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3.4 PALÁCIO DOS ESTADOS
não valorizando o edifício como parte do acervo da instituição. No entanto, acredita-se possível melhorar a expografia do térreo que atualmente contém mesmo uma escada de madeira que vence o guarda-corpo de concreto e leva os visitantes ao nível rebaixado.
O segundo diz respeito a um recém instalado painel em frente ao acesso do museu e transversal ao fluxo proveniente da marquise. Além de estar em direta contradição com o projeto do conjunto, esta estratégia compromete um das características mais instigantes da arquitetura de Oscar Niemeyer e uma de suas principais contribuições ao movimento moderno: a sutileza de suas implantações, nas quais o acesso é frequentemente mantido absolutamente desimpedido e transparente.
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3.5 PALÁCIO DOS ESTADOS
O Palácio dos Estados ainda se encontra desocupado e com obras de restauro interrompidas. Como sua destinação é desconhecida, é importante que os órgãos de preservação atentem-se às futuras propostas que devem adequar-se à arquitetura do edifício. Um bom exemplo disso é o projeto do arquiteto Pedro Mendes da Rocha para adaptá-lo em Pavilhão das Culturas Brasileiras. Locando os usos que requerem mais compartimentação próximo às empenas, manteve-se a transparência característica sem ônus funcional, mesmo com densa ocupação do primeiro pavimento, prevendo inclusive trechos com mezanino para reserva técnica e equipamentos (Figura 32).
Figura 32 Trecho de corte transversal do projeto para o Pavilhão das Culturas Brasileiras. Fonte: Pedro Mendes da Rocha / Instituto Pedra.
O corte acima também indica a adoção de uma cobertura em telhas metálicas trapezoidais que direcionam as águas pluviais a quatro calhas periféricas. A utilização de um moderno sistema de escoamento sifônico (Geberit Pluvia) permite um caimento praticamente nulo destas, sendo previstas apenas quatro novas prumadas. Não obstante, a altura destas calhas requer que seja mantida uma altura de 90 centímetros de platibanda, que no desenho inclusive é rotulada ‘original’, enquanto na verdade ela é apenas pré-existente. Aqui é importante registrar que os dutos de drenagem sifônica não foram instalados até o momento, sendo que quatro grande dutos, um em cada canto da edificação, drenam toda a cobertura diretamente sob a varanda do térreo, em solução provavelmente temporária.
Apesar da positiva previsão da restauração e reposição das fachadas, no caso da sudoeste, que mantém-se sem os brises-soleil, o projeto não prevê a interrupção da proteção que tripartiria a fachada, de acordo com o projeto. Ademais, sua instalação em três segmentos distintos a cada 10
metros introduzirá um ritmo indesejado à elevação, em que o plano de quebra-sóis devia ser único. (Figura 33).
Figura 33 Trecho do detalhamento dos brises-soleil a serem recompostos em trechos. Fonte: Pedro Mendes da Rocha / Instituto Pedra.

Embora o fechamento de seu pilotis tenha ocorrido relativamente cedo em sua existência (Figura 34), seria de interesse que pelo menos um pequeno trecho restasse como testemunho dessa intenção de projeto. Essa área se adaptaria bem como área externa do restaurante do museu, sendo assim mantida a previsão de ao menos um restaurante interno ao parque. Na Figura 34 também é possível ver exemplificado um apropriado uso de cor para as empenas terras, discutida também no caso do Palácio das Nações. Já em relação aos brise-soleils móveis, estes permanecem removidos. É desejável que estes sejam recuperados, mantendo a composição de fechada original, tripartida.

Figura 34 Elevação norte do Palácio dos Estados. Fonte: Gustavo Neves da Rocha Filho / Biblioteca Fauusp.
Uma característica única deste edifício em relação aos outros do conjunto da marquise é o concreto aparente de suas colunas (mas não dos corrimãos, pensados no mesmo cinza que o restante). Um detalhe particularmente impressionante é a demonstração do virtuosismo estrutural e de execução aparente no pilar em V que suporta a rampa no pavimento semienterrado. Próximo a seu topo, em ambos os braços, existe um pequeno trecho no qual não há concreto, resultando expostas os vergalhões de aço (Figura 35).