TECNOLOGIA ASSISTIVA EM TEMPOS DE PANDEMIA Fernanda Maia* O ano é 2020. O mundo conecta-se através da tecnologia. Ainda discute-se igualdade de direitos, facilidade de acessos e lugares de fala. A sociedade é surpreendida por uma crise mundial. A pandemia relacionada ao Covid-19 força o isolamento social e a restrição da participação das atividades rotineiras. As pessoas se veem isoladas fisicamente, com sua mobilidade reduzida, limitadas em sua funcionalidade. São obrigadas a repensar e descobrir novos modos de se comunicar, conviver, estudar e trabalhar. As ferramentas de acesso ao computador e aos equipamentos eletrônicos nunca foram tão úteis. A internet, os programas de comunicação e as mídias sociais passam a ser essenciais. Nesse contexto, vemos os recursos tecnológicos existentes serem utilizados em diferentes situações. Dentre esses recursos vemos um grupo específico denominado Tecnologia Assistiva. A Tecnologia Assistiva é uma área de estudo interdisciplinar, que envolve e necessita de saberes de áreas da saúde, de engenharias, de design, de humanas e tantas outras. Engloba e precisa de saberes de fora da academia, como o de pais e cuidadores, de usuários de recursos de Tecnologia Assistiva, de professores, de companheiros de trabalho, etc. Agrega inúmeros saberes porque está diretamente relacionada a atividade humana. E as atividades não são simples nem lineares. E, ouso dizer, que nunca são entendidas em sua amplitude por apenas um grupo específico de pessoas. Oficialmente a Tecnologia Assistiva é definida como: “Uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (CAT, 2008) Dentre os tipos de Tecnologia Assistiva podemos citar os recursos para auxílio a realização de atividades de vida diária (como alimentação, higiene, cuidados pessoais,
etc.), de lazer e laborais; para comunicação alternativa e ampliada; para acesso ao computador; para mobilidade, etc. Como exemplos de recursos de Tecnologia Assistiva que vemos no cotidiano temos as cadeiras de rodas, andadores e scooters usadas por idosos; os programas que permitem o uso da voz para escrita, e o controle do ambiente por sensor de movimento como o utilizado nas portas de shoppings; Temos as sinalizações em autocontraste, braille e libras, os mobiliários ajustáveis a diferentes perfis de usuários e as rampas e os pisos táteis; dentre outros. Dirigindo nosso olhar ao período da pandemia, algumas pessoas necessitaram de uma atenção específica relacionada ao uso de Tecnologia Assistiva. Como no caso de pessoas que tiveram o Covid-19, ficaram internadas e tiveram suas funções limitadas temporariamente. Muitas fizeram uso de equipamentos para auxílio respiratório, que as impedia de se comunicar verbalmente. Nesses casos, recursos de Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) foram utilizados. Alguns de baixa tecnologia, como pranchas de comunicação com letras e símbolos confeccionadas de materiais como acrílico, PVC e papéis plastificados. Outros de alta tecnologia, como comunicadores, tablets e computadores com programas de comunicação específicos para essa função. Outros recursos de Tecnologia Assistiva utilizados foram os facilitadores para as atividades de vida diária, no caso de pacientes em que a piora do quadro levou à alterações motoras; e as órteses, recursos para o posicionamento adequado dos segmentos do corpo, evitando assim maiores sequelas posteriores. (CARMOS et al, 2020; SANTOS et al, 2020) Outro grupo que precisou de uma atenção especial, no que relaciona-se a Tecnologia Assistiva durante esse período, foram os idosos. Apesar de ainda não ser uma realidade muito difundida no Brasil, em muitos países usa-se de recursos de Tecnologia Assistiva para o auxílio de idosos que moram sozinhos, sejam em seus próprios lares, sejam em condomínios específicos para a terceira idade. Esses recursos podem ser mobiliários próprios para sua dificuldade de mobilidade, como assentos sanitários com sistemas elétricos que auxiliem o idoso a ficar de pé, suportes no leito ou assento que auxiliem a deitar/sentar, levantar e mesas que permitam a alimentação no leito ou na poltrona em uma posição adequada; mecanismos de controle de ambiente por acionamento com as mãos, pés, cabeça, voz, olhar ou sopro; soluções para acesso ao computador como mouses alternativos, teclados ampliados ou softwares específicos; programas para Comunicação Alternativa e Ampliada como Eyegazes e sintetizadores de voz; 35 | P á g i n a