palestras_volume_5

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ticamente, nas decisões do Estado, para criar uma correlação de forças favorável às classes populares. Se os movimentos sociais ficarem de longe apenas reivindicando, reclamando, chorando ou criticando, não serão uma força de transformação ou instrumento de mudança. Cumprirão papel mais testemunhal fazendo juízos de longe, mas não serão uma força real, como as elites o são econômica e politicamente. Com pelo menos 500 anos de experiência, esses movimentos são tremendamente sabidos e versáteis na capacidade de influenciar as decisões do Estado, e é legitimo que seja assim na democracia. Que todos os interesses econômicos e todos os setores sociais possam tentar, pelo menos, incidir nas escolhas do Estado. Paulo Freire, com quem tive a honra de conviver e até de trabalhar um pouco na área de alfabetização de adultos, dizia a mesma coisa que o presidente Lula, mas com outra linguagem: se as maiorias sociais querem qualificar-se para dirigir os destinos do País – e é também natural que, na democracia, elas possam condicionar democraticamente o destino do País –, precisam apropriar-se de um saber sobre o Estado, que as elites já têm. As elites já têm, historicamente, conhecimento muito grande sobre como o Estado funciona, quais são os seus limites, quais são as suas possibilidades, quais são os fundos públicos, como é que eles podem ser direcionados. Mas as classes populares não têm essa vivência. Em geral, historicamente, são espectadoras da ação do Estado e interferem na vida política apenas nos momentos eleitorais. E Paulo Freire dizia mais, com o mesmo espírito do presidente Lula: que as classes populares já possuem um saber oriundo 84

Ciclo de palestras - secretaria-geral


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