lia de metalúrgicos, passa a morar em foz do iguaçu (paraná) em busca de uma educação pública gratuita e de qualidade. reconhece também que sua formação foi atravessada por iniciativas de formação organizadas por grupos historicamente marginalizados, como os movimentos punk, do hiphop e do samba. discorre também sobre o reconhecimento da universidade como um espaço de classe e, por isso, a urgência de se identificar as maneiras pelas quais perpetua a segregação - processos de seleção, programas de ensino elitizados e a própria a precarização dos trabalhadores da instituição. ponderar e atuar sobre estas questões é, sobretudo, uma transgressão deste território de poder do conhecimento. à cargo da mediação do debate, lunalva oliveira traz uma rica contribuição ao considerar a palavra território (um domínio próprio, particular) e a necessidade de desterritorializar a educação. em outras palavras, tirar uma territorialização, um território de conhecimento do outro. se refere, por exemplo, ao caso de tantos estudantes, que se mudam de cidade e estado para acessar uma instituição de ensino de qualidade. também aponta para as histórias que foram desterritorializadas de povos subalternizados - e que só são acessíveis para as pessoas deste novo território de poder. questiona, por fim, quantos aspectos identitários particulares não são negados por terem sido territorializados por outras pessoas? em seguida, mano zeu, também morador da tríplice fronteira, declama um poema sobre o projeto de construção da segunda ponte entre brasil e paraguai. neste sentido, estabelece uma analogia sobre as relações de poder no campo dos territórios do conhecimento, ao perguntar: “quem é que manda, quem é que carrega?”. como representante do coletivo no hay frontera, de hip hop, literatura e militância, discorre sobre esta frequente imagem de uma sala de aula tradicional - professoras e professores em um pedestal, escrevendo na lousa, e estudantes de cabeça baixa nas carteiras, organizadas cartesianamente - e que faz ver um modelo de educação perpetua uma estrutura colonial de poder, de domínio do conhecimento e das narrativas do outro. por outra perspectiva,
este aprendizado da linguagem e da cultura da branquitude e do poder também podem ser instrumentais para a defesa de direitos: é, portanto, uma forma de desarmar o inimigo. por sua vez, adama konate, poeta e conselheiro pelo conselho participativo de imigrantes, traz o relato da experiência de uma educação em um território com várias línguas diferentes, como é o caso de seu país natal, mali. lá a educação formal apresenta uma barreira muito significativa: é prioritariamente em francês, enquanto a a população se comunica em outras línguas de acordo com a região. as e os estudantes começam a escola tendo que aprender não apenas a ler e escrever, mas a significação de uma outra cultura. para konate também é necessário que se entenda que são muitas as esferas de um processo de educação e ressalta que comumente confundimos a falta de conhecimento sobre o outro, de seu território e vida com preconceito, xenofobia e racismo. assim, a educação seria um instrumento de conscientização e respeito sobre a diversidade. veronica quispe yujra, representante do coletivo si yo puedo, reflete sobre os modelos de educação que perpetuamos e que ainda reverberam os modelos europeu e estadunidense, com especializações e disciplinas separadas. entendendo que esta é uma compreensão moderna e colonizada do conhecimento, deve-se prezar por práticas de educação que tenham como foco a formação de sujeitos críticos. o que frequentemente acontece com o modelo hegemônico, de acordo com yujra, é que ele reafirma uma posição passiva e verticalizada do direito à educação, quando a compreensão deve ser sobretudo de uma construção conjunta: é necessário orientar este direito. em outro aspecto, quando falamos de uma educação libertadora precisamos falar sobre a carta de direitos humanos para sobretudo promover uma formação para a multiculturalidade e e equidade. ao abordar o direito de migrar e de desterritorializar a educação consideramos, discutimos e possibilitamos a compreensão dos direitos humanos e da diferença do outro. uma educação libertadora é, assim, aquela que não tem território exclusivo, hegemônico, respeitando as culturas e os direitos humanos: mundializada ao invés de glo-