16 minute read

Cores em materiais complementares

“Comecei a trabalhar com a palha do licuri com 8 anos, aprendi com minha mãe e ensinei para as minhas filhas e netas. Na associação temos essa missão de passar esse conhecimento para os mais novos, de forma que mantenha viva essa tradição, que vem sobrevivendo às gerações. Faço meu trabalho com muito amor, bolsas, cestos, esteiras, uma variedade de coisas com a palha natural e também com a palha do coqueiro para os detalhes. É muito gratificante ver o resultado da mistura dos trabalhos em palha com a renda de bilro, muito tradicional aqui em Saubara.”

Raimunda Alexandria

Advertisement

Associação dos Artesãos de Saubara - Casa das Rendeiras

Bolsa em palha de licuri e acabamento em fio de algodão na renda de bilro Município de Saubara

Rendavan

Mestra Dinoélia Trindade

Detalhe da almofada em renda de bilro Município de Dias d’Ávila A Mestra Artesã Dinoélia Trindade é fundadora da Associação de Rendeiras - Rendavan, no desenvolvimento de rendas de bilro e ao longo da sua jornada à frente da associação tem sido responsável por contribuir com a profissionalização de centenas de mulheres da comunidade de Dias d’Ávila/Bahia.

Artesã(o) de unidade produtiva premiada pelo “Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato - 5ª Edição”

O trançado de palha em Saubara é uma tradição herdada das índias tupinambás, sendo uma técnica passada entre gerações. Basicamente, o trançado envolve sete, onze ou quinze palhas, formando tiras de larguras diferentes.

Associação dos Artesãos de Saubara - Casa das Rendeiras

Detalhe do descansador de panelas em ponto aberto e carteira trançada em palha de licuri

Município de Saubara

Palha Viva

Composição de balaios, cestos e tapetes trançados em palha do licuri “Nossa associação Palha Viva foi fundada em 2002, o Sebrae esteve presente com oficinas de capacitação, inclusive com ações em design, nos auxiliando criativamente no aperfeiçoamento do nosso artesananto, incluindo elementos da nossa terra, da nossa identidade cultural.

No caminhar da nossa história, como em muitas associações não avançamos muito, tivemos dificuldade no escoamento da nossa produção artesanal e isso desistimulou o grupo e muitas artesãs se afastaram.

Como sou muito teimosa e mesmo com tanta dificuldade, eu mantive o grupo como pude. Para todo lugar que eu vou, mostro pras pessoas o quanto é bom ser artesã, como é bom ser profissional. Eu levo o artesanato do licuri (ouricuri) em vários municípios, para mostrar a importância dessa palha nativa e o que podemos fazer com ela.”

Rosângela Aragão Guimarães

Palha Viva

Cestos e bolsa trançados em palha do licuri. Mistura de técnicas na confecção dos artefatos artesanais

A troca de saberes entre comunidades favorece o potencial criativo dos núcleos produtivos. Saubara, Iaçu, Ibiquera e Itaberaba são exemplos de regiões que compartilharam os saberes técnicos (trançado costurado e ponto aberto) e com isso potencializaram a produção artesanal.

Vale salientar que, ao longo desses anos, o compartilhamento de saberes entre as comunidades artesanais também foram sistematizados em outras localidades da Bahia, inclusive com outras fibras, sendo assim uma oportunidade de multiplicar conhecimento e técnicas artesanais.

Palha Viva

Cestos e bolsas trançados em palha do licuri. Mistura de técnicas na confecção dos artefatos artesanais. Detalhe das bolsas em fibra da bananeira

AASB - Associação dos Artesãos de Santa Brígida

Caixa com tampa em fibra da palmeira de licuri, trançado, costurado e tingida com corantes naturais da caatinga. Pássaros entalhados em madeira de umburana reaproveitada

Localidade de Morada Velha Município de Santa Brígida

Marina Cristina

Detalhe descansador de panelas em fibra de licuri e linho (fio do licuri tingido) Localidade de Barra do Jacuípe Município de Camaçari

“Sou conhecida aqui no povoado Várzea Formosa, município de Itiúba como Nana. Desde os 10 anos tive o contato com o artesanato, preparando a fibra para ajudar minha mãe, dois anos depois eu já estava trabalhando nas minhas peças. Em 2004 conseguimos montar nossa associação e até hoje tem sido de grande valia para o sustento das mulheres que participam. Nosso artesanato é diferenciado, feito com muito amor e qualidade, podem ser redondas ou quadradas, cada artesã tem sua preferência, o que eu mais gosto de fazer são os porta-joias e o suporte de panelas.”

Ednalva Mudesto Nascimento

Palha Formosa da Serra

Vasinho trançado e costurado com a fibra do licuri Localidade de Várzea Formosa Município de Itiúba

Marina Cristina

Caixa com tampa “bordada” em fibra de licuri e detalhe em palha de piaçava

Localidade de Barra do Jacuípe Município de Camaçari

“Comecei a fazer artesanato com 7 anos e fui me aperfeiçoando, participando dos grupos produtivos, que tinham o apoio do Sebrae. Foi lá que aprendi o “bordado” com a palha, em Alagoas, onde nasci. Com uns 20 anos tirei minha carteira de artesã e a cada dia fui me apaixonando. Tive uma temporada em Aracaju, mas somente quando vim morar na Bahia que as coisas começaram a dar certo! Agradeço muito a Deus por esse dom e o retorno dessa minha atividade. Hoje é meu meio de renda, cada dia crio mais peças e sou apaixonada pelo que faço.”

Marina Cristina Santos

AASB - Associação dos Artesãos de Santa Brígida

Composição em fibra da palmeira de licuri, trançado, costurado e tingida com corantes naturais da caatinga. Pássaros entalhados em madeira de umburana reaproveitada

Localidade de Morada Velha Município de Santa Brígida “Sou neta do saudoso Zé Valdo e ele foi o responsável por ensinar a trabalhar com a palha de licuri para toda a família. Aprendi com 7 anos, fazia pequenas coisas para ajudar minha mãe, mas só entrei na associação já com 20 anos, tendo meu avô ao meu lado para ajudar nos desafios administrativos.

Os pássaros da caatinga, em especial o galo de campina, foi uma inspiração que meu avô teve esculpindo a madeira descartada de umburana. Ele fazia peças ex-votos para os fiéis pagarem promessas, quando surgiu a ideia de retratar a nossa região. Atualmente a gente se divide no trabalho do trançado da palha e no entalhe do reaproveitamento da madeira. Eu tenho muito orgulho de toda a história e de tudo que foi construído na nossa associação, com muita fé, força e coragem, nosso trabalho familiar continua firme e forte. Se depender de mim, vou fazer o meu melhor para manter esse legado. Estou muito feliz em ter ganho a premiação Top 100 do Artesanato, isso me deu uma energia boa, um estímulo de seguir em frente.”

Anaiza Rosa

Artesã(o) de unidade produtiva premiada pelo “Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato - 5ª Edição”

AASB - Associação dos Artesãos de Santa Brígida

Composição de cestos e caixas com tampa (página seguinte) em fibra da palmeira de licuri, trançado, costurado e tingida com corantes naturais da caatinga. Pássaros entalhados em madeira de umburana reaproveitada

Localidade de Morada Velha Município de Santa Brígida

Joias do Quilombo | Ass. Produtores da Floresta do Baixo Sul da Bahia

Mandala em fibra de piaçava em pátina e palha da costa Na “costura” da fibra da piaçava com linhas, fios de algodão ou sintéticos, ou ainda a palha da costa, além de proporcionar a montagem, a estrutura e a firmeza do artefato artesanal, a técnica como é conduzida essa forma de amarração, resulta em uma composição estética, formando além de figuras geométricas, simulações visuais de movimento e “texturas visuais”. A adição de pontos aproximados ou afastados gera um contraste entre as colorações da fibra com os fios, resultando em um gama de composições tonais. Tradicionalmente a palha da costa sempre foi o elemento complementar dessa técnica, mas à medida que foram sendo realizadas inclusões de oficinas e imersão do design como eixo agregador de criatividade, as possibilidades foram ampliadas. Piaçava em fibras

“Somos um grupo de artesãs do Quilombo da Lagoa Santa, situado na cidade de Ituberá. Produzimos cestos com a fibra da piaçava que colhemos na nossa própria região. A colheita é feita de ano em ano e em três etapas: a primeira, os homens colhem as fibras. Na segunda etapa fazemos a limpeza, a lavagem e a secagem. Na terceira e última etapa, idealizamos a peça e começamos imediatamente a costura.”

Daniela Lacerda da Conceição

Artesã(o) de unidade produtiva premiada pelo “Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato - 5ª Edição”

Fibra de piaçava, matéria-prima principal no desenvolvimento de muitos artefatos artesanais da região do Baixo Sul da Bahia

Joias do Quilombo | Ass. Produtores da Floresta do Baixo Sul da Bahia

Unidade produtiva premiada pelo TOP 100 do Artesanato - 5ª Edição

Cesto em fibra de piaçava e palha da costa Município de Ituberá

Trançart

Cesto em fibra de piaçava, palha da costa, trança de piaçava e fio colorido Município de Ituberá As diferentes formas de costura viabilizam uma composição estética diferente. Este é mais um dos resultados obtidos pela inserção das consultorias em design nos projetos artesanais. Investimento em capacitações promove conhecimento, mas principalmente funciona como um instrumento que impulsiona a criatividadede aliada à habilidade técnica do artesão. É a troca de saberes entre artesão e os consultores designers, proporcionando a valorização dos artefatos artesanais, na estética, na funcionalidade, aprimorando o “olhar conceitual” das demandas contemporâneas do mercado consumidor.

Trançart

Cesto em fibra de piaçava e palha da costa, trançada em técnicas diferentes, proporcionando uma varição da textura visual

Registro do resultado obtido durante as capacitações e consultorias realizadas

em design, gestão financeira e acesso a mercado na comunidade Lagoa Santa no município de Ituberá.

Sonia Costa

Colares com estrutura em fibra de piaçava e detalhes em cerâmica de alta temperatura. É a mistura de matérias-primas no aprimoramento do artefato artesanal

Município de Salvador

Joias do Quilombo | Ass. Produtores da Floresta do Baixo Sul da Bahia

Mandala em fibra de piaçava e fios coloridos, trançada em técnicas diferentes, proporcionando uma varição da textura visual

Município de Ituberá

Trançart

Cesto com alça em fibra de piaçava e fio colorido Município de Ituberá

Cesto em fibra de piaçava, pátina e palha da costa. Detalhes com sementes da região Município de Ituberá

Joias do Quilombo | Ass. Produtores da Floresta do Baixo Sul da Bahia

Cesto em fibra de piaçava e palha da costa. Detalhe com corda de sisal e couro

Município de Ituberá

Joias do Quilombo | Ass. Produtores da Floresta do Baixo Sul da Bahia

Travessas em fibra de piaçava e fio colorido, trançada em técnicas diferentes, proporcionando uma varição da textura visual

Município de Ituberá

Joias do Quilombo | Ass. Produtores da Floresta do Baixo Sul da Bahia

Cesto com alça em fibra de piaçava e fio colorido, trançada em técnicas diferentes, proporcionando uma varição da textura visual

Joias do Quilombo | Ass. Produtores da Floresta do Baixo Sul da Bahia

Cesto com alça em fibra de piaçava e fio colorido, trançada em técnicas diferentes, proporcionando uma varição da textura visual

Município de Ituberá

Trançado das Marias

Cesto trançado na palha da piaçava tingida. Detalhe de acabamento nas alças com reaproveitamento de tranças

Localidade de Cachoeira do Edgar Município de Esplanada O processo artesanal com as palhas envolve a técnica da coleta da matéria-prima, desfiamento da fibra, secagem, trançado, costura das peças e a depender da região o tingimento com corantes naturais e artificiais.

O trançado, que é viabilizado por meio das “tranças”, varia pelo emprego do número de palhas que essencialmente definem sua estrutura. São confeccionadas com a palha riscada, cortada da espessura predeterminada pelo artesão, de acordo com a largura desejada para compor a trança. Posteriormente são combinadas, formando as diferentes tranças, das mais largas às mais estreitas. Também são identificadas algumas opções de “pontos” do trançado da palha de piaçava, dentre eles, os mais utilizados, principalmente das artesãs do Litoral Norte da Bahia, que são os os pontos tradicionais dos pares, o ponto lacinho e o bicão. Piaçava em palha

O entrelaçamento das palhas, em relação à quantidade de palhas e cores, acaba por formar desenhos geométricos. E nessa “coreografia” habilidosa das mãos das artesãs, que empregam de forma bastante criativa diferentes composições tonais, o resultado é apresentado de forma precisa “estampas exclusivas” repletas de cores e vivacidade.

A preservação ambiental tem sido um tema abordado, de forma que a matéria-prima seja extraída e utilizada de forma sustentável, visando manter o equilíbrio entre esses pilares.

Palha da piaçava no processo de secagem “O trançado tupinambá é arte ancestral. É atividade coletiva, familiar e predominantemente realizada por mulheres. É cultura que traduz a identidade de um povo que resiste e cria, que insiste e recria.

O trançado tupinambá é arte, mas também é trabalho! É processo duro que exige habilidades especiais. É extrair da mata a fibra da piaçava. É arrumar na panela e pôr no fogo de lenha para cozinhar. É ter que abrir, enrolar e colocar para secar, penduradas feito casulo e esperar para, então, ver a metamorfose se iniciar. É riscar já pensando no produto que irá confeccionar. É tingir com corantes naturais ou artificiais, seguindo as especificações do cliente. É tecer, seja lá qual for o trançado: 17 pares, 13 pares, lacinho ou bico. É costurar, respeitando as formas e as medidas.

O artesanato tupinambá é diversidade. É chapéu, carteira, bolsa, cestos ou esteiras. É cipó de rego, urucum ou capianga. É família, comunidade, mãe, mulher, filha e artesã. É garra, resistência, criatividade, liberdade e renda. É arte, pura arte que me define.

Maria Joelma Bispo Artesã(o) de unidade produtiva premiada pelo “Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato - 5ª Edição”

APSA

Bolsa em palha de piaçava trançada natural e tingida

“O artesanato trouxe para mim a possibilidade de aumentar minha renda

e posso dizer que hoje eu vivo, me mantenho e sustento minha casa com o artesanato. Além da qualidade financeira, o artesanato representa a satisfação e a alegria de fazer uma peça e o cliente elogiar, parabenizar. É isso aí que me deixa mais feliz. Acredito muito que para as coisas darem certo em nossa vida é preciso se dedicar. Eu amo fazer artesanato. Para mim é uma terapia, me sinto realizada.”

Jacira Soares

Mãos Nativa

Cesto trançado em palha de piaçava natural e tingida

Localidade Costa dos Coqueiros Município de Mata de São João “O artesanato é tradicional e segue os ensinamentos passados de mãe para filhas, mas a nossa história se mistura com a da minha família. Minha avó sempre fez o bocapio e chapéus. Minha mãe, em nome do amor, foi morar na beira do rio, vivendo de pesca e de peças artesanais que vendiam em cidades mais próximas. Hoje, nosso artesanato tem o cipó que fazia o jequi (utilizado para a pesca) e o trançado da palha. Esse casamento entre cipó e palha é a inspiração da nossa criatividade. Além disso, temos trabalhado com o reaproveitamento de tranças que antes eram descartadas e agora elas fazem parte dos detalhes e dos acabamentos dos produtos.”

Marluce Oliveira da Conceição

Trançado das Marias

Composição de cesto com duas técnicas diferentes de trançado na palha da piaçava tingida. Detalhe de acabamento com reaproveitamento de tranças

Localidade de Cachoeira do Edgar Município de Esplanada

Sequência de carteiras e cestos trançados na palha da piaçava tingida, na técnica do laçinho

Artefados desenvolvidos na comunidade em diferente núcleos produtivos, durante as consultorias com foco em design

Localidade Costa dos Coqueiros Municípios de Entre Rios e Mata de São João “Sou Evanira, do Litoral Norte da Bahia, na Costa dos Coqueiros. Comecei a me interessar pelo artesanato aos 5 anos, aprendi com a minha mãe e ensinei para minhas filhas e sobrinhas. Fazemos parte de uma grande comunidade de artesãs que vive desse ofício, são quase 1.200 famílias envolvidas e que vivem do artesanato. Uma herança indígena do trançado tupinambá, que com o tempo vem trabalhando e aperfeiçoando os produtos. Nosso artesanato é feito com a palha da piaçava e costurado com o ‘linho’ do licuri. Tudo feito com muito amor e dedicação! É uma felicidade imensa ver nosso trabalho

espalhado em todo o Brasil e também em outros países, como Bélgica, Alemanha e Itália.”

Evanira Gonçalves

Cestos trançados na palha da piaçava natural e tingida, assim como carteiras trançadas na palha da piaçava natural e tingida em diferentes técnicas (17 pares, laçinho e bicão)

Artefatos desenvolvidos na comunidade em diferente núcleos produtivos, durante as consultorias com foco em design

Localidade Costa dos Coqueiros Municípios de Entre Rios e Mata de São João

Cooperafis

Descansador de panelas em fios de sisal tingido, trançado e costurado O sisal é uma planta originária do México que foi introduzida no Brasil e se adaptou ao clima semiárido baiano, conhecida atualmente como Território Sisaleiro. As folhas do sisal possuem uma fibra dura, grossa, de cor creme ou amarelo pálido e a colheita é realizada de forma manual. Em seguida são desfibradas e secadas em varais sob a luz do sol, por cerca de 72 horas. São utilizadas em seu tom natural, mas também podem ser tingidas com corantes naturais ou artificiais.

Registro da localidade da zona rural de Valente. Plantação do sisal e sequência do sisal como fibra, estendidas nos varais para secagem sob a luz do sol

Registro de resultado de consultorias em design com o grupo da Cooperafis. Caixas com tampa em diferentes formatos na fibra do sisal natural e tingida com corantes naturais.

Cooperafis

Carteira em fios de sisal em macramê

Município de Valente

This article is from: