Consulta Nacional sobre Direitos Humanos

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Reflexões coletivas 1. Como a IEAB pode inserir temas como preconceito, discriminação, sexualidade humana, nos espaços de aprendizado nas comunidades? •A IEAB pode agir através de debates entre a comunidade paroquial e a comunidade social, abrindo espaços litúrgicos e também fomentando estudos bíblicos. Também pode agir de forma mais prática facilitando a abertura dos templos para atividades da comunidade relacionada com este aspecto, organizando e distribuindo materiais informativos de qualidade. •Criando mecanismos que levem a uma preparação do clero sobre este tema, para que, principalmente, saibam ouvir os que sofrem. •Tem que haver um reconhecimento tanto do “outro” quanto da realidade que pode existir dentro das nossas comunidades. A preocupação é que a comunidade não sempre está preparada para enfrentar esses casos. Como lideranças, devemos estar preparados com a capacidade suficiente para lograr abordar essa temática. •Potencializando as ações das lideranças para trabalhar os temas de forma profissional. Por ser temáticas muito delicadas, precisam de orientação profissional para pensar também na homossexualidade feminina, para incentivar os homens na prática do teste. •Dentro das paróquias devem ser abertos espaços para discutir as diferentes situações que possam envolver esta temática e ver como as crianças vão entender essas inclusões e acolhimentos nas comunidades.

2. Como a IEAB pode atender as pessoas que vivem e convivem com HIV AIDS? Que ações podemos desenvolver para incentivar a participação e inclusão das mesmas em todos os âmbitos sociais? •Preparando as comunidades para conviver, estimulando a adesão para o tratamento e dando voz a essas pessoas para que possam se expressar. •Criando programas para promover inclusão através dos valores e de material já existente como uma campanha permanente. •Agindo com acolhimento e reeducando o olhar, não como postura inferior ou de sofrimento, mas sim como inserção, olhando o conjunto das pessoas e não a partir da nossa “misericórdia”. •Formando grupos de apoio para criar laços que ajudem superar as dificuldades derivadas dessas situações, pois gestos solidários antecedem palavras e ações.

V iol ê ncia contra a crian ç a e o adolescente : a I greja permanece no sil ê ncio ?

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quarto painel da consulta foi apresentado pela psicóloga Ilcélia Soares, especialista em Violência Doméstica e mestre em Psicologia Clínica na área de Família e Interação Social, e contato diocesano do SADD na Diocese Anglicana do Recife. A palestra tratou o tema de como mulheres, crianças adolescentes e pessoas idosas sofrem todo tipo de violência doméstica. “Todo mundo já ouviu falar de violência doméstica e pelo menos todos temos um familiar que está sofrendo ou já sofreu esse tipo de violência. A violência é um fenômeno multifacetado, não é um fenômeno único e deve ser compreendido a partir de diversos fatores tais como culturais, de relacionamento, individuais e também ambientais”. Assim sendo, a violência diz respeito às relações de convivência com abuso de poder entre as pessoas que estabelecem vínculos de afeto e/ou de parentesco. A violência acontece independentemente de credo, religião, ideologia, etnia, raça, orientação sexual, gênero, profissão e classe social. Nos anos 1980, se pensava que a violência doméstica estava somente relacionada com as classes mais pobres, mas logo se desmistificou esse fato, pois ela não escolhe classe social e atinge a todos e todas, principalmente mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. Quando a mulher denuncia um caso de violência ela está apavorada e está pedindo proteção ao Estado diante às agressões. Hoje existem delegacias de apoio e proteção para as crianças, adolescentes e mulheres, porém com relação aos idosos e idosas, com exceção de São Paulo e Recife, não há delegacias especificas nessa temática para atender as necessidades dessa população no país. Na maioria das vezes, o grande autor da violência doméstica é pai ou mãe. Por isso que para quem recebe a agressão é difícil denunciar, pois significa romper esse laço tradicional de amor que deveria existir. Muitas vezes o perfil é que o homem é quem pratica violência sexual e a mulher é quem pratica violência física e psicológica, portanto, a violência contra a criança e o adolescente está intimamente relacionada com a violência vivida pelo casal parental. Violência física está intimamente ligada à violação de direitos humanos e também está estritamente relacionada com a tortura. A violência implica numa transgressão de poder, numa coisificação do outro como também na indiferença. Com relação à violência sexual, é importante esclarecer que criança e adolescente não são prostitutos e sim são prostituídos, são agenciados por esse comportamento dos adultos. O pacto de silencio é o que mais chama a atenção. Crianças e mulheres são submetidas a um complô de silêncio sob ameaça de retaliações caso revelem ou tornem pública as agressões e a violência recebida. Nesse sentido, qual a relevância da Igreja discutir essa temática? “Não estamos isentos de viver em situação de violência. Serviço Anglicano de Diaconia e desenvolvimento - SAdd | 2012

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