Ruminantes29

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REPORTAGEM

“O programa ProCROSS dar-lhe-á a vaca perfeita, da forma mais fácil.” Quando e porquê começou a trabalhar com genética leiteira? Comecei a trabalhar em genética aos trinta e quatro anos e tenho agora sessenta e cinco, por isso já ando nestas andanças há algum tempo. Este projeto começou em 1995, fruto dos maus resultados que os produtores leiteiros estavam a ter em termos de fertilidade e longevidade, o que fazia com que estivessem fortemente dependentes da existência de animais de substituição. Como foi feita a escolha das raças que dariam origem ao programa ProCROSS? Começámos por recolher dados acerca das raças que poderiam ir ao encontro dos objetivos dos nossos produtores e, ao mesmo tempo, ajudar a reduzir os problemas que enfrentavam. A nossa lista inicial tinha vinte e duas raças, e acabou por ser reduzida a quatro: Jersey, Vermelha Sueca, Montbéliarde e Holstein. Mais tarde percebemos a supremacia da Vermelha Sueca sobre a Jersey, e optámos por excluir esta última do programa. Como é o panorama atual do crossbreeding nos Estados Unidos? Há quinze anos ainda existia bastante preconceito contra o crossbreeding por parte de alguns produtores. Hoje em dia temos mais de 500 efetivos a utilizar o programa, com dimensões que vão das 50 vacas às 30 000, em todo o país. Atualmente, mais de 10% das vacas leiteiras são cruzadas, correspondendo a perto de 1 milhão de animais. Há 20 anos, menos de 2% eram cruzadas. Como é o perfil dos vossos clientes? Há alguns anos, desloquei-me à grande maioria das explorações às quais prestamos assistência e, após conversar com os produtores e perceber em que ponto estavam, classifiquei-os numa escala de zero a dez, sendo dez a nota mais alta. Posso dizer que, em mais de 400 explorações, apenas dez não obtiveram uma das três classificações

14 ABRIL . MAIO . JUNHO 2018 RUMINANTES

mais altas. Acho que isso diz muito acerca do seu empenho. Qual a influência de ter vacas cruzadas nos custos da saúde do rebanho na exploração? O custo médio mensal em efetivos ProCROSS é de pouco mais de um dólar por vaca. Já em efetivos Holstein, este valor ultrapassa os catorze dólares. Em termos de retorno financeiro, as vacas ProCROSS trazem em média mais 251 dólares por vaca do que as Holstein, o que corresponderá a mais 18-25% de retorno total. E quanto à taxa de refugo? Quando começámos a trabalhar com vacarias Holstein, a taxa de refugo rondaria os 35-45%, e era devida em grande parte a problemas reprodutivos. Três anos depois de termos introduzido o programa de crossbreeding este valor tinha diminuído para valores entre 10 e 22%. Passámos então de uma situação em que não tínhamos animais de substituição suficientes para ter excesso destes mesmos animais em algumas vacarias ProCROSS. Essa situação tem sido um desafio? Sim. O facto de existirem muitos animais de substituição para venda, já que os produtores não precisam deles, faz com que possa ser difícil encontrar mercado para os vender. A outra solução passa por ampliar as instalações e colocar esses animais em produção. A longevidade destas vacas será então bastante satisfatória, não? Sim, bastante. Já temos animais de décima geração, e gosto sempre de

mencionar uma das nossas vacas, a qual chegou aos dezanove anos e pariu vinte vitelos saudáveis. Em média, no ano passado, os animais das explorações a que damos assistência chegavam às 4,2 lactações, sendo a média na Califórnia de 1,98 lactações. Estas vacas são mais adequadas a sistemas intensivos? Não exclusivamente, também temos explorações nas quais é praticado o pastoreio. São animais flexíveis, que se adaptam a ambos os tipos de produção, bem como a climas mais ou menos frios. Existem diferenças entre vitelos puros e cruzados? Atualmente, na Califórnia, os vitelos Holstein valem 50 dólares. Já os ProCROSS são vendidos por cerca de 200 dólares. E como é o ganho médio diário? O ganho médio diário dos nossos novilhos ProCROSS é de 1,4 kg/ dia, com valores de 1,0 kg/dia em novilhas. Como vê a evolução do ProCROSS nos EUA durante a próxima década? A consanguinidade irá ter tendência para continuar a aumentar nos efetivos Holstein, o que criará mais “convertidos” para o nosso lado, pois os produtores irão perceber que o programa ProCROSS é uma forma de contornar isso e obter bons resultados. Qual é, em suma, o maior benefício que um produtor poderá obter com este programa? O programa ProCROSS dar-lhe-á a vaca perfeita, da forma mais fácil.


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