John stott ouça o espírito ouça o mundo

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1.21 2.9 836 Cl 1.18. 837 John Hick e Paul F. Knitter (eds.), The Myth of Christian Uniqueness (SCM, 1987), p. 20 835 Fp

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amor a ponto de morrer na cruz; e, por isso, Deus o exaltou "acima" de qualquer outra pessoa, classe ou título. Em virtude de sua elevação ou exaltação ao mais alto lugar, Deus deseja que "todo joelho" se dobre a ele e que "toda língua" confesse o seu senhorio.838 O repetido "todo" 6 absoluto; não admite nenhuma exceção. Se Deus conferiu a Jesus essa honra suprema e deseja que todas as demais pessoas o honrem, então o povo de Deus deveria compartilhar do seu desejo. As vezes a Escritura fala nisso em termos de "zelo" e até mesmo de "ciúmes". O profeta Elias, por exemplo, profundamente desgostoso com a apostasia de Israel, e principalmente pelo fato de estarem adorando os deuses cananeus, disse: "Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos...".839 O apóstolo Paulo declarou sentir "zelo" pelos coríntios " e "zelo de Deus", dizendo que ele os havia preparado para "apresentá-los" a Cristo "como virgem pura a um só esposo", mas temia que eles fossem corrompidos e desviados de sua "simplicidade e pureza devidas a Cristo". 840 Semelhantemente, Henry Martyn, brilhante e fiel missionário cristão no Irã muçulmano lá pelo início do século XIX, disse certa vez: "Se Jesus não tivesse sido glorificado, eu não conseguiria suportar a existência; para mim seria um inferno se ele tivesse de ser sempre desonrado assim."841 Esta mesma sensação de dor sempre que Jesus Cristo é desonrado e a mesma sensação de zelo para que ele receba sempre a honra que lhe é devida deveria agitar o nosso íntimo neste final do século vinte, qualquer que seja a cultura em que vivemos. A motivação primordial para a missão não deve ser nem a obediência à Grande Comissão, nem o amor por aqueles que estão oprimidos, solitários, perdidos ou perecendo, por mais importantes que sejam estas coisas, mas, sim, zelo ou "ciúmes" pela glória de Cristo. Foi "por amor do seu nome",842 para que ele recebesse a honra que lhe é devida, que os primeiros missionários partiram. O mesmo anseio e a mesma compaixão deveriam nos motivar. Esta é, certamente, nossa resposta para quem nos diz que não se deveria mais evangelizar ou buscar conversões. O professor Gregory Baum, da Universidade de Toronto, por exemplo, disse que "depois de Auschwitz, as igrejas cristãs já não querem mais converter os judeus", porque "as igrejas passaram a considerar o Judaísmo como uma religião autêntica diante de Deus, com valor e significado próprios, e não como um estágio a caminho do Cristianismo".843 Da mesma forma, um bispo católico grego, ao pedir a demissão, escreveu aos seus amigos: "Como bispo, pregador do evangelho, eu nunca tentei converter um judeu ou um muçulmano árabe ao cristianismo; pelo contrário, sempre tentei convertê-los a se fazerem um melhor judeu, um melhor maometano."844 Será que estas pessoas não têm nenhum zelo pela honra de Jesus Cristo? Será que não se importam quando ele é desprezado e rejeitado? Será que não desejam, assim como Deus, que todos os seres humanos, qualquer que seja a sua cultura ou religião, dobrem os joelhos diante de Jesus e se submetam a ele como Senhor? E este zelo por Cristo que integra a adoração e o testemunho da igreja. Como podemos adorar a Cristo e não ligar se os outros o fazem? E a nossa adoração a Cristo que nos impele a testemunhar de Cristo, a fim de que outros também possam vir e adorá-lo.

O dom do Espírito de Cristo O poder para a missão A Conferência Missionária Mundial realizada em Edimburgo em 1910 foi descrita por John R. Mott, sua figura principal, como "a mais significativa reunião já realizada no interesse da evangelização do mundo". 845 Após apresentar um panorama das oportunidades, problemas e incentivos para a evangelização mundial, John Mott enumera quatro "pré-requisitos para a situação presente". Ele começa com (1) um plano adequado, (2) uma sede apropriada e (3) uma igreja eficiente no campo de missão. O quarto pré-requisito ele chama de "o fator sobre-humano". E então acrescenta que, embora haja entre missionários, líderes nacionais e de missão divergências substanciais no que concerne a planos, meios e métodos, eles são absolutamente unânimes na convicção de que a evangelização do mundo é um empreendimento 838 Fp

2.9-11 Rs 19.10 840 2 Co 11.2-3 841 Constance E. Padwick, Henry Martyn: Confessor ofthe Faith (1922; IVP, 1953), p. 146 842 Rm 1.5; cf. 3 Jo 7 843 Citado em Gerald H. Anderson e Thomas F. Stransky (ed.), Christ's Lordship and Religious Pluralism (Orbis, 1981), pp. 115-117. Ver também A Theological Understanding of the Relationship between Christians and Jews, um trabalho recomendado para estudo pela Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana dos EUA, em 1987. 844 Citado por Cormac Murphy-0'Connor em The Family of the Church (DLT, 1984), p. 41 845 Do prefácio ao seu livro The Decisive Hour of Christian Missions (Church Missionary Society, 1910). 839 1

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divino, de que o Espírito de Deus é o grande Comissionador e de que somente se ele dominar a obra e os

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