Ruminantes 6

Page 34

ECONOMIA

OBSERVATÓRIO Breves comentários e previsões sobre o mercado de matérias-primas Paulo Costa e Sousa Engº. Agrónomo - Director Comercial da Louis Dreyfus Commodities - Portugal Nota: Os preços e os cenários previstos para a evolução dos mercados de matériasprimas estão sujeitos a muitos imponderáveis e exprimem apenas opiniões profissionais à luz do melhor conhecimento num determinado momento. Assim, a Revista Ruminantes não garante a confirmação e/ou o cumprimento dos preços e previsões feitas sobre os preços das matérias-primas sujeitas à analise do Observatório dos Mercados, não constituindo assim ofertas de compra ou de venda.

COLHEITA RECORDE DE MILHO NO HORIZONTE Neste momento parece vislumbrar-se algum raio de esperança na próxima campanha de cereais. De cereais, não, de milho, uma vez que os cereais praganosos fortemente prejudicados pelo Inverno rigoroso não terão uma colheita muito brilhante, mesmo longe disso.

Assim sendo, a indústria europeia põe todas as suas esperanças numa só ficha, a colheita recorde de milho que se espera. Que se espera nos EUA, que se espera na Ucrânia e que se espera na UE.

O acréscimo nas áreas semeadas bem como a ressementeira de algumas superfícies de cereais praganosos com milho, fizeram com que o hemisfério Norte tivesse uma das maiores áreas semeadas de sempre. No entanto, se bem que até agora não haja nenhum motivo particular de sobressalto a história desta colheita ainda terá muitos capítulos por ler, a disponibilidade hídrica ou as temperaturas na floração são sempre causas de melhores ou piores resultados que poderão mudar todo o figurino de produção.

Em relação ao consumo, além da importância vital que a situação macroeconómica pode ter nos seus padrões, um ponto adicional poderá ser importante. Num ano em que o trigo poderá ser uma matéria prima com um preço superior ao milho, a sua substituição massiva por este deverá ocorrer. Não no caso português que já premeia o milho na sua formulação habitual, mas países como a Espanha, a Itália ou os países do Norte da Europa, que premeiam cevadas e trigos habitualmente, poderão encontrar-se com um diferencial amplo destes cereais em relação ao milho, o que fará inevitavelmente aumentar o seu consumo pondo um travão à sua queda acentuada mesmo que a produção se verifique abundante.

34

Ruminantes •Julho | Agosto | Setembro • 2012

Vindo isto a acontecer e comparando com o mesmo período do ano passado, tudo aponta para uns preços mais favoráveis para a indústria (e consequentemente menos elevados à produção) estando ainda por ver qual será realmente a sua produção final, qual será o diferencial para o trigo e como é que este diferencial afectará positivamente o consumo de milho, uma vez que os dados da colheita de cereais praganosos já se vislumbram com cortes em relação ao ano anterior.

No caso das proteínas, a palavra de ordem parece mesmo ser total incerteza e total volatilidade, já que vemos os preços mudar 15 euros “da manhã para a tarde”, o que pode transformar a compra num verdadeiro exercício de sorte. Em termos gerais, não parece haver nada particularmente baixista até à colheita americana de Setembro/Outubro, mas a paz tambem não é de modo algum garantida para depois.

Mais uma vez, as proteínas parecem querer encaminhar-se para um novo patamar de preços; tal como passaram do patamar de 300 euros para o patamar 400 euros, assim parecem dirigir-se em termos gerais para paragens mais altas, donde que cada baixa que apareça um pouco mais acentuada que o normal pode constituir uma boa oportunidade de compra. x


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.