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Palestra de Abertura

A conferência anual de dois dias da “Vamos começar com uma Associação Internacional de Soja Responsável conclusão inescapável - (RTRS), realizada na sede do Rabobank (em precisamos produzir soja de Utrecht) nos dias 11 e 12 de junho de 2019, forma sustentável. O mundo só começou batendo o recorde de participação. terá futuro se for sustentável.” Com a participação de mais de 250 pessoas do mundo inteiro e de todas as partes da Berry Marttin, Rabobank cadeia de suprimentos da soja, a conferência de 2019 teve como tema central o aumento Marttin elencou uma série de medidas que o da demanda por soja responsável e o papel Rabobank - um banco focado na agricultura dos instituições financeiras, do governo e das - vem adotando para ajudar os produtores na cadeias de suprimento. transição para a soja responsável, inclusive O anfitrião do evento foi o Rabobank, um por meio do Fundo Agri3, um fundo dedicado banco internacional holandês com sede em para quem busca mudar suas práticas. Utrecht e membro de longa data da RTRS; o O banco também quer criar um novo Rabobank é líder global em financiamento sistema de classificação (rating) de clientes, de alimentos e agricultura e é conhecido alçando, pela primeira vez, a classificação de por seu posicionamento firme em relação à sustentabilidade (chamada de ‘e-rating’) ao sustentabilidade. mesmo patamar que a saúde financeira.

Berry Marttin, membro do Conselho Administrativo do Rabobank, abriu o evento junto com Marina Born, Presidente da RTRS. Ele é um banqueiro holandês que também administra uma fazenda de propriedade familiar no Brasil. Com experiência prática em praticamente todos os elos da cadeia da soja, Marttin conhece bem o setor - do campo até o até o prato. Ele citou o desafio duplo de alimentar uma população mundial crescente (150 pessoas se somam à população mundial a cada minuto) ao mesmo tempo que se reduz a pegada de carbono da produção mundial de alimentos, que atualmente equivale a 12 gigatoneladas de carbono e precisa ser reduzida a quatro gigatoneladas. A agricultura pode ser positiva do ponto do carbono.

“Como um banco de agricultores, buscamos liderar. Como podemos ajudar o planeta a se alimentar com sustentabilidade? De uma maneira que não destrua o planeta.”

Para atingirem o objetivo de sustentabilidade

O processo de redução da pegada de carbono inclui ações para sequestrar mais carbono da terra por meio de práticas agrícolas inovadoras que, futuramente, prometem retornos na forma de carbono comercializável; o banco está justamente investigando como comerciar esse carbono. Berry Marttin, Rabobank “O negócio agrícola é volátil. A responsabilidade compartilhada foi um muda. Precisamos tornar tema recorrente da conferência, além de um as cadeias de valor mais tema prioritário na introdução do Rabobank. resilientes.” Os preços oscilam. O clima em toda a cadeia de valor, as ações precisam Berry Marttin, Rabobank ser compartilhadas e não podem ficar apenas nas mãos dos consumidores (em termos de maior preço) ou dos produtores (maior custo). O discurso de abertura do Rabobank concluiu com os temas de transparência, conscientização dos consumidores e A visão global do Rabobank para o futuro maior demanda por mais sustentabilidade leva em consideração a nutrição humana, a no mercado: como os consumidores são distribuição da fome em nível global, o futuro influenciados? Qual é o nosso plano de da nutrição e como equilibrar tudo isso com engajamento? Como o Rabobank pode a redução da pegada de carbono. apoiá-lo?

LIDERANÇA GLOBAL

Marina Born, Presidente da RTRS, agradeceu ao Rabobank por sediar a RT14 e por seu apoio contínuo à RTRS. Considerandose a importância do financiamento para a RTRS, juntamente com a demanda e as políticas globais, parece bem adequado que a conferência ocorra na sede de uma instituição financeira que exerce um papel de liderança global em matéria de soja responsável.

Ao lançar a Iniciativa Colaborativa de Soja convocada pela RTRS, que reúne vários esforços e iniciativas em um só local para promover compromissos globais com a sustentabilidade, Marina Born falou sobre os planos de fortalecer o papel vital da RTRS no estímulo ao diálogo e à cooperação. O desafio, segundo ela, é conseguir “um engajamento maior, melhor e mais profundo’.

Em seguida, a Presidente da RTRS apresentou a próxima palestra da manhã, de Heleen van den Hombergh, Consultora Sênior de Agrocommodities da IUCN na Holanda.

Heleen van den Hombergh discorreu sobre os estudos recentes da IUCN NL sobre padrões de certificação de soja. Em sintonia com o Rabobank, ela afirmou que a soja responsável e livre de desmatamento é importante para a consecução de diversos objetivos: colheitas saudáveis, a preservação de espaço para a natureza e o combate às mudanças climáticas.

Acelerar a adoção da soja sustentável deve ser uma ação prioritária. Será que isso é possível apenas com o cumprimento da lei? A lei oferece, sim, um certo grau de proteção, mas também permite o desmatamento de até 110 milhões de hectares e a conversão legal de muitos outros pastos e savanas em todo o Brasil, Argentina e Paraguai, afirmou van den Hombergh (IUCN NL 2019, Uma análise das leis existentes sobre proteção florestal). Cumprir a lei é importante, mas não é suficiente.

A VISÃO DA IUCN NL

Heleen van den Hombergh outlined the vision of IUCN NL on elements necessary for the good governance of agrocommodities such as soy: • Enabling finance – both green finance but also greening regular finance; • Shifting consumption patterns and more land efficient production models – also for protein; • Capacity building, among others with producers; • Better landscape planning; • Good monitoring; and last but not least • Application of robust commodity standards, which she described as ‘oil on the wheel’ of good governance.

The Amsterdam Declarations Partnership and other platforms are striving for deforestation free value chains, but are we making sufficient progress? In 2017 only 22% of European soy use was verified by standards compliant with FEFAC soy sourcing guidelines, she told the conference, and within that only 13% was verified deforestation-free by standards (European Soy Monitor, IDH and IUCN NL 2019).

A Profundo fez uma comparação para a IUCN NL dos padrões que cumprem com as diretrizes de aquisição de soja usadas pela FEFAC. O padrão é livre de desmatamento? Evita a conversão de ecossistemas de valor? Protege as zonas úmidas? Além disso, qual é o nível de garantia - p. ex., a quantidade e a qualidade da verificação? Existem muitas diferenças entre os padrões. Oito dos 17 padrões examinados podem ser chamados de livres de desmatamento (Profundo 2019, Definindo o padrão da soja livre de desmatamento na Europa). A RTRS se destaca como “líder de mercado em qualidade” se combinarmos os critérios de conservação e de garantia, van den Hombergh disse aos participantes, embora outros padrões também tenham as suas funções - por exemplo, no suprimento físico de soja não-OGM. A adoção do padrão RTRS e de outros padrões de soja responsável e livre de desmatamento deve - e pode - melhorar na Europa. “Há várias razões para não agir, mas também há muitas outras razões para agir.”

Heleen van den Hombergh, IUCN NL

Referindo-se à RTRS como líder de mercado em qualidade de garantia, ela disse aos participantes que todos os padrões mapeados têm uma função. Os resultados de seu trabalho podem ser usados para incentivar as ações de atores específicos da cadeia da soja: Traders - para se tornarem mais transparentes em relação aos padrões aplicáveis. Varejistas - para exigirem soja bem verificada, livre de desmatamento e conversão, resumindo o que van den Homberg chamou de “paisagens de risco’. Setor financeiro - para mobilizarem financiamento verde para as paisagens de risco. Governos da União Europeia (UE) - para optarem por compras públicas verdes, um plano de ação forte em nível da UE e também planos de ação nacionais. E também recorrerem à “diplomacia verde” em apoio aos países produtores.

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