A garota no trem paula hawkins

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— Onde Anna estava? — Estava em casa. — Com o bebê? — Com Evie, sim. — Ela não estava no carro com você? — Não. — Mas... — Ah, pelo amor de Deus. Ela tinha marcado de sair e eu ia ficar com a Evie. Então você apareceu, ela voltou e desmarcou seu compromisso. E eu perdi mais horas da minha vida correndo atrás de você. Já me arrependi de ter ligado. Me dar esperanças só para depois destruí-las assim é como retorcer uma faca enfiada na minha barriga. — Tá bom — digo. — É só que, eu tenho uma lembrança diferente... Tom, quando você me viu, eu estava machucada? Eu estava... eu tinha um corte na cabeça? Mais um daqueles suspiros. — Estou surpreso por você se lembrar de alguma coisa, Rachel. Você estava podre de bêbada. Fedendo a bebida. Não conseguia nem andar direito. — Minha garganta começa a se fechar ao ouvi-lo falar assim. Já o ouvi falar desse jeito antes, nos nossos piores dias, quando já estava cansado de mim, com nojo de mim. Ele continua, cansado. — Você tinha caído na rua, estava chorando, dava pena. Por que isso é importante? — Não consigo encontrar as palavras certas de imediato, demoro demais para responder. Ele continua: — Olha, preciso desligar. Não me ligue mais, por favor. Já conversamos sobre isso. Quantas vezes preciso pedir isso a você? Não ligue, não deixe bilhetes, não venha aqui. Isso chateia a Anna. Tudo bem? O telefone fica mudo.

DOMINGO, 18 DE AGOSTO DE 2013

DE MADRUGADA

Passei a noite toda na sala, tendo só com a televisão como companhia, o medo indo e vindo feito a maré. A energia também, indo e vindo. Tenho a ligeira sensação de que


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