Em Órbita n.º 41 - Junho de 2004

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Em Órbita

Quem seria o primeiro soviético na Lua? Quem seriam os cosmonautas que participariam numa missão lunar em Julho de 1969? No dia 18 de Junho de 1969 Kamanin indica que um grupo de cosmonautas composto por Bykovsky, Khrunov, Leonov, Makarov, Patsayev, Rukavishnov, Voronov e Yeliseyev, se encontram a trinar para uma missão à superfície lunar. Nas suas investigações, Vick e Pesavento tentam descortinar o paradeiro dos cosmonautas em Julho de 1969 chegando à conclusão que Bykovsky, Gorbatko e Khrunov seriam os cosmonautas que provavelmente participariam na missão lunar (Vick e Pesavento referem também que Kuklin, Leonov e Makarov se encontram em Baikonur, apesar de considerarem pouco provável a participação de Leonov em tal missão pois um mês antes encontrava-se de visita oficial ao Japão onde não teria seguido a linha oficial referindo aos jornalistas que seriam lançados veículos tripulados e não tripulados para a Lua por volta de Março de 1970). Vick refere que Khrunov lhe relatou que se encontrava no cosmódromo por altura do segundo lançamento do N1 e que teria chorado quando viu o veículo explodir, compreendendo que a corrida para a Lua estava definitivamente perdida. Seria esta uma reacção ao lançamento de um veículo não tripulado? De qualquer das formas a destruição do N1 significava que o lançamento de qualquer tripulação estava cancelado.

Quase um “photo-finish”.

Um veículo lunar L1 durante a fase de montagem. É de notar a grande quantidade de instrumentação colocada no topo do veículo e a escotilha lateral que permitiria a entrada no veículo. Possivelmente esta imagem retrate uma cápsula Podsadka. Imagem: RKK Energia.

A corrida para a Lua foi disputada até aos últimos dias. Oficialmente a União Soviética nunca enveredou por uma corrida à Lua referindo que jamais arriscaria a vida dos seus cosmonautas em façanhas tão perigosas que poderiam ser levadas a cabo por veículos automáticos não tripulados. O ocidente acreditou nesta posição soviética durante muitos anos chegando-se mesmo a referir que o dinheiro despendido pelos Estados Unidos nas suas missões lunares tripuladas teria sido gasto em vão pois nunca existira qualquer corrida à Lua.

Porém, desde os primeiros dias alguns observadores apontaram em outra direcção baseados em escassos dados inadvertidamente libertados pelos censores soviéticos. Notavelmente, Charles Vick sempre referiu a existência de um enorme programa secreto e totalmente dissimulado para colocar um cosmonauta soviético na Lua. A União Soviética esteve sempre na corrida para a Lua, mas perdeu. Mas somente agora, Charles Vick e Peter Pesavento mostram o quão perto esteve a União Soviética de ganhar esta corrida.

Uma incursão em Medicina espacial Por Maria Natália Botelho Que dificuldades, quais os procedimentos nas naves tripuladas para manutenção da vida? Que cuidados antes, durante e após os voos? Como funciona um Centro de apoio à vida a partir da Terra? Estes foram alguns dos assuntos tratados pelo Professor Doutor Boris V. Morukov que a convite do Museu de Farmácia e com o apoio da Academia de Ciências da Federação da Rússia se deslocou em 16 de Abril a Lisboa. A formação académica muito vasta lhe permite estar à vontade para falar nas questões de manutenção da vida a bordo de naves em longa permanência. A variedade de conhecimentos nas áreas de medicina naval, aérea e espacial assim como as licenciaturas em biologia e física e o doutoramento em Medicina o fizeram publicar 120 estudos científicos e ainda ter seis inventos patenteados. Esteve connosco um especialista em questões médico-biológicas da exploração espacial que tenta ajudar a resolver problemas de saúde como o da descalcificação óssea observados no espaço. Nesta conferência ouvimos falar das preocupações sobre o suporte de saúde nas estações espaciais, medicina preventiva e clínica dos voos. Na área da medicina preventiva realizou trabalhos na optimização do habitat sob o ponto de vista sanitário e de controlo de radiação desde a segurança na estação MIR até à preparação da ISS para permanência de pessoas. Uma das áreas de que raramente se fala quando se pensa nos voos humanos é a vertente psicológica. Nesse trabalho foi referido por várias vezes a expressão “reabilitação médica” e que se refere não só ao aspecto físico durante o voo mas sobretudo a todo o processo de readaptação do astronauta à vida na Terra após o seu regresso.

Em Órbita – Vol. 4 - N.º 41 / Junho de 2004

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