a ver com o momento econômico favorável”, reforça a coordenadora estadual de Empreendedorismo do Sebrae/PR. E quando se fala em vocação, não são necessários apenas tino e preparo para ser empresário. É também preciso haver identificação com o ramo que se vai aturar. Esse é o caso da nutricionista e empresária Simone Hain Venâncio. Ela aliou seu conhecimento na área culinária com um MBA em Gestão e Desenvolvimento e há dois anos abriu uma loja que vende trufas e cupcakes (pequenos bolos decorados). “Eu fazia as trufas em casa e todos gostavam muito. E minha tese de conclusão de curso foi um plano de negócios. Na época, os cupcakes eram novidade no mercado”, conta. Simone teve uma boa ideia, tem capacitação técnica para produzir os produtos,

Simone Hain Venâncio, empresária

tem capacitação técnica para gerir o negó-

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Empreendedores iniciais, segundo motivação e escolaridade - Taxas (%)

Escolaridade (anos de estudo)

Motivação TEA Oportunidade

Necessidade

Razão oportunidade/ necessidade

Sem educação formal

9,3

4,7

4,7

1,0

1a4

15,7

7,9

7,9

1,0

5 a 11

17,1

11,7

5,3

2,2

Mais de 11

19,7

15,6

3,4

4,6

Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2010

Empreendedores iniciais por motivação, segundo faixa etária e razão oportunidade/necessidade - Taxas (%)

Faixa Etária (anos )

18 a 24 anos

Oportunidade

Necessidade

Razão oportunidade/ necessidade

10,7

6,3

1,7

TEA

17,4

25 a 34 anos

22.2

16,8

5,0

3,4

35 a 44 anos

16,7

12,4

4,3

2,9

45 a 54 anos

55 a 64 anos

Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2010

62

Motivação

16,1

9,5

8,9

5,3

7,2

4,2

Empreendedores iniciais, segundo estágio da economia e motivação (apenas países do G20 e BRIC) Empreendedores Iniciais

Países

Estágio da economia

Motivação TEA Oportunidade

Necessidade

Taxa (%)

Taxa (%)

Proporção (%)

Taxa (%)

Proporção (%)

Arábia Saudita - G20

Factor

9,4

8,4

89,9

0,9

10,1

Brasil - G20 e BRIC

Efficiency

17,5

11,9

68,5

5,4

31,5

China - G20 e BRIC

Efficiency

14,4

8,1

57,5

6,0

42,5

Argentina - G20

Efficiency

14,2

9,0

63,6

5,2

36,4

México - G20

Efficiency

10,5

8,3

80,6

2,0

19,4

África do Sul - G20

Efficiency

8,9

5,4

62,8

3,2

37,2

Turquia - G20

Efficiency

8,6

4,7

59,2

3,2

40,8

Rússia - G20 e BRIC

Efficiency

3,9

2,5

66,7

1,3

33,3

Austrália - G20

Innovation

7,8

6,1

80,7

1,5

19,3

Estados Unidos - G20

Innovation

7,6

5,2

70,6

2,2

29,4

Coréia do Sul - G20

Innovation

6,6

3,9

60,8

2,5

39,2

Reino Unido - G20

Innovation

6,4

5,2

88,4

0,7

11,6

França - G20

Innovation

5,8

4,2

73,9

1,5

26,1

Alemanha - G20

Innovation

4,2

2,8

72,6

1,1

27,4

Japão - G20

Innovation

3,3

2,1

63,6

1,2

36,4

Itália - G20

Innovation

2,4

2,0

86,8

0,3

13,2

1,2

1,3

Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2010

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64

65


Clima organizacional

Ambientes empresariais

inovadores Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Cada vez mais, empresas investem em soluções criativas para manter funcionários e trabalho constantemente estimulados Por Katia Michelle Bezerra

Quando você começa a trabalhar, inevitavelmente, seu novo espaço ganha um toque pessoal. Um porta-retrato da família, um porta-canetas divertido ou, por mais discreto que seja, um porta-cartões personalizado sobre a mesa... Afinal, ali estão os contatos que só você vai precisar. O objetivo é deixar o local, por menor que seja, agradável, fazendo você sentir-se muito bem nas horas que passa trabalhando. Em uma escala maior, algumas empresas querem aumentar as possibilidades que esse ambiente permite e ampliá-lo para todo espaço da empresa. Ou seja, querem que tanto o espaço físico como os métodos de trabalho propostos se aproximem cada vez mais da personalidade do funcionário para que ele sinta cada vez mais a vontade no ambiente empresarial, aumentando, dessa forma, sua produtividade e performance funcional. Em Curitiba, empresários de uma pequena agência de marketing e promoções colocaram em prática ideias não convencionais, que fazem os funcionários sentirem-se, literalmente, em casa. Na agência de Marketing Promocional Plah, um exemplo de que também é possível inovar nas micro e pequenas empresas, a mesa de reunião imita uma mesa de pingue-pongue. Na sala da empresa, é possível jogar, por exemplo, alguns jogos eletrônicos como o guitar hero e o playstation. E para completar o ambiente de trabalho, agradável e corporativo ao mesmo tempo, o chão é de grama sintética.

biente descontraído é fundamental para estimular ideias criativas. Para registrar essas ideias, aliás, uma das paredes foi pintada com tinta de quadro negro, um espaço que está sempre com recados dos funcionários e dos visitantes e é constantemente renovado, para que ninguém esqueça do dinamismo do trabalho. “A Plah tem cinco funcionários fixos, mas uma população rotativa de funcionários que pode chegar a 200 pessoas, de acordo com o evento que fazemos, por isso temos que manter o ambiente descontraído, mas ao mesmo tempo organizado”, diz. Matesick é também sócio-fundador da Tif Comunicação, com o publicitário Thiago Biazetto. Na agência, que tem 23 funcionários, os publicitários desenvolveram métodos nada ortodoxos na organização. Uma vez por semana, por exemplo, as mulheres da Tif se revezam para fazer as unhas com uma manicure exclusiva, 100% subsidiadas pela agência. “Eu sempre fui muito exigente com as unhas das funcionárias. Brincava que, como elas iriam dar um contrato para o cliente assinar com unhas mal-feitas?”, conta Matesick.

Mas com o aumento do trabalho, ele percebeu também que as funcionárias tinham cada vez menos tempo para dedicar-se a isso fora da empresa. Resolveu juntar as duas coisas. “Eu não tenho como medir desempenho com uma ação dessas porque é muito subjetivo, mas acredito que quando a gente trabalha se sentido bem, mais bonito, o trabalho rende melhor.”

Investir no espaço físico e no desenvolvimento do funcionário é estímulo para a empresa crescer

Outras ações inovadoras também foram Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

Um dos sócios fundadores da Plah, o publicitário Fhabyo Matesick conta que o am-

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Equipe motivada é mais criativa Fhabyo Matesick, empresário

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pensadas para melhorar o ambiente de trabalho. Uma vez por semana, por exemplo, acontece o dia da fruta. Um grande buffet de frutas é servido para os funcionários, que não têm desculpas para evitar uma alimentação saudável. “Também estimulamos o esporte e há vários funcionários que participam de maratonas”, conta. Em sete anos de existência, a Tif já ganhou dezenas de prêmios, os mais recentes foram o INMA Awards 2010, promovido pela INMA (International Newsmedia Marketing Association) por campanhas criadas para clientes paranaenses.

Métodos inovadores Ser um ambiente empresarial inovador nem sempre está relacionado apenas ao ambiente físico. Métodos de trabalho diferenciados, capacitação e manutenção dos funcionários também são cases de sucesso. E são essas apostas que a empresa de tecnologia da informação DB1 vem fazendo desde que foi criada. A empresa de Maringá foi eleita pelo Great Place to Work como uma das melhores empresas de TI para se trabalhar, conquistando o 54º lugar num ranking de grandes empresas de todo o Brasil. Como a conquista foi possível?

Em 2000, a empresa tinha três sócios e dois funcionários que participavam ativamente de todas as decisões estratégicas e de planejamento da empresa. Com o tempo, a DB1 foi crescendo e o desafio foi continuar mantendo a participação de todos em todo o planejamento estratégico da empresa. Atualmente, com cerca de 100 funcionários, Rezende garante que todos colaboram com esse planejamento. “Quem nos faz crescer são os nossos colaboradores e por isso eles são ouvidos constantemente”, enfatiza.

Mas como garantir que todas essas vozes sejam ouvidas? “Nós temos uma comunicação eficiente, com grupos de e-mail e reuniões constantes. O engajamento de todos os funcionários na empresa é muito grande”, garante Rezende. Para ele, o Sebrae/PR foi um grande parceiro na descoberta da importância de investir nesse envolvimento e, claro, colocar isso em prática dentro de uma empresa que já está ultrapassando uma centena de funcio-

Foto: Cristiane Shinde / Studio Alfa

Segundo especialistas, as empresas que dão espaço para pessoas inovarem são as que mais crescem

O presidente da empresa, Ilson Rezende, revela que a preocupação com o ambiente de trabalho - e com a participação e

comprometimento de todos que estão envolvidos com a empresa, faz parte do DNA da DB1. “Quando a empresa surgiu, sabíamos que não era um ambiente criativo, então nossa primeira grande lição era criar um conceito de integração que desse liberdade para que todos se envolvessem e tivessem ideias”, conta.

Dois lados da moeda Investir tanto no espaço físico como no desenvolvimento do funcionário são estímulos fundamentais para o crescimento da empresa, conforme afirma Afonso Cozzi, coordenador do Núcleo de Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, centro de desenvolvimento de executivos, empresários e empresas sem fins lucrativos, criado em 1976.

Cozzi considera que há um movimento nas empresas de inovação quando se fala em ambientes de trabalho, mas que poucas empresas investem efetivamente nesse quesito. “Ter um projeto em comum não elimina o fato de que as pessoas precisam de independência. Por isso, as empresas realmente inovadoras são aquelas que têm uma gestão em que as pessoas são consideradas o foco principal, são organizações mais humanistas, em que as pessoas estão em primeiro lugar”, considera. Para ele, as empresas que dão espaço para pessoas inovarem são as empresas

que mais crescem. “É preciso levar em consideração que implementar projetos inovadores não quer dizer efetivamente buscar mais eficiência. É preciso quebrar essa barreira, esse paradigma de aumento de eficiência”. Para Cozzi, esse é um caminho diferente de quem busca inovação. “As empresas que inovam precisam dar tempo e foco para que as pessoas possam inovar e isso não acontece de um dia para o outro”, ensina. O coordenador do Núcleo de Empreendedorismo da Dom Cabral ressalta também que as empresas devem estimular dentro do ambiente empresarial que as pessoas façam perguntas, sejam empreendedoras dentro do ambiente de trabalho. “Os funcionários precisam entender o que está em volta delas para buscar soluções, para terem uma visão de mercado produtiva”, salienta.

As empresas precisam dar tempo e foco para que as pessoas possam inovar e isso não acontece de um dia para outro

Cozzi cita exemplos de grandes empresas, como Fiat, Google e Telefônica, como ambientes inovadores, principalmente porque essas empresas têm em comum o fato de estimularem seus funcionários a pensarem. “São empresas que acreditam nas pessoas e que as transformam em empreendedoras em prol da própria empresa. E ser empreendedor é ser capaz de fazer sempre muitas perguntas e ter o estímulo de buscar respostas”, ressalta.

Cozzi cita sete dicas que as empresas podem seguir para criar ambientes empresariais inovadores. São elas:

Ilson Rezende, empresário

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nários. “Temos um planejamento estratégico de Recursos Humanos e, de quatro anos para cá, contamos com a consultoria do Sebrae/PR. Esse apoio é fundamental principalmente para mantermos nossos talentos.”

1

Ter uma liderança comprometida com a inovação;

2

Ter uma política clara - de longo prazo de investimento em inovação;

3

Investir no espaço físico e nas pessoas para estimular a inovação;

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Buscar integração da empresa com a universidade, com o objetivo de contextualizar o mercado e buscar sempre novidades;

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Estimular funcionários a se desenvolverem para que haja maior aproveitamento;

6

Aproveitar a energia criativa dos jovens, com programas de ideias relacionadas ao trabalho;

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Olhar sempre para o mercado e procurar atender às demandas com soluções criativas e inovadoras.

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Empreendedorismo

inovador Experiência no sudoeste do Paraná cria sistema de inovação, para ofertar soluções tecnológicas para pequenas empresas Por Mirian Gasparin

Inovar ou criar produtos inovadores tornou-se condição fundamental para a competitividade das empresas, independente de seu porte. As inovações também são importantes porque permitem que os empreendimentos acessem novos mercados, aumentem suas receitas, realizem novas parcerias, adquiram novos conhecimentos e elevem o valor de suas marcas.

A primeira fase do SRI, realizada em 2007, resultou no Estudo da Caracterização e Desenho do Sistema Regional, contendo considerações sobre sistemas de inovação e a sua expressão regional e características da região. A segunda fase levantou e detalhou os ativos tecnológicos, levando em conta linhas de pesquisa e tipos de laboratórios e núcleos já existentes. A terceira e última fase, que foi concluída em 2010, com a assinatura do termo de cooperação e adesão, prevê um plano de ação para o SRI funcionar.

O sudoeste do Paraná vem dando exemplo, ao criar um ambiente de inovação no qual a troca de informações e a aproximação de faculdades, universidades, centros de pesquisa e ativos tecnológicos dos empreendedores e empresários buscam integrar o mundo acadêmico e o mundo do empreendedor. Dessa forma, o empreendedorismo inovador já começa a aparecer com força. O Sistema Regional de Inovação (SRI) implantado na região tem por objetivo potencializar os ativos econômicos, criando um ambiente de inovação e uma rede de relacionamento entre instituições, entidades e empresas prestadoras de serviços. A proposta é uma iniciativa do Sebrae/PR, Agência de Desenvolvimento Regional, Universidades e Prefeituras, com o apoio da Rede Paranaense de Incubadoras e Parques Tecnológicos (Reparte). O secretário de Estado para Assuntos Estratégicos e vice-presidente da Associação para o Desenvolvimento Tecnológico e Industrial do Sudoeste do Paraná (Sudotec), Edson Casagrande, diz que o SRI tem, entre tantas funções, o objetivo de desmistificar a palavra inovação. “Muitos empresários, principalmente do interior, acham que inovação é uma condição apenas para os países mais desenvolvidos, mas estão muito enganados.” “O Brasil e o Paraná estão mudando e as empresas têm cada vez mais que ser inovadoras, caso contrário correm o sério risco de desaparecer”, alerta. Casagrande defende o aumento da sinergia entre empresas, universidades e incubadoras. Agindo dessa forma, na opinião do secretário de Estado, as empresas, além de se beneficiarem, também ajudarão as comunidades as quais pertencem, capacitando mão de obra e atraindo novos negócios. Segundo o gerente da Regional Sudoeste do Sebrae/PR, em Pato Branco, Joailson Agostinho, o SRI começou a ser concebido em 2004, numa reunião do Sebrae/PR com a participação de representantes de entidades públicas e privadas dos municípios de Pato Branco, Francisco Beltrão, Chopinzinho e Dois Vizinhos. O resultado dessa iniciativa foi a realização, em 2005, de uma pesquisa de identificação dos principais potenciais atores sociais da região, com o objetivo de fornecer subsí-

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dios para a constituição de um ambiente regional de inovação, destinado a apoiar o desenvolvimento das empresas do sudoeste, em especial aquelas com potencial inovador.

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

“As empresas da região precisavam inovar, mas não tinham a quem recorrer. O estudo apontou que para atender a inovação existiam várias entidades e instituições, como faculdades, universidades, consultorias, pesquisadores e muitas empresas interessadas. O grande problema é que elas não estavam conectadas entre si. O SRI busca essa conexão”, explica Agostinho. “O SRI funciona como um agente catalisador virtual de demandas e ofertas de tecnologia e inovação no sudoeste do Paraná”, reforça o consultor do Sebrae/PR, Cesar Colini. As micro e pequenas empresas, na sua avalia-

Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen

A rede

As micro e pequenas empresas são as principais beneficiárias dos centros de empreendedorismo que se desenham com a implantação do SRI

Joailson Agostinho, gerente regional do Sebrae/PR

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A Agência de Desenvolvimento Regional do Sudoeste do Paraná trabalha como uma central de informações na gestão do SRI. De acordo com o diretor da instituição, Célio Bonetti, a Agência, além de dar um ordenamento ao sistema, serve de interface entre empresas, entidades e instituições de ensino superior. “A ideia é oferecer soluções tecnológicas para as micro e pequenas empresas e tornar a região atrativa para investimentos”, justifica. A sede do SRI está instalada na Agência, em Francisco Beltrão.

Pelo convênio assinado, a Agência também se compromete a prover a contratação de pessoal, realizar atividades e manter o relacionamento com as empresas em geral. Bonetti informa que até agora, 20 empresas do sudoeste paranaense receberam apoio técnico da Agência para participação em editais da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), bem como a entidade apoiou a participação de empresários em missões comerciais, feiras e cursos.

mamente necessária devido à competitividade do mercado. “Vemos hoje muitas empresas exatamente iguais, vendendo os mesmos produtos ou serviços, sem diferencial. A expectativa para elas é de um futuro não muito brilhante, pois, empresas que não necessariamente sejam maiores ou consolidadas, mas com abertura para o que há de novo ou que oferecem novas soluções, se estabelecem cada vez mais, deixando a mesmice para trás”, afirma.

Interação

Parceria

Para o empresário e médico Álvaro Cattani, que tem uma empresa incubada no Hotel Tecnológico do Programa de Empreendedorismo e Inovação (PROEM), o SRI é pró-ativo, buscando sempre interagir com os conveniados, bem como auxiliar os empresários a encontrarem a melhor solução.

O SRI possui um termo de cooperação técnica com o PROEM. As empresas que têm projetos aprovados no programa passam por três fases de incubação. A primeira fase é a do Hotel Tecnológico, que tem o objetivo de apoiar o desenvolvimento de projetos de alunos, egressos, servidores e pesquisadores empreendedores da comunidade acadêmica e externa.

O PROEM é um programa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) que apoia a criação e implantação de projetos de base tecnológica, nas linhas de tecnologia da informação e comunicação, agronegócios e biotecnologia, automação comercial e industrial, saúde e entretenimento. Segundo Cattani, a inovação se faz extre-

Foto: VSi Produtora

ção, são as principais beneficiárias dos centros de empreendedorismo que se desenham com a implantação do SRI, e terão acesso ao conhecimento que envolve inicialmente os ativos econômicos de quatro municípios da região. “O portal www.sudoesteinovativo.com.br é uma importante ferramenta de aproximação entre empresas e instituições de base tecnológica”, destaca. O consultor do Sebrae/PR explica que Pato Branco tem um parque tecnológico estruturado em software, biotecnologia e eletroeletrônicos. Em Francisco Beltrão, o forte é a indústria de alimentos. Em Dois Vizinhos, as áreas de destaque são biotecnologia e software. Já Chopinzinho conta com riquezas naturais, extração de pedras ametistas.

O SRI funciona como um agente catalisador virtual de demandas e ofertas de tecnologia e inovação no sudoeste do Paraná

Nesse espaço, os empreendedores desenvolvem as bases de seus empreendimentos sem ainda ter a empresa aberta juridicamente. Equipes recebem consultorias em finanças, plano de negócios, jurídico e de marketing para estruturarem suas futuras empresas e

Foto: Divulgação

Álvaro Cattani, empresário

Proposta é iniciativa do Sebrae/PR, Agência de Desenvolvimento, Universidades e Prefeituras, com o apoio da Reparte

nológicas. “Já estamos em processo adiantado de testes e organizando a ergonomia dos comandos”, observa Cattani.

Entre as empresas abrigadas no Hotel Tecnológico, em Pato Branco, está a Talgier Tech. Álvaro Cattani, proprietário, queria desenvolver já há algum tempo um estetoscópio eletrônico, com capacidade de amplificação dos sons, frequências diferentes, para um exame clínico mais apurado.

Infraestrutura

“Com essa ideia na cabeça, segui os passos tradicionais de fazer a patente do equipamento e depois fui em busca de parcerias para o desenvolvimento do projeto. Conhecia alguns professores da UTFPR de Pato Branco, e um deles comentou sobre o PROEM. Conheci professores de áreas afins do meu projeto, alunos e acabamos por montar uma equipe, um projeto que foi aprovado e então ingressamos com a Talgier Tech no Hotel Tecnológico.”

Célio Bonetti, da Agência Sudoeste

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entrarem mais sólidos no mercado, além de suporte com suprimentos, treinamentos, assessoria psicológica e espaço físico.

O projeto inicial da Talgier Tech prevê o desenvolvimento de um estetoscópio eletrônico, que trará uma evolução ao estetoscópio convencional. Ele trabalha com três frequências de sons para ouvir os ruídos produzidos pelo organismo. Além disso, dá a possibilidade de aumentar ou reduzir o volume para uma maior clareza. Sua plataforma possibilita a incorporação de inovações tec-

A segunda fase do PROEM passa pela Incubadora de Inovações da Universidade Tecnológica (IUT), que dá continuidade aos trabalhos desenvolvidos no Hotel Tecnológico, acolhendo empresas oriundas da comunidade interna e externa. O grande diferencial da IUT é de estar localizada dentro de uma entidade promotora e criadora de tecnologia, com infraestrutura própria e sólida, podendo agregar pesquisadores da UTFPR. Os projetos incubados na IUT se desenvolvem nas linhas de tecnologia da informação, agronegócios e biotecnologia, automação comercial e industrial, saúde e entretenimento. Entre as empresas que atualmente fazem parte da IUT está a Solaire, empresa de inserção do uso de tecnologias para geração de energias com fontes renováveis em ambientes residenciais, comerciais e industriais, com foco principal voltado para o desenvolvimento de produtos e também na prestação de serviços, visando a conscientização dirigida à utilização de energias re-

nováveis e a preservação do meio ambiente, traz isso como a energia para a sua atuação e vem oferecer oportunidade aos que desejam seguir esse caminho.

A terceira e última fase do PROEM é a Aceleradora de Empresas de Base Tecnológica, que objetiva estimular empreendimentos a partir da captação de recursos e aproximação com o mercado. A ideia é melhorar a estrutura de comercialização e inserção do empreendedor em rede de contatos, propiciando a consolidação do negócio de forma mais acelerada. A aproximação de mercado é uma das funções mais importantes e se faz diretamente responsável pelo sucesso ou fracasso do projeto. Essa não deve ser uma fase subsidiada, sendo assim, as empresas para fazer parte da aceleradora devem se manter a partir de seus próprios meios.

Modelo A InoBram Automações, empresa com sede em Pato Branco, especializada no desenvolvimento de soluções inovadoras para automação do setor agroindustrial, esteve incubada por um período de cinco anos, tendo desenvolvido vários produtos de ino-

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vação para aviários. Há dois anos, caminhando por conta própria, é líder no Brasil em automação agrícola e o objetivo é atingir a liderança também na América Latina, prevê o diretor executivo, Cleverson Brandelero. “Nossa ideia inicial era criar um equipamento para pesagem das aves nas granjas sem a intervenção humana. Foi quando conhecemos o processo de incubadora na universidade e achamos que deveríamos aproveitar a oportunidade. Saímos da incubadora em 2009 e

hoje já temos 19 produtos inovadores na área agrícola, 26 empregados diretos e uma rede de assistência técnica espalhada por todo o País”, destaca o diretor da InoBram. O Smart Scale é um dos produtos inovadores desenvolvidos pela InoBram. Trata-se de um coletor de dados com o objetivo de realizar a pesagem de aves sem a intervenção humana, com o diferencial de que basta a ave passar por sobre o prato de pesagem que a informação de peso é automaticamente capturada e armazenada.

Os dados armazenados podem ser visualizados no próprio produto e também podem ser enviados para tratamento em um termi nal de computador. Desenvolvimento com alta tecnologia, o Smart Scale trabalha discretamente em meio às aves, evitando o desgaste físico e o contato humano.

Outro projeto incentivado pela UTFPR, por meio do PROEM, está produzindo cogumelos medicinais na UTFPR - Campus Dois Vizinhos, para servir de ingredientes ativos para produção de fármacos. De acordo com o orientador do projeto, o professor Sérgio Miguel Mazaro, o destaque está na identificação de metabólitos presentes no cogumelo Ganoderma Lucidum (Cogumelo Rei), que é o cogumelo medicinal mais vendido no mundo, principalmente na China e Japão. Tem ação comprovada cientificamente como antialérgica, redução do colesterol, antitumoral, anti-inflamatória, anti-hipertensiva, antibacteriana e antioxidante. O cultivo dos cogumelos, de modo geral, é com o uso de compostos ou troncos. No entanto, o projeto desenvolvido pela equipe incubada contempla a produção com o emprego da técnica de “chinesa modificada” desenvolvida pela Embrapa Brasília. Essa técnica evita o corte de madeiras para produção em troncos, e utiliza gramíneas ou resíduos orgânicos como substrato de cultivo. A técnica, bastante simples, resulta em elevados índices de produção, baixo custo e, consequentemente, num mercado consumidor maior.

Foto: VSi Produtora

A produção de cogumelos medicinais no sudoeste do Paraná, além de fomentar sua utilização, também está inovando em termos de empreendimento no agronegócio. A perspectiva da futura empresa é aperfeiçoar essa técnica de produção nos laboratórios da UTFPR e futuramente produzir metabólitos que possam ser utilizados por indústrias e laboratórios para produção de fármacos.

Sérgio Miguel Mazaro, professor

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Os empresários interessados em aprofundar conhecimentos em inovação podem consultar www.sudoesteinovativo.com.br; www.reparte.org.br; www.portalinovacao.mct.gov.br; e www.finep.gov.br.

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Ercílio Santinoni

Um incansável defensor das micro e pequenas empresas Presidente da Conanpi e Fampepar diz que Lei Geral foi um dos principais avanços para os pequenos negócios no Brasil Por Mirian Gasparin

Boa parte dos 64 anos do contador e professor pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ercílio Santinoni, natural de Marialva, no noroeste do Paraná, tem sido dedicada às micro e pequenas empresas. Nas últimas três décadas, incentivou e ajudou a criar diversas entidades representativas tanto no Paraná como em todo o Brasil. A missão do dirigente começou aos 36 anos. Santinoni era um empresário bemsucedido em Maringá e foi convidado a participar de uma entidade representante das microempresas, hoje a Micromar. Naquela época, não existiam conceitos para micro e pequena empresa e o tratamento era igual para todos os estabelecimentos. Foi a partir de 1979 que começaram os movimentos em prol das microempresas. À frente da Micromar e de outras entidades criadas pelo Brasil, Santinoni iniciou uma luta na formulação de políticas públicas e criação de ambientes favoráveis aos pequenos negócios, como também para a consolidação do Sebrae, serviço de apoio às micro e pequenas empresas, recémcriado naquele período. Assim, a partir da Micromar, foi criada a Federação das Associações das Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Fampepar), em 1987. Depois veio o Movimento Nacional da Micro e Pequena Empresa (Monampe), em 1992, e a Conampi, criada em 1994, hoje, Confederação Nacional das Micro e Pequenas Indústrias.

Foto: La Imagen

No governo Luiz Inácio Lula da Silva, Santinoni, hoje diretor geral da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, foi chamado a participar do Conselho de Desenvolvimento Econômico da Presidência da República. Foi convidado especial, na qualidade de consultor para assuntos de micro e pequenas empresas e, dessa forma, participou do Comitê Temático da Micro e Pequena Empresa, onde foi elaborado documento para a Reforma Tributária e discutida, sem sucesso, a reforma trabalhista. Em julho de 2002, coordenou, junto com a Associação Brasileira dos Sebrae (Abase), a criação do documento “Pequenos Negócios e Desenvolvimento – Propostas de Políticas Públicas para a Redução da Desigualdade e Geração de Riquezas”, que é o embrião da Geral da Micro e Pequena Empresa. Participaram da elaboração do documento entidades representativas das micro e pequenas empresas, consultores e técnicos do Sistema Sebrae.

Erçílio Santinoni

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Ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, Santinoni acompanhou e sugeriu mudanças no Simples, como também sugeriu ao então ministro Pedro Parente a

instituição do novo Refis. Participou também da criação da Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa juntamente com os então deputados federais Augusto Nardes e Luiz Carlos Hauly. Santinoni participa, desde 1999, do Fórum Permanente da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Assim como também do Fórum Regional Permanente da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte do Paraná, que, em 2007, articulou sua criação, com apoio dos conselheiros do Sebrae/PR. Em quase três décadas em prol dos micro e pequenos negócios, Santinoni realizou quase que uma centena de eventos por todo o Brasil, dentre os quais a Convenção Nacional da Micro e Pequena Empresa; o Encontro Nacional da Micro e Pequena Empresa - ENAMPE; encontros regionais, como a II Convenção Sul Sudeste das Lideranças das Micro e Pequenas Empresas, que aconteceu em Maringá, no dia 5 de novembro de 2010. Como presidente da Fampepar, Conampe e Monampe, lutou para a elaboração de leis favoráveis às pequenas empresas como a Lei 7256/1984, primeiro Estatuto Nacional da Micro e Pequena Empresa, a Lei 8864 e a 9841, bem como o Estatuto Nacional da Micro e Pequena Empresa (a Lei Geral) sancionada em 2006; o Simples Nacional; a legislação tributária do Paraná; compras governamentais e leis gerais municipais. Aliás, quando também exercia a função de secretário municipal de Comércio, Indústria e Turismo de Maringá, articulou, junto ao prefeito Silvio Barros, a promulgação da primeira Lei Geral Municipal do Brasil, antes mesmo da aprovação da Lei Geral, de âmbito nacional.

Desafios e oportunidades

As micro e pequenas empresas, segundo Ercílio Santinoni, são as grandes geradoras de empregos e responsáveis pela distribuição equitativa da riqueza produzida no Brasil. Entretanto, nem sempre são reconhecidas como tal. “Um dos grandes desafios, para os próximos anos, é a redução de impostos. Apesar do Simples Nacional, os pequenos negócios, muitas vezes, perdem a competitividade pela alta tributação (substituição tributária) e também pela política de crédito do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que inviabilizam o fornecimento de produtos e serviços às grandes empresas, bem como dificultam a exportação”, observa. “O estímulo às compras governamentais

Entrevista Mercado Associativismo Comportamento Serviço Feiras e eventos Capacitação Tendência Personalidade Giro pelo Paraná

Presidente da Conampi e Fampepar participa, desde 1999, do Fórum da Microempresa

é outro desafio dos micro e pequenos negócios”, aponta Santinoni. Assim como os juros bancários e o acesso ao crédito, grandes entraves para as micro e pequenas empresas. “Vejo um papel preponderante do Sebrae, na condução e capacitação dos empresários nas operações de crédito.” Segundo o presidente da Fampepar e Conampe, as instituições financeiras, devido ao pequeno crédito (valor) tomado pelas micro e pequenas empresas, não dão a devida atenção, pois individualmente, alegam custos elevados da operação. Além dessa indisponibilidade, os bancos exigem garantias além das possibilidades desses empreendedores. O custo do dinheiro também é incompatível. “Sabemos que as taxas de juros são elevadas. Vergonhosamente, somos o país que tem a maior taxa de juros do mundo e o crédito acaba ficando proibi tivo para a microempresa.” A grande conquista da micro e pequena empresa, até agora, na avaliação de Santinoni, é a Lei Geral da Micro e Empresa, embora ainda não seja perfeita. “Quando da sua aprovação, que levou mais de quatro anos para ser sancionada, atendia aproximadamente 80% dos anseios das micro e pequenas empresas. O documento Pequenos Negócios e Desenvolvimento, a que me refiro, é uma prova da minha afirmação.”

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Desafio Sebrae

Fotos: La Imagen

SEBRAE/PR

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O Paraná é, pelo terceiro ano consecutivo, primeiro lugar no ranking nacional de inscrições do Desafio Sebrae. Nesta edição, o Estado registrou 14.564 inscritos de um total de 144.641, no Brasil. Novamente, levando-se em conta o número de inscritos, o Paraná ficou à frente de outros estados com populações universitárias maiores, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O Desafio Sebrae é mais que um jogo, é uma solução que prepara universitários para o mercado de trabalho e para uma futura carreira empresarial. O excelente resultado obtido no Paraná foi construído, sobretudo, pela receptividade das instituições de ensino e pela parceria dos professores em divulgar os benefícios do jogo. A lista completa de instituições e o número de alunos inscritos no Desafio Sebrae 2011 podem ser acessados no site da competição que é www.desafio.sebrae.com.br.

Claudemir Destro, da Caixa, e Jefferson Nogaroli, do Sebrae/PR

Mulher de negócios som automotivo, acessórios e serviços para veículos. Marlene Galeazzi implantou uma série de melhorias na empresa. Já a história empreendedora de Lydia Fedrigo começou em 2005. Com a ajuda dos amigos e do marido, ela fundou o Instituto Eurobase. Para conscientizar a comunidade sobre a questão ambiental, o Eurobase aderiu ao Projeto Eco Vida, que consiste na coleta de óleo de cozinha usado para ser transformado em biodiesel. O processo é realizado pela empresa Big Frango.

Fotos: La Imagen

Marlene Capelli Galeazzi, empresária em Pato Branco, e Lydia Maria Fuganti Fedrigo, empreendedora em Londrina, são as vencedoras da etapa do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, nas categorias pequenos negócios e negócios coletivos, respectivamente. Em 1977, Marlene mudou-se para o Paraná e instalou-se em Pato Branco, sudoeste do Estado. Após trabalhar oito anos em uma instituição bancária, mudou de rumo e tornou-se sócia do marido, na Auto Som Galeazzi Ltda., pequena empresa especia-lizada em

Expansão do microcrédito Representantes do Sebrae/PR e da Caixa Econômica Federal assinaram um convênio para levar microcrédito para empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas do Paraná. O convênio foi firmado durante a reunião do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, em Curitiba. A intenção é disseminar o microcrédito para pelo menos 115 municípios paranaenses, que já aderiram ao Programa de Desenvolvimento Local Fundamentado na Lei Geral

Rota do

café

Marlene Galeazzi, empresária de Pato Branco

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Lydia Fedrigo, empreendedora de Londrina

Professores de escolas públicas e particulares de Londrina assistiram ao musical “Coração do Café”, produzido pela Fundação Cultural de Ibiporã, especialmente para a Rota do Café. O espetáculo foi encenado no Cine Teatro Pe. José Zanelli e contou a história dos imigrantes que desembarcaram na região e trabalharam nas lavouras. Os professores também participaram de um famtour para conhecer os principais atrativos. A Rota do Café é uma ‘viagem’ no tempo que proporciona aos visitantes uma oportunidade única de conhecer a história da região norte do Paraná – local de terra roxa e de uma extensa floresta inexplorada que se transformou com o surgimento do café. O grão gerou muita riqueza para o Estado. Nos anos 1940, a cultura cafeeira atraiu migrantes de Minas Gerais e São Paulo e de imigrantes europeus e asiáticos, que aproveitaram o solo fértil e as condições climáticas da região para a produção, que tornou o norte do Paraná próspero e urbanizado.

da Micro e Pequena Empresa, proposta do Sebrae/PR com o objetivo promover o desenvolvimento de municípios a partir de uma legislação favorável. Proposta-piloto no Brasil, o convênio entre o Sebrae/PR e a Caixa, deve beneficiar, a curto prazo, empreendedores e empresários de pequenos negócios de 36 municípios do Estado, cidades que possuem agências da Caixa e estão com processos avançados de implantação e municipalização da Lei Geral.

GarantiOeste Criada para facilitar o acesso ao crédito às micro e pequenas empresas do oeste paranaense, a Sociedade de Garantia de Crédito (SGC) GarantiOeste lançou seus serviços para o mercado, durante solenidade em Toledo. Participaram do lançamento empresários, autoridades e representantes da imprensa. O evento aconteceu na Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT). Boa parte do fundo que aval da GarantiOeste foi aportada por entidades apoiadoras, o que garante a intensificação das operações da SGC. Somente o Sebrae Nacional realizou recentemente o repasse de R$ 2 milhões para cada uma das três SGC que se encontram em processo de início das atividades no Paraná, dentre elas a da região oeste. Esse e outros recursos financeiros aportados já permitem que a GarantiOeste realize as primeiras operações de crédito. A expectativa é que o fundo de aval da SGC opere com R$ 4 milhões e, com isso, possibilite cerca de 8 milhões de operações em benefício às micro e pequenas empresas da região.

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Revitalização Fotos: La Imagen

Comportamento

Dirigentes do Sebrae visitam Riachuelo

Dirigentes do Sebrae Nacional, Sebrae/SC, Sebrae/RS e Sebrae/PR conheceram o “Projeto Nova Rua Riachuelo - A Rua do Reciclar, do Reinventar e do Reencantar”, uma iniciativa pioneira do Sebrae/PR, Sistema Fecomércio-SESC-SENAC/PR e Prefeitura de Curitiba. A apresentação das fases da proposta de revitalização do entorno do Paço da Liberdade SESC-Paraná, área próxima ao centro histórico da capital paranaense, onde se localiza a Rua Riachuelo, ocorreu durante o III Encontro de Administração e Finanças do Sebrae na Região Sul. Participa-

ram da apresentação do Projeto Nova Rua Riachuelo e de uma visita técnica in loco, os diretores de Administração e Finanças do Sebrae/RS, do Sebrae/SC e do Sebrae Nacional, Marcelo de Oliveira Ribas, Sérgio Fernandes Cardoso e José Cláudio dos Santos, respectivamente. Após assistirem a apresentação da consultora e gestora da proposta de revitalização, Walderes Bello, os diretores percorreram a Riachuelo, que tem extensão de cinco quadras, e abriga lojistas que comercializam roupas, móveis novos e usados, alimentos e outros produtos.

Comitiva italiana

Atendimento itinerante

Em maio, os italianos Giulio Benvenuti e Paola Fabbri, consultores do setor de agroalimentos, desembarcaram no Paraná para capacitar produtores atendidos pelo Programa de Desenvolvimento para Agroindústrias de Micro e Pequeno Porte. A ação foi fruto de um convênio de cooperação internacional entre o Sebrae/PR; a Região da Emilia-Romagna, na Itália; e a Lega Nazionale delle Cooperative e Mutue (Legacoop). Os especialistas ministraram treinamentos sobre a experiência italiana na valorização dos produtos agroalimentares e prestaram consultorias aplicadas às empresas participantes. Em pauta, temas como gestão, qualidade e fiscalização dos consórcios italianos, instrumentos para valorização de agroalimentos e apresentação dos casos de sucesso: ParmeggianoReggiano e Prosciutto de Parma. Os especialistas italianos se concentraram também em temas como a qualidade dos produtos e dos processos e a adequação da técnica italiana para a realidade brasileira.

Porto Figueira, distrito do município de Alto Paraíso, noroeste do Paraná, se prepara para, a partir da cultura empreendedora, alcançar novo patamar. Na localidade, que tem a pesca como principal fonte de renda, há oportunidades para o surgimento de pequenos negócios em alguns segmentos econômicos. Para auxiliar empreendedores interessados em se tornarem donos da própria empresa, o Sebrae/PR levou, até o distrito, soluções empresariais que vão contribuir para ‘despertar’ o espírito empreendedor da comunidade local. A primeira ação foi realizada em abril. Conhecida como “Oficina dos Sonhos”, a atividade mobilizou os participantes a refletirem sobre ideias de negócios, pequenos empreendimentos que podem suprir carências do mercado ou que podem explorar o potencial da região banhada pelo Rio Paraná.

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Fotos: Rodolfo Buhrer/La Imagen

Conhecer o cliente, mais do que um diferencial, é uma exigência de mercado. Os empresários do comércio varejista precisam estar atentos às oportunidades e dispostos também a investir em planejamento. Uma dica dos especialistas, para os empresários, é conhecer melhor os consumidores, o público-alvo que será atendido. O livro “Comportamento do Consumidor no Varejo” traz informações preciosas, que atendem empresários, empreendedores, profissionais, estudantes, consultores e, inclusive, o poder público nas áreas de administração e marketing. Lançado em novembro do ano passado, em Maringá, durante o Fórum Varejo e Revolução, evento promovido pelo Sebrae/PR, o livro reúne dados de 13 pesquisas, realizadas na região noroeste do Paraná, nos últimos cinco anos. Ao longo do levantamento de campo, foram efetuadas cerca de 5 mil entrevistas com consumidores das cidades de Maringá, Campo Mourão, Cianorte, Paranavaí, Nova Londrina, Umuarama, Jandaia do Sul, Goioerê e Iporã. Em quatro das nove cidades, o questionário foi reaplicado para atualização de dados. Mais informações sobre o livro “Comportamento do Consumidor no Varejo”, de autoria do gerente da Regional Noroeste do Sebrae/PR, Luiz Carlos da Silva; do administrador especialista em Gestão da Qualidade e mestre em Engenharia de Produção, Galileu Limonta Maia; e do PhD em Administração e professor da UEM, Francisco Giovanni David Vieira, podem ser obtidas no (44) 3220-3474.

Repensando o Empreendedorismo O Paraná, o melhor local para o desenvolvimento de pequenas empresas no mundo em 2025!!! Com esse mote, o Sebrae/PR promoveu, no dia 1º de junho, no Crowne Hotel, em Curitiba, o workshop internacional “Repensando o Empreendedorismo”. Cerca de 65 colaboradores, entre funcionários, diretores e representantes do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae/PR, participaram do workshop, com duração de um dia. Para mediar a reflexão e ajudar na construção de uma visão de futuro sobre o empreendedorismo paranaense e o papel do Sebrae/PR nesse contexto, nada menos que John Danner, da Haas School of Business da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. O professor norte-americano formatou o workshop especialmente para o Sebrae/PR, trabalhando, por meio de atividades, inúmeros “mapas” com os objetivos de explorar possíveis futuros e de enxergar as oportunidades. Danner leciona cursos de MBA, dentre os quais empreendedorismo, estratégias para empresas recém-fundadas e inovação em modelos de negócios. Formado com honras no Harvard College e com mestrados em Educação e Saúde Pública em Berkeley, criou e administrou a Secretaria Executiva de Educação norte-americana, na gestão do presidente Jimmy Carter; e foi assessor-executivo do então governador Bill Clinton durante seu primeiro mandato em Arkansas.Durante o workshop em Curitiba, Danner trabalhou ainda conceitos quanto à urgência, inovação, reputação, desafios, obstáculos, modelos de negócios e metáforas, que ajudam a compreender melhor o que se pretende no mundo corporativo.

John Danner

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Artigo

Revolução silenciosa Allan Marcelo de Campos Costa

Para usar uma frase emblemática do presidente do nosso Conselho Deliberativo Estadual, o empresário Jefferson Nogaroli, “é na paz que nos preparamos para a guerra”. Assim, embalados pelos significativos resultados obtidos nos últimos anos, onde evoluímos de 14 mil empresas atendidas pelo Sebrae/PR em 2006 para quase 140 mil empresas atendidas em 2010, com índices de satisfação acima de 90%, estamos empenhados em evitar o perigo da acomodação decorrente do relativo sucesso e em refletir sobre o futuro do Sebrae no Estado. E, para isso, conhecer de perto as expectativas e ideias de nossos parceiros e clientes é fator crítico de sucesso. Mas, talvez, o mais interessante desse processo esteja sendo perceber “in loco” a autêntica revolução silenciosa que está acontecendo em nosso Estado. Por exemplo, a região sudoeste do Estado está construindo as bases de um Sistema Regional de Inovação que se tornará referencia em termos de estratégia de desenvolvimento regional. A região conseguiu alinhar objetivos de médio e longo prazo e gerar impressionante sinergia, integrando academia, pesquisadores, poder público e iniciativa privada em torno do objetivo compartilhado de desenvolver a região com base em inovação e cooperação. Já na região oeste, temos uma joia funcionando a todo vapor que atende pelo nome de Parque Tecnológico de Itaipu. No PTI, percebemos outro exemplo de integração e visão de futuro, que tem gerado avanços significativos no ambiente empresarial de toda a região, a partir de mecanismos concretos de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento empresarial, em um ambiente onde circulam diariamente mais de 2.000 estudantes em plena harmonia com empresas e pesquisadores. Não por acaso, é dentro do PTI que funciona um centro de desenvolvimento de tecnologias para integração de micro e pequenas empresas de regiões de fronteira, o Sebrae CDT-AL, projeto do Sebrae em parce-

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ria com o próprio PTI e outras instituições, que já possui consistente histórico de realizações que estão viabilizando de forma efetiva a integração produtiva entre empresas da região e disseminando tecnologias de apoio ao empreendedorismo aos países vizinhos. O norte do Estado, por sua vez, resgata a vocação histórica da região ao integrar 42 municípios no Projeto de Cafés Especiais do Norte Pioneiro. Esses municípios estão envolvidos em ações de Indicação Geográfica, certificação, tecnologia e cooperativismo e estão conectados aos territórios competitivos da Europa e do Canadá em questões relacionadas à diferenciação do produto, em um trabalho que está transformando o território em uma referencia em cafés especiais para o mundo.

rismo. Se tempos atrás imaginar a concretização desse sonho parecia mais com uma utopia distante, hoje percebemos que isso não só é possível, como já começa a se tornar realidade, a partir do espírito empreendedor e da liderança visionária de homens e mulheres que estão viabilizando essa impressionante revolução silenciosa no nosso Paraná.

Na região noroeste, percebemos a abrangência das iniciativas em curso ligadas ao desenvolvimento da sociedade e das empresas através de projetos como “Bairro Empreendedor “e “Cidade Empreendedora”, que integram não apenas a comunidade empresarial, mas toda a sociedade na busca de alternativas a partir do estímulo à atividade empreendedora nas escolas, nas empresas e na comunidade. E finalmente, a região centro-sul do Estado aproveita o dinamismo da capital paranaense para estender as ações de desenvolvimento a regiões menos favorecidas como o Vale do Ribeira, onde um trabalho sincronizado envolvendo parceiros públicos e privados tem viabilizado aumento significativo de renda exatamente onde este aumento é mais necessário. E agora, vem o melhor da história: o que todos esses exemplos têm em comum? O empreendedorismo e a força mobilizadora da parceria entre o Sebrae/PR e seus inúmeros parceiros em todo o Estado! A veia empreendedora das pessoas e lideranças envolvidas nesses projetos estão fazendo a diferença. Constatar na prática, a partir de resultados concretos, o poder transformador de uma sociedade autenticamente empreendedora reforça ainda mais a relevância da missão do Sebrae e nos faz constatar que, efetivamente, essa causa vale a pena. É por isso que, com ainda mais resiliência e perseverança, continuaremos perseguindo o sonho de transformar nosso Estado, a partir das pequenas empresas e do empreendedo-

0800 570 0800 www.sebraepr.com.br

Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen

Ao longo das últimas semanas, tenho investido significativa parcela de tempo viajando pelo interior do estado do Paraná com o intuito de conversar com nossos clientes e parceiros. Esse movimento é parte de um amplo processo de “repensar o Sebrae/PR” que estamos iniciando.

Allan Marcelo de Campos Costa

REGIONAL SUDOESTE Pato Branco Avenida Tupi, 333 - Bairro Bortot – CEP: 85.504-000 Fone: (46) 3220-1250 – Fax: (46) 3220-1251

Umuarama Avenida Brasil, 3404 – Bairro Zona I – CEP: 87.501-000 Fone/fax: (44) 3622-7028 – Fax: (44) 3622-7065

Escritório – Francisco Beltrão Rua São Paulo, 1212 - sala 01 - Bairro Centro – CEP: 85.601-010 Fone: (46) 3524-6222 – Fax: (46) 3524-5779

REGIONAL NORTE Londrina Av. Santos Dumont, 1335 – Bairro Aeroporto – CEP: 86.039-090 Fone: (43) 3373-8000 – Fax: (43) 3373-8005

REGIONAL CENTRO-SUL Curitiba Rua Caeté, 150 - Bairro Prado Velho – CEP: 80.220-300 Fone: (41) 3330-5800 – Fax: (41) 3330-5768/ 3332-1143

Escritório – Apucarana Rua Osvaldo Cruz, 510 13º andar – Bairro Centro – CEP: 86.800-720 Fone: (43) 3422-4439 – Fax: (43) 3422-4439

Escritório – Guarapuava Rua Arlindo Ribeiro, 892 - Bairro Centro – CEP: 85.010-070 Fone: (42) 3623-6720 – Fax: (42) 3623-6720

Ivaiporã Rua Professora Diva Proença, 1190 – Bairro Centro – CEP: 86.870-000 Fone: (43) 3472-1307 – Fax: (43) 3472-1307

Ponta Grossa Rua XV de Novembro, 120 - Bairro Centro – CEP: 84.010-020 Fone: (42) 3225-1229 – Fax: (42) 3225-1229

Jacarezinho Rua Dr. Heráclio Gomes, 732 – Bairro Centro – CEP: 86.400-000 Fone: (43) 3527-1221 – Fax: (43) 3527-1221

REGIONAL NOROESTE Maringá Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto, 1116 – Bairro Zona 07 – CEP: 87.030-010 Fone: (44) 3220-3474 – Fax: (44) 3220-3402

REGIONAL OESTE Cascavel Avenida Pres. Tancredo Neves, 1262 – Bairro Alto Alegre – CEP: 85.805-000 Fone: (45) 3321-7050 – Fax: (45) 3226-1212

Escritório – Campo Mourão Rua Santa Cruz, 1085 - Bairro Centro – CEP: 87.300-440 Fone: (44) 3523-2500 – Fax: (44) 3523-2500

ESCRITÓRIO – Foz do Iguaçu Rua das Guianas, 151 – Bairro Jardim América – CEP: 85.864-470 Fone: (45) 3522-3312 – Fax: (45) 3573-6510

Paranavaí Rua Souza Naves, 935 – Jardim São Cristóvão – CEP: 87.702-220 Fone: (44) 3423-2865 – Fax: (44) 3423-2865

Toledo Avenida Parigot de Souza, 2.339 - Bairro Centro - CEP: 85.905-380 Fone: (45) 3252-0631 - Fax: (45) 3252-6175

é diretor-superintendente do Sebrae/PR. Mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e mestre pela Universidade de Lancaster, Inglaterra, tem MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC Business School, é pós-graduado em Desenvolvimento Gerencial pela FAE/CDE e cursou o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes Empresariais do INSEAD, França. Coautor do livro “Electronic Business in Developing Countries”, possui artigos publicados no Brasil e no exterior, em países como Chile, África do Sul, Reino Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia. Em 2010, participou, durante dois meses, do Advanced Management Program, da Harvard Business School, em Boston, nos Estados Unidos.

Siga o SEBRAE/PR no Twitter twitter.com/sebrae_pr

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