Revista Visão Ambiental - ed 08

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• MEIO AMBIENTE • ATITUDE • SUSTENTABILIDADE

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Ano 2 • no 8 • Setembro/Outubro 2010 • R$ 9,90

ECO ESTILO

Mergulhando no Dia da Limpeza

VIDRO

100% reutilizável

Ano 2 • no 8 • Janeiro/Fevereiro 2011 • R$ 9,90 •

VISÃO AMBIENTAL

Cada dia mais, esse material vem sendo reaproveitado de maneira criativa e ecologicamente correta

SWU

Música e sustentabilidade

SALÃO DO AUTOMÓVEL

Conheça os “Carros Verdes”

DECORAÇÃO

Conforto e beleza sem agredir o meio ambiente

TURISMO

As 7 Maravilhas Naturais de Portugal


Pensou em uma franquia de Pensou

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SUMÁRIO

6 MATÉRIA DE CAPA

Vidro – Transparência em favor do meio ambiente

18 Mercado de Trabalho Engenharia de Energia, profissão para movimentar o mundo

22 SWU

Música em favor da conscientização

27 Visão Estratégica Por Antônio Carlos Porto

28 Eco Estilo

Limpeza até debaixo d’água

32 Visão Publicitária Por Fabio Arruda Mortara

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Salão do automóvel

Carros verdes são o futuro que já chegou

34 Consumo consciente

40 Visão Energética

Por Cláudia Capello Antonelli

42 Maravilhas de Portugal Turismo ecológico na Europa

46 Visão Social Por Ismael Rocha

56 Visão Contábil Por Roberto Vieira

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58 Visão Agrícola

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Decoração sustentável

O belo com responsabilidade social

Por Kátia Abreu

38 Energia Renovável Suzano quer liderar Mercado de Biomassa no mundo


PUBLISHER Susi Guedes EDITORA-CHEFE Susi Guedes susiguedes@rvambiental.com.br PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo flora@rvambiental.com.br DIAGRAMAÇÃO Dorival Lopes Júnior e Sandro Bezerra de Camargo diagramacao_ rva@hotmail.com JORNALISTAS Arielli Secco, Marina Erbolato, Marina Miranda e Taís Castilho jornalismo@rvambiental.com.br REVISÃO Cris Barbieri e Giovana Franzolin jornalismo@rvambiental.com.br COLABORADOR Paulo César Lamas (tratamento de imagens) COLUNISTAS DESTA EDIÇÃO Antonio Carlos Porto Araujo, Cláudia Capello Antonelli, Fabio Arruda Mortara, Ismael Rocha, Kátia Abreu, Roberto Vieira COMERCIAL comercial@rvambiental.com.br PUBLICIDADE HUB4X www.hub4x.com.br publicidade@rvambiental.com.br PRODUÇÃO Sonia Costa sonia@rvambiental.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes (MTB 44.447/SP) PERIODICIDADE – Bimestral TIRAGEM – 8.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Silvamarts – www.graficasilvamarts.com.br

EDITORA BORBOLETA Rua: Rio Grande, 308 – cj. 32 Vila Mariana – São Paulo/SP – CEP: 04018-000 Fone: 55-11- 2425.2326 www.rvambiental.com.br

ASSINATURAS

Fone: 55-11-8062.0070 assinaturas@rvambiental.com.br

Inovadora em sua concepção, conteúdo, diagramação e target, a revista Visão Ambiental em pouco mais de um ano de seu lançamento, já apresenta admirável evolução e reconhecimento. A decisão de passar a ter assinaturas que foi um pedido de nossos leitores, a distribuição em banca através de nosso parceiro, Grupo Estado, e a extraordinária receptividade nos pontos de venda, nos faz agradecidos ao nosso leitor, que demonstra cada vez mais, que a sociedade está em busca de informação que leve a uma consciência ambiental... então... estamos mesmo no caminho certo. Muito nos orgulha saber que uma publicação tão recente já cumpre seu papel de informar, colaborando a seu modo com a preservação do meio ambiente, mas há ainda muito por fazer, e faremos. Nesta fase de crescimento, houve algumas mudanças e queremos compartilhá-las. Partindo para novos projetos, os empresários Nilberto Machado de Sá e José Antonio Gutierrez donos da Atenas Editora, decidiram vendê-la, e a partir desta edição, a revista será editada pela Editora Borboleta, que passou a ser detentora do título, responsável por sua publicação e compromissos comerciais e de qualidade, junto aos parceiros e assinantes. Tal transferência nos remete a uma nova fase, na qual gostaríamos de estreitar nosso relacionamento com todos que tiverem um exemplar nas mãos ou a lerem na versão digital, para isso queremos ouvir suas sugestões de pauta, novas ideias para a revista, críticas e tudo o mais que quiserem que saibamos, acataremos tudo que for possível.

Boa leitura! Susi Guedes

ATENDIMENTO AO LEITOR Fone: 55-11-2425.2326 leitor@rvambiental.com.br As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes. Capa: vidro reciclável SXC/Rodrigo Gelmi Mariano de Freitas Fotomontagem por design.rvambiental@gmail.com

Agradecemos a todos que participaram deste projeto até aqui, e desejamos sucesso para Nilberto Machado de Sá e José Antonio Gutierrez em seus novos caminhos.

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Tempo de renovação

EXPEDIENTE

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CAPA

VIDRO 100% reutilizテ。vel Poucos sabem de sua origem e muito menos de seu destino, mas a cada dia, o vidro vem sendo reaproveitado de forma criativa e ecologicamente correta

VISテグ AMBIENTAL 窶「 setembrO/outubro 窶「 2010

Por Marina Erbolato

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DE ONDE VEIO? Apesar de tão conhecido, sua origem ainda é quase que totalmente desconhecida. Segundo a Asssociação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Abravidro), os fenícios – povo instalado no norte da Palestina, onde hoje é o Líbano – ao desembarcarem na costa da Síria, montaram acampamento e fizeram uma fogueira sobre areia, ossos e salitre. Ao alcançar alta temperatura, a mistura dos materiais derreteu e formou um líquido brilhante que se solidificava rapidamente. Esse era só o começo entre tantas descobertas. As primeiras técnicas na produção do vidro eram primitivas. Uma das mais utilizadas e pode-se dizer que responsável pelos avanços na fabricação, por volta de 200 a.C, era o uso de vara ou cana de sopro. Com o tempo, novas formas de criar foram descobertas. Após o vidro soprado, surgiu também o plano, usado em igrejas e catedrais. GRANDES INDÚSTRIAS No final do século 18, a França também deu início ao aprimoramento das técnicas utilizadas e montou, junto aos melhores vidraceiros do país, a Saint-Gobain que é, até hoje, uma das maiores companhias privadas na fabricação do vidro. Anos se passaram e a indústria ainda se aperfeiçoava. No século 20, fornos contínuos e equipamentos semi e totalmente automáticos tomaram conta das produções. Apesar do mercado estar em alta fora do

Coleta e processo de reciclagem do vidro

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O vidro, um dos materiais mais antigos da história, é também um dos mais presentes em nosso cotidiano, tanto na construção civil quanto no uso doméstico. Se pararmos para observar os objetos utilizados em nosso dia a dia, é possível verificar quantas peças são feitas desse material tão resistente e durável. O por quê? Por suas diversas características, que o tornam útil e indispensável. Além de ser reciclável – um ponto importante nos dias de hoje – é permeável à luz, impermeável a fluidos, eficiente isolante elétrico e, apesar de sua fragilidade, é muito durável. O vidro, em sua forma pura, é um óxido metálico superesfriado, sem cor, duro, inerte e biologicamente inativo. Seu período de decomposição no meio ambiente ainda é desconhecido e, por mais que não seja diretamente nocivo ao ecossistema, esse fato incentiva ainda mais sua reciclagem.

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CAPA

Divulgação

Massfix: sobras das indústrias viram matéria-prima

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Brasil, somente em 1810 uma empresa foi inaugurada em terras tupiniquins. A Real Fábrica de Vidros da Bahia, uma das primeiras a surgir, foi instalada em Salvador e durou 15 anos. 70 anos mais tarde, duas fábricas fizeram com que o vidro começasse a se destacar aqui, a Fábrica Esbérald e a Companhia Santa Marina. No início dos anos 50, surgem as primeiras grandes empresas, como a Sebastião Pais de Almeida, que chegou a controlar 60% da distribuição nacional. Hoje, quatro empresas fornecem vidro para o território nacional: Cebrace, Guardian, UBV e Saint-Gobain. Elas são responsáveis pela produção de 1.800 toneladas de vidro por dia.

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TIPOS VARIADOS Após tanta descoberta e evolução, diversos tipos de vidro surgiram e são, hoje, utilizados para inúmeras finalidades – que suprem desde necessidades domésticas a construção civil. Os vidros destinados às embalagens ganham formato de garrafas, potes e frascos e são fabricados nas cores branca, âmbar e verde. Já os materiais destinados à construção são planos, lisos, cristais, refletivos e antirreflexos, temperados, laminados, aramados, coloridos, serigrafados, curvos e espelhados (esse, por sua vez, fabricado a partir do vidro comum). Os domésticos são representados pelos utensílios do dia a dia, como copos, pratos e panelas. As fibras de vidro servem para a fabricação de mantas, tecidos e fios para reforços ou quando

há a necessidade de isolamento. As lâmpadas incandescentes ou fluorescentes, os tubos de tevê e os vidros para manuseio em laboratórios recebem o nome de vidros técnicos. O temperado ganha tratamento especial: aquecimento entre 700°C e 750°C e resfriamento, o que causa um choque térmico - isso garante maior resistência, que beira os 90% comparado aos modelos tradicionais. Para o setor automobilístico, os vidros laminados são os mais indicados já que somam lâminas plásticas e de vidro em sua composição. Os comuns, são lapidados, bisotados, jateados, laqueados e pintados, para serem, posteriormente, utilizados em tampos de mesa, prateleiras, aparadores e porta-retratos. COMPROMISSO COM O AMBIENTE De acordo com os dados fornecidos pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), a produção de resíduos sólidos cresceu 6,6% apenas em 2009. Esse dado, além de ser uma ameaça frequente ao meio ambiente, esgota, em um curto período de tempo os aterros sanitários. Uma solução viável – e ecologicamente correta – é a coleta seletiva e o reaproveitamento dos materiais. Com diversos programas de conscientização e com resultados cada vez mais satisfatórios, a reciclagem de materiais – sejam eles papel, papelão, plástico, ferro ou vidro – vem, dia após dia, tomando força e se tornando a alternativa

A qualidade do caco de vidro é muito importante para a indústria, já que quando impuro pode contaminar e danificar os equipamentos de produção


O vidro pode ser reciclado diversas vezes, já que é feito de minerais como areia, barrilha, calcário e feldspato

Objetos da Mostra Arte em Vidro realizada em 2009 no Centro de Exposições Imigrantes em São Paulo

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Divulgação

mais correta para materiais com lento período de decomposição. A Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (ABIVIDRO), criada em 1962, é um exemplo vivo dessa nova postura, desde 1986 quando as ações de reciclagem foram iniciadas, criou o primeiro programa de reciclagem do País, desenvolvendo parcerias com prefeituras e associações comerciais em 25 cidades. Sempre presente na indústria vidreira, a reciclagem ganhou – e tem ganhado - espaço com os grandes investimentos feitos pela associação. O foco é um só: promover e estimular o retorno de embalagens de vidro descartáveis como matéria-prima. Para ilustrar essa atividade e mostrar a necessidade de reaproveitar os resíduos descartáveis, o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, promovido pela ABRELPE a cada ano, levantou em 2009, que a reciclagem de vidro no País se concentra-

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CAPA

Divulgação

A CASA DE VIDRO

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Casa Eco - o vidro promove a iluminação natural e a economia de energia. Projeto da arquiteta Renata Marangoni

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va, principalmente, nesse setor. De acordo com a ABIVIDRO, por ser um material 100% reutilizável, com um quilo dele, se faz outro - com perda zero e sem poluir o meio ambiente. Além do reaproveitamento, essa atividade garante que areia, barrilha, calcário e outros materiais utilizados na produção de uma nova peça de vidro sejam poupados. Outro passo importante quando se trata da reciclagem, é a aprovação do Senado para o projeto de lei que obriga empresas que fabricam, importam, comercializam ou instalam vidros automotivos a coletar e destinar de forma correta os produtos descartáveis. Para Kleber Carreira, diretor do Instituto AUTOGLASS, a aprovação da lei é uma grande vitória. “Apenas 1,5% da frota brasileira que sai de circulação recebe destinação adequada, enquanto na Europa e Estados Unidos, esse número é superior a 50%”, explica Carreira, que espera uma mudança de atitude por parte das empresas e da sociedade com a aprovação desta lei. Desde 2005, a empresa destina todo o vidro trocado dos automóveis para a reciclagem e, atualmente, 120 toneladas deste material deixam de onerar os aterros sanitários todos os anos.

o impacto ambiental causado pelos restos de vidro e criar uma oportunidade de negócio que o empresário Antônio Jorge da Silva desenvolveu, há 20 anos, a Massfix. A empresa sediada em Guarulhos, São Paulo, tem como principal atividade adquirir sobras de vidro em indústrias e produzir uma nova matéria-prima que, posteriormente, será utilizada no setor. Os produtos desenvolvidos atendem o mercado vidreiro, permitindo que as indústrias utilizem seu material para produzir vidro, revestimentos de cerâmica e produtos voltados para a sinalização. Para aproveitar restos inúteis e ainda gerar renda, artistas que integraram a Mostra Arte em Vidro, realizada em outubro deste ano no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, transformaram sucata em obras de arte. Com criatividade e ousadia, o grupo criou objetos para decoração como luminárias, mosaicos, vitrais, tampos para mesas, vasos e bandejas, utilizando uma técnica chamada fusing, na qual peças são modeladas em fornos que atingem temperaturas de até 840ºC. Isso prova que restos de vidro podem – e devem – receber outros destinos.

OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO Grande parte do vidro utilizado, se não reciclado, vira sucata e tem como destino os aterros sanitários. Foi com o objetivo de reduzir

O VIDRO EM FORMA DE ARTE Debora Muszkat, artista plástica formada pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), conheceu e se encantou pelo vidro em 1984,

Produzir a partir do próprio material garante menor quantidade de energia e menos resíduos no meio ambiente


Divulgação

quando começou a trabalhar com o material em sua forma reciclada. Com isso, logo tratou de pesquisar quais eram as possibilidades de criar com ele. Segundo ela, sua primeira peça foi uma mesa para a sala de jantar. “Depois, com tijolos de vidro, produzi uma luminária”, relembra. Sua primeira exposição de reciclagem ocorreu em 1986. Três anos mais tarde, se especializou em vidro pela faculdade Staffordshire Polytechnic, na Inglaterra, onde entrou em contato com diversas técnicas de criar. Dentre inúmeros desenhos, pinturas, esculturas e estampas, Debora criou uma linha de design e utilitários em modelagem em cristal e produziu, também, logomarcas para grandes empresas. Além de transformar o vidro em arte, a artista desenvolveu projetos sociais, cujo objetivo é profissionalizar cidadãos, que, agora, também têm a capacidade de produzir. Hoje, seu ateliê conta com todos os equipamentos necessários para a fabricação de suas peças, como forno e máquina de corte.

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Obras da artista plástica Debora Muszkat

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DecoraçÃO Sustentável

O belo com responsabilidade ambiental

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Por Taís Castilho

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Reaproveitar e reciclar são tendências mundiais que têm como objetivo preservar matéria-prima e, consequentemente, o meio ambiente. Cresce a cada ano o número de consumidores preocupados em adquirir produtos que causem menos impacto à natureza, sem deixar o charme e a modernidade de fora. Por isso, buscamos grandes criadores e especialistas no assunto para mostrar o que anda decorando com responsabilidade ambiental e sustentabilidade casas, escritórios, empresas e lojas. Opções sem fim Os móveis em madeira de demolição estão em alta. E não pense que apenas o estilo rústico pode ser encontrado com esse tipo de material, os estilos vintage, retrô e clássico são reproduzidos de maneira encantadora. Outra opção é

comprar produtos de madeira certificada, que significa que ela está de acordo com os princípios e critérios do FSC (Forest Stewardship Council, no País pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal). Essa certificação garante que a madeira utilizada vem de plantações/reflorestamento ou de florestas nativas de manejo. Além da madeira sustentável, existem diversos materiais alternativos que trazem resultados únicos para móveis e objetos de decoração. Entre eles, estão o porcelanato e a cerâmica reciclada, fibras naturais, couro ecológico, bambu, ladrilhos hidráulicos, pneus reciclados, pastilhas de coco, fibras obtidas de garrafas pet , aço inoxidável, borracha reciclada, entre outros. No entanto, um novo conceito chamado de upcycle, bastante difundido na Europa, chegou no Brasil e está trazendo uma alternativa realmente compensatória para o mundo da decoração sustentável. O conceito consiste em reutilizar materiais e produtos industrializados que seriam descartados, sem passar por processos de reciclagem química ou física, transformando-os nos mais variados e, muitas vezes, inusitados produtos. Uma forma de transformar produtos, explorando

Fotos: Divulgação

O uso de materiais sustentáveis na confecção dos móveis esta cada vez mais presente no mundo. hoje, temos plásticos, papéis, metais, sobras de material

Rodes - a luminária feita com fibra de vidro vira decoração em ambientes internos e externos.

Pendente Maxixe - feito à base de sisal trançado, a luminária rústica é resistente e elegante em qualquer ambiente.

a criatividade e polpando matéria-prima. “O uso de materiais sustentáveis na confecção dos móveis esta cada vez mais presente no mundo. Antes tínhamos apenas a madeira de demolição, porém, hoje, temos plásticos, papéis, metais, sobras de material de empresas, como: madeira, couro, tecido. Até objetos antigos quebrados ou sem uso estão tendo outras funções: portas antigas virando retalhos de madeira, escadas velhas de madeira virando estantes”, explica o arquiteto Saulo Szabó, do Studio Haz. Iluminando com a Bertolucci Com design contemporâneo, feito à mão e ecologicamente correto, a Bertolucci - empresa especializada em iluminação - criou uma linha de pendentes com cúpula em linhas retas e sextavadas feitas com fibra de vidro. O pioneirismo em lançar uma peça inovadora no mercado veio da filosofia da marca que trabalha há 50 anos criando luminárias artesanalmente. O Rodes, nome dado à coleção, pode ser usado em áreas externas, pois é resistente e não sofre variações com o calor, frio e chuva. A fibra de vidro passa por tratamento UV (ultravioleta), por isso, não desbota e nem muda de cor.


Pisando nas nuvens com a by Kamy A by Kamy, empresa especializada em decoração, tem como filosofia a sustentabilidade. Tanto é que 80% de seus tapetes são feitos com fibra natural, transformando matéria-prima original em produtos diferenciados e, até mesmo, reutilizando e reciclando o que seria descartado, transformando lixo em luxo. Um dos produtos que chama a atenção pela iniciativa são os tapetes da grife Berekat Hali, fundada por Celaleddin Vardarsuyu, um economista da Turquia, nascido na Macedônia, que descobriu o prazer e a satisfação profissional, na produção de tapetes. A maneira única e original de produzi-los supriu um gap no mercado, sendo hoje uma referência em design verde na Turquia e uma das principais grifes de tapetes do mundo. A fórmula de Calaleddin foi reaproveitar tapetes orientais antigos que seriam descartados, fazendo mosaicos com retalhos, totalmente costurados à mão e depois tingidos naturalmente. Outra ideia criativa e irreverente foi utilizar

bolsos de calças jeans. O resultado são tapetes produzidos através da reutilização e reciclagem de objetos que seriam descartados. A coleção Nepal é outro exemplo responsabilidade ambiental. São tapetes confeccionados com diversos tipos de fibras naturais e feitos à mão através de técnicas milenar. O Bamboo Silk é feito por artesãos nepalenses com 100% de seda de bambu; o Banana Silk (isso mesmo!), tapetes com fibra de bananeira, desenvolvidos pelo designer italiano Sartori e confeccionados à mão no Irã. O Marrakesh e Chade utilizam um material com 100% de aloe vera e outras vezes misturando o aloe vera com fibras de banana, de cactus ou de sunpat (fibra natural encontrada apenas no Nepal e de difícil manuseio). Já a linha Stupendo é feita a partir de 3 matérias-primas - 60% sunpat, 30% hemp e 10% banana silk, exigem tingimento fino e seus desenhos são feitos, repetitiva e minuciosamente em tom sobre tom. O tecido é aveludado e tem um brilho especial. Móveis de estilo com o Studio Haz A nova marca idealizada pelos arquitetos Saulo Szabó e Fernando Oliveira é a grande novidade no mercado de decoração sustentável. “Haz significa casa em húngaro. Escolhemos esta palavra porque tem sonoridade, é diferente e com significado que está em sintonia com

Tapetes em fibras naturais, que seriam descartados, transformam-se em matérias-primas para receber o grafite de Douglas Camargo, grafiteiro exclusivo da by Kami “Vivemos em uma época em que tendência é não ter tendência, o novo fica velho em questão de horas. Os nossos produtos são atemporais e acompanham as mudanças, sejam elas contextuais ou sociais”, diz Francesca Alzati, designer de tapetes da by Kamy.

A mesa do Studio Haz tem os pés feitos com ‘vergalhão’ utilizado em construção, depois é cromado e pronto.

Saiba mais... A fibra de vidro é, na verdade, o Polímero Reforçado com Fibra de Vidro, PRFV. Um material composto da junção de pequenos filamentos de vidro, altamente flexíveis, misturados com uma resina poliéster ou de outro tipo. São resistentes à tração, flexão e impacto, sendo muito empregados em aplicações estruturais, servindo também de isolante estrutural, já que não são condutores de eletricidade. Devido à flexibilidade, são bastante empregados em projetos que levam estruturas grandes e complexas, sendo possível moldar peças de qualquer tamanho, sem emenda, com durabilidade e beleza. Podem ser aplicados em qualquer ambiente, pois não enferrujam. Para se ter uma ideia, iates, helicópteros e carros de Fórmula 1 são feitos com fibra de vidro.

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A concepção da fibra de vidro é feita pela empresa Verde Vaso, sendo 90% artesanal e seguindo todos os padrões do ‘ecologicamente correto’. É um produto 100% reciclável e produzido com material reciclado, feito com a fibra de vidro e resina à base de PET reciclada. O processo de fabricação também é sustentável, pois não utiliza água e, por ser feito à mão, praticamente dispensa o uso de energia elétrica. A Bertolucci ainda produz arandelas e cúpulas, entre outros, com fibra de taboa, bambu, algodão e madeiras certificadas. Materiais que minimizam, ao máximo, os impactos ao meio ambiente.

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DecoraçÃO Sustentável

Saiba mais...

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Fotos: Divulgação

A madeira de demolição é uma alternativa sustentável, viável e interessante para a construção de móveis e objetos variados, assim como na re-inserção da construção civil. por meio da Permacultura – cultura da permanência, a madeira de demolição virou um grande negócio no País e no mundo. O principal objetivo é diminuir o esgotamento de recursos naturais e o acúmulo de resíduos, além de transformar materiais descartados na natureza em objetos de utilidade. Para isso, utilizam-se resíduos e partes de móveis antigos, assim como estruturas de madeira de construção civil (portas, batentes, escadas, ripas, entre outros) na elaboração de projetos moveleiros. Uma alternativa para diminuir os danos e impactos ao meio ambiente.

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Criado Retrô Verde do Studio Haz: tendência e cores com responsabilidade ambiental

a função dos móveis”, explica o arquiteto Saulo Szabó. São móveis como aparadores, estantes, bancos, mesas, cadeiras, bar e criados-mudos que, além de contemporâneos, são práticos e usuais. Uma mesa lateral é também um cubo que gira, repleto de nichos fechados coloridos. Uma mesa de leitura é ainda uma peça em que livros e revistas têm espaço para serem armazenados fechados ou abertos e o leitor ainda tem apoio para descansar o copo enquanto lê. Quanto ao lado técnico e de produção, os móveis tornam-se ainda mais especiais. A maioria é feito de encaixe e, a grande proeza, idealizados a partir da reutilização de materiais sem pretensão alguma. As caixas usadas na apicultura transformaram-se em criado-mudo, mesas laterais e outros móveis. “Estávamos na fazenda do Fernando quando vimos as caixas que nos chamaram a atenção pela cor, resistência e novo uso que poderíamos dar a elas”, explica Saulo. O reaproveitamento de materiais usados faz parceria com a madeira de demolição, outra forte presença na coleção. “Todos os móveis de madeira de demolição e da coleção Mel passam por tratamento anti-praga e descupinização”, explica Saulo. A mesa Mel foi o primeiro móvel da coleção. Caixas de apicultura ganharam detalhes elegantes como o puxador na lateral, os pés em aço cromado e o acabamento em resina incolor, já que o tom verde original da caixa foi preservado. O criado listras tem formato quadrado, uma gaveta e pés em vergalhão retorcido. “Pegamos o vergalhão usado na construção em uma espessura fina e o dobramos para fazer os pés do criado. Depois, ele é cromado”, explica Szabó. O bar demolição já diz tudo: é revestido com madeira de demolição. O criado

O Bar de demolição dos arquitetos Saulo Szabó e Fernando Oliveira (Studio Haz) reutiliza materiais que acabariam no meio ambiente

Retro Verde é uma peça de 1940, com design rococó, que foi restaurado e passou por uma pintura em laca brilhante verde. A mesa luz é feita de sobras de madeira pinus e tem dois objetivos – a reutilização de um material que seria descartado e também pelo fato da pinus permitir a passagem da luz por entre seus veios. “Quando a luz é acesa, assume a coloração vermelha, resultado do contraste da luz branca com a cor dos veios”, explica Szabó. A lâmpada está localizada embaixo da mesa, que é feita totalmente em encaixe. A Carbono e Decameron Design de Marcus Ferreira e Cia. Tanto uma, como a outra, foram idealizadas pelo designer autoditada e empresário, Marcus Ferreira. A Carbono completa um pouco mais de três anos e vem com a proposta de oferecer móveis acessíveis e menores, para qualquer cantinho. A aposta e o charme vem dos tecidos surrados, além do reaproveitamento e reutilização de materiais interessantes. O resultado são os pufes revestidos em lona reciclada com enchimento em EVA também reciclado. Além de poltronas em patchwork de moletons, sofás


A lona é um tecido feito (na maioria das vezes) de algodão e muito usada para proteger cargas, produtos perecíveis e na confecção de produtos em que a resistência é o principal objetivo. A diferença entre a lona e outros tipos de tecido é a forma como é tecida, ou seja, feita. Sua trama é simples, o fio da contextura passa sobre um fio da urdidura e sob o próximo. Pode ser comum e grossa.

de jeans reaproveitado e aí por diante. Já a Decameron Design atua desde 1995 como um escritório de design e marketing de produtos. Focada em móveis de estilo, com sustentabilidade e designers gabaritados (Lucas Bons, Giovanni Tremolada, Amélia Tarozzo, Flávia Pagotti, Paulo Alves, entre outros) assinando as peças. Destaque para a sustentabilidade e charme da Rag Chair, da holandesa Droog, exclusividade da Decameron Design, a cadeira é feita em camadas de 15 bolsas de trapos. A premiada poltrona Giramundo também é destaque não só pelo conforto e beleza, mas sim por ser revestida com capa de fios de tricô. Atec Original Design E suas linhas sustentáveis Distribuidor certificado da Herman Miller no Brasil e da Lees Carpets, a Atec trabalha com produtos internacionalmente reconhecidos pelo designer arrojado e produção sustentável. A Herman Miller, por exemplo, está no mercado há mais de 50 anos e tem como objetivo a

Contato: ATEC ORIGINAL DESIGN www.atecnet.com.br Rua Butantã, 461, 11° andar São Paulo/SP Tel.: (11) 3034-1434 BERTOLUCCI www.bertolucci.com.br End.: R. Espártaco, 367 Lapa | São Paulo/SP Tel.: 11.3873-2879 BY KAMY www.bykamy.com Maison: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1147 São Paulo/SP Tel.: (11) 3081-1266 CARBONO DESIGN www.carbonodesign.com.br R. Aspicuelta, 145 Vila Madalena | São Paulo/SP Tel.: 11.3097-8994

Fotos: Divulgação

Retratos de lixo O artista Zac Freeman é o maior exemplo de criatividade e talento em obras de arte sustentável. Em 1999 ele começou a fazer obras de aglutinação, produzidas 100% de lixo coletado: botões, brinquedos antigos, controles remotos, tampinhas, caixa de som, entre tantas outras bugigangas. Ele simplesmente vai colando pedaços de lixo em um pedaço de madeira e o resultado: belíssimos retratos que só podem ser vistos à distância.

mais diversos fins. Há muitas outras características que comprovam o seu design sustentável. MIRRA CHAIRS: Feita com poucas peças, 96% de seu conteúdo é aproveitável para reciclagem. Foi o primeiro produto desenvolvido sob a supervisão da equipe de Design Ambiental da Herman Miller. Representa a mais completa aplicação dos princípios Cradle-to-Cradle. CELLE CHAIRS: No final da sua vida útil, é reciclável em até 99%. É composta de 33% de material reciclado. A maior parte de seus componentes metálicos possui revestimento em pó, o que elimina solventes.

DECAMERON DESIGN www.decamerondesign.com.br Rua Aspicuelta, 145 Vila Madalena | São Paulo/SP Tel.: 3097-9344 Studio Haz www.studiohaz.com.br Av. Paulista, 2001 Cj. 1004 São Paulo/ SP Tel.: (11) 3266-5756

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Saiba mais...

diminuição dos impactos ao meio ambiente em sua linha de produção. Tanto é que criou um departamento só para avaliar as questões ecológicas de produção e acabou se tornando protagonista de pesquisas e soluções na área. Uma equipe de Design Ambiental (DfE Design for the Environment)) é responsável pelo desenvolvimento de normas de design tendo em vista o impacto ambiental de seus produtos, não só os novos, como os já existentes. Por isso, foi elaborado um protocolo para servir de guia na produção. Já a Lees Carpets apresenta o carpete modular que, além de ter diferenciais de qualidade superior, como garantia infinita, antibacteriano, antiácaro e antimofo. É ainda ecologicamente correto e possui as certificações ISO 1401, ISO 9001, CRI Green Label Plus e US Green Building Council Member (organizações de certificação com selo verde e responsabilidade ambiental). Seu processo de fabricação, além de ser mais eficiente e limpo, utiliza matérias recicláveis e renováveis, diminuindo a dependência do uso de substâncias petroquímicas. Confeccionados com termoplástico, não utilizam nenhum produto químico prejudicial ao meio ambiente e, ao final da sua vida útil, é completamente reciclável. AERON CHAIRS: A cadeira Aeron é produzida com 66% de materiais reciclados e depois de pronta, torna-se 94% reciclável. A estrutura do assento e do encosto é feita com mais de 60% de material reciclado produzidos a partir de 50 garrafas PET de 2L, por cadeira. Todos os componentes de alumínio fundido são produzido a partir de material reciclado. A espuma e os materiais têxteis estão integrados em um sistema de cadeia aberta, podendo ser reciclados para os

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SXC/Jesper Baerentzen

mercado de trabalho

Energia para mudar VISÃO AMBIENTAL • setembrO/outubro • 2010

Profissão de Engenheiro de Energia é recente no País, mas proporciona boas perspectivas de empregabilidade e sucesso no mercado de trabalho

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Por Arielli Secco A energia provém de combustíveis como o petróleo, usinas hidrelétricas, termelétricas, e movimenta toda a sociedade, desde aparelhos domésticos a grandes indústrias. É um processo que requer profissionais especializados e com formação ampla, mas focados em uma palavra-chave cada vez mais presente no mercado de trabalho:

meio ambiente. Obter fontes diferentes e renováveis de produção energética implica em aprimorar conhecimentos e se adaptar a novas tecnologias. Diante dessa visão de mercado, surge, entre tantas outras, a profissão do Engenheiro de Energia. De acordo com Eduardo Turdera, professor da disciplina de Planejamento de Sistemas Energéticos na Universidade Federal da Grande Dourados (MS), a evolução do uso e produção de energia é o fator que mais motivou a criação do curso no Brasil. “Conceitos como Geração Distribuída (GD), Gestão do Lado da

Demanda (GLD) e todas as ferramentas técnicas e regulatórias têm aparecido nos últimos anos. Sendo assim, viu-se a necessidade de um profissional que já tenha essa formação na graduação”, explica. Em países desenvolvidos, porém, a Engenharia de Energia já conta com vinte anos de existência. “Na Inglaterra, a Universidade de Oxford oferece o curso, além de universidades nos Estados Unidos, na Espanha e em Portugal. Em países da América do Sul, a Universidade de Santander (Colômbia) já tem esse curso, que é recente no Brasil”, completa Eduardo.


nica, elétrica, econômica e ambiental. Ele visa a formação do profissional com habilidades para planejar, gerir, criar, modelar, desenhar e otimizar sistemas de produção e de consumo de qualquer tipo de energia, incorporando o conceito de sustentabilidade”, descreve o professor. Para ele, esta é a função e também o maior desafio de quem opta pela profissão: buscar a eficiência a partir de uma sintonia econômica, ambiental e social. A energia hidrelétrica, por exemplo, é

usina Nuclear A previsão do governo brasileiro é construir pelo menos quatro novas usinas nucleares até 2035, de acordo com informações do site da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben). Para isso, estão previstos investimentos na formação de profissionais, já que existe um déficit de novos especialistas no mercado.

a mais viável economicamente no País, considerando o potencial geográfico e hidráulico. “A matériaprima mais abundante sempre

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M SXC /Mike

SUSTENTABILIDADE Uma das principais necessidades humanas em termos de energia é a eletricidade. A principal fonte de geração de energia elétrica no Brasil são as usinas hidrelétricas, com cerca de 95% da produção do País. É uma fonte eficaz, que utiliza a força da água e não requer investimentos em matéria-prima, apresentando custos apenas na sua construção. Mas a praticidade não reflete em ganhos ambientais e sociais. Os impactos podem ser grandes e irreversíveis. Parte do regime hidráulico natural dos rios precisa ser alterada; áreas consideráveis são alagadas, extinguindo a fauna e a flora locais, sem contar com a propensão à transmissão de doenças como malária e esquistossomose à população próxima aos lugares onde são implementadas as usinas. Alternativas existem, dentre elas destacam-se as fontes eólicas, solares, nuclear e outras menos conhecidas, como geotérmica, gravitacional e de biomassa. A viabilidade dessas fontes é estudada pelo Engenheiro de Energia, e tal competência é resultado de muito conhecimento. “É um curso no qual convergem noções de engenharias mecâ-

unchel

Energia eólica Dados do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, sigla em inglês) mostram que o Brasil está na lista dos países que aumentaram seu potencial para a produção desse tipo de energia em 2010, estando perto de alcançar a potência de 1 mil MW. Segundo nota do Greenpeace, o mercado dos ventos no mundo cresceu 22% no ano passado.

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será a mais vantajosa do ponto de vista econômico. Contudo, fontes de energia como a biomassa, eólica, solar e tecnologias de transformação como fuel cells são menos agressivas ao meio ambiente”, explica Eduardo. É importante lembrar: mesmo na fabricação ou produção alternativa de energia também há impactos ambientais. “A razão é simples: não existe ação antrópica isenta de agressão ao meio ambiente”, conclui. A busca pelo desenvolvimento sustentável foi o que motivou Heleno Quevedo de Lima, 32 anos, a optar pela Engenharia de Energia. Para ele, o mais gratificante na profissão é a possibilidade de atuar em áreas diversas e de maneira significativa para a

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usina hidrelétrica 13,7% das reservas de água do mundo estão no Brasil, o que oferece alta capacidade de produção de energia elétrica por meio de usinas hidrelétricas. A primeira unidade começou a funcionar em 1883, situada em um afluente do Rio Jequitinhonha, na cidade de Diamantina (MG).

bientais, Engenheiros Mecânicos, Gestores Públicos etc. A integração é fundamental para chegar a bons resultados. Física, química, biologia, geografia e até direito fazem parte da grade curricular do curso. “Defino a Engenharia de Energia como um conjunto de disciplinas que abrangem a compreensão de diferentes conceitos de energia, fenômenos físico-químicos, métodos de conversão de uma forma de energia em outra, considerando as perdas de cada sistema”, descreve Heleno. O Engenheiro cita, ainda, a ampla gama de aplicação para todo esse conhecimento: “Podemos trabalhar com desenvolvimento de tecnologia para produção de combustíveis fósseis ou biocombustíveis, uso de energia solar, eólica, hidráulica, reciclagem de resíduos para uso energético, eficiência energética, impactos ambientais decorrentes de cada fonte de energia, bem como políticas do mercado e legislações do setor”.

sociedade. “Tem muita coisa ainda por ser feita. Por exemplo: difundir e ampliar o uso de placas solares para aquecimento de água, o uso de painéis fotovoltaicos para converter a luz solar em energia elétrica, ampliar a capacidade de parques eólicos etc. Às vezes, simples mudanças de hábitos são suficientes para gerar grandes resultados de economia”, declara Heleno. Um ponto fundamental que o Engenheiro destaca é que o profissional dessa área considera os recursos energéticos como limitados, finitos. Por isso, a relação com a sustentabilidade é muito estreita e visada durante o curso. PREPARAÇÃO O Engenheiro de Energia deve estar preparado para atuar com profissionais de diferentes áreas de trabalho. Mesmo adquirindo conhecimentos diversos durante a formação, ele deverá trabalhar com Engenheiros Am-

usina termoeléstrica A primeira usina termoelétrica bicombustível do mundo começou a operar em fase de testes em 31 de dezembro de 2010 no Brasil. Com capacidade de 87 MW, a UTE Juiz de Fora (MG) passou a utilizar etanol (combustível renovável) e ganhou uma turbina flex adaptada. O período de testes deve durar 5 meses.

Divulgação/Ben-Hur-Panorâmio

SXC/Robert Linder

mercado de trabalho

COLOCAÇÃO NO MERCADO Conceitos como energias renováveis e limpas estão cada vez mais em pauta e o profissional de Engenharia de Energia tem muito espaço no mercado de trabalho: “Empresas do setor de energia, empresas de consultoria, indústrias que solicitem uma gestão eficiente do consumo de energia, de forma autônoma elaborando projetos de eficiência energética, centros de pesquisa e universidades”, enumera Eduardo. Porém, ainda há certa dificuldade no início da carreira, mesmo porque as indústrias e empresas não se habituaram à presença de especialistas da área. A experiência de Heleno comprova. “Ingressei na faculdade em 2003 e concluí


SXC/ChanMuk’s

SXC/Glen Jeffreys

dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 4,6 tep/ hab/ano”, descreve o relatório. Outra vantagem aos profissionais dessa área no País é a alteração climática, que interfere diretamente na produção energética. Isso estimula tanto o desenvolvimento de energias alternativas quanto a busca de ações que revertam esse quadro. Informações divulgadas pelo Instituto de Energia (IE), por exemplo, dão conta de que, somente em 2009, a indústria da energia solar faturou US$ 38 bilhões no mundo todo, atingindo um recorde de crescimento. Este é o cenário que os futuros Engenheiros de Energia encontrarão.

Energia Solar A primeira usina solar comercial do Brasil tem previsão de iniciar funcionamento em março deste ano. A MPX Tauá terá capacidade de gerar energia para abastecer 1500 famílias e terá 4680 painéis fotovoltaicos. A unidade fica distante cerca de 350km de Fortaleza (CE) e recebeu investimentos de R$ 10 milhões.

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de combustíveis fósseis e na execução de medidas compensatórias para amenizar os impactos sobre o meio ambiente”. De acordo com o Plano Brasil 2022 – documento elaborado por técnicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), representantes de todos os Ministérios, da Casa Civil e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), – o País está no momento decisivo para investir em fontes de energia e na redução das emissões de carbono, com o intuito de evitar um colapso energético, a exemplo do apagão ocorrido em 2001. Uma das metas é ampliar o alcance das redes de eletricidade: “O acesso de todos à energia é uma premissa básica da qualidade de vida e da cidadania, uma vez que os direitos à informação e à mobilidade dependem diretamente dela. Não obstante aos avanços recentes, o consumo per capita brasileiro de energia é ainda muito baixo: 1,3 tep/hab/ano, enquanto a média SXC/Patrick Moore

em 2008. Durante esse tempo, percebi muitas dificuldades para oportunidades de estágios. O mercado de trabalho ainda desconhece o Engenheiro de Energia – não há a ‘vaga para Engenheiro de Energia’ – apesar do mesmo mercado apresentar uma demanda enorme de projetos nessa área. Vejo o campo mais favorável para atuarmos como profissionais liberais empreendedores”. A especialização é importante, Heleno ingressou na pós-graduação assim que concluiu a graduação. Iniciou mestrado na Universidade Federal do ABC, em São Paulo, e está desenvolvendo um estudo sobre a produção de biogás a partir de dejetos suínos. “O curso de graduação proporciona uma visão geral de diferentes áreas e a continuidade da formação permite que o engenheiro possa se aprofundar em uma determinada área, além de ampliar uma visão sobre temas mais complexos”, aconselha. Outro obstáculo para o desenvolvimento da profissão e a implementação de projetos é a falta de incentivos públicos. Eduardo atenta para isso: “O Brasil tem um ‘calcanhar de Aquiles’ na infraestrutura, logística e política energética para utilizar melhor as fontes de energia renováveis que possui. Por exemplo, se houvesse subsídios para o uso de aquecedores em substituição do chuveiro elétrico, teríamos melhorias significativas na eficiência energética”. Ele diz que é necessário pensar em longo prazo, evitar gastos pesados para solucionar situações pontuais. Os resultados, segundo Heleno, são positivos. “Os benefícios para a sociedade e para o ambiente estão relacionados com a redução da emissão de carbono provocada, principalmente, pela queima

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VISテグ AMBIENTAL 窶「 setembrO/outubro 窶「 2010

Eventos

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Sustentabilidade acompanhada de notas musicais Pensar e agir pelo bem do meio ambiente, fica mais fテ。cil quando se tem boa trilha sonora. Por Susi Guedes - Fotos: Galeria In Press Porter Novelli


Cobrir um evento desses é uma experiência única. Tudo meio inusitado para alguém que não tem muita intimidade com Festivais de Música, mas tem muito interesse em tudo relacionado a um evento que se propõe a atuar na conscientização e incentivo a atitudes sustentáveis. Na chegada, uma multidão de rostos felizes, mochilas nas costas e pernas ágeis caminhando, caminhando, caminhando... grandes distâncias separavam acesso, camping, palco, atrações e atividades... mas nada diminuía o clima de festa, confraternização e solidariedade. Pessoas conversando, jogando cartas, passeando, se divertindo e se informando sobre como preservar o planeta. A comparação com Woodstock é inevitável, ares de viva e deixe viver... desde que o planeta esteja a salvo. Tudo muito grande e com princípio grandioso, as empresas participantes se empenhando ao máximo em compartilhar

conhecimento e demonstrar a viabilidade econômica de atitudes sustentáveis; adicionando assim, um item ao original tripé: viabilidade econômica, social e ambiental... no SWU, divertir-se era também sinônimo de sustentabilidade. Tendas diversas davam opção a quem esperava o início dos shows, e quem passeava por ali podia quase tudo, visitar exposição de arte, participar de fóruns de discussão, andar de roda gigante, conhecer os trabalhos das ONGs ligadas à preservação do planeta, comprar camisetas e brindes temáticos, se fartar de comidinhas e bebidinhas (não muito saudáveis), compartilhar tudo num camping gigante, contemplar as obras de arte, customizar tecidos que viraram bandeiras de manifestação artística, paquerar, ou simplesmente deitar na grama e admirar a natureza, enquanto esperava pelos shows. No geral, o evento foi sensacional, mas nem tudo foi perfeito, tratava-se da primeira edição, organização e público precisam

ainda evoluir. Reclamações dos campings, falhas técnicas em alguns shows, poucas lixeiras, sinalização falha, transporte insuficiente, e alguns detalhes que certamente os promotores vão melhorar nas próximas edições. Já parte do público deixou rastro de sujeira e vandalismo pelo caminho, parece não terem percebido que se tratava de um evento onde educação e meio ambiente eram prioridade, e não entenderam que SWU é a sigla de STARTS WITH YOU, ou seja... COMEÇA COM VOCÊ! Independentemente dos poucos incidentes, o evento foi um sucesso , cumpriu o objetivo de entreter e conscientizar, e a próxima edição - já confirmada para 2011, promete ser ainda melhor! Estaremos lá!

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O Planeta é prioridade, mas a música se destaca, com Dj’s e bandas nacionais e internacionais apresentando-se em palcos e tendas espalhados pelo local

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Eventos

Nestlé e Fórum Global de Sustentabilidade

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As ações realizadas pela Nestlé uniram diversão e informação. O Fórum Global de Sustentabilidade reuniu cerca de 3 mil pessoas, em debates sobre os caminhos para a construção de um mundo sustentável a partir de pequenas mudanças no cotidiano. O lounge FAST serviu de ponto de encontro e pausa para o descanso, os visitantes contaram com computadores e acesso à internet, e nas máquinas de pinball concorriam a brindes. A Roda Gigante FAST, com 18 metros de altura, foi um dos principais destaques. Mais de 4 mil pessoas passaram pela atração e puderam ver do alto toda a área ocupada pelo SWU, desfrutando de uma vista privilegiada, inclusive durante os shows. As bicicletas instaladas com o objetivo de gerar energia para a Roda Gigante funcionaram em ritmo acelerado e atraíram mais de 1,5 mil pessoas, que pedalaram em prol da sustentabilidade e ainda puderam carregar seu telefone celular. Outra ação da empresa foi promover o “Grito Verde”, que conseguiu atingir mais de 100 decibéis, garantindo assim o plantio de 5 mil árvores. As mudas serão doadas para o Instituto Ambiental Vidágua e plantadas em áreas de reserva ou parque natural.

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Algumas poucas falhas, as quais devem ser corrigidas na próxima edição, não diminuíram a grandeza do evento


Espaço OI para reciclar roupa

Urban Trash Art O projeto dos artistas plásticos paulistanos Pado e Rodrigo Machado, levou ao evento uma escultura gigante feita de lixo. Intitulada “Centopeia”, a mega construção com cerca de duas toneladas e meia de material coletado nas ruas de São Paulo é a maior escultura de lixo já produzida pela dupla, com aproximadamente 26

metros de comprimento, seis de altura e sete de largura. Ao criar as esculturas em espaços públicos, os artistas coletam e transformam o lixo encontrado em caçambas e calçadas, devolvendo para a cidade obras de arte que interferem na paisagem urbana e propõem um olhar crítico para a questão do consumo exagerado e do desperdício.

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A OI criou espaços divertidos. Num deles era possível “reciclar roupa”, de um jeito diferente, os visitantes podiam deixar uma peça de roupa ou acessório e pegar outra em troca. As peças ficavam expostas em varais, e o espaço era bem concorrido. Como não podia deixar de ser, camisetas de bandas eram maioria, mas havia peças inusitadas como cachecóis coloridos e pedalar e gerar energia para recarregar o celular.

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Eventos

Exposição BRASIL EM CHAMAS Uma homenagem a Frans Krajcberg, artista que se dedica à causa do desmatamento há mais de 50 anos. Fotos e esculturas ativam os sentidos, com trilha que simula incêndio, cheiro de carvão em combustão, folhas secas e carvão servem de forração para o solo. Os visitantes do espaço, puderam assistir a um filme sobre o homenageado.

NÚMEROS DO SWU 150 mil

ingressos vendidos

150 milw pessoas felizes circulando pelo local

1.500

participantes dos fóruns de sustentabilidade

74

atrações

700

músicos

Coca-cola e atividades radicais

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Torre Heineken

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Serviu de ponto de encontro. Com 12m de altura, destacava-se na paisagem, construída em aço e embalagens da cerveja como tampas, garrafas de vidro, latas e barris, e após o evento, todo o material foi destinado para reciclagem.

A Coca-Cola Femsa ofereceu uma das atividades radicais do evento, a parede de escalada construída com material reciclado e com as garrafas PlanBottle – 100% reciclável, feita de PET, sendo que o etanol da cana de açúcar substitui parte do petróleo utilizado no insumo. A atividade proporcionou diversão aos mais aventureiros. A empresa também implantou em parceria com a ONG RECICLEIROS, a “Oficina de Reciclagem”. O material recolhido foi separado, compactado, pesado e destinado corretamente. O objetivo de uma das cooperativas participantes era que o dinheiro obtido com a venda desses materiais fosse utilizado para ampliação e iluminação do galpão de trabalho, possibilitando assim a inclusão de novos 30 associados que poderiam trabalhar num turno extra. Objetivo conquistado!

100 toneladas

de equipamentos de som

50 horas de shows

Banhos de

7 minutos no camping

400 pessoas

recolhendo resíduos sólidos Recolhidas ao todo

30 toneladas de lixo reciclável

12 toneladas

de latinhas para reciclagem Estacionamento por volta de

R$ 100,00,

mas quem fosse com mais pessoas no carro tinha desconto Mais de

35 mil sacos de lixo para recicláveis e

10 mil de lixo para compostáveis

Notas musicais emitidas e boas energias

não mensurável


Visão estratégica

Antonio Carlos Porto Araujo

É necessário o veto de Lula

Repensar posicionamento estratégico sobre a soberania do território marítimo, vai além de interesses imediatistas. Não é simplesmente coincidência que na Constituição (artigo 20, § 1º) o tema é tratado como participação nos resultados da exploração do petróleo, ou compensação financeira, e encaixa no mesmo parágrafo a expressão “respectivo território”, devendo ser abrangida também a exploração offshore. Além do mais, logo em seguida, no § 2º do mesmo artigo 20 da Constituição, fica expressamente prevista a necessidade de estado de defesa e de prontidão, como direito irrenunciável de garantia da soberania do país. Em particular, para o Estado do Rio de Janeiro, é altamente temerária a insinuação de que a exploração de petróleo na chamada camada Pré-Sal ocorre em águas territoriais não circunscritas ao seu território, dando suporte à justificativa para distribuição isonômica para todos os estados e municípios. Há uma eventual contradição com a constituição e expansão da fronteira marítima do Brasil – do mar territorial à chamada “Amazônia Azul”. Além disso, há uma aberração jurídica, já que a regra atingiria também os blocos de petróleo já licitados, afetando contratos. Sob esse prisma, o problema pode surgir com a indagação sobre a capacidade de aproveitamento e controle da fronteira marítima brasileira, incluindo os meios militares de que dispõe nosso país para dissuadir eventual ameaça externa a esse mar territorial. O Brasil deve manter a postura geopolítica e estratégica de garantir a ampliação de sua soberania para além das duzentas milhas da costa, combatida fortemente por outras nações, interessadas nos recursos naturais e de tráfego marítimo. Deve-se ter em lembrança que em 1970, a ONU em sua XXV Assembléia Geral, definiu que os fundos marinhos e subsolo, com seus recursos, constituíam patrimônio comum da Humanidade. Ao validar o conceito, a essência de que o petróleo do Pré-Sal não se encontra em mar territorial do Estado do Rio de Janeiro, poderá incutir pressuposto valioso para interesses externos

daqueles que pretendem disputar a exploração desses recursos naturais cada vez mais escassos no mundo e, frequentemente, disponibilizados em grandes zonas de conflitos e instabilidades institucionais. Cabe ao país indicar ao mundo uma coesão de pensamento e atitude coerente com a opção de soberania e proteção de seu mar territorial, quantificando e mensurando seus recursos naturais, econômicos ou não, ao mesmo tempo em que dá claros sinais de sua competência na vigilância e proteção de seus mares, evidentemente de maior importância geopolítica do que a questão isolada da distribuição de recursos. É necessário alterar a postura antes que seja necessário. O país precisa mudar a forma imediatista e oportunista de fazer política e pensar estrategicamente para que as futuras gerações alcancem as oportunidades que estão aí.

Antonio Carlos Porto Araujo é especialista em estratégia de energia renovável e sustentabilidade da Trevisan. E-mail: antonio.araujo@trevisan.com.br

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A dimensão da discussão sobre o pagamento dos royalties do petróleo no Brasil, sobretudo após o projeto de lei aprovado no Congresso Nacional, que prevê a partilha dos recursos para todos os Estados, independentemente se são produtores ou não, fica ampliada ao abarcar aspectos pouco divulgados. Enquanto se discute, principalmente, a necessidade dos recursos já esperados pelos Estados e Municípios produtores, e uma justiça distributiva ansiada pelos demais entes da federação, é imprescindível ponderar sobre a essência, a origem e permissão para cobrança e pagamento dos royalties. O royalty do petróleo não deve ser visto como uma compensação ambiental em face da exploração desse recurso natural. Isso é fugir à essência, abusando de uma visão obtusa ou retórica sobre o tema. Um royalty se faz necessário para que determinada região, ao fazer investimentos muito intensivos na exploração de um recurso natural finito, tenha condições de preparar o legado para o ciclo pós-exploração desse recurso natural. Em caso de esgotamento da exploração sem preparo da infraestrutura para manutenção da atividade econômica regional pós-exploração, os riscos sociais adversos serão enormes. Cabe ao administrador público gerenciar essa receita para que sua região consiga manter seus empregos e atividades, ainda que redirecionando-os para novos desafios. Isso é a essência do royalty. Aqueles que aprendem lentamente acham que a mesma lentidão é sabedoria. No caso dos royalties do petróleo, a lentidão para equacionar os impasses poderá afetar o pacto federativo. Num mundo cada vez mais globalizado e competitivo, há também uma característica beligerante que impõe realidades que devem ser observadas na tomada de decisões sociais, econômicas e políticas equilibradas, promovendo um caráter estadista de maior ênfase, que pode supor a proteção federativa em detrimento da distribuição equitativa de recursos.

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Mergulhadores da Diver Free em ação no litoral catarinense no Clean Up Day

Fotos: Divulgação

ECO ESTILO

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Por Arielli Secco

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Quando se olha para o horizonte em mar aberto, a impressão é de se ter à frente uma paisagem vasta, infinita. Mas basta observar as estatísticas para perceber o quanto essa imensidão pode ser frágil e esgotável. De acordo com texto publicado no jornal O Globo, em agosto deste ano, a “Grande Mancha de Lixo no Pacífico” (como ficou conhecida a concentração de lixo na região do Giro Subtropical do Pacífico Norte) já abrange uma área maior que o estado do Pará, com cerca de 1,3 milhão de quilômetros quadrados de pedaços de redes, isqueiros, escovas de dentes, garrafas, tênis, sacolas e quase todo tipo de material feito com plástico. Esses lixões em pleno mar são formados pela ação das correntes marítimas e já somam cinco em todo o mundo. De acordo com a revista Science, a área coberta pelos resíduos corresponde a mais de 40% da superfície oceânica. Não são números precisos, mesmo porque grande parte dessa sujeira não é tão visível quanto pode parecer e o material acaba se fragmentando em pequenas partes com a ação do sol e da água. Ainda assim, a estimativa assusta. O lixo interfere diretamente no equilíbrio da fauna marinha, uma pesquisa do Projeto Tamar realizada no Brasil em 2009, por exemplo, mostra que de dez tartarugas encontradas mortas, quatro morreram por

consequência da ingestão de lixo. Os cálculos do Greenpeace também impressionam: pelo menos 267 espécies acabam ingerindo resíduos plásticos por confundi-los com alimento, entre eles estão pássaros marinhos, peixes, tartarugas e mamíferos. Além disso, segundo o site do Projeto Lixo Marinho, diversos danos podem ser citados, dentre eles a introdução de espécies exóticas que se dispersam em pedaços de plásticos flutuantes, a contaminação da água e da biota marinha por meio da liberação de substâncias tóxicas no processo de decomposição do lixo, e a contaminação de peixes e outros organismos que constituem a alimentação humana. Diante desse contexto, surgiu o Dia da


Dia da Limpeza

O Clean Up Day reúne pessoas de todo o mundo em manifestação de alerta contra a poluição das águas do planeta Lídia Torquato, mergulhadora, no Naufrágio dos Remédios, no Ceará

Limpeza (Clean Up Day ou Clean Up the World), uma mobilização mundial com o objetivo de reunir pessoas em um esforço conjunto para a limpeza de praias, rios e mares. O movimento foi criado pelo mergulhador australiano Ian Kiernan, em 1991, e hoje conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations Environment Programme). O evento acontece sempre no início do mês de setembro em mais de 100 países. Mergulhando pela natureza Lídia Torquato da Silva é engenheira de pesca, mergulha há dois anos e acha essa prática encantadora. “A sensação de poder

simplesmente respirar embaixo d‘água é indescritível. Quando você chega lá embaixo, está em um universo paralelo, com todas aquelas cores. A vida marinha é mágica e misteriosa, uma beleza única!“. Observar o mundo submerso também pode ser revelador em um sentido negativo e contribui para uma opinião mais crítica sobre a vivência humana fora das águas. “Podemos perceber o quanto nossos atos causam enormes degradações ambientais e o quanto isso é refletido no ecossistema marinho. A poluição, o aquecimento global, a pesca predatória, entre outros fatores, causam a extinção de diversas espécies e a destruição de seus habitats”, conta Lídia.

Na Bahia Em Salvador, não foi diferente. A ONG Biota Aquática comandou as atividades na praia do Porto da Barra, mas os esforços começaram dois meses antes, com a realização de palestras, em escolas e universidades, que aconteceram até o mês de dezembro. Segundo Rodrigo Maia-Nogueira, instrutor de mer-

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Mergulhando no

A engenheira participa do Clube Mar do Ceará, que fez sua parte no Clean Up Day em Fortaleza. No dia 17 de setembro, mergulhadores caíram na água da Praia do Aterro para recolher o máximo de lixo submerso possível, enquanto voluntários faziam a limpeza em diversos pontos da orla, nas praias do Titanzinho, Futuro, Barra do Ceará, Pirambu e Beira-Mar. Todos resíduos foram recolhidos pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano e destinados ao Projeto Reciclando Vidas, que vende peças artesanais feitas com materiais reciclados. A renda é revertida para a reabilitação de catadores de lixo. De acordo com o blog do Clube, a estimativa é de que a quantidade de resíduos recolhidos tenha superado uma tonelada de lixo na edição deste ano. Lídia conta que o objeto mais inusitado encontrado em uma das praias foi um sofá. Para ela, fica a mensagem de que ainda é possível salvar o mundo com um pouco de comprometimento de cada um. “Se em apenas um dia de mobilização conseguimos resultados gratificantes, imagine se todos os dias cada um simplesmente fizesse a sua parte! Isso não é um favor, é a obrigação de cada um“, sugere Lídia. Mobilizações como essa são fundamentais para que as pessoas reflitam sobre a importância de preservar a natureza. “Não temos como ressuscitar as espécies em extinção, nem como recuperar florestas ou fechar o buraco na camada de ozônio, mas podemos preservar ainda o pouco que nos restou. Precisamos de atitude”, completa.

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ECO ESTILO

Dicas dos entrevistados sobre onde mergulhar...

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No Ceará, por Lídia Torquato: ”Temos muitos pontos de mergulho sensacionais, entre eles o Parque Estadual Marinho. Temos também os naufrágios, que são os meus favoritos, entre eles o naufrágio do Macaú, do Uruau e do Pecém”.

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Em Florianópolis, por Ricardo Branco: “Somos abençoados por uma tipografia e relevo subaquático que agrada muita gente do mundo do mergulho. Basicamente em toda a extensão de Florianópolis, temos pontos ótimos de mergulho, com naufrágios, muita vida marinha, profundidades diversas e condição climática em todas nossas ilhas circundantes. Conheço bons pontos que vão desde Bela Torres, até a Ilha do Arvoredo”. Saiba Mais: www.projetolixomarinho.org Links: www.mardoceara.blogspot.com www.diverfree.wordpress.com www.biotaaquatica.com

Fotos: Divulgação

Equipe do Mar Ceará no Naufrágio dos Remédios e toda a riqueza da vida marinha registrada pelos mergulhadores


Equipe de mergulhadores e comunidade se mobilizam durante o Clean Up Day na Grande Florianópolis

E no Sul... A Diver-Free (Fundação de Mergulho e Ação Ecológica) comanda as atividades em Florianópolis. A organização existe desde 2007 e desenvolve atividades de interação e integração da comunidade em geral, mutirões de limpeza, inclusão social, palestras educativas e promoção do mergulho livre. O Clean Up Day é a marca registrada de ação comunitária da fundação, que já soma mais de cinco toneladas de lixo recolhidas nos três anos de participação no evento. A programação é semelhante a dos outros estados: “Começamos as tarefas com palestras sobre meio ambiente, proteção ambiental, reciclagem e energia alternativa. Depois, separamos grupos para a coleta de lixo de restinga, mata atlântica, dunas, praia e mar”, explica Ricardo Branco, presidente e fundador da Diver-Free. “Geralmente, o mergulhador começa a mergulhar por hobby, por esporte, e logo passa a interagir com ideias ambientais justamente por vivenciar e presenciar o que poucos têm chance de ver”, diz Ricardo. A vontade de compartilhar a experiência do

mergulho foi o que motivou Ricardo a fundar a Diver-Free. Para ele, essa prática pode ir além do contato físico com o mundo submerso. “Estamos falando de um estado de espírito, de uma interação inacreditável com a vida marinha. É como sonhar acordado“, compara o mergulhador. Cuidados para praticar mergulho Toda a magia de mergulhar só pode ser proporcionada com muita segurança. Ricardo recomenda: “Jamais mergulhe sozinho. É importante fazer um bom curso de mergulho, manter os equipamentos em ótimo estado, ter contato com outros mergulhadores, operadoras de mergulho e respeitar seus limites. Assumindo essas diretrizes, já temos um bom começo”.

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gulho e presidente da instituição, uma estrutura é montada nas praias para dar suporte aos voluntários no dia da ação da limpeza. “São montadas duas tendas, uma dedicada à criançada, onde fica a equipe de um projeto específico da ONG chamado Biotinha, e outra onde é realizada a triagem de todo o lixo coletado na areia e dentro da água durante todo o dia”, explica Rodrigo. O lixo retirado do mar foi separado e os materiais recicláveis foram doados aos catadores habituais da praia. “A realização do evento pode lhes trazer algum prejuízo com a coleta que normalmente é feita por eles. Queremos apoiadores à causa, e não pessoas insatisfeitas com nossas mobilizações”, esclarece o presidente da Biota. Os resíduos encontrados nos mutirões são os mais diversos possíveis: biquínis, celulares, geladeira, colchão, dentadura, walkman, disco de vinil e até um boneco de pano parecido com os que são utilizados em práticas de vodu. A Biota Aquática foi convidada pela escola de mergulho Underwater – também de Salvador – para participar do evento. A instituição trabalha com pesquisas e projetos de avaliação de espécies e habitats marinhos, além de realizar ações ambientalistas como o Clean Up Day – da qual participa desde 2006 – e o programa “Lixus humanus: vamos extinguir esta espécie”, que consiste em educação ambiental e gestão de resíduos em festas realizadas em ambientes naturais. Rodrigo tem no mergulho sua principal atividade. “É mergulhando que trabalho, me divirto e relaxo. Mergulhar é para mim algo mágico e fundamental, quase como respirar”, brinca. Ele relata que a Bahia é um dos poucos estados do país onde é possível praticar mergulho em quase toda a costa e durante o ano inteiro. “Salvador é a cidade que tem a maior concentração de naufrágios na costa de todo o Brasil. Tem ainda pontos para mergulhos técnicos como o buraco do Beto, um deep reef (recife profundo) que apresenta um paredão que vai dos 35 aos 80m de profundidade e muitos recifes ao longo de toda a costa soteropolitana“, descreve. É um convite para conhecer um mundo diferente. “Como os praticantes deste esporte dependem de um ambiente conservado para sua prática, são pessoas que em geral apresentam uma sensibilidade apurada com relação às questões ambientais”, opina o mergulhador.

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Visão Publicitária

Fabio Arruda Mortara

O dilema de Matusalém

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A mídia impressa não é vilã do meio ambiente. O papel usado é oriundo de manejo sustentável, e as práticas ambientais são base da indústria gráfica

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Fabio Arruda Mortara M.A., MSc., empresário, é presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Regional São Paulo) e do Sindicato da Indústria Gráfica no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP)

Quando os povos da Mesopotâmia, no Oriente Médio, criavam a linguagem escrita, há quase cinco mil anos, do outro lado do mundo, mais precisamente nas Montanhas Brancas da Califórnia, florescia um pinheiro da espécie Pinus longaeva, hoje uma portentosa árvore, considerada por muitos estudiosos o ser vivo mais antigo do Planeta. Matusalém, como foi carinhosamente apelidada, testemunhou como a capacidade de dar significado lógico a caracteres impressos mudou o destino da humanidade. Sim, pois o progresso nesses cinco milênios foi radical e infinitamente maior do que nos milhões de anos anteriores. A velha árvore assistiu ao florescimento do Egito e da Grécia Clássica, contemplou a ascensão e queda do Império Romano, foi suserana de sua linda montanha no período medieval, vivenciou o Renascimento, a Idade Moderna e a Contemporânea. Chorou mil guerras, emocionou-se com a grandeza e a sabedoria e se chocou ante a mesquinhez e a loucura do bipolar Homo sapiens sapiens. Arrepiou-se de medo quando europeus e norte-americanos devastaram florestas inteiras nos séculos 19 e 20, à revelia da preocupação ambiental. Revigorou-se de otimismo ao perceber a aurora da consciência sobre a sustentabilidade, meta que anima parcela cada vez mais expressiva dos seres humanos e suas instituições. Aos seus jovens vizinhos e primos, pinheiros de apenas mil anos com os quais vive nas altitudes das Montanhas Brancas, a velha árvore teria confessado, um dia, o seu drama de consciência: “Os pergaminhos dos escribas, o papel dos livros e revistas e de todos os impressos advêm de matéria-prima vegetal. Não haveria como conciliar a indispensável comunicação gráfica com a preservação das florestas nativas?”. A resposta a Matusalém está no conteúdo da Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, da qual são signatárias 22

entidades de classe brasileiras integrantes dessa grande cadeia produtiva e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que se soma à defesa de um setor fundamental para o desenvolvimento. Como tem sido amplamente difundido, o propósito da iniciativa é deixar claro que cem por cento do papel produzido no Brasil para atividades de impressão procedem de florestas cultivadas. Ou seja, não se derruba um arbusto nativo sequer no País para que nossas crianças tenham livros e cadernos e possamos ler jornais e revistas, acondicionar produtos em seguras e criativas embalagens de papel-cartão e desfrutar de todos os benefícios com os quais a mídia impressa contempla nossa civilização. Portanto, se depender da indústria gráfica e da cadeia produtiva da comunicação impressa no Brasil, a flora amazônica, a da Mata Atlântica e a de nossas matas ciliares sobreviverão para testemunhar a aventura do homem nos próximos milênios. Ante a assertiva resposta, a velha árvore norte-americana faz sua fotossíntese aliviada. Nada é mais eficiente do que a informação correta para que se possa entender melhor o mundo e defender crenças e convicções com base em elementos verdadeiros. O dilema de Matusalém é o mesmo de numerosas pessoas. Afinal, todos entendem a sua importância para a sociedade e amam livros, revistas, jornais, cadernos e outros produtos impressos. Ao mesmo tempo, preconizam a preservação e a sustentabilidade das florestas. Por isso, é lamentável a desinformação sobre o tema que se dissemina no País, tornando essencial a campanha de esclarecimento que estamos fazendo. Esta é uma luta na qual não devemos esmorecer um segundo sequer, inclusive porque a consciência ecológica, consentânea da informação e da cultura difundidas na comunicação gráfica, é imprescindível para que a atual e as futuras gerações selem indissociável compromisso com a preservação do Planeta.


Consumo consciente Por Susi Guedes – Fotos: Divulgação Sapatilhas Eco-conscientes A moda também pode dar sua contribuição às causas ambientais. A grife de calçados e bolsas Carolina Martori, desenvolveu uma linha de sapatilhas, sandálias e bolsas, cuja matéria-prima é um tecido composto por sobras de algodão e de embalagens PET. Bonito e eco-consciente. www.carolinamartori.com.br

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Lingerie Eco.cotton A Liz, especializada em lingerie que alia conforto e função num fit mais que perfeito, repaginou sua linha básica de algodão. Agora a linha em eco.cotton, algodão ecologicamente correto, que não polui o meio ambiente, ganha nova versão. A coleção vem com sutiã, top com bojo, tanga e calcinha clássica, que vai do M ao GG. Além das cores tradicionais, podem ser encontradas também na nova tonalidade Nuage, que oferece o mesmo efeito dos beges, isso é, não fica aparente sob roupas claras. www.liz.com.br

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Carteiras Recicláveis Descoladas e divertidas, as carteiras Mighty Wallets® são super resistentes a rasgaduras, expansíveis e são recicláveis. Até a embalagem é ecológica. Desenvolvidas pelo designer Terrence Kelleman, como se fossem origamis, as carteiras têm como principais características: resistência, adaptabilidade, modernidade, impermeabilidade e tempo de uso extralongo por ser construídas com material extrarresistente, substituindo o couro animal. www.dynomighty.com.br

Uso Sustentavel e Conservação dos Recursos Florestais de Caatinga O Serviço Florestal Brasileiro, orgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente lançou o livro “Uso Sustentável e Conservação dos Recursos Florestais da Caatinga”, que reúne artigos técnico-científicos resultados de 25 anos de pesquisa. Os estudos foram rigorosamente atualizados e consolidados por mais de vinte autores (pesquisadores e técnicos), de universidades regionais, orgãos estaduais de meio ambiente, organizações nãogovernamentais, além da Embrapa e do Ibama. Instituto Nacional do Semiárido – f- 83- 2101-6409


CUIDAnDO dos JARDINS Ao cuidar de jardins e áreas verdes, o que uma pessoa mais precisa é de um equipamento de fácil manuseio, alta produtividade e que possibilite obter resultados com qualidade. O podador de cerca-viva da Husqvarna, é ideal para poda e manutenção de cercas-vivas e é ambientalmente correto, pois proporciona economia de até 20% no consumo de combustível e reduções de até 60% nas emissões de poluentes na atmosfera. www.husqvana.com.br

PARQUE NACIONAL DA TIJUCA, UMA FLORESTA NA METRÓPOLE É um livro comemorativo que marca os 50 anos de criação do parque. Traz uma apresentação desta área privilegiada de 3.200 hectares, que abriga a maior floresta urbana do mundo replantada pelo homem, bem como centenas de espécies da fauna e da flora só encontradas na Mata Atlântica. O livro mostra aspectos deste patrimônio ambiental cravado em meio a uma das cidades mais famosas do mundo. www.jakobssonestudio.com.br

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Consciência da Fabricação à venda A grife de bijuterias e acessórios Mãos da Terra, tem diferenciais que justificam o sucesso. Todo o trabalho é artesanal e a matéria-prima colhida por comunidades ribeirinhas do Cerrado e da Amazônia. A preocupação com a preservação do meio ambiente não se restringe apenas à seleção da matéria-prima. As embalagens são feitas de papel reciclado e de fibras de bananeiras. www.maosdaterra.art.br

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Consumo consciente

Capim Dourado A Capim & Cia nasceu há quatro anos e tem como matéria prima o Capim Dourado, que vem do deserto do Jalapão em Tocantins. Por seu brilho, que lembra o ouro e pela sua flexibilidade, o capim Dourado é trabalhado através das mãos de artesões que customizam e transformam os relógios da EURO em verdadeiras obras de arte. www.eurorelogios.com.br e www.capimecia.com.br

CHinelos Masculinos A Freeway lançou a linha chinelos masculinos “Paraty”, que faz parte do projeto ecoresponsável da empresa. Os produtos utilizam solado exclusivo em borracha natural acrescido de borracha reciclada, o que minimiza o impacto ambiental. www.freewayshoes.com.br Bolsa de cortiça com forro A eco moda está com tudo! Renata Massicano, designer das bolsas Massicano, preocupada com o meio ambiente, decide dar uma repaginada nas carteiras de mão. A novidade é uma feita de cortiça! Além de bonita é feita inteiramente de material reciclado.

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Electrolux transforma plástico reciclado em aspiradores de pó

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A Electrolux dá continuidade ao Projeto Ambiental Vac From the Sea e exibe os primeiros modelos de aspiradores de pó produzidos com plástico reciclado recolhido de mares e oceanos. O material que compõe os eletroportáteis foi coletado em parceria com instituições voltadas à preservação ambiental. Durante a coleta, voluntários retiraram o plástico do Oceano Pacífico, Mar do Norte, Mar Mediterrâneo, Oceano Índico e Mar Báltico. O objetivo da ação é alertar as pessoas sobre a contaminação dos mares e oceanos, com a quantidade de material plástico descartado indiscriminadamente nesses lugares, causando problemas ao meio ambiente. www.electrolux.com.br Da esquerda para a direita: Mar do Norte, Oceano Índico, Mar Mediterrâneo, Oceano Pacífico e Mar Báltico.


sandálias femininas da Goóc A coleção de sandálias femininas da Goóc, LA VIE, segue o DNA da marca com a presença de pneu reciclado no solado flexível com pequeno salto estimula sensações de frescor a cada passo. Uma excelente opção para as mulheres que não dispensam conforto e estilo com responsabilidade ecológica. www.gooc.com.br

Linha Summer A Trisoft amplia sua coleção de jogos de cama e lança a linha Summer. Com estampa inspirada no verão, traz a sofisticação, com cores vivas e alegres e qualidade de um produto ecologicamente correto, que não utiliza água no processo de fabricação. www.trisoft.com.br

SPA L’acqua A Linha SPA L´acqua reúne uma combinação perfeita de ativos coletados ecologicamente corretos para a preservação não só de nossas florestas, mas também do nosso bem-estar. Possui formulações leves, que não agridem a natureza, e utiliza embalagens recicláveis tanto nos frascos (pet) quanto em papel. SAC 0800 8840800

Mini cata-pilhas A Drogaria São Paulo traz uma novidade sustentável para seus clientes: o mini cata-pilhas. Todas as lojas da Rede vão disponibilizar mini coletores de pilhas e baterias usadas, para serem usados em casa e depois devolvidos à empresa, que dará destino ambientalmente correto aos detritos. www.drogaria saopaulo.com.br

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Jardim Japonês O arquiteto e professor universitário Sarkis Sergio Kaloustian é o autor do livro JARDIM JAPONÊS, primeira obra do gênero no Brasil. Além das técnicas, o livro fala sobre Kyoto, história do zen budismo e a preservação do meio ambiente. Com mestrado pela Universidade de Kyoto, Sarkis trabalhou no escritório do renomado arquiteto Kyoshi Kawasaki, em Kyoto, onde morou por 4 anos. O livro tem o apoio da Fundação Japão.

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Energia Renovável

Suzano Papel e Celulose

anuncia investimento no setor de energia renovável

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Com planos ambiciosos e inovadores, a Suzano Energia Renovável nasce para ser a líder mundial no mercado de biomassa para energia

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Mucuri (L2), MA e PI durante as fases de planejamento e engenharia conceitual. Foi executivo dos bancos JP Morgan no Brasil e em Nova York, Chase Manhattan e Banco Patrimônio/Salomon Brothers. André é graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Willy Jordan, atual Gerente Executivo Financeiro da Suzano Papel e Celulose, assume a Diretoria Financeira. Há 4 anos na Suzano, é responsável pela tesouraria, planejamento financeiro, controles internos e crédito. Foi Executivo na SAB Trading e também no Banco Itaú. Willy é graduado em Economia pela PUC-Rio e mestre em Economia pela EPGE/FGV. Marcos Stolf assume a Diretoria de Operações. Atuando há 25 anos na indústria florestal, com larga experiência em implantação de projetos e desenvolvimento de negócios florestais e produtos de madeira, Marcos foi executivo da Celulose Irani, Amcel (Marubeni Group), International Paper, Champion Papel e Celulose no Brasil e Weldwood no Canadá. Marcos é graduado em Engenharia Florestal pela ESALQ-USP e MBA em vendas pela FGV. A partir de 16 de agosto de 2010, Antonio Maciel Neto, Presidente da Suzano Papel e Celulose, acumulará as funções de Diretor de Relações com Investidores.

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Além dos investimentos em celulose e desenvolvimento experimental de florestas de biotecnologia já anunciados ao mercado, a eucalipto para o mercado de energia. Tal maSuzano Papel e Celulose comunicou a criação nejo se baseia na seleção de clones específicos, da Suzano Energia Renovável, que marca a com maior concentração de lignina, plantio entrada da empresa no mercado de biomassa de mais árvores por hectare, e em um ciclo para geração de energia. A nova empresa reduzido de colheita (entre dois e três anos), atuará na produção de pellets de madeira que se traduz em alta capacidade produtiva e (wood pellets) para exportação e tem planos competitividade de custos. Este manejo floresde crescimento ambiciosos e inovadores, já tal dedicado à produção de pellets para energia que nasce para ser a líder mundial no mer- dará à Companhia a oportunidade de replicar cado de pellets para energia. sua competitividade do mercado global de O negócio de biomassa para energia celulose para este novo negócio. é parte importante dos planos de cresciCom investimento total de aproximadamento da Suzano, potencializa suas com- mente US$ 800 milhões, a Suzano Energia petências e consolida sua vocação florestal. Renovável investirá em três unidades proO investimento está em linha com seu pro- dutoras de pellets de madeira no Nordeste cesso de revisão estratégica, que estudou brasileiro com capacidade de 1 milhão de as tendências globais, toneladas cada e início avaliou profundamente A busca por fontes renováveis de operação entre 2013 seus ativos, competêne 2014, e contará com de energia é uma tendência serviços de gestão flocias e oportunidades para o futuro. restal prestados pela global. Investir nos pellets, A busca por fontes reSuzano Papel e Celuloé vocação e bom negócio nováveis de energia é uma se. A empresa ainda está tendência global que tem avaliando alternativas de para a Suzano se fortalecido nos últimos estrutura de capital para anos. A União Européia se destaca neste cenário a Suzano Energia Renovável que minimipor estabelecer metas agressivas e incentivos zem a eventual necessidade de aporte de para a substituição de combustíveis fósseis por recursos da Suzano Papel e Celulose na nova fontes renováveis na sua matriz energética e companhia. A estrutura acima referida será a energia renovável a partir de biomassa terá divulgada tão logo esteja definida. um papel importante neste contexto. Por se A Diretoria da Suzano Energia Renovável tratar de partículas desidratadas e prensadas de será composta pelos seguintes executivos: madeira moída com elevado valor energético, André Dorf, atual Diretor Executivo de os pellets se apresentam como a forma mais Estratégia, Novos Negócios e Relações com eficiente de transportar biomassa para energia Investidores da Suzano Papel e Celulose, a longas distâncias. assume a Presidência. Há 7 anos na Suzano, A Suzano, que conta com quase quatro atuou também como Diretor Executivo resdécadas de experiência em gestão florestal, ponsável pela Unidade de Negócios de Papel vem obtendo sucesso nos últimos três anos no e foi responsável pelos projetos de Expansão

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Visão ENERGÉTICA

Cláudia Capello Antonelli

Eficiência energética é sinônimo de uma reforma inteligente Pequenas mudanças na iluminação não implicam em grandes custos, e geram grande economia e benefícios ao meio ambiente, sem perder a eficiência

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Para muitas pessoas, os próximos três meses representam momentos de reflexão e fechamento do balanço pessoal para 2010. E, além de identificar os pontos positivos e negativos do período, essa é uma das horas mais tradicionais para se traçar novas metas e definir os objetivos para 2011. Nesse sentido, a reforma da casa ou do apartamento ganha destaque entre os muitos desejos. Por isso, uma

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Cláudia Capello Antonelli é formada em Arquitetura e Urbanismo com especialização em Marketing e é gerente de Produto da OSRAM

dica é ter em mente que, na hora de fechar a lista de compras das obras, é importante optar por soluções capazes de contribuir com a sustentabilidade do projeto. Em outras palavras, não podemos esquecer que a iluminação adequada corresponde, em média, a até 19% da energia elétrica consumida em uma residência. Atualmente, com as tecnologias existentes já podemos economizar em média 80% destes gastos. Quer saber como? Simplesmente com a substituição das tradicionais incandescentes por alternativas mais inteligentes. Para ambientes como a sala de estar e o quarto, por exemplo, há duas opções que fazem a diferença quando se fala em economia de energia. E o melhor: essas alternativas são capazes de fornecer luz com temperatura de cor similar a das incandescentes, economizando até 80% de energia. Em termos dos modernos LampLEDs podemos nos lembrar da PARATHOM® CLASSIC A 8W, solução retrofit que substitui uma incandescente de 40W com uma ótima reprodução de cores e durabilidade 25 vezes maior. Agora, se preferir trabalhar com lâmpadas fluorescentes compactas, a OSRAM leva ao mercado a DULUX® EL DIM, que substitui lâmpadas convencionais de potência entre 40W e 100W, com possibilidades de dimerização, adequando-se ao máximo às necessidades do ambiente.

Em locais como cozinhas amplas ou áreas em que a vitalidade é importante para o desempenho de certas atividades como leitura ou trabalhos manuais, as lâmpadas de cores frias são grandes aliadas da sustentabilidade. Esse é o caso da linha LUMILUX® T5 HE, capaz de iluminar grandes espaços com diversas opções de temperatura de cor, além de uma grande eficiência energética. Apenas para termos de comparação, esse modelo é cinco vezes mais econômico do que as opções tradicionais. E não se preocupe se ao final das compras o valor inicial do investimento for maior do que se você tivesse escolhido opções mais comuns. Lembre-se que todos os produtos utilizados para a geração de luz são consumidores de energia e, ao longo do tempo, as alternativas economizadoras vão assegurar à obra os menores gasto possíveis, inclusive com manutenção. Isso quer dizer que, o que para alguns pode parecer um custo desnecessário, quando calculado adequadamente representa uma vantagem. Itens como vida útil, potência e, principalmente, a qualidade da luz são imprescindíveis para o sucesso da sua obra e não apenas o preço inicial dos produtos. Por isso, fique atento, pois seu dinheiro pode valer muito mais com o passar do tempo, além de seu projeto contribuir diretamente com a preservação do meio ambiente.



Tursimo Grutas de Mira de Aire

VISテグ AMBIENTAL 窶「 setembrO/outubro 窶「 2010

As sete maravilhas

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Lagoa das Sete Cidades

naturais de Portugal Uma viagem pelas sete maravilhas portuguesas. É o que propõe o rotresultado de ortugueses.

Prado Geres

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Por Marina Miranda - Fotos: Turismo de Portugal/Divulgação

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Tursimo

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Rio Homem

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Uma viagem pelas sete maravilhas portuguesas. É o que propõe o roteiro abaixo resultado de uma votação feita pelos próprios portugueses. Eles elegeram entre as muitas opções de praias, parques protegidos e áreas marítimas, os sete lugares mais belos por natureza. Tire uns dias para fazer uma viagem encantadora e de tirar o fôlego. Categoria Zona Aquática Não Marinha Primeira parada em Lagoa das Sete Cidades, uma das mais bonitas e imponentes lagoas da Ilha de São Miguel, em Açores, com a sua ampla cratera de 12 km. O cenário inesquecível da Lagoa Verde e da Lagoa Azul emolduradas por encostas cobertas de árvores e flores, as margens e a pequena península da Lagoa Azul convidam a repousantes passeios e a piqueniques em ambiente tranquilo. Não deixe de visitar o pitoresco povoado de Sete Cidades, com curiosas casas de arquitetura popular e a Igreja Paroquial, neogótica (séc. XIX), verdejantes pastagens e a modesta, mas atraente, Lagoa de Santiago. Categoria Grandes Relevos Ainda nos Açores, aprecie a paisagem vulcânica da Ilha do Pico, coberta de verde e hortênsias lilases que dividem espaço com pastos, lagoas azuis e verdes, crateras de vulcões extintos e terra fumegante. Já presenciou uma refeição sendo cozinhada debaixo de terra? Aproveite a oportunidade! Aqui, a natureza convida à aventura, ao montanhismo, à observação da fauna marinha e ao mergulho.

Reserva Natural da Ria Formosa


Ilha do Pico

Portinho da Arrábida

perdem as folhas e um verde impressionante reveste as encostas e os vales profundos do interior da Ilha. A água, muito abundante, é domada nas “levadas”, canais que irrigam os campos e abastecem as povoações. São grandes obras de engenharia do povo madeirense, que as abre na rocha ao longo de profundos abismos. São trilhas maravilhosas por onde é possível passear e descobrir os segredos desta imensa catedral verde. Categoria Zonas Marinhas à Ria Formosa De um lado o mar, do outro a Ria. Entre a terra e o mar estendem-se ilhas de sossego, longas penínsulas de areia e canais visitados por patos. Da praia do Ancão, na Quinta do Lago e aldeia de Cacela Velha, há um tesouro ambiental feito de águas tranquilas, areais extensos e ilhas quase desertas. É o mundo da Reserva Natural da Ria Formosa. Longe da multidão, vive-se aqui um modo diferente na praia. Comem-se amêijoas, conquilhas e camarão apanhados frescos nos viveiros debaixo de água e fala-se com pescadores para quem a Ria é um modo de vida.

Categoria e Grutas e Cavernas Descoberta em 1947, a entrada das grutas de Mira de Aire encontra-se a 300m de altitude, mas no seu interior a profundidade desce até os 180m. A sua formação remonta a 150 milhões de anos atrás, quando os dinossauros povoavam esta região, deixando as suas pegadas no solo, que podem ser contempladas na região. As grutas estão iluminadas com efeitos de luzes coloridas que realçam a beleza das formas moldadas em estalagmites e estalactites. Ao longo do percurso, o guia chamará a atenção para as estranhas formas calcárias moldadas em milhões de anos, como a “Alforreca”, o “Marciano” ou o magnífico “Órgão”. O “Rio Negro” desce em cascata até ao “Grande Lago” onde acontece o espetáculo de Som e Luz. Iluminação, escadas e música ambiente fazem da descida a este mundo escondido uma experiência inesquecível. Saiba mais: www.turismodeportugal.pt www.visitportugal.com Fonte: Assessoria de imprensa

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Categoria Praias e Falésias Próxima parada: o Portinho da Arrábida, uma enseada com areia muito branca, localizada no verde da serra. É uma das praias do Parque Natural da Serra da Arrábida, que guarda no esplendor da sua vegetação espécies raras e muito antigas. Agora que está na praia, explore num bom mergulho a riqueza imensa de fauna e flora únicas que se esconde nas águas límpidas da pedra da Anixa. No final do dia, quando o sol começa a desaparecer atrás da serra, uma boa pedida é a caldeirada de bom peixe ou um salmonete de Setúbal de sabor sutil, acompanhado de um bom vinho branco da região. Categoria Zonas Protegidas O Parque Nacional Peneda-Gerês é uma preciosidade da natureza. Aqui você vai conhecer uma paisagem deslumbrante e espécies únicas como o garrano selvagem, as águias douradas ou o cão Castro Laboreiro. Conheça as tradições e costumes locais nas aldeias do Lindoso e do Soajo e suba aos seus castelos. Leve sempre a roupa de banho à mão. Rios e ribeiras vão surpreendê-lo no meio do caminho e você não vai resistir a dar um mergulho na água refrescante. Categoria Florestas e matas Já imaginou alguma vez passear numa fantástica floresta com muitos milhões de anos? Venha concretizar esse sonho verde na ilha mais bonita do Atlântico. Considerada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, a Floresta Laurissilva da Madeira é a mais extensa e bem preservada floresta Laurissilva do mundo onde vivem espécies naturais de valor universal. As árvores e os arbustos nunca

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Visão Social

Ismael Rocha

Cumplicidade em tempos de sustentabilidade

Cumplicidade é uma palavra com significado positivo, e para o bem do planeta, é preciso que seja aplicada às atitudes cotidianas

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A palavra cumplicidade tem, no universo coletivo, um caráter negativo. Se alguém é dito cúmplice de outro, de imediato vem à tona a imagem de que algo de errado foi feito com a conivência, a participação, ativa ou passiva, de outra pessoa. Mas em tempos de sustentabilidade é possível verificar que nem sempre é assim. E mais, no universo da comunicação publicitária estamos presenciando um fenômeno crescente de uma cumplicidade positiva entre três atores principais: anunciante, agência e consumidor. Philip Kotler, o papa do marketing contemporâneo, define como Marketing Social todas as atividades que promovem mudança voluntária de comportamento em uma popu-

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Ismael Rocha é diretor de extensão e operação da ESPM e diretor da ESPM Social

lação ou parte dela. Destaca que campanhas como “se beber não dirija”, “use camisinha” ou “declare guerra à pedofilia” são exemplos vivos de Marketing Social, pois incentivam a mudança de atitude voluntária ao promover o bem-estar de uma comunidade ou sociedade. Temos presenciado o esforço que ONGs, Governos e outras instituições têm empreendido para que tenhamos uma cidade mais limpa, crianças sentadas em cadeirinhas no banco traseiro dos veículos e pessoas menos preconceituosas. Esse tipo de esforço promocional é necessário, pois a mudança de comportamento voluntária de uma população exige investimentos em diferentes direções. Porém não é deste fenômeno que estamos tratando neste artigo, mas de outro, que surge sorrateiramente no meio publicitário, envolvendo os três atores. É mágico observar que empresas e agências estão investindo sua criatividade para elaborar campanhas que partilham o tempo e o espaço de veiculação entre vender produto e promover o bem-estar da sociedade. É mágico constatar que essa estratégia tem trazido ganhos para as empresas, pois constrói cumplicidade com o consumidor. Neste caso, perder é ganhar, como acontece na dinâmica da responsabilidade social e da sustentabilidade. Ou ganhar é ganhar, pois todos saem vitoriosos. Para premiar esses esforços criativos, a ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, através da ESPM Social, realiza há seis anos o Prêmio Renato Castelo Branco de Responsabilidade Social na Propaganda. Um prêmio com características distintas e inéditas, pois empresas e agencias não inscrevem suas campa-

nhas, elas são rastreadas entre todas as veiculações realizadas no período de um ano. Esse radar é pilotado pelos alunos que fazem parte da ESPM Social. Cuidadosamente observam quais as campanhas publicitárias optam por vender produtos ou marcas associadas a uma mensagem ou orientação voltada à construção de um mundo melhor. Projeto inédito entre as premiações da área, o Prêmio Renato Castelo Branco destaca as agências que, cúmplices das empresas, elaboram campanhas a cada ano mais criativas, inteligentes e de alta qualidade, valorizando o espaço de veiculação, dividindo centímetros ou segundos para aliar apelos distintos, de maneira única, complementar. É uma tarefa fácil para os criativos? Certamente não. O desafio de elaborar algo novo na indústria da propaganda tem mobilizado um número cada vez maior de agências e empresas. Na sexta edição do Prêmio o número de campanhas selecionadas foi recorde, uma conotação de um movimento em direção da responsabilidade social na propaganda. E mais, pequenas e médias empresas cúmplices de pequenas e médias agências. Se há um componente de “educar” em todo e qualquer processo de “comunicar”, o que estamos presenciando no início deste século é a criatividade tomar o lugar de apelos únicos e alicerçados em variáveis funcionais de produtos e serviços. É a criatividade da publicidade brasileira promovendo educação e mudança de comportamento em 30 segundos ou uma página de revista, sem deixar de lado os diferencias de produtos ou serviços. Empresas ousam e inovam, agências de propaganda usam sua criatividade, o consumidor decodifica o movimento e aprova. Todos cúmplices. O Planeta agradece.


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EVENTOS

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Foto: Divulgação do evento

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Salão do Automóvel 2010

Salão do automóvel bate recorde de público e de lançamentos ambientalmente corretos

Carros verdes são o futuro que já chegou. A indústria pesquisa e produz o que o mercado e o consumidor exigem


Evento bianual, o Salão do Automóvel costuma ser esperado pela indústria automobilística, pelos aficionados por carros, e por toda uma rede de negócios que circulam e se interligam neste fascinante universo, no qual o desejo supera o valor real atribuído aos lançamentos apresentados, e a função e a utilidade dos carros muitas vezes é menos importante do que o que o objeto de desejo representa para cada um. Em um mundo cada vez mais preocupado com as questões ambientais, os lançamentos buscam seguir as tendências neste sentido,

procurando soluções que vão desde matériaprima reciclada ou reciclável, motores menos poluentes, painéis inteligentes, biocombustíveis, até produção mais limpa e ações de marketing que associem a marca ou o produto a atitudes sustentáveis. O consumidor está ficando mais consciente de seu papel, e a escolha que antes era movida por desejo + valor + oportunidade, para muitos agora tem um quesito a mais a ser preenchido: os “itens ambientalmente corretos”. Os motores elétricos e/ou híbridos são a aposta da maioria das marcas, a equação

consumo x potência x autonomia x recarga x custo é a mais complexa a ser solucionada, mas ao que tudo indica, eles serão a opção mais procurada e estarão nas ruas em grande escala em bem menos tempo do que se imaginava. Destacamos aqui marcas que, entre os lançamentos, consideraram também a preservação do meio ambiente associada a novas tecnologias e uso de materiais ambientalmente corretos.

VISÃO AMBIENTAL • setembrO/outubro • 2010

Por Susi Guedes

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EVENTOS

BENTLEY O coupé de dois lugares Continental Supersports é o Bentley mais veloz e mais potente já desenvolvido. O seu motor 6.0L W12 com dois turbos e 621 bhp de potência é capaz de levá-lo da imobilidade

até os 100km/h em 3,7s e atingir a velocidade de 329km/h. O Supersports é o primeiro Bentley capaz de rodar tanto com gasolina como com biocombustível, sendo o pioneiro do uso dessa tecnologia Flexfuel no setor de

luxo. Para o modelo ano 2011, toda a linha Continental incorpora a tecnologia, com compatibilidade FlexFuel, uma estratégia da marca voltada ao meio ambiente que prevê que todos os modelos Bentley serão FlexFuel até o final de 2012. Já o seu interior foi projetado para realçar a natureza esportiva do carro. A cabine conta com a utilização de três materiais novos para a Bentley: Alcantara (um material de alta qualidade parecido com camurça), fibra de carbono e couro soft touch na direção e câmbio para maior aderência, criando uma sensação de carro de corrida. A fibra de carbono leve substitui as peças de madeira nas portas e no console central, assim como o apoio dos bancos, em formato de concha. Os assentos traseiros foram substituídos por um compartimento de bagagem feito com o mesmo material.

www.bentleymotors.com Foto: Divulgação da marca

Lifan A proposta de “veículo verde” da Lifan é o 620 EV (Electric Vehicle), modelo elétrico que foi apresentado pela primeira vez no Salão de Pequim. O carro começa a ser vendido em alguns mercados internacionais no próximo ano, mas não há

planos, por enquanto, de lançá-lo no Brasil. Com emissão zero de gases poluentes, o modelo é a aposta para a preservação do meio ambiente. A empresa planeja produzir mais de 50 mil unidades do veículo nos próximos anos e já trabalha no desenvolvimento de uma versão elétrica do hatch 320.

O Lifan 620 EV é equipado com 96 baterias do tipo Li-Ion. As baterias Li-Ion, que são uma tecnologia recente e padrão atual de muitos produtos modernos que utilizam baterias recarregáveis, como os notebooks. Este conjunto de baterias garante ao modelo uma autonomia em torno de 150 km e velocidade máxima de 120km/h. A recarga completa das baterias, em uma tomada de 220 V, leva cerca de 8 horas, mas com 30 minutos é possível atingir quase 70% da sua carga máxima.

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Foto: Divulgação da marca

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www.lifanmotors.com.br


Peugeot EX1 100% elétrico: o novo concept car da Peugeot é um roadster de dois lugares com estilo futurista e uma arquitetura original, projetado para proporcionar sensações de condução intensas e comemorar os 200 anos da marca.

A motorização elétrica e a ausência de caixa de câmbio proporcionam maior capacidade de aceleração, funcionamento silencioso e facilidade de condução. No conceito EX1, dois motores elétricos estão implantados em cada um dos ei-

xos, com uma potência de até 170cv cada (340cv no total), e um torque máximo constante imediatamente disponível de 24mkgf à frente e atrás. Essa arquitetura mecânica otimiza a repartição das massas e a motricidade das quatro rodas. Isso evoca as vantagens da implantação da tecnologia HYbrid4, que será proposta em série no 3008 a partir de 2011, com um motor térmico HDi FAP na parte dianteira e um motor elétrico na traseira. Leveza, equilíbrio das massas, aerodinamismo, torque e potência dos dois motores elétricos e bateria de lítio-íon com elevado poder energético garantem ao EX1 uma capacidade de aceleração que ultrapassa 1G de força gravitacional.

www.peugeot.com.br Foto: Divulgação da marca

O FORD FUSION HÍBRIDO já está disponível nas concessionárias, apesar de ter várias características ambientalmente corretas, não foi concebido exclusivamente para este público, mantêm seu DNA de carro de luxo, mas incorpora a tendência ecológica. O modelo apresenta consumo 9% menor que um modelo 1.0, transmissão sequencial de 6 velocidades dosando a potência em um motor V6, 3.0L de 243 cavalos. O motor elétrico possui energia de alta voltagem, com 275 volts, e pode alcançar, sozinho, até 75km/h. Como nos sistemas de

Fórmula 1, a bateria é recarregada com os freios regenerativos; isso significa que ela reaproveita a energia perdida na frenagem para carregar-se. O painel possui informações sobre o sistema híbrido, como: qual motor está sendo usado, o consumo instantâneo e quando o freio regenerativo é utilizado. O lado lúdico fica por conta de um tipo de jogo onde folhinhas vão aparecendo quanto mais o motor elétrico é utilizado, indicando o quão ecologicamente correto é o motorista.

www.ford.com.br VISÃO AMBIENTAL • setembrO/outubro • 2010

Foto: Divulgação da marca

FORD

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EVENTOS

BMW Vision mente novo consegue uma excelente relação entre emissões de CO2 e o prazer de dirigir. Equipado com um motor turbodiesel de três cilindros e dois motores elétricos. A potência total é de 262kW/356CV e o torque máximo é de 800Nm. Possui tração integral, por meio do uso de um motor elétrico no eixo dianteiro e outro no eixo traseiro. Conta com aceleração de 0 a 100km/h em 4,8 segundos, velocidade máxima de 250km/h, limitada eletronicamente. Consumo médio, Foto: Divulgação da marca

O carro conceito de alto desempenho com tecnologia BMW Active Hybrid mostra o dinamismo típico da marca, considerando os requisitos impostos pela mobilidade sustentável do futuro. Com a fórmula inovadora do trabalho de desenvolvimento, realizado de acordo com os critérios do BMW EfficientDynamics: esse conceito automobilístico inteira-

de acordo com o ciclo de testes UE: 3,76 litros a cada 100 quilômetros, emissões de CO2 de 99 gramas por quilômetro. Sendo um carro híbrido do tipo “plug-in”, é capaz de completar todo o ciclo de condução para a medição do consumo, utilizando exclusivamente os motores elétricos. Considerando a geração de corrente elétrica para os motores elétricos (de acordo a produção mista UE), foi obtido um valor de CO2 de apenas 50 gramas por quilômetro. A corrente elétrica é gerada, sem afetar o consumo de combustível, por meio de um sistema especialmente eficiente de recuperação da energia de frenagem. O acumulador de energia é uma bateria de 98 células de polímero de lítio. A autonomia desse automóvel é de aproximadamente 50 quilômetros, caso funcione exclusivamente na modalidade elétrica. Aerodinâmica concebida com os conhecimentos adquiridos na Fórmula 1. Coeficiente aerodinâmico CX otimizado, de apenas 0,22. A gestão preventiva da energia aproveita, em cada circunstância, qualquer possibilidade para reduzir o consumo de combustível.

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Nissan LEAF

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Com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor do mundo real, a Nissan desenvolveu o Nissan LEAF, o único carro 100% elétrico no mundo produzido em grande escala. Ao contrário de veículos de combustão interna (ICE), o Nissan LEAF não possui cano de escape e, portanto, não emite CO2 ou outros gases que contribuem para o efeito estufa. A Nissan tem um diferenciado modelo de negócios para o veículo elétrico, o que significa pensar em

longo prazo e estar orientada para definição de alianças e parcerias para tornar viável a comercialização do produto. Para isso, programas de mobilidade com emissão zero incluem parcerias com países como Reino Unido e Portugal, governos locais no Japão e nos Estados Unidos e instituições privadas, em um total de mais de 30 parcerias no mundo todo. A esse respeito, a Nissan já iniciou um estudo com o Município de São Paulo – primeira cidade na América do Sul a assinar um acordo de iniciativas de emissão zero com a companhia – e está conversando com outros parceiros no Brasil. Um dos objetivos deste estudo é criar

oportunidades e ações para o uso de veículos elétricos na região. O Nissan LEAF é alimentado por uma bateria de íon-lítio de 90 quilowatts de potência e 24 quilowatts hora de energia, a qual pode ser recarregada durante a noite em uma tomada de 110 volts ou através de um recarregador, como um telefone celular. Com uma aceleração vigorosa, o veículo atinge até 145 quilômetros por hora. O Nissan LEAF tem autonomia de 160 quilômetros com uma única carga. Pesquisas revelam que essa distância é adequada às necessidades diárias da maioria dos motoristas. Além de reduzirem o ruído e a resistência do vento, os faróis consomem apenas 50% da eletricidade de lâmpadas convencionais.

www.nissan.com.br

Foto: Divulgação da marca

www.bmw.com.br


Volksvagem Gol Ecomotion foi considerado o melhor do país sob o ponto de vista ambiental e de emissão de poluentes pelo júri da revista Autoesporte. Hatch consome 10% menos combustível e tem 97% dos materiais da sua produção reciclados. A premiação nesta

categoria leva em consideração o desempenho da empresa e de seu produto sob o ponto de vista ambiental. A escolha não se baseia apenas na baixa taxa de poluentes que o modelo emite com seu motor 1.0 EA111 Flex, de 71 cavalos. São

levados em conta os materiais utilizados na fabricação, consumo de combustível, eficiência energética, e os métodos adotados pela Volkswagen na linha de montagem de São Bernardo do Campo (SP). Na produção do hatch, por exemplo, são utilizadas fibras de PET reciclado nos tapetes do assoalho, do porta–malas, nos revestimentos das caixas de rodas e no assoalho. A Volkswagen também recicla 97% de todos os resíduos gerados na produção do modelo.

Foto: Divulgação da marca

www.vw.com.br

Mitsubishi Plug-in Hybrid System O PX-MiEV vem equipado com dois motores elétricos síncronos de imã permanente, sendo um dedicado ao eixo dianteiro e outro ao eixo traseiro. Além disso, possui um motor a combustão DOHC MIVEC 1.6L, a gasolina capaz de suplementar a potência do eixo dianteiro, bem como fornecer potência mecâ-

nica a um gerador que recarrega a bateria. O Sistema Plug-in Híbrido conta com um controle integrado da EV-ECU, chamado MiEV OS (Operating System) que seleciona as diferentes condições de condução do veículo: (i) puramente elétrico, (ii) híbrido em série, (iii) híbrido paralelo ou (iv) regeneração de energia. Em velocidades baixas e médias, o PX-Miev trabalha no modo elétrico, onde é acionado apenas o motor elétrico dianteiro. O PX-MiEV, assim como o veículo elétrico Foto: Divulgação da marca

A Mitsubishi apresentou o híbrido PXMiEV, um modelo que complementa a nova geração de ECO CARS da marca com veículos alinhados ao conceito de sustentabilidade e foco na preservação ambiental, sem abrir mão das principais características da montadora, como segurança, conforto, potência e robustez. Equipado com o sistema de powertrain híbrido plug-in, desenvolvido pela própria Mitsubishi, o PX-Miev possui tecnologia capaz de selecionar automaticamente o modo de funcionamento de acordo com as condições de rodagem e a energia remanescente na bateria.

i-Miev, oferece duas formas de recarga da bateria, que podem ser feitas em tomadas convencionais (110 ou 220 Volts), ou através de quick chargers - centrais de abastecimento que recarregam 80% da bateria em 30 minutos. Além de permitir a programação do horário para recargar a bateria e o ar condicionado do veículo.

www.mitsubishimotors.com.br

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Mitsubishi PX-MiEV

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EVENTOS

PRIUS PLUG-IN O híbrido Prius chega ao Salão de São Paulo como conceito em sua versão Plug-in. A diferença do Prius exibido no evento para a versão comercial do modelo é que, neste caso, as baterias de íon de lítio - cuja tecnologia permite tamanhos menores e que se recarregam de forma mais rápida - que equipam o veículo podem receber carga diretamente de uma fonte do tipo tomada, permitindo ao veículo rodar por até 21 quilômetros apenas no modo elétrico, a uma veloci-

conceitos do tipo Plug-in. São necessárias apenas 3 horas, em fontes de energia de 110 volts, ou uma hora e quarenta minutos, quando a alimentação se dá em 220 volts. Para percorrer longas distâncias, o Prius Plug-in é automaticamente revertido para o modo híbrido, quando entra em ação o motor à gasolina. Pesquisas da Toyota mostraram que a maioria dos motoristas percorre menos de 20 quilômetros por dia em deslocamentos urbanos, o que possibilita a utilização do Prius Plug-in no modo elétrico praticamente em tempo integral.

FT-EV

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dade máxima de 96 km/h. O tempo para carregar a bateria também é mais curto em comparação com outros

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O conceito FT-EV é um veículo elétrico que mostra o comprometimento da Toyota em construir automóveis em consonância com a sustentabilidade do meio ambiente. O modelo, que compartilha a mesma plataforma com o subcompacto iQ, é equipado com um motor alimentado por

Fotos: Divulgação da marca

Toyota

baterias de íon de lítio e mede menos de três metros de comprimento. Pode transportar quatro passageiros adultos em bancos individuais e foi pensado para atender um motorista que roda menos de 80 quilômetros por mês entre a casa e o trabalho.

FINE-S O FINE-S é um conceito alimentado por células de hidrogênio, concebido para alta performance. O veículo é uma amostra de como, no futuro, modelos abastecidos com fontes alternativas de energia poderão incorporar excelência em desenho e desempenho. Sua célula de combustível-pilha é a única desenvolvida e construída pela Toyota. O FINE-S apresenta longa distância entre-eixos. O interior conta com habitáculo para quatro lugares, superesportivo, com design criativo que proporciona excelente espaço e conforto.

www.toyota.com.br


PROJETO AGORA

leiros e impacta mais de mil municípios em 22 estados,” afirma Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), umas das 18 empresas e entidades participantes do Projeto AGORA, unindo empresas e entidades que fazem parte da cadeia produtiva da cana-de-açúcar.

www.unica.com.br

NÚMEROS DO SALÃO DO AUTOMÓVEL 42 marcas

de empresas nacionais e importadores oficiais

750.283 visitantes

450

diferentes modelos de automóveis

85.000

metros quadrados do Pavilhão de Exposições do Anhembi

180

expositores

4 milhões

de usuários em redes sociais

1,5 milhão

de visitas ao site oficial

105 mil

visitantes únicos no blog

50 anos

do Salão do Automóvel

VISÃO AMBIENTAL • setembrO/outubro • 2010

Fotos: Divulgação do evento

Os visitantes do Salão Internacional do Automóvel puderam notar em destaque a frase: “Gerando energia limpa com etanol brasileiro”. Ação da União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), para promover o etanol produzido no Brasil e reconhecido mundialmente. Dois geradores de 400kVA de potência, movidos a etanol – o mesmo etanol hidratado que pode ser encontrado em postos de combustíveis e que abastece os mais de 11 milhões de carros flex já vendidos no País. Desenvolvidos pela Vale Soluções em Energia (VSE), empresa criada pela Vale em sociedade com o BNDES para desenvolver equipamentos e sistemas de geração de energia ambientalmente sustentáveis, os geradores foram a única fonte de eletricidade para o estande do Projeto AGORA, que marca a estreia do setor sucroenergético nacional na principal exposição da indústria automobilística brasileira. “Toda a energia necessária para acionar o estande do Projeto AGORA virá desses geradores, movidos exclusivamente a etanol. Na comparação com os geradores convencionais, movidos a diesel, a redução nas emissões de gases causadores do efeito estufa que os geradores a etanol proporcionam é de 68%. O estande do Projeto AGORA trouxe ao Salão um diferencial marcante, porque além de mostrar carros, que é o que se espera em um evento assim, ele também trouxe informações fundamentais sobre a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, que hoje emprega mais de um milhão de brasi-

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VIsão Contábil

Roberto Vieira

Meio ambiente e contabilidade A contabilidade ambiental está em franco crescimento, e passa a ser um importante ramo da ciência contábil

VISÃO AMBIENTAL • setembrO/outubro • 2010

Roberto Vieira é gestor de negócios da Trevisan Outsourcing – filial Recife (PE). E-mail: roberto.vieira@trevisan.com.br.

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Durante séculos, o homem fez uso dos recursos naturais do planeta sem se preocupar com seu esgotamento ou com possíveis implicações no meio ambiente. Hoje, as consequências destas atitudes são percebidas com clareza. Diante disso, percebeu-se que as questões ambientais precisavam ser observadas com maior atenção. A década 1970 marca os primeiros esforços dos países para a resolução do problema, com a realização de assembléias e congressos com relação ao assunto. Mas foi apenas em 1992, no Rio de Janeiro (ECO-92), que o tema conseguiu chamar a atenção da sociedade como um todo. As empresas, como principais exploradoras dos recursos naturais e maiores empregadoras, assumem papel fundamental no debate destas questões. Assim, as grandes corporações passam a trabalhar com estratégias de longo prazo que alinham o uso dos recursos naturais com responsabilidade e atitudes que tragam benefícios socioambientais. Neste contexto, a contabilidade torna-se ferramenta ainda mais essencial na gestão dentro das empresas, pois ela é capaz de fornecer informações qualificadas para a administração das organizações, as ajudando nos planejamentos de longo prazo. Para isto, porém, faz-se urgente o aprofundamento do estudo da contabilidade ambiental e um maior envolvimento do profissional da área com esta temática.

Segundo a doutrina contábil atual, no âmbito ambiental, as empresas devem concentrar seus esforços em três diretrizes básicas: manter um gerenciamento ambiental condizente com a estrutura da empresa; divulgar periodicamente relatórios de sustentabilidade socioambiental; e informar nos relatórios contábeis tradicionais itens ligados ao meio ambiente. Gerenciar o meio ambiente possui uma série de detalhes. A questão ambiental vem se apresentando como uma importante variável para o mercado consumidor. Em contrapartida, porém, estes mesmos consumidores dificilmente comprarão um produto mais caro por ele ser ecologicamente correto. No que tange os relatórios de sustentabilidade, como ainda não existe um padrão global definido de divulgação das informações socioambientais, instituições independentes têm trabalhado no desenvolvimento de alguns modelos. A contabilidade ambiental pode ser definida como a ramificação da ciência contábil ocupada em classificar corretamente os eventos de cunho ambiental das empresas, segregando as informações de natureza operacional e ambiental e, a partir daí, gerar informações úteis e qualificadas para os usuários. Este é um ramo da ciência contábil em franca evolução, mas que é ainda necessário solidificar alguns conceitos essenciais. Desta forma, a contabilidade ambiental pode contribuir com ferramentas vitais na gestão da empresa – do processo de tomada de decisões à avaliação de desempenho – nesse momento de preocupação com o meio ambiente.


REVISTA • GESTÃO DE RESÍDUOS • TECNOLOGIA • SUSTENTABILIDADE

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VISÃO AGRÍCOLA

Kátia Abreu

O Brasil consegue produzir e preservar

VISÃO AMBIENTAL • setembrO/outubro • 2010

Brasil vai lançar proposta inédita de preservação e produção de alimentos na COP 16

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Kátia Abreu é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e Senadora da República pelo estado do Tocantins

O grande desafio dos brasileiros durante pampa e pantanal. Essas áreas servirão como a COP-16, que iniciou em 29 de novembro, modelos para a produção sustentável - funem Cancún, no México, é provar que o noscionarão como vitrines ambientais. so país, de forma inédita no planeta, está Nosso modelo de agricultura sustentável construindo seu desenvolvimento de forma é reconhecido mundialmente. Queremos sustentável. O Brasil é um dos maiores produmais. Além de exemplo na busca de soluções tores de alimentos do mundo e mantém 56% para reduzir a emissão de gases poluentes, do seu território com vegetação nativa. vamos participar efetivamente do esforço Mesmo com todo esse imenso patrimômundial de combate a fome no planeta. Vanio original preservado, que inclui a maior mos cumprir nossa vocação de produtores de floresta tropical úmida do mundo, a Amazôalimentos para garantir o cumprimento de nia, e a maior planície inundável, o Pantanal, uma das metas do milênio da ONU – reduzir, continuamos determinados a implementar pela metade, a fome no mundo até 2015. ações ambientais ainda mais audaciosas. Hoje convivemos com uma trágica reaComprometidos com o desmatamento zero lidade - mais de um bilhão de pessoas pasdas nossas florestas, os produtores de alisam fome no planeta, inclusive no Brasil. mentos do Brasil caO país está entre os minham, agora, lado “Produtores de alimentos, de que mais produzem a lado com a ciência. alimentos e as projeconhecimento, de ciência e A Confederação ções são de que, em da Agricultura e Petecnologia, ambientalistas e 15 anos, será o maior cuária do Brasil criou entre os produtores. agentes públicos podem, e o Projeto Biomas, em Provamos a força do parceria com a Emdevem, ser forças solidárias.” setor com números: a presa Brasileira de produção de alimenPesquisa Agropecuária, a Embrapa, para tos é responsável por um terço do PIB, dos financiar a preservação dos biomas brasiempregos e das exportações do Brasil. Temos, leiros, seis zonas biogeográficas distintas. portanto, potencial para multiplicar a produVamos fazer o lançamento mundial deste ção de alimentos sem derrubar sequer um projeto durante a COP 16. palmo de floresta nativa. É isso que sabemos Estamos destinando R$ 40 milhões, que fazer com excelência. Produtores de alimentos, de conhecimento, serão aplicados pela Embrapa, em nove anos de ciência e tecnologia, ambientalistas e agentes de pesquisas e em um plano de comunicação. públicos podem, e devem, ser forças solidárias. O projeto prevê a identificação e o estudo de áreas estruturalmente frágeis e a criação Nesta COP 16, temos mais uma oportunidade de firmar uma grande parceria em defesa dos de unidades demonstrativas, de 500 hectarecursos naturais sem prejuízos à segurança res em cada um dos seis biomas brasileiros: alimentar dos países e do planeta. amazônia, caatinga, cerrado, mata atlântica,


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