Fundamentos de limnologia francisco de assis esteves

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20.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE A TAXONOMIA DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS A taxonomia de macrófitas aquáticas ainda não está devidamente esclarecida, tanto no que se refere aos vegetais inferiores como aos superiores. Conseqüentemente, torna-se muito difícil realizar uma descrição sumária sobre os diversos grupos taxonômicos que compreendem as macrófitas aquáticas. Quando são observadas as diferentes famílias botânicas, que têm representantes entre as macrófitas aquáticas, o que chama mais a atenção é o seu pequeno número. Das 381 famílias de angiospermas (Magnoliophyta), incluí-das no “Sistema de Classificação” de CRONQUIST (1981), 316 são consideradas dicotiledôneas (Magnoliopsída) e 65 monocotiledôneas (Liliopsída). Entre as macrófitas aquáticas, no entanto, são encontradas representantes de apenas 42 famílias de dicotiledôneas (Tabela 20.1) e 30 de monocotiiedôneas (Tabela 20.2), segundo levantamento feito a partir de COOK et aI. (1974). Entre as bríófitas, COOK et al. (1974) identificaram 17 e entre as pteridófitas, 6 famílias com representantes entre as macrófitas aquáticas (Tabela 20.3). Dentre as macrófitas aquáticas marinhas, observa-se a ausência das dicotiledôneas e o conseqüente domínio das monocotiledôneas. Com relação à distribuição geográfica, pode-se considerar que as macrófitas aquáticas de um modo geral apresentam distribuição cosmopolita. Somente alguns gêneros e, às vezes, algumas famílias, têm distribuição mais restrita como a família Podostemonaceae, que habita os substratos rochosos de águas correntes de regiões tropicais. Tal cosmopolitismo se deve fundamentalmente á maior homogeneídade térmica que os ambientes aquáticos apresentam em relação aos terrestres, estes, sempre com maior endemismo.

20.5. PESQUISAS SOBRE MACRÓFITAS AQUÁTICAS Pesquisas realizadas especialmente em regiões temperadas (DYKYJOVÃ & KVET, 1978; PIECZYNSKA, 1976; ESTEVES, 1979a: MITSCH & GOSSELINK, 1986, entre outros) e em regiões tropicais (GAUDET, 1976; HOWARD-WILLIAMS & LENTON, 1975; HOWARD-WILLIAMS & JUNK, 1977; JU7NK, 1983 e MENEZES, et ai., 1993) mostraram que as macrófitas aquáticas representam uma das comunidades mais produtivas e que, através de sua atividade metabólica, são capazes de produzir grandes interferências no ambiente. Á medida que se tornou evidente o papel das macrófitas aquáticas no metabolismo dos ecossistemas límnicos, as pesquisas sobre estas comunidades passaram a receber maior atenção por parte dos cientistas em todo o mundo. Este fato toma-se evidente, não só através do grande número de iimnólogos que se dedicam as pesquisas de macrófitas aquáticas, como também ao surgimento de revistas internacionais dedicadas excíusivamente à publicação dos resultados destas pesquisas como, por exemplo: Aquatic Botany, Wetland Ecology and Management, Waterhyacinth: Biology, Ecoíogy and Management, além do grande número de obras publicadas mais recentemente sobre os mais diferentes aspectos da ecologia destas comunidades: GOOD et aí., 1978; DENNY, 1985; SCULTHORPE, 1985 (reedição); MITSCH & GOSSELINK, 1986. No Brasil, embora ocorram na grande maioria dos ecossistemas aquáticos continentais extensas áreas cobertas por macrófitas aquáticas, que desempenham papel central na dinâmica destes ecossistemas, pesquisas sobre estas comunidades, especialmente do ponto de vista ecológico, são ainda muito escassas. Entre estas podem ser citadas as pesquisas realizadas por 106


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