Revista Rostos Online N11

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NÚMERO 11 JANEIRO/FEVEREIRO 2014

Fátima Lopes

«EU SOU BARREIRENSE. DIGO-O COM ORGULHO» Barreiro é uma terra de gente extraordinária, de gente empreendedora, de gente com muita garra de vencer.


FOTOS DO ANO

2013


PRODUÇÃO REGISTOSDE E HISTÓRIAS SENTIDOS

DIVULGAR O QUE DE MUITO BOM FAZEMOS E TEMOS /// TEXTO: ANTÓNIO SOUSA PEREIRA

Nas diferenças, multiculturalidade e diversidade da nossa região

A revista «Rostos on line» vai contar com quatro edições no ano 2014. Há uma experiência adquirida, um trabalho realizado com este projecto que temos vindo a avaliar e consideramos globalmente positivo. Ao longo do ano 2014 a «Revista Rostos on line» vai ser objecto de um tratamento jornalístico especifico e temático, que, na verdade os nossos leitores vão ter a oportunidade de acompanhar nas suas diferentes edições. No fundamental iremos procurar ir ao encontro da estratégia inicial dos primeiros números, dando-lhe uma dimensão na área cultural, de divulgação de percurso de vida e apresentação de projectos inovadores. No quotidiano sentimos que a nossa região pulsa, dinamiza projectos, promove a criatividade, mas, depois, muitos desses projectos não têm visibilidade e ficam apenas no conhecimento de públicos específicos ou especializados. O nosso objectivo é descobrir a região. O nosso objectivo é divulgar o que de muito bom fazemos e temos. Sabemos que este projecto tem um impacto positivo, pois, na verdade, cada edição, contam sempre com largos milhares de leitores directos. Neste projecto onde queremos fazer a ponte entre o jornalismo on line e o jornalismo off line, com experiência pioneira e a primeira do género no distrito de Setúbal, queremos abrir um novo caminho, com reportagem, entrevista e o con-

vite a alguns dos colunistas para que escrevam artigos temáticos, de acordo com as matérias de cada edição, assim como darmos a conhecer teses ou estudos de âmbito académico. Esta revista é a primeira do ano 2014. Marca o retomar do projecto e tem por trás as linhas estratégicas que iremos colocar no centro do trabalho futuro. Não queremos que a «Revista Rostos on line» seja apenas um produto jornalístico, queremos que nas suas próximas edições ela seja uma peça que dê um contributo concreto e especifico para fazer a diferença, tornando-se uma referência ao nível cultural. A identidade de uma região afirma-se pela consolidação e valorização da sua criatividade, pelas suas dinâmicas de construção do presente e preservação das suas memórias. Memórias que são o fruto de percursos, de diferenças, de multiculturalidade, de diversidade, que dão à nossa região um pulsar muito próprio e que é, sem dúvida, uma referência para o país. Contem com a «Revista Rostos on line». Enviem sugestões. Apontem pistas. O jornalismo só faz sentido se contribuir para escrever o presente, abrindo, assim, as portas à história do futuro e fazendo da memória de hoje, um pouco, aquilo que vai restar como sendo a nossa memória futura.

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REGISTOS E HISTÓRIAS

Registos e Histórias – página 8 a 10

Raquel Varela no do «Congresso Trabalho e Movimento Operário» - Barreiro «Sopa dos Pobres tem uma designação moderna são Cantinas Sociais» “O conceito proletário é mais que classe trabalhadora” – referiu Raquel Varela, na A Conferência de Encerramento do «Congresso Trabalho e Movimento Operário», acrescentando que “Proletário é aquele que não tem mais nada para vender se não a sua força de trabalho”. Registos e Histórias – página 11 e 12 Jogo de Janelas» de Francisco Ceia

«Contribuir para não haver esta resignação e para a indignação» “Essas janelas que Abril abriu – como disse o outro poeta – essas portas, eu também as vivi, joguei futebol, fiz teatro e vivi, porventura, aquilo que hoje estou a fazer é a encontrar-me ou reencontrar-me com essas memórias de muitos anos, de muitas pessoas, de muitas vivências um pouco por todo o lado” – refere Francisco Ceia, numa breve conversa com o jornal «Rostos», a propósito do seu livro «Jogo de Janelas». Mosaicos da Região – página 19 Jorge Sampaio ex-Presidente da República no Barreiro «O meu pai foi um grande lutador pela saúde pública»

Jorge Sampaio e Daniel Sampaio estiveram presentes na inauguração da Unidade de Saúde Pública Arnaldo Sampaio, que vai funcionar no Lavradio, junto ao Centro de Saúde. A Unidade de Saúde recebeu o nome de Arnaldo Sampaio em memória de um dos fundadores da Saúde Pública, em Portugal. “Fiquei contente. O meu pai foi um grande lutador pela saúde pública. Foi convidado a ficar lá fora mas quis voltar e trabalhar pelo país.” - sublinhou Jorge Sampaio.

Director: António Sousa Pereira sousa_pereira@rostos.pt; Redacção: Claudio Delicado, Maria do Carmo Torres; Colaboradores Permanentes: Marta Sales Pereira, Luís Alcantara, Rui Nobre (Setúbal), Ana Videira (Seixal); Colunistas: Manuela Fonseca, Ricardo Cardoso, Nuno Banza, António Gama (Kira); Carlos Alberto Correia, Pedro Estadão, Nuno Cavaco e Paulo Calhau; Departamento Relações Públicas: Rita Sales Sousa Pereira; Departamento Comercial: Lurdes Sales lurdes@rostos.pt; Paginação: Alexandra Antunes xana@rostos.pt; Departamento Informático: Miguel Pereira miguel@rostos.pt Contabilidade: Olga Silva; Editor e Propriedade: António de Jesus Sousa Pereira; Redacção e Publicidade: Rua Miguel Bombarda, 74 - Loja 24 - C. Comercial Bombarda - 2830 - 355 Barreiro - Tel.: 21 206 67 58/21 206 67 79 - Fax: 21 206 67 78 E - Mail: jornal@rostos.pt; Website: www.rostos.pt; Nº de Registo: 123940; Nº de Dep. Legal: 174144-01;

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REGISTOS E HISTÓRIAS

Fátima Lopes

Barreiro é uma terra que está no meu coração «Eu sou barreirense. Digo-o com orgulho» “O Barreiro é uma terra que está no meu coração. Está, e estará sempre, porque muito daquilo que eu sou são fruto das minhas vivências no Barreiro. É uma terra de gente extraordinária, de gente empreendedora, de gente com muita garra de vencer” – referiu Fátima Lopes numa conversa com o jornal «Rostos».

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átima Lopes lançou no fim do ano 2013, o seu último livro «Mães e Filhas – com história», no âmbito das acções de lançamento marcou presença no Barreiro, no Pingo Doce, numa manhã que encheu o espaço com o seu sorriso, amabilidade e comunicação aberta. Num intervalo da azáfama de assinatura de autógrafos, ali, enquanto saboreava uma bolinha de manteiga, conversou com o jornal «Rostos». Sublinhava, a sua felicidade de vir ao Barreiro e sentir o sabor «solidário» das «Bolinhas de Manteiga». SOU NASCIDA E CRIADA NO BARREIRO Fátima Lopes, nasceu no Barreiro, na Clinica Laura Seixas, onde nasceram mais de dez mil barreirenses, foi registada em Lisboa, e com um sorriso nos olhos, afirma – “Eu nasci

no Barreiro, sou nascida e criada no Barreiro”. Viveu na zona do Alto da Paiva e frequentou o Ensino Primário, no «Viveiro Infantil», no Barreiro até concluir a 3ª classe. Seus pais foram para Moçambique e Fátima Lopes acompanhou sua família nessa deslocação até à então colónia Portuguesa, onde viveu durante três anos. “Quando voltámos fui estudar para a Escola Álvaro Velho e depois frequentei a Escola de Casquilhos”- recorda. REDESCOBRIR OS SÍTIOS DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Na nossa conversa com Fátima Lopes, interrogámos qual o seu sentimento sempre que se desloca ao Barreiro. “Quando regresso é um misto de sentimentos. Eu vivi aqui até aos meus 20 anos. Aqui estudei, aqui pratiquei desporto, na Quimigal, aqui fiz os meus amigos. Aqui tenho uma parte da família e sempre que aqui regresso, venho naquela atitude de descobrir as mudanças. Ah, isto não havia ali, ah, mas isto mudou, sabe é sempre aquela coisa da redescoberta. Normalmente, venho ao Barreiro, nestas sessões de autógrafos, não tenho muita família cá, tenho alguma família, mas, regularmente onde nos encontramos é na casa da minha mãe, por isso não tenho necessidade de vir ao Barreiro, porque os almoços e encontros familiares são na casa da minha mãe. Venho pouco ao Barreiro. Quando venho sabe-me bem, faz-me bem, passar nos sítios por onde passei milhões de vezes, na minha infância e da minha adolescência”. JANEIRO/FEVEREIRO -

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BARREIRO É UMA TERRA QUE ESTÁ NO MEU CORAÇÃO Na nossa conversa sublinha que está sempre atenta às notícias do Barreiro. “O Barreiro é uma terra que está no meu coração. Está, e estará sempre, porque muito daquilo que eu sou são fruto das minhas vivências no Barreiro. É uma terra de gente extraordinária, de gente empreendedora, de gente com muita garra de vencer. Eu não nasci num berço de ouro, fui criada, com gente que não vinha de num berço de ouro e isso foi óptimo para a minha formação.

É uma terra que eu digo que é minha e que eu digo com muito orgulho: Eu sou barreirense. Digo-o com orgulho.” UM TEMA QUE SEMPRE ME APAIXONOU Que razão motivou a escolha do tema «Mães e Filhas» para este seu livro? – perguntámos. “Este é um tema que eu gosto particularmente, por ser mãe, por ser filha, por dar muita importância à relação que tenho com a minha mãe, por dar muita importância à relação que tenho com a minha filha. É um tema que sempre gostei e sempre me apaixonou, por outro lado gos6 /// REVISTA ROSTOS ONLINE

to muito de história, sempre li livros de história. Por isso, resolvi juntar os dois temas, sobre a relação mães e filhas na história, até porque não havia muita informação sobre a relação mães e filhas na história, o que procurei foi com base nas informações que existem, procurei fazer a minha interpretação, dessa relação das mulheres, com as mães e com as filhas. MULHERES QUE ESTAVAM À FRENTE DO SEU TEMPO Que razão a levou a escolher estas

mães e mulheres que viveram em momentos de mudanças? “Porque são duplas com impactos. Além de tudo o que elas têm para passar aos leitores em termos emocionais e das relações mães com as filhas, há o impacto da própria época que elas viveram, até porque, muitas das mulheres tratadas neste livro, são mulheres à frente na sua época. Isso para mim foi importante, tive isso em atenção, o tipo de cada uma delas, naquilo que elas podiam transmitir ao leitor, mas também pela própria época que estavam inseridas. E como lhe disse, há muitas das mulheres aqui retratadas, que estavam à frente do seu tempo.

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EXPERIÊNCIAS DIFERENTES DE SER MÃE E FILHA Porque escolheu todas ao nível da monarquia? “Elas fazem parte da história. Foi uma escolha com uma ordem cronológica. Se me perguntar porquê, digo que é a minha escolha pessoal, foi uma escolha que me cativou, não tem uma razão especifica, é a minha escolha, é completamente pessoal. As mulheres que escolheu também são profundamente religiosas? “Não. Não são todas profundamen-

te religiosas, pelo contrário, algumas têm uma relação distanciada da Igreja. Cada dupla transmite uma experiência diferente de ser mãe e filha.” UMA MULHER QUE TRANSMITIU VALORES Alguma destas personalidades a marcou? “Sim, a dupla D. Filipa de Lencastre e D. Isabel de Borgonha, talvez seja a dupla que eu me identifico muito mais, pelo tipo de relação que tinham, pelo tipo de cumplicidade, pelo facto de ter sido uma mãe que naquela época, ter sido uma mulher que deu um amor incondicional aos filhos, pela formação e


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pelos valores que D. Filipa transmitiu a D. Isabel de Borgonha, talvez seja a dupla com a qual me identifico mais.” O HOMEM FOI A CARA VISÍVEL DA ACÇÃO DA MULHER Ao escrever este livro fica com a convicção que a mulher tem um papel determinante na história? “Absolutamente determinante. Aliás, há alguns momentos da história, que se pensa que o homem foi principal, mas não, o homem foi a cara visível da acção da mulher” Não é uma interpretação feminista?

“Não, não, é uma realidade histórica. Há muitos homens na história, que eram os reis, mas todas as suas decisões eram profundamente influenciadas pela mulher que tinham, como é o caso da D. Leonor de Teles, é uma mulher que a partir do momento que casou com D. Fernando, ela, na verdade, decidia, ela é que influenciava em cada uma das decisões e ele assumia-as publicamente. Ela preparava tudo nos bastidores”.

esse afecto o mais possível” .

APAIXONANTE SER MÃE E SER FILHA

MULHERES NA HISTÓRIA

Foi filha, é mãe. Com sente esses seus dois papeis? “Acho que são os papéis mais apaixonantes desta vida, ser mãe e ser filha. E também são os mais compensadores, acho que nada preenche tanto o nosso coração, como quando estabelecemos uma relação forte e uma relação muito genuína com os nossos filhos, e manter essa relação com as nossas mães até ao fim dos dias, alimentando sempre

O livro «Mães e Filhas – com História», de Fátima Lopes, da editora «A esfera dos Livros», faz uma abordagem da relação entre mães e filhas na história – o amor cúmplice, obsessivo, castrador, incondicional, avassalador, as diferentes formas de amar numa relação única e insubstituível. Uma obra que vale a pena e que nos faz viajar por dentro de épocas que marcaram a história da humanidade.

Barreiro solidário com «Bolinhas de Manteiga» “Se eu viesse cá eu não levasse as Bolinhas de Manteiga, o Barreiro é que ficava mal, o Barreiro para ser solidário trás sempre as suas bolinhas” – comenta com um sorriso, agradecendo a oferta que foi feita pelo Senhor João da Pastelaria Moderna, do Barreiro.

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REGISTOS E HISTÓRIAS

Raquel Varela no do «Congresso Trabalho e Movimento Operário» - Barreiro

«Sopa dos Pobres tem uma designação moderna são Cantinas Sociais» . «Nunca houve historicamente tantos proletários como há hoje em Portugal» . Pessoas que vivem do seu trabalho ronda os 5,5 milhões “O conceito proletário é mais que classe trabalhadora” – referiu Raquel Varela, na A Conferência de Encerramento do «Congresso Trabalho e Movimento Operário», acrescentando que “Proletário é aquele que não tem mais nada para vender se não a sua força de trabalho”. “Portugal está a passar um processo de pauperização e proletarização da força do trabalho” – sublinhou.

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Conferência de Encerramento do «Congresso Trabalho e Movimento Operário», teve como tema: “A proletarização dos Trabalhadores no Portugal Contemporâneo”, sendo prelectora Raquel Varela. A investigadora começou por sublinhar a importância do “ressurgimento das questões sociais em Portugal”. Referiu que – “não há uma história da proletarização em Portugal”, existindo apenas “notas e contributos” que podem ajudar a compreender a história dos proletários, acrescentando que – “nunca houve historicamente tantos proletários como há hoje em Portugal”. PESSOAS QUE VIVEM DO SEU TRABALHO RONDA OS 5,5 MILHÕES Raquel Varela, considerou necessário aprofundar a análise do conceito “classe trabalhadora”, uma classe que “deixou de ter trabalho certo”.

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Recordou que a proletarização em Portugal, com raízes no século XIX, desenvolve-se a partir da implementação de «programas assistencialistas», que nada têm a ver com «estado social» e “geram o fenómeno da proletarização”. Referiu que “nunca a população activa em Portugal foi tão grande”, fenómeno que se intensificou, a partir dos anos 60, com a entrada da mulher no mundo do trabalho. A população activa – “pessoas que vivem do seu trabalho” ronda os 5,5 milhões. “O conceito proletário é mais que classe trabalhadora” – salientou, acrescentando que – “proletário é aquele que não tem mais nada para vender se não a sua força de trabalho”. Raquel Varela referiu que “não sabemos exactamente qual a dimensão da classe trabalhadora”, porque não há dados sobre a dimensão do “trabalho infantil”ou “trabalho ao domicilio”.


REGISTOS UM OLHAR E HISTÓRIAS NA CIDADE

Distinção Rostos do Ano 2012 Área Associativismo

ARTESFERA

PROLETARIZAÇÃO NÃO É ESCRAVATURA Na sua intervenção referiu que “proletarização não é precarização” e que “proletarização também não é escravatura”. “O trabalhador vende a sua força de trabalho para sobreviver” – referiu. Recordou que a proletarização típica “é a proletarização por expropriação” resultante da “expropriação dos camponeses e sua transformação em proletários”. Em Portugal viveu-se um processo de “semi-proletarização”, referindo os efeitos da Lei do Morgadio e a importância da Revolta da Maria da Fonte. PROLETARIZAÇÃO É A

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REGISTOS E HISTÓRIAS

“O estrangulamento fiscal foi sempre uma forma de proletarização” – acrescentando ainda “o estrangulamento de crédito”. “Um Médico é um proletário. Um Médico com uma Clinica Privada é um pequeno empresário” – salientou. SOPA DOS POBRES TEM UMA DESIGNAÇÃO MODERNA: SÃO CANTINAS SOCIAIS

EXPROPRIAÇÃO DOS MEIOS DE VIDA No contexto actual “Portugal está a passar um processo de pauperização e proletarização da força do trabalho” – sublinhou Raquel Varela. “Proletarização é a expropriação dos meios de vida das pessoas que tinham alguns meios para sobreviver” – referiu. PUB

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“A proletarização conduz ao desemprego” – salientou Raquel Varela, acrescentando que – “o processo de criação massiva de desemprego tem uma acção na proletarização”. “A proletarização dá-se a para da criação de práticas assistencialistas. Um Estado Social forte não cria acção assistencialista” – referiu a investigadora. “A Sopa dos Pobres tem uma designação moderna são Cantinas Sociais” – afirmou Raquel Varela. Recordou que o Estado Novo manteve os regimes assistencialistas e nos anos 80 o processo de pré-reformas massivas foi um programa assistencialista – “o Estado criou o desemprego”.


REGISTOS E HISTÓRIAS

«JOGO DE JANELAS» DE FRANCISCO CEIA

«Contribuir para não haver esta resignação e para a indignação»

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ssas janelas que Abril abriu – como disse o outro poeta – essas portas, eu também as vivi, joguei futebol, fiz teatro e vivi, porventura, aquilo que hoje estou a fazer é a encontrar-me ou reencontrar-me com essas memórias de muitos anos, de muitas pessoas, de muitas vivências um pouco por todo o lado” – refere Francisco Ceia, numa breve conversa com o jornal «Rostos», a propósito do seu livro «Jogo de Janelas». No final de mais um encontro de apresentação do seu livro «Jogo de Janelas», que decorreu na SFAL – Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense, no Barreiro, Francisco Ceia, falou com o jornal «Rostos», numa conversa que proporcionou um «mergulho» nas suas memórias. CONTRIBUIR PARA NÃO HAVER ESTA RESIGNAÇÃO Que te motivou a escrever o teu livro «Jogo de Janelas«? “Houve um dia, sentei-me, peguei na guitarra, para escrever mais uma canção. Indignado. Todos estamos indignados. Foi isso que eu fiz, escrever mais uma canção. A partir de uma certa altura, esse pequeno regato, deixou de ser uma canção, passou a ser uma canção já com algum caudal. A determinada altura percebi que já não era mais uma canção, a canção dessa indignação, ou dessa não resignação, a minha forma de gritar, porque se tratou e trata-se de um grito no inicio do livro, veio a desencadear o rio em que se transformou, as vozes e os afluentes que fui encontrando pelo caminho, que o foram tornando mais

forte, mais frágil, onde, verti algumas lágrimas, onde soltei muitas gargalhadas e a aventura em que tudo isto se tornou, fui abrindo janelas, foram aparecendo pessoas, a debruçar-se nos parapeitos. Como tu sabes, as janelas dá para ver de dentro para fora, mas também dá para ver de fora para dentro, é isso que eu acho ( eu não gosto da palavra acho, porque este é um país de achistas, estão sempre a achar qualquer coisa). O que eu sinto, todos os dias quando estou nestes encontros com as pessoas, vai para os cinquenta, esse olhar, essa janela escancarada, também é para dentro, este livro é o meu dentro, que eu escancarei e escancaro. Este livro é aquilo que eu sou, aquilo que eu dou, com o livro e as minhas canções, é aquilo que eu sei fazer, ou seja, é o que eu posso contribuir para não haver esta resignação e para a indignação. O MUNDO É MAIS QUE A TELEVISÃO Choraste a escrever este livro? Que te levou a chorar? “Sim, algumas vezes. O episódio concreto do clarinetista, é um exemplo. Nunca estive num campo de concentração. Mas todos nós estivemos lá um bocadinho, é disso que se trata, até onde o ser humano foi e muitas vezes continua a ir, porque todos os dias nos entra pela casa, naquela janelinha que eles dizem que é uma janela que mostra o mundo, eu digo, que é uma janela que reduziu o mundo àquele tamanho, porque o mundo é mais que a televisão, e a prova foi este momento que vivemos aqui JANEIRO/FEVEREIRO -

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REGISTOS E HISTÓRIAS

hoje, nesta apresentação”. ESTAS JANELAS SÃO AS PESSOAS A ideia de janela no teu livro é uma visão do mundo moldado por essa janela no tempo de hoje? “Não, não! Estas janelas não tem caixilhos, estas janelas são as pessoas, é o parapeito, é isso mesmo o para… peito.” CANÇÕES SÃO PEQUENAS ESTÓRIAS Porque começaste o teu livro com poesia? “Porque é uma canção. Eu normalmente escrevo as canções assim, as canções são isso, são pequenas estórias, pequenos poemas. Foi assim que ele nasceu” SOLIDÃO DE ESCREVER É PARTILHADA NESTES MOMENTOS Que resultado pretendes alcançar com este teu livro? “Todos os dias, que encontro as pessoas nestas chamadas apresentações, que eu prefiro encontros, todos os dias, tenho o reconhecimento, o prazer de quando a solidão que é o acto de estar a escrever, depois, é partilhada nestes momentos, aí, é o máximo que se pode atingir, pelo menos eu sinto essa riqueza. Não há um objectivo. O objectivo se calhar é continuar a escrever” DESDE OS MEUS DOZE ANOS QUE ESCREVO Vias continuar a escrever? “A essa pergunta só respondo na presença do meu advogado. É assim, eu nunca deixei de escrever, desde miúdo, desde os meus doze anos que escrevo. Vou contar uma história. Quando tinha quinze anos, eu esfregava os olhos, propositadamente, para os ter vermelhos, para ficarem, se quiseres, com ar doentio, que era para ser escritor, um artista. Quando temos catorze anos fazemos estas loucuras. Esfregamos os olhos. Eu li o Kafka, quando tinha 14 ou 15 anos, e nessa altura sonhava ser escritor. Depois deixei esse sonho, e pensei. Francisco, olha a vida a correr ao teu lado. Não te esqueças que o 25 de Abril foi pouco tempo depois dos meus 14 anos. Essas janelas que Abril abriu – como disse o outro poeta – estas portas, eu também as vivi, joguei futebol, fiz teatro e vivi, porventura, aquilo que hoje estou a fazer é a encontrar-me ou reencontrar-me com essas memórias de muitos anos, de muitas pessoas, de muitas vivências um pouco por todo o lado” S.P.

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REGISTOS FIXANDO E HISTÓRIAS NO TEMPO

Barreiro Toastmasters Club

É oficializado clube pelo Toastmasters Internacional No dia 9 de Dezembro, no Restaurante «China do Rina», no Lavradio, concelho do Barreiro, decorreu um jantar- reunião do Barreiro Toastmasters Club, evento que assinalou a oficialização do Clube. Jorge Dias, presidente do clube, salientou que, após oito meses de actividade, “temos mais membros dos que são exigidos pelo Toastmasters Internacional para sermos reconhecidos”.

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Movimento Toastmasters Internacional foi fundado há 89 anos, conta actualmente com 292 mil membros, espalhados por cerca de 122 países, distribuídos por 14.350 clubes. No reconhecimento do «Barreiro Toastmasters Club» como membro da rede internacional, marcaram presença clubes no Montijo, Setúbal, Almada, Oeiras, ISCTE, Universidade Nova e Beja por vídeo conferência. MÉTODO DE APRENDIZAGEM POSITIVO E INTERACTIVO O clube Toastmasters tem como missão apoiar o desenvolvimento de cada membro nas competências de comunicação, liderança utilizando o método de aprendizagem positivo e interactivo entre os membros do clube. O clube funciona como uma «academia de treino», onde cada um dos membros poderá praticar o seu

discurso e dar feedback, ajudando desta forma a aumentar a autoconfiança e o crescimento pessoal. A Toastmasters Internacional é uma organização sem fins lucrativos, vocacionada para os seus membros, fundada por Dr. Ralph C. Smedley (1878-1965). É reconhecido como líder mundial na arte de comunicar (falar, ouvir e pensar) e na formação de líderes. A sua actividade é desenvolvida a partir da Sede Mundial em Rancho Santa Margarita, Califórnia, E.U.A. Em Portugal, o clube encontra-se activo em diversos distritos no Porto, Braga, Coimbra, Castelo Branco, Madeira, São Miguel, Lisboa, Setúbal. PALAVRA «JÚBILO» QUE SIGNIFICA «GRANDE ALEGRIA». O jantar- reunião do «Barreiro Toastmasters Club» decorreu sob a proposta de Elias Reys, que apresentou como sugestão para os trabalhos a

palavra «Júbilo» que significa «grande alegria». Jorge Silva, presidente do «Barreiro Toastmasters Club» , sublinhou a importância da entrega, o sentido do discurso e capacidade vocal, o ritmo e a atenção que deve ser dada ao “significado das palavras”. Foi a introdução para dar o pontapé de saída para mais uma reunião de convívio e partilha de saberes. TODOS NÓS SOMOS LÍDERES, LÍDERES DE NÓS PRÓPRIOS Ivan Garcia, foi o primeiro orador, com um discurso de nível 6, falou de líderes e liderança, a influência de grandes líderes na história da humanidade. Referiu que “um líder faz-se, constrói-se” ele é “resultado das vivências e identidade das pessoas”. Um líder altruísta que luta por causas nobres – “está próximo das pessoas” e “é respeitado”. Um líder que usa a “força”, a “au-

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FIXANDO NO TEMPO

toridade”, a “hierarquia” impõe a sua liderança “pelo domínio do medo” – é “uma ditadura”, é “uma tirania”. “Todos nós somos líderes, líderes de nós próprios, líderes na família, líderes numa equipa de trabalho” sublinhou Ivan Garcia. Todos os discursos durante a reunião são avaliados, na sua dimensão gramatical, na sua intensidade, na sua temporalidade. INFORMAÇÃO EM EXCESSO PODE SER PREJUDICIAL Paulo Filipe, foi o autor do segundo discurso, tendo como tema – “informação é poder” – “conhecimento é poder”, alertou para os tempos que vivemos, onde a “informação em excesso pode ser prejudicial”, citando August Curie. Referiu que 80% dos jovens têm pensamentos de insegurança em relação aos outros e que 75% dos executivos são despedidos, não por incompetência, mas “por causa das emoções”. Sublinhou que nos tempos actuais “vivemos sob o síndroma do pensamento acelerado” e com abundância de informação no nosso cérebro. “Ter personalidade é fundamental para tomar decisões” – referiu, alertando para o facto de “abundância de informação” criar dificuldades de “sociabilidade” e de “aquisição de uma personalidade definida”. “Precisamos de dar mais descanso ao nosso cérebro” – salientou Paulo Filipe, sugerindo como metodologia de acção que “vivamos um objectivo de cada vez”, “façamos momentos de descanso” , de forma a termos “uma vida mais calma”. FALAR EM PÚBLICO TORNA-SE UMA OPORTUNIDADE Após os dois discursos, agendados, os membros do clube são convidados para um segundo momento de “discursos de improviso”. Os voluntários falam sobre o que entendem ou sobre um tema de momento, fruto do próprio ambiente – “o objectivo e aprender a superar os obstáculos, ligando o discurso à acção, tomando consciência da importância de falar em público, porque afinal – “falar em público torna-se uma oportunidade”.

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«TER PERSONALIDADE É FUNDAMENTAL PARA TOMAR DECISÕES»


REGISTOS UM OLHAR E HISTÓRIAS NA CIDADE

Situação e Perspectivas do Comércio e Serviços em debate no Barreiro

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oão Pedro Soares, presidente da Direcção da CPPME – Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas, moderador do painel, na abertura sublinhou que – “as micro, pequenas e médias empresas são o sustentáculo do tecido empresarial nacional”. Recordou que correspondem a mais de 95% das empresas portuguesas – “mas pouco tem sido feito por este tipo de faixa empresarial” que sofrem os efeitos da crise “que vem de trás” e as “consequências de estratégias politicas erradas”.

Autarquias cegaram com receitas dos grandes espaços comerciais Realizou-se, no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro, um Colóquio/Debate subordinado ao tema «Situação e Perspectivas do Comércio e Serviços», uma iniciativa da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas e da Associação do Comércio, Indústria e Serviços do Barreiro e Moita.

AUTARQUIAS CEGARAM COM RECEITAS DOS GRANDES ESPAÇOS COMERCIAIS Vladimiro Matos, Dirigente da CPPME, abordou na sua intervenção a temática :“O futuro do comércio e serviços”. Recordou que é empresário no concelho de Alenquer, empresa com mais de 65 anos que herdou do seu pai, ligada ao sector do remo eléctrico. Salientou que a empresa desempenhou um papel essencial na electrificação do concelho de Alenquer empregando dezenas de trabalhadores. Referiu que a entrada de Portugal na “CEE” deu início a “um ciclo de retrocesso” e “destruição do tecido produtivo do país” com a implementação de politicas de “estrangulamento dos pequenos e médios empresários”, nomeadamente com a criação das grandes superfícies comerciais, “em detrimento do apoio aos micro e pequenos empresários”.

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UM OLHAR NA CIDADE

Afirmou que as autarquias - “cegaram com as receitas vindas dos grandes espaços comerciais”. COM A POLITICA ACTUAL NÃO VAMOS A LADO NENHUM “O cenário de hoje é de luto, de insolvências em catadupa” – salientou. “Temos consciência que os hábitos de consumo tiveram mudança” - referiu Vladimiro Matos defendeu a necessidade de ser implementado um comércio de rua, que conte com apoios de politicas do Poder Central e das Autarquias, com o objectivo de desenvolvimento de núcleos urbanos, diminuição do desemprego e melhoria das condições de vida das populações. “Com a politica actual não vamos a lado nenhum” – salientou. Recordou que a Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas, tem alertado ao longo dos anos para esta situação, e apelou aos micro, pequenos e médios empresários – “uma camada antimonopolista” – que una esforços, porque – “nada vem parar ás nossas mãos sem lutarmos pelos nossos direitos”. O dirigente da CPPME salientou que o Orçamento de Estado de 2014 – “não contempla medidas necessárias

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«O futuro vai trazer novas formas de comércio, novas formas de chegar aos clientes» para defender este sector”. Um sector que na sua opinião é essencial para “promover a coesão económica e social em todo o território nacional”. FUTURO VAI TRAZER NOVAS FORMAS DE COMÉRCIO Vladimiro Matos alertou para a importância de novas formas de comércio para as quais os micro, pequenos e médios empresários devem estar sensibilizados, nomeadamente ao nível da internet. “O futuro vai trazer novas formas de comércio, novas formas de chegar aos clientes” – referiu, acrescentando que os micro, pequenos e médios empresários – “devem mudar de paradigma” e terem em atenção a importância das redes sociais, da internet e também “a importância da força da marca”. “Os clientes em rede e on line são o futuro das nossas empresas” - disse.


EMREGISTOS FOCO E HISTÓRIAS

Vice Presidente da Câmara do Barreiro, Sofia Martins

«O Barreiro cresceu hoje um bocadinho» . Arquivo Municipal e Reservas Museológicas, mais perto do Museu Industrial da Baía do Tejo, vão ser a referência do «Espaço Memória» . Escola Bento Jesus Caraça deverá abrir as suas portas na Baía do Tejo a partir de 1 de Março de 2014 “A demolição dos edifícios na zona junto ao Largo das Obras vai permitir que o Parque Empresarial fique mais perto do centro da cidade e o centro aproxima-se do Bairro de Santa Bárbara” - referiu Sérgio Saraiva, do Conselho de Administração da Baía do Tejo.

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demolição dos edifícios na zona junto ao Largo das Obras vai permitir que o Parque Empresarial fique mais perto do centro da cidade e o centro aproxima-se do Bairro de Santa Bárbara” - referiu Sérgio Saraiva, do Conselho de Administração da Baía do Tejo. A Baía do Tejo, a Câmara Municipal do Barreiro e a Escola Profissional Bento Jesus Caraça assinaram, no Auditório Sardinha Pereira, no Museu Industrial da Baía do Tejo, protocolos relativos à disponibilização de espaços no Parque Empresarial do Barreiro. Sérgio Saraiva, do Conselho de Administração da Baía do Tejo, salientou que a realização do evento naquele local insere-se na estratégia que tem vindo a ser promovida visando tornar o Museu Industrial da Baía do Tejo como “um espaço vivo” que “come-

ça a ganhar vida própria”. Referiu a importância de trazer para o Parque Empresarial a Escola Bento Jesus Caraça, que valoriza “dois activos importantes” o “imóvel” e o “capital humano”. Salientou a importância da proximidade da Escola às empresas – “a escola tem que estar mais perto das

empresas”. “É preciso aproximar as pessoas das empresas porque são elas que garantem o trabalho” – sublinhou. CRIAR UMA CENTRALIDADE NO PARQUE EMPRESARIAL Sérgio Saraiva recordou que o Bair-

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EM FOCO

ro de Santa Bárbara tem vivido “fechado sobre si próprio” e tem que se transformar num “Bairro mais permeável e mais próximo da cidade”. Sublinhou que a estratégia da Administração da Baía do Tejo visa – “criar uma centralidade no Parque Empresarial”, nesse contexto, “o Bairro de Santa Bárbara começa a ser um elemento central do Parque” estando para tal a ser criadas “novas acessibilidades” de forma a “permitir a sua abertura ao Parque Empresarial” e criando “uma centralidade que é importante para o Barreiro e para a Baía do Tejo”. O Administrador da Baía do Tejo salientou que o Parque Empresarial está “encostado à cidade”, mas “vive de costas voltadas para a cidade”. Referiu que a demolição dos edifícios na zona junto ao Largo das Obras vai permitir que o Parque Empresarial fique mais perto do centro da cidade e o centro aproxima-se do Bairro de Santa Bárbara. “Dentro de um ano teremos uma realidade muito diferente” – sublinhou. LIGAR O PARQUE EMPRESARIAL À CIDADE Sérgio Saraiva salientou como uma medida positiva a concentração num único edifício junto do Museu da Baía do Tejo, quer do Arquivo Municipal, quer das Reservas Museológicas, porque permite libertar espaços e dinamizar zonas consolidadas do Parque Empresarial, permitindo a libertação de mais áreas para ligar o Parque Empresarial à cidade. De referir que através dos protocolos assinados a Escola Bento Jesus Caraça vai funcionar nas instalações, no Bairro de Santa Bárbara, onde funcionou a Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, a partir de 1 de Março de 2014. 18 /// REVISTA ROSTOS ONLINE

Por outro lado, o Arquivo Municipal e as Reservas Museológicas da Câmara Municipal do Barreiro irão funcionar concentrados num edifício, nas proximidades do Museu Industrial da Baía do Tejo. “O sucesso destes desafios serão também um sucesso para a Baía do Tejo, para o concelho do Barreiro e para o país” - sublinhou. ABERTA UMA NOVA OPORTUNIDADE Maria Graciete Cruz, da Escola Bento Jesus Caraça, referiu que este é “um momento particularmente importante” para a escola, que marca “o inicio de uma nova fase”. Salientou que foi através da “convergência de vontades” que foi aberto um caminho “de esperança no futuro”. “Há sempre alternativas quando se mobilizam vontades e definem objectivos convergentes” – sublinhou. Recordou que a Delegação do Barreiro da Escola Bento Jesus Caraça – “não reunia condições” e, agora, com este novo espaço vai ser possível dinamizar – “uma oferta mais diversificada” e fica “aberta uma nova oportunidade”. Maria Graciete Cruz afirmou que a Escola Bento Jesus Caraça faz – “uma aposta muito forte na qualidade e no rigor”. “É uma escola inclusiva” – sublinhou que desenvolve a “formação de profissionais” com a finalidade de os mesmos serem “cidadão participativos” e “seres humanos integrais”. Divulgou que a Escola Bento Jesus Caraça deverá abrir as suas portas na Baía do Tejo a partir de 1 de Março de 2014. VAI NASCER O «ESPAÇO MEMÓRIA» Sofia Martins, Vice presidente da Câ-

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mara Municipal do Barreiro, salientou que a assinatura dos acordos é “um passo muito importante no afirmar a estratégia” da Câmara Municipal do Barreiro, da Baía do Tejo e da Escola Bento Jesus Caraça, que contribui para a valorização do património histórico. A Escola Bento Jesus Caraça é “um projecto educativo ímpar na região” que “tem uma marca na cidade”, com as novas condições, “vai ter uma nova oferta formativa”, referiu Sofia Martins. Sublinhou a importância das Reservas Museológicas e o Arquivo Municipal ficarem num edifício único onde vai nascer o «Espaço Memória», perto do Museu Industrial da Baía do Tejo, colocando estes espaços com “fortes ligações à comunidade”. RUA DAS ARTES, DA CULTURA E DO PATRIMÓNIO Referiu que naquela área do Parque Empresarial pode nascer a “Rua das Artes, da Cultura e do Património”. Este, disse, “é um passo fundamental na estratégia do Barreiro e de quem administra este parque”. Por outro lado, sublinhou que a Escola Bento Jesus Caraça, nas novas instalações, vai ter “uma nova oportunidade” e “novos desafios”, dando um contributo para “reanimar e dinamizar o Parque Empresarial” de forma que este se “vá abrindo à cidade”. “O Barreiro cresceu hoje um bocadinho” – sublinhou Sofia Martins.


MOSAICOS DA REGIÃO

Jorge Sampaio ex-Presidente da República no Barreiro

«O meu pai foi um grande lutador pela saúde pública» Jorge Sampaio e Daniel Sampaio estiveram presentes na inauguração da Unidade de Saúde Pública Arnaldo Sampaio, que vai funcionar no Lavradio, junto ao Centro de Saúde. A Unidade de Saúde recebeu o nome de Arnaldo Sampaio em memória de um dos fundadores da Saúde Pública, em Portugal.

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iquei contente. O meu pai foi um grande lutador pela saúde pública. Foi convidado a ficar lá fora mas quis voltar e trabalhar pelo país. Foi um grande impulsionador dos médicos de saúde pública, pois achou que uma especialidade de uma grande importância” – sublinhou Jorge Sampaio. Na inauguração da Unidade de Saúde pública Arnaldo Sampaio, para além dos filhos do patrono Jorge Sampaio (ex- Presidente da República) e Daniel Sampaio, estiveram presentes diversas personalidades da área da Saúde, nomeadamente Francisco George, Director Geral de Saúde, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Carlos Humberto, presidente da Câmara Municipal do Barreiro e Ana Porfirio, presidente da União de Freguesias Barreiro e Lavradio. A SUA OBRA E A SUA ACÇÃO NÃO É ESQUECIDA A cerimónia começou com a actuação do Grupo Coral Alentejano «Unidos do Lavradio», seguindo-se o descerramento de um quadro com a fotografia de Arnaldo Sampaio. Daniel Sampaio, disse, “este é um momento de grande emoção, fico grato por esta homenagem ao meu pai, demonstrando que a sua obra e a sua acção não é esquecida”. Recordou que o seu pai era “um homem de acção” que nunca “desistia” e “cultivava o diálogo”. “Ao longo da sua vida removeu muitos obstáculos” – sublinhou.

Na fotografa de Arnaldo Sampaio está escrita uma dedicatória a Mário Durval, sublinhando a importância da Saúde Pública, uma área de trabalho onde nunca se deve desanimar. “Espero que esta mensagem, que é uma mensagem de Saúde Pública, nunca se perca” – referiu. ELE FOI UM FAROL PARA NÓS Referiu que seu pai foi um lutador contra os problemas burocrático – “lutou contra isso – porque “tinha um sentido cívico”, tinha “um sentido de causa pública”. “Ele foi um farol para nós, um exemplo numa geração” – sublinhou. Daniel Sampaio, disse, que seu pai – “foi um homem pioneiro e desejou que o seu exemplo seja perpetuado – “pela acção dos profissionais junto da população do nosso país que bem precisa da Saúde Pública”. ERA UMA HOMEM COM UMA VISÃO FUTURISTA Luís Cunha Ribeiro, Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, disse que – “a ARS não está aqui por dever, mas por obrigação”, porque “estamos a prestar uma homenagem a alguém que foi importante para nós, um homem do mundo” que “nos anos da ditadura, quando não era fácil” tinha “uma visão e uma ideia para o seu país e para as pessoas”. “Era uma homem com uma visão futurista” - salientou

O MEU PAI FOI UM GRANDE LUTADOR PELA SAÚDE PÚBLICA Após a cerimónia de abertura da Unidade de Saúde Pública Arnaldo Sampaio, seguiu-se uma sessão evocativa e cultural no Centro Comunitário do Lavradio. No final da sessão, Jorge Sampaio ( ex-presidente da República” disse – “Fiquei contente. O meu pai foi um grande lutador pela saúde pública. Foi convidado a ficar lá fora mas quis voltar e trabalhar pelo país. Foi um grande impulsionador dos médicos de saúde pública, pois achou que uma especialidade de uma grande importância” AGIR DE MODO PREVENTIVO É CRUCIAL "Com mais dificuldades a saúde pública é muito importante. Numa situação de dificuldade, como a que vivemos, estamos mais sem abrigo e sujeitos a doenças. Agir sobre isso de modo preventivo é crucial" – sublinhou Jorge Sampaio.

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FOTOS DO ANO

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